quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tradição.




O que é tradição?
O dicionário nos diz que tradição é todo ato que, após repetido diversas vezes num mesmo período de tempo, transforma-se em hábito, rapidamente se tornando um costume, passado de geração para geração.
Não seria exagero afirmar, então, que o tempo é o senhor da tradição. É ele que faz tudo se apagar ou se apegar na história dos homens. E o que era tradição até ontem, amanhã já não será, a não ser que seja um desses interesses institucionais que resistem ao tempo e à razão.
Tradição sem o D de Deus pode virar traição... Até mesmo dentro das religiões! Aliás o que não faltam dentro de todas elas são exemplos de não respeito aos ensinamentos e mandamentos pregados. “Faz o que digo, não o que faço...”
Tradição sem o Di, de DInâmica, pode virar tração. Ou seja, algo que lhe puxa, com tal força, que pode lhe tirar a direção. Andar às cegas, sem controle próprio, no embalo de uma força externa.
Sem o Tr, a Tradição vira adição. No sentido de soma mesmo. Mas de que seria este TR? De trabalho? Pouco provável, trabalho soma! Talvez da Taxa Referencial de juros do governo. Talvez seja isso. Sem a preocupação exagerada com o dinheiro ou com o envolvimento com as coisas dos “Césares atuais”, sem a ganância, quem sabe a tradição poderia se voltar para a adição de novas idéias, novas perspectivas. Quem sabe, sem esta Dimensão da TR, a tradição não virava simplesmente ação? Ação de inclusão, de soma, de troca, de amor.
Toda vez que vejo alguma voz se levantar dentro de uma igreja, de um templo, de um palácio, de um congresso, para excluir em nome da tradição, fico pensando este monte de coisas, desejando de verdade que fosse tão fácil mudar o mundo como é fácil mudar uma palavra, brincando com suas letras...
Tradicionalmente isso deve ser uma fantasia. Ou não. Quem sabe?
Mas me dói que associem tanto o nome do bem, dos valores que acredito a esta palavra: Tradição! Talvez porque não tenha recebido de meus pais uma fé tradicional, no sentido hereditário da coisa, simplesmente passado de pai pra filho, como uma tabuada ou um exercício de conjugação verbal.
A fé que recebi foi construída pelo exemplo, pela coerência, pelo sair de si, pelo olhar o outro, pelo respeitar a maioria, pelo dar bom dia, pelo sorrir com os olhos, pelo estender a mão, pelo lutar contra a injustiça e pelo construir o perdão.
Então, este tipo de fé fundamentada no passado, enraizada em velhos vícios, abarrotada de incoerências, que arrota sua arrogância e sua ganância de poder, nada consegue me dizer. Apenas me afasta, me faz dizer basta! Basta de vendilhões de templos, de vendilhões de uma tradição disfarçada em castas, de vendilhões de um tempo do qual o mundo se envergonhará num futuro próximo. Basta de incensar esta gente que mal se respeita, não tem respeito nenhum ao semelhante e vive se aproveitando de seus deuses...
Às favas com as tradições que excluem, que escravizam, que poluem, que lucram, que seduzem, que enganam, que se aproveitam e depois se mandam, recolhendo aos seus cubículos de conforto, sementes de sepulcros caiados...
Às favas com os seus indignos e tradicionais representantes. Presidentes, congressistas, sacerdotes, jornalistas, médicos, advogados, policiais, marginais, políticos, estudantes, letrados, concursados, graduados e pós-graduados nas escolas da imoralidade e da hipocrisia.
Companheiros deste texto, cuidado com estes arautos da tradição. Antes de dizer amém às suas palavras torpes, aos seus apelos sedutores, pensem na traição que vocês podem estar cometendo a si mesmos. Ela também pode acabar virando algo tradicional em nossas vidas...

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