sábado, 31 de janeiro de 2015

Ziquizira




Não se cobre
a palavra exata
se teu corpo finge
o que sua alma nega
O ouro virou cobre
na versão mais abstrata
que o silencio tinge
e a aversão entrega

Não me fale
em permanência trágica
onde a alma finge
O que o corpo busca às cegas
o couro ficou pobre
numa estática ingrata
onde a frieza cinge
o que a dor não nega...

De dentro
da crisálida
de sua adolescência
daninha
uma metamorfose
mesquinha
revela a insensatez
inválida
no centro
da cirandinha!

O mundo gira
somente ao seu redor
sustente em sol maior
a voz da sua ira!
A sua mira
já sabe o alvo de cor...
Só tende a ser pior
a sua ziquizira...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Pedido Incandescente



E entre
a maré
vazia
e a lua
cheia
eu descobri
que dava pé
na areia
da minha
poesia!

E entre
a maré
cheia
e a lua
minguante
eu entendi
que distante
é o que
não pulsa
na veia
como
nostalgia...

Cansei
de contar
as ondas
e de chamá-las
pelos nomes...
Meus olhos
têm fome,
meu coração
tem sede,
minhas mãos
são esta rede
que tenho
pra te embalar....

Pode deitar
no meu peito
e ouvir a canção
de um tempo
de estio!

Ainda é verão
no coração
que arde...
Quem sabe
um olhar
de fim de tarde
fale da
ilusão cadente
e permita
algum pedido
incandescente,
mesmo
sem nenhum
sentido
transparente...

O tempo de virar saudade




E quando
eu me tornar
saudade
que o riso
chegue logo
após a lágrima
para lembrar
de verdade
quem de fato
busquei ser...
Quem sabe
um hiato
entre o sonho
e a realidade...
Quem sabe
o prato
pra quem
não tem
o que comer...
Que o universo
nunca seja exato
sonetize o inverso
de um poeta
a perceber...
A dor, a mágoa,
a rima,
a cor, a água,
a esgrima
emtre o verso
e a palavra...
Na mesma estação
onde a poesia
contamina...
Que a lágrima
venha pra regar
o riso
de quem lembrar
de verdade
tudo que ousou
conhecer em mim...
Quem sabe
numa manhã dourada,
quem sabe numa noite
estrelada,
quem sabe num simples
fim de tarde,
a vida voltará
a afirmar que
não tem fim....
E alguém olhará
o jardim
e entenderá
o tempo
em que eu
virar saudade!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Segredos de viagem




Viagem
acordou
mais cedo
Coragem
deu tempo
do medo
e pegou ar
pra respirar
mais fundo
e buscar
tudo que
ousou sonhar
durante
o tempo
em que
manteve
os olhos
abertos
mirando
o deserto
a atravessar!

Entre
a vida
e a sorte
onde foi
que eu deixei
meu passaporte
de encarar?
Entre
os planos
e amorte
onde foi
que eu errei?
Não tenho porte
pra acertar...

Viagem
me contou
segredo
paisagem
pode ser
brinquedo
e transportar
pra qualquer lugar
do mundo
aventurar
nada que
ousou desejar
durante
o tempo
em que
esteve
com os olhos
fechados
abrindo
os cadeados
de sonhar!

Velhos impérios sob nova direção



O Ufano
fanatismo
urbano
de quem
olha o
próprio
umbigo
é meio
que um
castigo
pra um
mundo
sem
desculpas!
Não se
trata
de culpas...
Mas de
fisiologismo,
camuflado
de muro
entre
as catapultas!
Nas catacumbas
e nos edifícios,
nos palácios
e nos cemitérios,
ainda se sepulta
entre orações
e macumbas,
toda sorte
de impropérios!
E, enquanto isso,
novos reinos
ressuscitam
velhos impérios,
sem nenhum
compromisso
além do louco
ofício de exercer
o poder soberano,
como se fosse
só um vício,
se achar melhor
que um outro
ser humano!

Questão de olhar



É possível
descobrir
diamantes
sob a lama!
Basta procurar!
Mesmo que
tudo pareça
estar perdido,
você pode
se encontrar!
É possível
enxergar
vagalumes
nas manhãs!
Eles estão lá...
E embora
de dia
sua luz
pareça
sem sentido
você pode
se maravilhar!

Tudo é só
questão
de olhar
o que é
importante
saber separar
vagalumes,
diamantes!
Deixar
a lama
em seu
lugar!
Deixar
a cama
e continuar...

...a sonhar!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O incrível e necessário poder do Ridículo




Sim, eu me permito,
muitas vezes,
ser ridículo!
Tenho o poder
de assumir, sem receio,
o devaneio
de abraçar o papel
mais desprezado!
O bobo famigerado
que faz sorrir
ou emocionar
toda a corte
e por ela mesma
é ignorado
de maneira emblemática
em nome da norma
estética e estática!
Carregar
esta missão
nos próprios ombros
permite-me visitar
e soerguer
alguns escombros,
inclusive de muita gente
de quem se gosta!
Então, eu me permito,
sim, ser ridículo!
Encarnar o mito
de soar diferente,
de parecer estranho,
de nadar contra a corrente
e não pensar só no ganho...
Um mico!?
De que tamanho?
Do tamanho de um
coração coerente?
Se para isso
é necessário
ser ridículo,
faço disso
um compromisso,
e sem medo mergulho
nessa aventura
de retirar o entulho
de um mundo tão omisso...
Ridículo?
Pra mim parece bonito...
Então, sim,
mil vezes sim,
eu me permito!

O reino do não se meta



Já é tarde
pra queimar
o que não arde
a noite já é alta
e escuridão
é o que não falta
no coração
que ousou amar
bem mais
do que devia!
Onde anda
a poesia?
Deve estar
fora de pauta...
E assim
como a lira
deve andar
fora de moda,
enquanto gira
a roda
e o mundo
vive a ira!
Já é tarde
para arder
o que não queima
além do bem querer
insiste a teima
e a discussão
acorda com o dia!
O mundo perdeu
a noção
e a ilusão
tornou-se
fria...
Já é tarde...
O cansaço
está vencendo
e o tempo
da verdade
anoitecendo
faz dormir
a alegria...
Onde anda
a utopia?
Trancada
numa gaveta...
E assim como
os profetas
esquecida
entre as provetas
neste tudo
de ensaio
onde reina
o "não se meta"

Lembranças perdidas



Que o dia
chegue pela
janela que abre
convidando
a luz para entrar
onde a noite
escureceu!
Que toda
cama se cubra
de sol
e sobre
o lençol não reste
nenhum drama!
Onde estão
os cachorros
da varanda?
Onde estão
as crianças
brincando
de ciranda?
Onde estão
minhas
lembranças?
Mudaram
de coração?
Tudo agora
me parece
estranho
tudo agora
me parece
confuso,
de um banho
pra outro
mergulho
em um novo
fuso...
Os grisalhos
tomam conta
dos castanhos!
Que a noite
chegue pela
porta encostada
trazendo
canções bonitas
de uma abóboda
estrelada!
Que todo
adeus se encha
de até um dia
se sobre a
melancolia
eu diga:
mais forte
é Deus!

Cachorro sem dono



Até agora
não sei
bem porque
a vida
me apresentou
para você!
Não sei
se foi
capricho
ou se foi
algum trato
com o destino
mas sabe
como eu
às vezes
me sinto?
Como imagem
de santo
sem nicho
e sem hino
deixada
num canto!
Ainda bem
que já não
tocam os
sinos!
E os calos
já são tantos
que estes
desafinos
da vida
se transformaram
num manto!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Seus traços...(parabéns pela sua conquista, filha!)



O traço é seu,
projete seu
próprio espaço
no compasso
que Deus lhe Deu!
Seu caminho
é seu passo,
o abraço que
que seu talento
escolheu!
Um sonho
e você
correndo
em seu encalço:
seu futuro
é seu laço,
seu passado
é sua estação,
seu presente
arquitetando
planos,
é um pedaço
do mundo
na palma
da sua mão...
Num sorriso
eu disfarço
a alegria
e a emoção!
Numa oração
me desfaço,
entregando
a Deus,
sua escolha,
sua profissão!

Sobre os muros do tempo




O inusitado
sabor do
inesperado
às vezes
sem nenhum
sentido,
ao menos
justificado,
talvez
compreendido
somente
quando o
tempo tiver
passado!
Mas quando
o tempo é
só agora
e presente,
todo mais
parece ser
fantasiado,
conectado
às emoções
de quem sente!
E, então,
coração e
mente
se sentem
ludibriados,
vagando
no ilusório
inadiável
de quem,
se equilibrando
sobre o muro
do presente,
olha, de um lado,
o futuro,
do outro,
o passado,
mas sabe que
a direção
é em frente!

Feliz Coincidência ou coisa do destino?



Dia desses, depois de algum tempo, visitei novamente a tradicional Sorveteria da Ribeira, no bairro de mesmo nome, quase na península da cidade baixa em Salvador. Fui levar uns primos do Rio Grande do Sul, de passagem por aqui em suas férias e, como bom anfitrião baiano, recordando muito os passos de meu pai, me pareceu que ir ao Bonfim e depois saborear um daqueles sorvetes seria um passeio com cara, jeito e sabor de nossa cidade.
Após uma passagem pela Colina Sagrada, com direito à subir as escadarias da igreja e visitar seu interior, com sala dos milagres e imagens de cera dos papas João Paulo II e Francisco, fizemos um breve tour pelo comércio da região, onde a minha prima pode comprar alguns souvenirs para os parentes do sul. De lá rumamos para a sorveteria, passando pela linda igreja da Penha e pela antiga marina da Ribeira, trecho que parece ter sido esquecido pelo tempo...
Como já não visitava a velha sorveteria faziam anos, confesso que temi que a qualidade e o atendimento já não fossem os mesmos. Doce engano! Sorvetes maravilhosos, uma incrível variedade de sabores, a mesma simpatia por trás do balcão e o velho ritual de oferecer provas a seus clientes continuam ali, intocados pelo passar dos anos, o que me trouxe um sentimento de orgulho desta terra que abracei e que eu não sentia fazia tempos. Não sei bem qual o segredo, mas o fato é que a textura e o sabor dos sorvetes da Ribeira são incomparáveis. Provavelmente o preparo ainda é artesanal e executado com frutas verdadeiras, possivelmente da Feira de São Joaquim, bem próxima dali.
No calor que está fazendo em Salvador, o sorvete de Pitanga que pedi pareceu ter um gosto ainda mais especial. Os primos, um casal com seu filho de onze anos, provaram vários sabores até se decidirem pela mangaba, pelo umbú, pelo milho verde e pela tapioca. E, enquanto saboreávamos as iguarias, repetiam inúmeras vezes expressões de encantamento em relação aos sorvete e à Bahia...
Muitas lembranças vieram à mente e ao coração...Quantas vezes não estive ali, acompanhando meus pais no ofício de perpetuar a tradição do bem receber dos baianos... Agora estava eu repetindo seus passos, mostrando às novas gerações de parentes e amigos de outras terras, um pouco do que a tão cantada Bahia possui...
Para completar a emoção e me fazer refletir ainda mais sobre as peças que a vida nos prega, ao sair da velha Sorveteria, olhando com mais atenção para sua fachada, como que para memorizar aquele verdadeiro
templo das tradições soteropolitanas, percebi um detalhe que até então havia me passado desde sempre.
Abaixo do nome da Sorveteria tem o ano de sua fundação: 1931...
Feliz coincidência ou coisa do destino, esta coisa dos números?
Afinal uma outra instituição tradicional da Bahia, que tanto gosto, orgulho e alegria já deu a seu povo, também foi fundada neste ano: O Esporte Clube Bahia! O Bahêêêa, bi campeão brasileiro, tricolor de aço,
esquadrão vencedor, clamor de um povo sofrido! E de repente tudo fez ainda mais sentido...
Quem sabe se, inspirado dela história ininterrupta de sucesso da velha Sorveteria da Ribeira, sua irmã de aniversário e de berço, o Tricolor da Boa Terra não volte a encher seus torcedores de sabor, orgulho e alegria, resgatando todo o valor que sua camisa possui?
De volta do passeio, por via das dúvidas, retornando pela baixa do Bonfim e avistando a colina sagrada e as duas torres centenárias de sua igreja, não pude conter uma oração neste sentido, pedindo ao padroeiro deste terra para ouvir a voz que é seu alento: Bahêa, Bahêa, Bahêa....

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Loucura (Toda Terça Adriano Moraes / Beto Levindo / Chico Gomes / Márcio Didier / Rodrigo Araújo / Vitor Medrado)

Outra das antigas do TT que depois Chico Gomes e a Banda Marana regravaram.... Loucura, loucura!




Quem é que pode me fazer entender
Como se pode pretender explicar
Toda loucura que alguém pode reter
Somente ouvindo aquilo que o divã revelar
Quem é que vai encarar
Quem se habilita a explicar
Porque é que sempre freud explica
Quem é que sabe o que acomete você
Como alguém pode pretender lhe curar
Se todo surto é uma defesa do ser
Um medo um susto a fuga pra outro lugar
Quem é que vai encarar
Quem se habilita a explicar
Porque é que sempre freud explica
A lágrima um grito o precipício do mundo é a dor
O poço infinito não tem fundo
É o hospício do amor...
É o hospício do amor...
Quem é que vai encarar
Quem se habilita a explicar
Porque é que sempre freud explica (2x)

The Mercy Pope




Karol believed in miracles
and visit the world was one of them
in your mouth the message was clear:
"We have nothing to fear!"

Karol believed in love
and decided to spread the love around the world
his heart flowed through his hands
in quiet gestures that you know what is

Now his footprints are visible
on earth as in heaven
and the holy man from Krakow is unforgettable
for having loved equally to all people

and his miracles still continue
to transform the world through love
His eyes still insist on search
those most in need in the Church

I thank God for Pope Slavic
who lived in fact, as a holy priest
he was the link to a new time
humbly hiding his own shine

Thank you Lord
by the mercy Pope
thanks for the tireless traveler
pilgrim of love
John Paul of God

domingo, 18 de janeiro de 2015

Antes que a vida adormeça



E antes 
que a vida 
adormeça,
uma oração
para que
se mereça
o dom de
se vivê-la!
A graça
de possuí-la
entre os clarões
relampejantes
de uma madrugada
nos trópicos!
O mérito
de encontrá-la
no desafio
diário de ser...
...utópico!
A sensação
de ganhá-la
na fugaz 
imersão
de quem
sabe chorar
e sorrir
em paz!
Ao esperar,
sem mais
nem menos,
ao menos
acenos
no cais!
E para
que se mereça
uma oração,
que plenifique
a razão
e aconteça,
tanto no coração
como na cabeça,
que um suspiro
se eleve
na direção
da nuvem
mais leve!
E antes
que o sol
aqueça,
a madrugada
forneça
o sonho
em sua 
mais pura
dimensão!
Logo que
o mundo
amanheça,
mas antes
que a vida
adormeça!

Nuvens de verdades



Entre tempestades
me deito em fantasias
nuvens de verdades
na estação das utopias
Nenhuma ilusão
será maldita
quando o coração
optar pela contramão
das formalidades
restritas...
O sentimento
quando dá a mão
e chama a emoção
pra passear
entre lágrimas
furtivas,
faz a vida
dar vazão
à sua face
bendita!
A intuição...
A contemplação....
As constatações
das impressões
mais altivas,
perfumam
de redenção
o tempo
e a oração
da chama
que ainda
está viva!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Mosqueteiros



Os atos
são partes,
apartes
abstratos
que se fizeram
concretos,
são fatos!
São portos
de onde
partem
certezas,
além do
horizonte
das palavras
e surpresas...
São cercas,
arames
farpados,
fronteiras
de terrenos
encharcados,
videiras
e trigais
pelos caminhos!
Por todos
os lados
por todas
as honras
por todas
as glórias
futuro
e passado
presentes
neste fio
de espada,
de onde
tudo ou nada
dependem
de ser gente!

Colo da vida (à irmã de poesia Madalena Ribeiro, sob encomenda)



Deite
no colo
da vida,
irmã da
poesia,
e separe
de um lado
felicidade
e do outro
alegria...
Como quem
reparte
os cabelos
num cafuné
de fim
de tarde...
Se o peito
arde,
o Amor
é sempre
o melhor
guia!
Não o amor
das vontades
e desejos,
das tempestades
e dos beijos,
mas o Amor
dos abraços,
dos laços
da verdade!
O Amor que
revela os
caminhos
entre tantas
promessas
e espinhos!
O Amor
sem pressa!
Aquele que
tem som de
conselho
de avó,
que tem
cheiro
de abraço
de mãe
e tempero
de piada
de amigo!
Amor abrigo,
cheio de
sabor!
Leve e macio
como pétala
de flor
caindo sobre
o leito
de um ribeirão
vazio!
Aquele
derretido
no cio
de um olhar
sedutor
que,
num repente,
faz todo
sentido!
No colo
da vida
o Amor
é sempre
o maior
milagre,
a melhor
medida,
a lâmina
e o sabre,
a ilusão
consentida
da dor,
da chegada
e da partida!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Afeição flutuante




Eu insisto
em acreditar
na vida,
em curar a ferida
da descrença
insistente!
Lapidar
a pedra onde está
a chegada
e a partida...
Ousar
o singular
transparente...
Corro atrás
de um visto
que me permita
a viagem!
Um voucher
de passagem,
numa exemplar
transferência
e a paciência
de quem contempla
o mar!
Uma afeição
flutuante
quanto à terra
enquanto sob
a areia se
enterra
a onda
a se formar!
Eu existo
e ouso acreditar
na utopia
do amor!
Não o amor
ao ego,
cego espelho
existencial...
Mas o amor
universal!
O amor
sem clemência
que insiste
em amar até a
impaciência
de quem lê
este poema
só pensando
em seu final...
O final é
insistente
quanto a curar
a ferida
do descrente
seu antídoto
é a insistência
destemida
de um vivente
em acreditar
na vida!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tristes idéias sobre o mundo!




Afinal, de que cor é o mundo?
É um mundo branco que se importa com dezenas de franceses mortos num atentado estúpido,
mas fecha os olhos para os milhares de mortos na Nigéria dois dias depois?
Afinal, de que tom é o mundo?
É um mundo chique que reage elegantemente a qualquer ofensa à Europa, mas ignora as
incontáveis violências contra a dignidade humana na América Latina?
Este é o Primeiro Mundo?
Um mundo que só se importa com os seus? Um mundo que só olha o próprio umbigo?
É este o mundo de primeira?
Este que possui uma imprensa guerrilheira que, em troca de seus próprios interesses,
manipula e assassina a informação verdadeira?
É este o mundo desenvolvido? O mundo civilizado?
Que espécie de "Estado" propõe este mundo?
Um estado sem sentido? Desumanizado?
Eurocentralizado? Pervertido?Repleto de frases emblemáticas...
Um mundo que quer ouvir Ek is Charlie, mas é incapaz de pronunciar je suis Africa?!
Pardon, escusa, sorry, desculpem-me, mas não sou deste mundo!
Não consigo ser...
Não consigo entender este jeito de conviver...
O planeta azul tá mais pra cinza!
Anda tão egoísta, mesquinho e ranzinza que dá dó até de ver!
E entre atentados aos outros, seja por motivos religiosos, políticos, sociais ou raciais,
seja por uma total incapacidade de reconhecer o próprio semelhante em alguém diferente,
o mundo vaiatentando contra si, consumindo os recursos que antes haviam em abundância,
entre eles a água, a paz e o amor entre os homens...
Afinal, de que cor é mesmo este mundo que vaga pelo universo a esmo?
Da cor do maior de todos os pecados: a negação de si mesmo!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

E o tempo levou....




E as folhas
que falam
do verde
ao céu azul
contam histórias
antigas
de brisas amigas
que o tempo levou!
Contam histórias
sem pressa
acalantando
os seres do depressa
enquanto regressa
o tempo
de existir!
De dentro delas
ouve-se um canto!
Asas ninando
um poeta que sorri
ao ver a nuvem passando,
sedutoramente dançando,
ouvindo um bemtevi....

Ao Lulo




Um brinde à sua vida, Lulo!
Um brinde à sua família!
Um agradecimento muito especial a Deus pelos elos que os unem!
Sob o mesmo teto do amor de sangue!
Um brinde à sua vida, Lilo!
Um brinde a este sentimento!
A alegria de celebrarmos juntos a existência de grandes momentos!
Um brinde à sua vida Alemão!
Do fundo desse coração!
Todo bem querer e admiração por voce continuar a ser você!
Um brinde ao seu agora!
E ao Deus que habita em você!
Que a cada dia e a toda hora, Ele ilumine o seu percorrer!
Um brinde à sua vida, Neuto!
Ao milagre de ser!
Celebrando seu tempo e seu dia, celebramos a vida em você! 

sábado, 10 de janeiro de 2015

Num lugar distante de Paris (Arte: William Turner Distante River and Bay,Museu do Louvre, Paris)



Enquanto o mundo insiste
Em ser, assim, contraditório
Eu vejo olhares tristes
Perdidos nos campos do ilusório

Correndo por aí
Sem nunca ter pra onde
Querendo consumir
Tudo que a vida lhes esconde

E olham o bonde seguir
Pelas ladeiras centenárias
Dançam sem pares por aí
Entre as cadeiras solitárias

No meio do salão
Olhando o espelho
Da contradição
Vestidos de vermelho
Enquanto choram
No saguão!

Eu vejo olhares tristes
Que aos pares ainda resistem
Ao menos em se olhar...
Nos bares buscam alpiste
Milhares não desistem
De tentar voar

Quem sabe dessa vez?
Quem sabe só mais uma vez?
Quem saberá?

Era uma vez quem quis ser só...
Era uma vez quem só não quis...
ser só...

Era uma vez quem só quis ser feliz
Num lugar distante de Paris!

Por amor




Nunca pense nas canções que não fizemos
É bem melhor cantar os nossos bons refrões
Viver de ontem e de amanhã é desespero
A vida passa no ilusório dos senões

Não, não chore as cidades que não vimos
Outras vão estar ao alcance do seu sim
Não despreze as alegrias que não rimos
Felicidade é ter o perfume e, não, o jardim!

E embora até possa transparecer
Meus versos não pretendem te ensinar
Como viver
Quem sabe você vai compreender
Que esse universo é arte
É a melhor parte que eu guardei
Pra te escrever...

Por amor...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Inesquecível



Parece que foi ontem
que você partiu
sorriu seu adeus
sem culpa
e sem desculpas
encontrou Deus!
E como o tempo
parece gostar
de brincar
com as coisas
do nosso peito,
como arranjar
um jeito de encarar
que mais de três
décadas se passaram
e a gente ainda
sem se acostumar
com sua ausência
presente...
Parece que foi ontem
que você sorriu
partiu para Deus
sem culpas
e sem desculpas
deixou os seus!
E como o tempo
parece querer
pregar umas peças
em quem tem muita
pressa pra viver,
olha nós aqui
celebrando você
costurando essa família
que não esquece
de elevar uma prece
e agradecer,
entre um sorriso
e uma lágrima que cai,
o nosso inesquecível pai!

Sentidos (Toda Terça com Elvis)

Dizer tudo
sem pronunciar
uma silaba
Calar fundo
com apenas
uma lágrima
enxergar além
com os olhos
totalmente fechados
tocar alguém
somente
com uma palavra

Gesto
não precisa
mais de mão
gosto
nem depende
assim de língua
tato muitas vezes
é silêncio
sonho que repete
é sina

Tudo faz
sentido
quando vem
do coração
sentido
mas nem
sempre
tem razão

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Deixar ser




Quanto à forma
de entender
a vida e o tempo
e a eles se submeter,
há que se viver
sem marcar hora.
e a todo momento
saber se dissolver
no agora...
Aprender que
não há uma norma
a se prescrever...
O tempo e a vida
se fazem conhecer
no calar da aurora
e no falar 
do entardecer!
Há que se perceber
o passar dos dias
e não se acostumar
nem com as tristezas
e nem com as alegrias
que puder viver...
Simplesmente
deixar ser!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A cor do seu querer




E se a neblina
aparecer
e a sua sombra
escurecer
o amor de quem
jurou
pra sempre querer bem
a outro alguém...
Que venha o sol
brilhar
de dentro,
um peito arrisca
seu lamento
o amor encontra
sempre um jeito
de se fazer farol
no centro de alguém!
Basta dartempo pro tempo!

Então
não há
porque
você
temer
as tempestades...
Não há
porque
temer
nossas verdades...
Basta ser!
Que eu vou
saber de cor
suas vontades!
Eu saber
a cor
do seu querer!

Pra eu não me perder



Chegue como o sol
mostrando as cores
pra mim
pintando flores,
jardins
no quintal
do meu peito!

Seja o meu farol
mostrando o rumo
pra mim
eu me aprumo
em teu sim,
dou um sinal
do meu jeito!

E quando
sua mão pousar
sobre a minha
meu coração
cantar cirandinha
sua canção será
de adivinha
onde a paixão
irá nos levar...

Escolhe o lugar
que eu levo você
me faz viajar
me acho em você
Alguma praia
ou até mesmo
no deserto
só quero
você por perto
pra eu não me perder!

Adiante




Adiante
depois
de alguma
curva
se a vista
ficar turva
se apruma
e insista!
A estrada
não para
quando há
motivo
pra andar!
As pegadas
não param
quando há
um objetivo!
Adiante,
pois
há sempre
uma estrada
reta
independente
das setas
que vão
querer orientar!
Sua passada
é direta
não há porque
vacilar!
As pegadas
não se apagam
enquanto se quer
estar vivo!

Cegossurdomudo




Não há nada de novo
sob o sol dos homens
a cortina de fumaça
e as bravatas
continuam acinzentando
o céu!

Não há nada de povo
nos paletós do parlamento
não há sequer uma traça
nas gravatas
ou algum dedo apontando
para um réu...

Ninguém sabe de nada
enquanto tão poucos
sugam tudo!
Ninguém quer saber de nada
Tudo cego-surdo-mudo!

Não há nada de sonho
nos aventais do tempo
os serviçais seguem o exemplo
das rotinas baratas
sob o véu...

Não há nada mais medonho
que os castiçais sem chama
os comensais vivem sem drama
haja gente ingrata
sob o chapéu...

Ninguém sabe de nada
enquanto tão poucos
sugam tudo!
Ninguém quer saber de nada
Tudo cego-surdo-mudo!

Impresságios




É impressão minha ou hoje o céu está mais azul? Não vjo ninguém de luto nas ruas pelo ano que ontem se enterrou...Mas e se o tempo tivesse parado, caprichosamente, ali pela hora da virada, para nos fazer um chamado? Um convite à reflexão...Se o tempo nos tivesse provocado a olhar pro nosso lado e nos questionado sobre o que, de fato, nos levou até ali, naquele exato momento...Será que continuaríamos a celebrar, beber e sorrir? Será que a música continuaria alta e a pista de dança permaneceria cheia? Ou como lobos uivando para a lua cheia, também lançaríamos aos céus nossos lamentos sentidos por todas as vezes que nos desencontramos com a essência de nós mesmos nestes últimos anos?Será que lançaríamos no ar um gemido, por todas as vezes que desperdiçamos a oportunidade de usufruir do milagre da vida e nos deixamos ficar, envolvidos pela fumaça da queixa ou da preguiça, simplesmente assistindo o tempo passar... Alguém com certeza já deve ter dito que um dia como este, depois da virada de um ano, é somente mais um dia...Se olhado, friamente, o dia seguinte ao reveillon só é diferente sob a guarda da poesia...O resto é só manifesto de nostalgia...Porque quando a gente acordar deste torpor sazonal, ainda estarão lá todos os problemas, esperando, no mesmo lugar, as soluções que se puder encontrar...De diferente mesmo só haverá mais uma cicatriz para marcar o fim de mais um ciclo...Um lamento interior na direção do infinito, rasgando a alma e o peito, tomando forma de blues, no leito de nossos sentimentos mais bonitos! Mais nada além das mesmas ciladas das nossas mentes, das mesmas armadilhas da razão,estribilhos momentâneos entre o conhecido e instantâneo refrão... Talvez um céu diferente, mais limpo e azul... Talvez apenas uma impressão minha...Alguma coisa na leveza do branco de uma nuvenzinha que o vento desfaz, enquanto se avizinha uma conhecida sensação de paz...Este novo dia traz o mesmo sol mas me permite imaginar sob ele um mundo sem fronteiras... Acende em meu peito uma lareira para aconchegar este novo ano que chegasem dizer como será...Uma criança difícil de imaginar no futuro...O que nos aguardará, além do tempo e de seus muros?Sobre as folhas de uma árvore qualquer estará escrito o que a inspiração insiste em ocultar...
Deixa no ar somente as pistas, os rastros de um "ao Deus dará!"E eu volto a me perguntar se é só uma impressão minha...
...ou hoje o azul do céu resolveu brilhar!?