sexta-feira, 31 de julho de 2009

A volta por cima da borboleta



Arrastando-se como minhoca, ela chegou de volta à velha árvore, origem de onde tinha partido um dia. Depois de tanto apanhar da vida, ali estava ela novamente, ao ponto de partida, finalmente pronta pra ganhar asas e voar.

Uma metamorfose tinha início ali. A reconstrução tinha começado. Se era becessário um tempo para romper aquela crisálida, ela encararia tudo numa boa. Havia tanta coisa ainda pra entender, pra encarar, para fazer...

Depois de literalmente ser nocauteada pelo destino, ali estava ela, de volta pra casa, parada a olhar o seu filhote tentando aprender sobre coisas que ela ainda não sabia explicar, coisas que talvez nunca pudesse revelar, mas sobre as quais ele queria entender...

E a antiga minhoca se enclausurou em si mesma. Hibernou em fases de crescimento interior e foi se tornando cada vez mais forte. Entre momentos de desespero e aperto, devaneios e fugas, trocas e truques, tristeza e alegria, depressão e euforia, suas asas cresceram e ela finalmente se transformou em borboleta...

E voando sobre seu passado e seu presente, deu a volta por cima, num vôo rasante em direção ao futuro...

De longe, ou de perto, quem teve o privilégio de conhecer sua história, torce por você, torce pra você alcançar o lugar que procura, torce pra você buscar tudo o que merece, de forma cada vez mais consciente, distante das velhas fugas, de frente para a vida, longe da dor e da ferida, plena no seu vôo por você e por seu filhote.

A volta por cima da borboleta não é mais uma história qualquer. É uma saga de superação, contada a um irmão que a vida lhe deu, numa destas varandas da vida...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A pseudo-autoridade de Abel



Não padeço do mal das novelas, pandemia de tantos que não conseguem desgrudar da TV, naquelas horinhas padrões que, há décadas, bestificam o dito "horário nobre" das emissoras abertas da televisão brasileira.
Isso também não me faz um ultra radical incapaz de assistir, com olhar crítico, um ou outro capítulo, mesmo que seja apenas para me inteirar sobre os destinos para onde têm se encaminhado a dramaturgia midiática.
E não é que, vez ou outra, a gente se surpreende com alguma inspiração intrínseca neste ou naquele personagem?
Outro dia mesmo, o tal do Abel, o guarda, me fez pensar. Ele, que deveria ser a personificação da autoridade, acaba sendo o mais ridicularizado de todos, o abobado atrás da sua farda diária, enganado por todos, traído pelos que fingem respeitá-lo,
apegado ao seu "enorme" poder de guarda de rua, guardião de uma faixa de trânsito, ele, cego à sua própria realidade contraditória, talvez seja, na verdade, acidentalmente ou não, a crítica social mais interessante do núcleo Brasil.
Abel personifica o autêntico poder policial brasileiro. O cara que "se acha", mas que na verdade está tão aquém do poder que pensa ter, que o seu despreparo só serve´para colocá-lo em situações vergonhosas e vexatórias, como as que passa o "corno" Abel. A polícia, preocupada com os motoristas boêmios, esquece (ou se esconde) dos bandidos. A polícia, preocupada com os celulares e os pedestres, ignora os corruptos e corruptores...
Traída por seus pares, tantas vezes tendo comportamentos ímpares, a polícia de nosso país continua a exercer poderes paralelos a si mesma, funcionando tantas vezes como ingênuos maridos enganados, sempre os últimos a saber...
Vale aqui um pârênteses. Neste caso, o exemplo vem de cima, do Comandante Chefe das nossas forças armadas, ele mesmo, o mais legítimo e autêntico ignorante das questões mais escandalosas que ferem os interesses da nação.
Abel é o protótipo do idiota obcecado pela pseudo-autoridade na qual foi instituído, mas que só tem como legítimas, mesmo, a sua própria existência contraditória, suas atitudes despreparadas, omissas e prodigamente covardes.
Abel é o anti-herói e seu Caim contemporâneo é seu próximo mais próximo, aquela com quem fez a aliança mais íntima, aquela com quem se casou. Se fosse um outro profissional, Abel se contraporia à própria vocação. Fosse ele um arquiteto, sua própria mão lhe trairia. Fosse um jogador de futebol, seria traído pelos seus pés. Fosse ele um sacerdote e estaria sendo traído pela sua igreja. Fosse ele um pajé e seria traído pela própria natureza.
Assim é nossa polícia. Absolutamente contraposta ao dever cívico do heroísmo, se insere na marginalidade pra "se dar bem". Assim, há celulares proíbidos aos cidadãos de bem que dirigem seus carros e pagam seus impostos. E há celulares permitidos para que os marginais encarcerados nos presídios de segurança máxima, possam promover o caos nas megalópolis. Um belo exemplo da conduta de nossos policiais é a polícia montada. Funciona bem em todo o mundo, mas aqui o poder conferido a este batalhão os impede de colocar a bolsinha sob o rabo de seus equinos. Resultado: passeios e ruas amontoados de dejetos de seus corcéis...
O pobre Abel, caricatura da lei, é o primeiro a desrespeitá-la ao primeiro sinal de perigo. Fora da sua faixa de segurança, do seu abrigo confortável, Abel não consegue encontrar seu prumo. E Norminha se esbalda. Por que é muito fácil enganar Abel. Uma criança pode fazê-lo acreditar que todos os elogios que lhe são direcionados são, de fato, verdadeiros. Basta mirar na sua vaidade, afinal Abel é imagem, é status, se envaidece com sua posição, seu sacerdócio urbano, sua missão de colocar ordem e progresso nas coisas. E enquanto ele acha que domina a sua faixa de segurança, em sua própria casa as coisas progridem na desordem.
Lógico que não se pode generalizar. Mas garanto que as exceções a esta regra são capazes de entender a utilidade social deste desabafo...
Mas a pergunta fica no ar: o que será de Abel quando descobrir tudo? Ou será que surpreendentemente todos os outros, inclindo a devassa Norminha é que são ingênuos e Abel é que rirá de todos eles no final da história?
A resposta cabe ao autor de Caminho das Índias, não a nós. Também não cabe aos inúmeros "Abéis" que desencaminham nossas instituições, pelo país afora, nem às suas respectivas Norminhas. Muito menos aos desavisados "Indras", estrangeiros já não tão inocentes assim...
A pseudo-autoridade das leis que não se sustentam acaba na arrogância daqueles que as arrotam , mas não as praticam...
No fim dessa novela, ninguém sabe o final dos personagens, mas há sempre pistas sobre o destino de alguns. Egocentrismo: este será o Caim que vai matar Abel.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

João impõe as mãos...



Sinto a sua mão estendida
sobre cada um de nós
a presença além da Vida
ainda posso ouvir sua voz

Tantas páginas depois
e permanece esse mistério
tudo ainda vem de vocês dois
além de qualquer hemisfério

Vejo sua mão estendida
sobre cada um dos seus
a presença além da Vida
Pai, Filho, Espírito de Deus

Tantos sinais estão aí
que contradizem a razão
tudo ainda vem de ti
nas mensagens de João

Vejo sua mão estendida
sobre todos que amou
a presença além da vida
a saudade além da dor...

Estátuas de Sol




Por que você virou pra trás?
No passado não havia nada,
que merecesse o seu olhar,
na direção contrária....
Tudo o que restava pra nós,
continuar seguindo em frente,
toda estrada leva a algum lugar,
certeza é uma conquista diária...

Somos sementes de luz
e não estátuas de sal
Onde fizermos morada
nos transformemos em farol
Somos vertentes da paz
não espantalhos do pó
Onde fizermos parada
somos estátuas de sol...

Por que você olhou pra trás?
O que pensou em encontrar?
Quando tudo está perdido,
a dor não é mapa a nos guiar...
Tudo o que restava pra nós,
esquecer aquela gente,
cada passo sem rumo ainda vale
a intenção de não querer parar...

Sobre a Saudade




Às vezes falta ar
pra respirar
Nesses dias escuros
falta alguma luz
Vem sempre aquela
estranha sensação
de alguma coisa
que não se completa...

É que falta você...

Às vezes falta aquele olhar
para trocar
Nessas noites em claro
apago toda luz
Vem sempre aquela
conhecida sensação
de que alguma coisa
não está completa...

É que falta você...

Tão distante
de um tempo que marcou
cada instante
é uma nova saudade...
Tão imerso
no sonho que a gente plantou
todo verso
busca a simplicidade...

É que falta você...
Tanta falta que você faz em mim...
Sinto falta de tudo
que a gente poderia ser...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Olhe de novo o sol



Olhe de novo o sol
depois da chuva
prove de novo o pão
depois da uva

Pinte de novo o céu
depois da tarde
beba de novo o mel
que Deus lhe guarde

O dia de ontem já passou
e foi um vento batendo no rosto
o dia de amanhã ainda nem chegou
e já deixou no ar o cheiro e o gosto

Ganhe de novo a cor
antes do escuro
sonhe de novo o amor
desça do muro

Toque de novo a luz
antes da entrega
foque de novo o azul
que a dor é cega...

O dia de ontem já passou
foi como vento batendo no rosto
o dia de amanhã não clareou
e já deixou no ar seu cheiro e seu gosto

domingo, 26 de julho de 2009



Ana é nome de vó.
Avó é voz que diz sim...
Quando se sente só,
Ana procura Joaquim...
E nasce então Maria,
um novo dia na Criação...
Paz de seus ancestrais,
Joaquim, Ana, Anjo, Luz
e bendito é o fruto
do ventre de Maria, Jesus...

Ana é nome de gente,
de mulher, de sonho,
de graça, de entrega,
Ana é mestra,
sua fé é cega,
enquanto nina sua filha
fala de cada maravilha
que aprendeu
dos seus ancestrais
e transforma Maria
em Rainha da Paz...

Joaquim é nome de Feira,
gente que se dá inteira,
sabedoria em silêncio
que se dá, como alimento...
Joaquim é santo, tanto,
de seu manto, um canto floresce
e tece a bondade
e o ensinamento do avô...

Anas, Marias, Dulces,doces avós
sinais, estrelas, guias...

Gente que continua a andar
nas trilhas da fé
e segue o caminho
da família de Nazaré
Gente família,
nas estradas do bem..
Seguindo na santidade
do menino de Belém..

Ser ou não?




Ser!
Ou não?
Um grande amigo costuma dizer que o "ou não" é a questão mais covarde que existe!
Segundo ele, a sua covardia está no fato de não deixar saída, não permitir argumentação. Ser definitiva no seu questionamento. Nenhuma verdade se sustenta com um "ou não". Inclusive esta. Seria tão fácil contrapor esta afirmativa. Bastaria um "ou não"...
Ou não?
Então Hamlet e Shakespeare eram grandes covardes, que se escondiam de seus medos na pergunta definitiva?
Ou não?
Apenas uma interrogação?
Largada no espaço, entre um e outro ato do espetáculo da criação, o "ou não" pode ser definitivo, covarde, pode vir cedo ou tarde, quando arde uma paixão, algo que invade o peito e contrapõe conceitos, traz à tona deveres e direitos, seduz pela contradição. Não deixa de ser prisão, mas ao mesmo tempo é asa que liberta da simples aceitação deserta, do amém irrefletido, imposto pela alienação.
Ser ou não.
Ser ou não pode ser uma covardia, mas também é de uma exatidão e de uma picardia, que passa a ser uma tentação...
Ser...
Ser ou...
O Ou sozinho é amplo, porque aberto, democrático, emblemático na oportunidade da dúvida, da bifurcação, das diferenças.
O Ou é uma crença, uma sentença de conversação.
Ser não...
O não sozinho é uma delimitação, é fronteira, limite, é necessária e construtiva negação...
É contraposição de gerações, crescimento, evolução, desmitificação.
Mas quando se juntam, se untam e se completam, transformam definitivo em interrogativo...
Ser ou não...
Não ser...
Não ser só...
Não ser só ou...
Não ser só não...
Ser...
Ou não...
Ou não ser...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Doações



Junte os seus batons e seus blushes,
os seus clicks, seus flashes,
seus sapatos mais chiques,
dê alguns pra uma creche
Se desfaça daquilo
que não usa há algum tempo
pode dar uns bons quilos
vale dar bons exemplos...

Junte seus anéis, badulaques
seus esmaltes e extratos,
seus colares, seu himel,
dê a algum orfanato
Se livre de alguns quilos
durante essa jornada
permaneça com aquilo
que não te pesa nada...

A beleza que você tanto persegue
te acompanha desde que você nasceu
não deixe que essa ilusão te cegue
até parece que você se esqueceu

Nada disso vale
o bem que habita em você
Não deixe que cale
o bem que habita em você!

Troca de idéias



Eu sei que você veio aqui
pra ler a poesia em meu olhar
sei que veio pra descobrir
algum farol sob meus óculos
Não depende só de mim
depende de onde se quer mirar
ou o que se quer atingir
somos simplesmente flóculos...

Basta a palavra incomum
ou a atitude diferente
e um brilho fora do comum
vai se acender em sua mente

Basta uma pista qualquer
algo que atice os seus sentidos
o cheiro, a cor, o toque, o som
alguém falando em seus ouvidos

Eu sei que você veio aqui
pra ver um sinal de algo novo
sei que veio pra discutir
pois acredita em nossas trocas
Não depende só de mim
depende de olhar além do ovo
toda casca vai se partir
como um navio que deixa as docas

Basta a palavra, meu bem,
ou a atitude de respeito
e um fogo queimará além
das fronteiras do seu peito

Basta a pegada no chão
na vastidão de mil palpites
o tempo, o espaço, a razão
e alguém testando seus limites

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vizinhos de mudança




Vai chegar um tempo
que vai fazer você se perguntar
se prefere ver seu plano vingar
ou se vai continuar a manter
sonhos presos debaixo do travesseiro...

É, vai chegar a hora
que vai fazer você se questionar
se tudo o que interfere contra é só azar
ou se finalmente vai valer
a velha vontade de se transformar por inteiro...

Você já parou pra perguntar
por que são só seus vizinhos
que estão sempre de mudança?
Você andou tão ocupado
criando raízes naquele velho sofá
que esqueceu de entrar na dança...

Mas vai chegar o dia,
o seu momento de partir,
mesmo que você não queira
todo mundo aqui está só de passagem
a vida é uma viagem em plena terça-feira
deixa a canção se perder na estrada
segue suas pegadas e ganha o mundo...

Repare de novo a lua




Depois de tanta guerra
sou capaz de apostar
que você vai encontrar
um pedaço de terra
um espaço vazio
um terreno baldio
entre os escombros
dos seus sentimentos

Outra mão irá surgir na estrada
e vai pousar sobre a sua
e você vai erguer mais uma vez os olhos
e reparar de novo a lua

Depois de tanta luta
sua paz irá voltar
e você vai se olhar
sem sentir tanta culpa
um banho novo em teu cio
uma nova chama no pavio
pra você dar de ombros
pros próprios pensamentos

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Comida de gente é texto" - Uma homenagem ao talento de Luise Costa Lima



Tenho uma amiga, colega no ofício da escrita, que diz que "comida de gente é texto". E alguém se atreve a questionar?
Desde os tempos mais remotos o ser humano tem se alimentado desta mágica receita que mistura palavras e sinais, temperando de informação e inspiração os pobres mortais que habitam este planeta, viajante do tempo e do espaço...
Há os que prefiram dois dedos de prosa, é verdade. Mas até aí, o cardápio é vasto!
Vai uma nota, como antepasto? Ou seria melhor um prefácio?
Quem prefere ir direto ao assunto, pede uma matéria jornalística, recheada de presunto.
Uma salada de cronistas sempre cai bem. É leve, equilibrada, deve ser até cotidiana.
Acompanhada de música, a letra da canção faz bem ao coração, como uma sopa de letrinhas, sem muita gordura, tanto na estrofe, como no refrão...
Na linha light, um artigo grelhado, saído do forno, inteligente e atual, é muito bem indicado.
Mas não vamos esquecer os que preferem algo mais forte. Pitadas de suspense entre dramas já escaldados. Ou personagens ensopados de características únicas em um romance que dá água na boca a cada página... Quem gosta de algo mais apimentado, sempre pode escolher um Jorge Amado...
Como acompanhamento, um livro de bolso é sempre uma pedida clássica. Mas querendo um molho especial, que tal algo encorpado, tipo um comentário de Jabour?
Como prato principal, recomendo saborear o recheio da bíblia. Garantia de um sabor sobrenatural, sempre confiável e extremamente saudável, seja a hora que for...
Hora da sobremesa...
Quem não se delicia com um quindim de poesia? Doce, métrico, saborosamente inusitado... Ou você prefere um soneto em calda? Quem sabe uma compota de novelas?
Ou um bom bocado de roteiros de filmes. Uma comédia romântica pra continuar no doce. Ou quem sabe um drama caramelizado, flambado com uma bela história de amor?
Tudo isso, por alguns trocados, uns contos que sejam...
Tudo bem, conto é coisa do passado, estamos em tempos reais.
Antes do cafezinho amargo, como um livro de Saramago, deixemos o texto de lado, esqueçamos o roteiro, nada de estresse com o enredo, com a continuidade.
Da quase mudez de Adão e Eva, passando pelos diálogos de Platão, até chegarmos aos nossos parlamentares e seus trílogos, há que se cuidar do epílogo, para que a refeição se complete com um belo digestivo...
Sugestivo?
Então, passe a olhar sua estante como um belo cardápio. E se alimente com vontade, mas sem excessos. Como diriam os titânicos poetas musicais: “Você tem fome de que?”
Responda você mesmo, não aceite palpites.
E um bom apetite pra você!

Ah, como sugestão da casa, pra quem quer alimento do bom,
vale uma conferida no blog e nos textos de Lu: palavradeluise.blogspot.com

Nas esquinas de mim mesmo



Nas esquinas de mim mesmo
não há lugar para mendigos
ali é ponto de encontro de amigos,
até os que ainda não conheço...

Nas esquinas de mim mesmo
cabe todo tipo de arte
mas os artistas principais
são vagabundos vindos de qualquer parte...

Nas esquinas de mim mesmo
a preferência é dos jardins e praças,
um ou outro arranha céu sem graça
e uma capela simples pra rezar um terço...

Nas esquinas de mim mesmo
há gente de vênus e de marte
dividindo uma taça de poesia
entre frases soltas de Descartes

Nas esquínas de mim mesmo
há irmãos e irmãs, filhos e pais
de sangue, de vida, há também animais,
sem os quais o mundo seria cinza...

Nas esquinas de mim mesmo
há portos, atos e arames farpados
deles eu zarpo, realizo e me defendo
na imensidão dos meus achados...

Nas esquinas de mim mesmo
há um espaço reservado pro som
que vem de algum clube de uma outra esquina
ou então dos encontros de Vina e Tom...

Nas esquinas de mim mesmo
costumo estender a rede
e descansar no embalo da poesia...

Nos meus sonhos alimento a fantasia,
ali não há fome e nem há sede,
bem ali, nas esquinas de mim mesmo...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Desencontros




Eu estou fazendo verso
e você aí de prosa
Eu fico tão disperso
você tão curiosa

Sugiro um vinho tinto
você prefere suco
se eu deixo vir o instinto
você me quer eunuco

Todo desencontro
na verdade é um novo ponto
de encontro pro amor...

Estou fazendo hora
você me diz, depressa
Mas se você demora
eu ouço: "pra que pressa?"

Sugiro um filme leve
você quer ver novela
Hiberno em minha neve
você acende a vela...

Todo desencontro
na verdade é um novo ponto
de encontro pro amor...

Estou comendo um livro bom
você quer jantar fora
Eu elogio o seu batom
você quer ir embora

Me inspiro nessa história
você prefere então sorrir
registro tudo na memória
voce esquece e vai dormir

Todo desencontro
na verdade é um novo ponto
de encontro pro amor...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

E amigo tem dia?




Definitivamente somos seres contraditórios.
Depois de enviar alguns emails comemorativos pelo Dia do Amigo, questionei a mim mesmo: "Pera lá, e amigo lá tem dia e hora certos?"
Pois é. Assim como mães, pais, crianças, avós, padres, médicos e demais profissões, amigos simplesmente são ou não são, o tempo inteiro, não só num dia específico, criado comercialmente para aquecer mercados em crise pelo mundo afora.
Não deveria ser preciso um dia específico para presentear ou pabenizar um pai, uma mãe ou um filho. Não deveria também ser preciso um dia para se reconhecer um amigo.
Todas estas relações têm como princípios a naturalidade, a espontaneidade, a gratuidade, a generosidade e o afeto. Transformar isto numa obrigação, numa atitude quase que imposta, é algo sem nexo, que contradiz a própria essência da relação humana.
É, somos seres contraditórios. Os únicos racionais e, constantemente, nos vemos presos às armadilhas que nós mesmos criamos. E com que facilidade caímos nelas, quase que irracionalmente, sempre irrefletidamente.
Amigo não tem dia, não tem hora, amigo simplesmente te detona e te escora, te esculhamba e te adora, mas está ali, sempre, presente do teu lado, nas piores horas.
Amigo é taça de alegria que a vida oferece. E quem não gosta de "ficar de porre" de amigos? Quanto mais melhor e mais saboroso.
Amizade é pura celebração da própria vida. Ninguém é imune a ela. Até Jesus chorou pela morte de Lázaro, mesmo sabendo que iria ressuscitá-lo. E que mensagem final Ele deixou? "Ninguém ama mais do que aquele que dá a vida por seus AMIGOS!" Como Amizade e Vida estão intimamente ligados!
A amizade é um sentimento divino, é um patamar superior de relação, porque não espera retorno, mas tem fé que ele vem. E se não vier, perdoa, deixa pra lá, prefere esquecer, vira uma coisinha à toa diante de tanto bem estar, tanto bem querer.
Amigo se conquista, se cultiva, se transforma num grande laço.
Amigo, quando se avista, a gente vira cadeira cativa e toma forma de abraço.
A amizade é um sempre, não tem que ter hora marcada. É um balão viajando no céu, oferecendo horizontes em gargalhadas, paisagens de papos sérios, nuvens de pura verdade, capazes de virar tempestades ou brisas das mais suaves, sempre mais leves que o ar, sempre capazes de nos fazer flutuar entre um e outro abrigo, entre um e outro amigo...
A amizade é a paternidade sem peso, a maternidade sem culpa, o exercício do erro e da desculpa, do compromisso batalhado, construído, regado.
A amizade é algo muito especial!
Somos seres contraditórios, sim.
Não reduzamos algo tão grandioso a um simples dia comercial.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Agora vai o making off de Sutilmente



vale a pena ver o cuidado e a criatividade desta produção.

Reis e Fulanos (Adriano, Chico, Beto, Didier, Rodrigo e Vitor)

Uma homenagem a todos os reis, fulanos, rainhas, fulanas, princesas e outros bichos e grilos que já passaram pelo Toda Terça.


Reis e Fulanos
(Adriano, Chico, Beto, Didier, Rodrigo e Vitor)

Cabe tanta gente aqui
Tudo se ajeita, no meu peito pousa um sonho
Uma idéia que quer se espalhar
Toda mente conhecer
Todo espírito elevar
Calar a voz, falar de nós, de novo

Tanta diferença aqui
Tudo se encaixa, vai achando seu lugar
Várias cores vão se misturar
Todo sorriso merecer
Toda amizade cultivar
Ficar a sós, atar o nós, com todos

Em meu peito sempre tem lugar pro seu abraço
Me conta da vida de longe
Das pontes que eu nunca vou cruzar
Beijar as flores da cerra e do campo
Reverenciar a reis e fulanos
Agradecer a Deus, aonde quer que eu vá
E respeitar o Deus das crenças que encontrar

Sutilmente (Skank)

Genial este clipe do Skank para a música sutilmente.
Aos colegas publicitários tão radicalmente contra a "fotolegenda",
uma prova viva de que às vezes ela funciona muito bem....
Vale a pena assistir e depois ver o making of na próxima postagem.

Sutilmente
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti (x2)

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Entrevista




Escuto ao longe a palavra estéril
dos falsos profetas...

São folhas secas que se espalham
e se perdem...

Não valem sequer o tempo gasto
para pronunciá-las...

Não têm o valor de uma migalha
caída no chão...

Ouço ao longe palavras que se repetem...
Ecos de si mesmas...

Uma ladainha monótona, vazia, podre...
Discurso preparado sem emoção,
disparado de maneira fria,
como um revólver sacado do coldre...

Ainda bem que, de longe,
não distingo muito as palavras...
Não sou obrigado a ouvir por inteiro...
Somente percebo a intenção latente
da fanática busca pelo poder,
pelo status, pelo dinheiro...

De longe eu apenas sorrio,
imaginando o turbilhão de "améns" que seguirão,
profissão apaixonada de prostitutas no cio,
vendendo o corpo, a alma e o coração...

De longe penso como estão longe
daquilo que se propuseram um dia...

Onde está a disponibilidade
doce da freira?
O que houve com a simplicidade
santa do monge?
Todos se transformaram em bispos?
Só restaram a pompa e intenção festeira?

O que houve com o amor e com o compromisso
eu pergunto, talvez pra não ficar omisso...

Mas o amor não pode responder...
Ele está longe, muito longe...
E quer distância de tudo isso....

Sobre sereias e lobos (Foto: Nelson Gabriel Gonçalves)




Pegadas na areia
nem sempre nos levam
a encontrar alguém...

Podem ser pistas
para encontrarmos
garrafas vazias...

Podem ser somente
um mapa rasgado
pelas ondas, também...

Pegadas na areia
podem ser rastros
de sereias...
Quem sabe sejam teias
destes seres elásticos,
que com seus cantos fantásticos,
nos fazem perecer?

Mas também podem
ser apenas trilha
de um lobo sanguinário
perdido da matilha
num solitário vai e vem...

Pegadas na areia
podem levar a lugar nenhum,
podem ser simples manifestos
de passos trôpegos
encharcados de uísque ou rum...

Pegadas na areia
podem indicar caminhos
sinais de profetas vizinhos
que ousaram aventurar
antes de nós...

Pegadas na areia
podem ser anzóis,
fincados em iscas
que nos apetecem:
sonhos, fantasias,
perigos, riscos,
perguntas, mistérios...

Pegadas na areia
podem nos tirar do sério,
nos desviar do destino,
nos atrasar na estrada...

Tudo trazer, ou não oferecer nada...
Seguir ou não as pegadas, só depende de querer!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quem bate?



Toc Toc,
alguem bate...
Outro alguém abre o peito
e acolhe quem chega.
Um choque?
Quem sabe o que espera
no leito de quem
se entrega?

Toc Toc,
alguém insiste
em sua porta...
Aquele olhar
pergunta ao seu
por que resiste,
por que não se solta...

Toc Toc,
alguém espera por você.
Quem pode ser?
Use seus olhos mágicos
e enxergue tudo aquilo
que não dá pra ver...

Toc Toc,
alguém parece
querer demais
conhecer melhor
você por dentro.

De lá do centro
de si, você escuta,
mas não sabe muito bem
até onde ir...
Não sabe bem o que é preciso...

Que tal começar
abrindo um lindo sorriso?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Um cara chamado André



Quando cheguei de Brasília aqui em Salvador, no auge dos meus sete anos, uma cortina se abriu e um novo palco apareceu ali, em minha frente, com personagens muito mais diversos do que os que habitavam o meu mundinho solitário da capital federal.
Meus irmãos mais velhos estavam em fases diferentes da minha. E eu ganhei novos irmãos. Para o bem da verdade, na realidade eram primos, quase todos da mesma idade que eu e que, seja por laços de sangue, aventuras, fantasias, futebol ou por afinidade de origem, se transformaram em manos de fé nesta estrada soteropolitana que há mais de 35 anos percorro.

Não poderia deixar de citar o mais velho dos primos contemporâneos, Dado ou Dudu, o grande mano Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen. Um cara com o coração do tamanho do mundo, um talento fantástico para as artes e os negócios e uma sensibilidade em relação aos mais velhos, aos idosos, que por mais de uma dezena de vezes já me levaram às lágrimas por suas atitudes e disponibilidade. Do Pen, só grandes lembranças, aprendizados positivos e muita humanidade. Da mesma família, meu primo mais famoso, seu irmão Leco Maia, cantor, produtor, talento natural pra música e pro baba. Meu mestre na arte do Futebol de Botão. Foi na casa deles que primeiro me hospedei quando cheguei aqui.

Depois conheci meus primos dos Barris. Odi, Marquinhos, Lico e Carlinhos. Ir pra casa de minha avó Dulce (Durce) e meu avô Alexandre (Xanduba) era sinônimo de baba, de briga com Aloísio, porteiro mal encarado que vivia atormentando nossas vidas e discussão com a inesquecível Tia Regina. Irmãos, Odi e Lico sempre foram um exemplo de organização, método, disciplina e responsabilidade pra mim. Aprendiz do rei da bola entre os primos (Odi) e do rei do Xadrez (Lico, também chamado de Finura), tive a honra e o orgulho de, um certo dia, me ver dando testa a um e a outro em suas especialidades. Marquinhos e Carlinhos eram os mestres da aventura e da ação. Com eles me vi fazendo coisas que jamais imaginaria que pudesse. Vale lembrar aqui os sustos que pregávamos nas pessoas, vestidos com máscaras de monstros. E um tal de um reveillon que passamos juntos, jogando bola, correndo atrás pra ver de quem seria o último gol de 1980 e o primeiro gol de 1981.
Com Marquinhos aprendi a determinação e a ousadia de correr atrás do que queria. lembro que um dia saímos, eu ele e Leco, atrás de um patrocínio para o Maia Futebol Clube. Foi a primeira vez que corri a cidade de ônibus e que cheguei depois de meus pais em casa. Com Carlinhos, partilhei o gosto pela literatura, pelos gibis, pelos casos engraçados do Bonfim... Saudade de um tempo que já foi. Enfim...

Aí começaram a nascer os primos mais novos. Ricardinho, Rodrigo e Rafael, uma geração depois da minha. Com eles os momentos não foram tantos. Mas lembro de algumas noitadas fabulosas, entre uma e outra receita espanhola feitas por seu pai, onde se dava muita risada, se bebia um bom vinho e depois se varava a madrugada preenchendo algumas centenas de bilhetes de loteria. De Ricardinho lembro o talento incrível e precoce para o desenho. De Rafa, talvez o primo com o qual eu tenha tido menos contato em função da diferença de idade, lembro da timidez e da vivacidade. Com Rodrigo ainda deu pra compartilhar uns babas. Fosse de verdade, fosse nos nosso campos de botão.

E tinham também os Araújo. André, Beto, Binho e Dã. Grandes figuras. Por ter sido minha segunda hospedagem em Salvador, tive um contato maior com estas figuraças. Quem conhece, assim de primeira, não acredita que os quatro sejam irmãos. Ninguém parece com ninguém, nem na personalidade, nem fisicamente. Aliás, minto, Binho parece sim, mas é comigo, que sou primo. Meu sósia mais novo. Beto é a pesonificação da responsabilidade. O cara todo certinho que toda sogra quer ter como genro.
Binho é um gênio da informática. Um cara que desde cedo já mostrava sinais de uma inteligência acima da média, quase matemática!Não por acaso, hoje é meu consultor de informática, responsável pelas minahs melhores aquisições neste campo. Dã, o grande "Micóbrio", é destas figuras raríssimas que a vida nos presenteia. Não lembro de ter visto Dã sem um sorriso no rosto, sem uma piada nova, sem o astral lá em cima.

Antes de falar de André, que dá título a este artigo, peço licença para dedicar um parágrafo às minhas primas. Kite, Deca e Nana. Em minoria esmagadora na família, as mulheres Maias sempre trouxeram graça e charme aos grandes encontros entre os tios.
Kite é a natureza da sabedoria. Uma mulher à frente de seu tempo, que com seu jeito muito particular abriu caminhos para uma revolução de mentalidade em seu núcleo familiar. Deca é daquelas pessoas doces, cuja pureza e ingenuidade o mundo não merece. Nana, minha dentista das horas mais complicadas, mistura aquele ar de eterna menina com uma postura de quem sabe o que quer, poderosa minha prima mais nova.

Vale, também aqui uma menção aos primos mais distantes, aqueles com quem a gente não conviveu tanto, mas com os quais tivemos momentos importantes, marcantes. Luís Carlos, Luciana Aragão, Daniela Guerra, Jean, Bernard, Michel e François (Janete, Bernadete, Miquilina e França para os mais próximos)e Deco, outro talento para as artes, com quem tive a honra de trabalhar.

Bom, chegamos a André, ou Shoes, ou Sapato. O irmão mais novo que não tive. Um cara em quem, desde que cheguei nesta cidade, só consegui enxergar o bem. André é um cara muito especial. Ao escolhê-lo para dar o título a esta postagem, tenho certeza que todos os outros primos concordam, o fiz por merecimento dele. André é uma unanimidade entre nós, seus primos contemporâneos. É o cara decente por natureza. O cara que tinha tudo pra dar errado e deu certo. O cara reto, direito, honesto, contra tudo e contra todos. O cara cujo rancor não dura mais que um minuto. A tradução humana da carta de São Paulo sobre a caridade, André é paciente, benigno, não invejoso, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta. Parafraseando o Apóstolo, "Quando era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança." Não vejo mais estas crianças em nós, mas a vejo em André. Não no sentido da imaturidade, mas no sentido da energia, da positividade. Tenho orgulho de ser seu primo, Shoes, de ter sido seu sócio, de ser seu amigo.

Através de você a minha homenagem a todos os outros primos, aos meus tios, aos meus irmãos e a meus pais e nossos avós, fundação de uma gente de bem, que de sua forma, de sua maneira peculiar, se quer muito bem entre si, também.Que os nossos ancestrais continuem olhando por nós e permaneçam em paz!

Sobre o tempo e as oportunidades



O tempo está passando, rápido.
Filhos crescendo, gente chegando, gente partindo,
possibilidades surgindo, às vezes de onde você menos espera.
Mas pode ser justamente daí que surja uma nova estação,
quem sabe a próxima primavera de sua vida?

O tempo está mudando, celere.
Novos rumos, novas idéias, novos sonhos,
oportunidades se abrindo no horizonte,
a vida se redesenhando em novos traços e cores,
novos abraços, beijos e amores,
novas perspectivas de felicidade bem ali na sua porta,
ali na sua horta, esperando só você regar...

O tempo está virando, térmico.
Quem sabe não é a hora de provar novos sabores...
Uma receita diferente, que te reinvente,
que traga um novo gosto, core as maçãs de teu rosto
e te faça feliz...
Um novo tempero pra vida, uma nova mistura,
uma nova experiência,quem sabe aquela que você procura
pra adoçar a sua história...

O tempo está abrindo, cíclico.
As nuvens cinzas ficaram para trás,
deixaram um solo fértil, terra molhada de chuva e orvalho,
pronto pra fazer brotar o que há de melhor em você...

O tempo está guardando, cínico,
os segredos de um futuro que não se adivinha...
No meio do deserto, nunca se sabe, ao certo,
se iremos acertar ou não na escolha da direção...
Há sempre o risco de errar, na aventura de acertar!

O tempo está passando, preste atenção...
Ele não para para estender a mão...
Mas ele estende, quer que você se agarr,
pule no vagão e embarque no trem...
Mesmo que tenha que saltar
na primeira estação que vem,
depois da curva do amanhã...

O tempo está perguntando:
e então, você não vem?

Questões exclamativas



Em que você acredita?!
Ou seria melhor perguntar, em quem?!
Você acredita em você? Ou não?
Admita, às vezes é duro encarar essa questão...
Você acredita em Deus? Ou está no time dos ateus?
Você acredita em destino?
Em horóscopo, signo, cigana?
Ou acredita em chacras, karmas e nirvana?
Pensa aí, em que você acredita?
Na força, no poder, no dinheiro?
Ou no suor, na garra, na união?
Acredita em orixá, pai de santo, terreiro?
Ou acredita numa mistura de crenças que é a sua religião?
Acredita em superstição?
Em bunda virada pra lua, espelho quebrado e gato preto?
Ou acredita somente nas leis do seu próprio gueto?
Fala aí, olho no olho com você no espelho:
em que você acredita mesmo?
Acredita que estas perguntas estão valendo a pena?
Ou está chegando à conclusão que tudo isso não passa de jogo de cena?
Acredita no amor?
Acredita no sexo?
Ou ainda está tentando definir se acreditar faz algum nexo?
Troca aí, muda de disco.
Olha no espelho e tira o cisco...
Comece acreditando em você.
Nos seus valores, suas verdades, seus sonhos...
Depois passe a acreditar nos outros...
Nas suas dores, seus abraços, suas mãos estendidas...
Nas outras vidas...
Deixe um espaço na agenda, se é que você acredita em organização,
para o condicionamento físico. Lógico, se você acreditar em seus benefícios,
Ah, você acredita em princípios?
E em reflexão?
Você acredita em perdão?
E em amizade?
Acredita em paixão? Em amor?
Ou somente nas suas próprias verdades?????
Enquanto o mundo lá fora se transforma,
enquanto o seu coração se agita,
pare tudo e se responda:
Em que você acredita?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Receita



Separe um recipiente médio, não importa a cor.
Unte até que ele ganhe brilho.
Não exagere na gordura, qualquer que seja ela.
Comece a misturar os ingredientes.
Alguns litros de leite materno.
Frutas batidas.
Sopas de verduras.
Sucos.
Cremes.
Depois passe aos cereais.
Caldo de carne ou de galinha.
Feijão, arroz e farinha.
Peixe desfiado.
Aos poucos e com cuidado insira alguns
pedaços de carne ou frango, bem picados.
Depois, frutos do mar.
Massas. De todos os tipos, mas sem exageros.
Pães acompanham bem.
Queijos, manteiga, embutidos e defumados em doses controladas.
Iogurtes também.
Pitadas de hamburgueres e afins.
Iscas de salgadinhos e tira-gosto.
Um toque de Batatas fritas.
Frutas e legumes em porções generosas.
Condimentos em porções regradas.
Uma ou outra xícara de chá.
Refrigerante nem pensar.
Flambe tudo isso com uísque ou vinho,
mas na medida certa, o importante é saber parar.
Antes de servir, ofereça um pedido de agradecimento,
rezando para quem você acreditar.
Pare de comer antes de se sentir farto.
Assim você evita uma azia, uma indigestão ou até um infarto.
Reserve um lugar para a sobremesa.
Nada doce demais, mas algo que adoce o dia.
Antes de sair da mesa, brinde com a vida.
Você faz parte de tudo o que ela, generosamente, lhe oferece.
E tudo faz parte de você.
Pode até haver uma receita básica de nutrientes
para um ser humano crescer.
Passar de bebê a criança, de criança a jovem,
de jovem a adulto, até envelhecer e depois morrer.
Mas a receita, de fato, do que você irá ser,
não está nos livros, não se aprende na escola,
está fora das cozinhas, está dentro de você.
O recipiente está em seu peito,
esperando você fazer do seu jeito.
Esperando você misturar seus talentos, suas idéias,
suas vivências, sua energia, seus sentimentos
e, dia após dia, servir um pouco do que é,
um tanto do que recebeu dos outros,
um bocado do que aprendeu,
uma ou outra pitada de fé.
Tudo bem temperado, com o requinte da simplicidade.
Mix de sonho e realidade.
Afinal o "Grande Chefe" não repete uma receita.
Ele apenas te coloca no fogo e você peita!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Apenas Imagine...




Imagine uma cidade. Com muros feitos de água.
Uma cidade onde só se entra limpo, banhado de transparência azul...
E de onde também só se sai assim, com o corpo purificado...

Do lado de dentro destes muros, jardins feitos de nuvens, de todas as cores,
flores de pôr do sol, caules de amanhecer, raízes de horizontes, tempestades de folhas, entre alamedas de arco-íris...

No meio, um castelo medieval feito de vidro, absolutamente transparente, com aparência frágil e solidez de rocha. Lugar de acolhida, de banquete, de alegrias, festejos, sorrisos, descanso, lazer, celebração de ser...

Bem à sua frente, uma praça feita de terra. Todos os tipos de terra. Do pó à argila, da lama ao barro, da areia molhada da praia à areia seca do deserto. Todo dia aquela praça ganha contornos diferentes, com o jeito da gente que nela esteve e com as formas que o tempo resolveu moldar...

Ali perto, um templo feito de fogo. Chamas de todas as cores, de todos os tipos. Gigantescas labaredas azuis entre velas pequeninas. E entre o visitante e o fogo, frágeis paredes de vento, conduzindo até o altar, feito de lava consistente. E incandescente.

Todas as construções feitas de pétalas e folhas, galhos, palhas e troncos, madeira viva, antiga, retorcida em mesuras naturais para servir seus donos, como servas fiéis, amorosas, amigas, comprometidas...

Do lado esquerdo da praça, um leito de rio feito de pedra, conduzindo a uma montanha invertida, cachoeira endurecida pela desconstrução humana. Monumento sagrado, guardado como um alerta para as gerações futuras. Elas, que também visitarão um dia este recanto esquecido entre a razão e a imaginação, terão idéia do que pode ter sido um dia o ideal da civilização...

Do lado direito uma caverna, feita de ossos. Dentro dela, expostos em vitrines de plástico, os figurinos da moda, de todas as épocas passadas. Entre chifres, peles, plumas e couros de animais, modelos e modelitos ultrapassados, outro alerta aos que virão: o consumo exagerado...

Agora imagine o centro desta cidade, pulsando dentro de você.
Como um incrível coração ritmado, onde circulam pessoas de todos os tipos, raças, credos, cores, entre avenidas arteriais e ruas venosas...
Não é incrível?!
Você pode ver?!
Talvez por causa disso, ainda valha a pena crer...
Somos imagem e semelhança criativa...
Só nos resta elegermos o bem pra nos reger...
Somos todos aldeias, cidades receptivas, mas com medo, só fazemos nos esconder.
Abrir as portas pra uma nova realidade nos parece tão absurdo como imaginar uma cidade assim...
Mas, acredite, ela está em você, como está em mim!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Trocas



Pousa seu olhar no meu
e ousa um vôo a dois
Trança a sua mão na minha
e dança algum carinho
Ponha o rosto no meu colo
e sonha com o depois
Draga o seu perfume doce
e alaga o meu ninho...

Cheiro, tato, toque, audição,
Troca, olfato, gosto, visão...
A gente perde os sentidos
quando encontra a paixão...

Usa sua saliva em mim,
lambuza o nosso beijo
Lança um tom maior em si
e avança sem segredos
Cala o seu suspiro e assim
me fala de desejo
Cava tudo o que sentir
e lava os seus medos...

Sexo, pacto, pele, libido
Corpo intacto, alma em canção
A gente perde os sentidos
quando encontra a paixão...

Próprio Conselho




É possível transformar o mundo.
Basta olhar uma vez, de forma diferente,
a sua imagem no espelho...

É possível conquistar um sonho.
Não se trata de poder, mas de busca consciente,
de ouvir o próprio conselho...

É possível projetar além.
Ir depois dos limites e das idéias,
enxergar muito mais do que se pode ver...

É possível fazer o impossível.
Todos nós somos muito mais fortes
do que, na verdade, imaginamos ser...

Somos verdades pensantes,
conceitos ambulantes,
em constante mutação...
Herdamos genes errantes,
processos conflitantes,
flagrante construção...

Humanização a duras penas
e em cena a pulsante evolução...
Ou não!

É possível conceber o novo.
Prever os fatos que virão
e os atos mais improváveis...

É possível espremer o sumo.
Adivinhar o sabor que existe
nas polpas menos palpáveis....

Página Rasgada




Você me disse
pra seguir o meu caminho
e esquecer o ninho
que a gente sonhou um dia...

Você me disse
pra eu pegar a estrada
e apagar as madrugadas
que hoje são tão vazias...

O nosso tempo
de virar a história acabou
virou somente mais uma
lembrança de dor...
O que nos cabe
o destino já revelou,
ficou apenas mais uma
memória de amor...

Você me disse
pra enxugar o rosto
e não te dar o gosto
de me ver chorar

Você me disse
pra não dizer nada
deu até risada
antes de nos deixar

Seguindo...




Quem segue quem, afinal?
Os pés seguem as pegadas ou as pegadas seguem os pés?
A sombra segue o corpo ou o corpo segue a sombra?
Quem assombra mais?
O sol, na sombra?
Ou as sombras da lua sobre um jardim de girassóis?
Ou ainda as sombras nas ruas onde sobram perigos pra nós?
Quem persegue quem, no fim?
A realidade persegue o sonho, ou o sonho é que está mesmo a fim?
Quem consegue o que?
E como acaba por conseguir?
Basta querer e ir?
Há quem navegue nestas questões...
Mas há também quem só pegue uma carona nas suas próprias ilusões?
Preocupados com o brilho de uma luz que os cegue...
E os segue também...
Há os que insistem em ir mais além...
Ir até onde o diabo os carregue, os balance e os chame de nenéns...
Há também quem se renegue, se negue...
E há quem se esfregue nos corpos esquálidos de uma multidão faminta
e depois se entregue, mesmo que já nem sinta...
Há quem se apegue a tudo e a todos e, assim, regue a si mesmo, no esmo...
Quem segue quem, afinal?
O mal segue o bem ou ninguém quer o mal?
Há quem vergue diante da injustiça, mas também há quem segue adiante,
sem realmente saber responder o que lhe move...
Luzes, câmeras, ação, música, bebida, sexo?
Ou um simples Engov?
Há quem se renove...
Há quem se drogue...
Há quem se molde...
Quem segue as tendências de quem?
Há alguém que se copie?
Levante a mão e se apresente, apresente também as armas...
E antes que alguém se jogue, pare pra pensar um pouco,
se é o mundo que está louco ou somos nós,
herdeiros de um paraíso em transe, no meio do fogo cruzado...
No meio deste caos, entre guerras e pessoas,
entre rastros de suor e sangue, entre massacres dignos
dos mais consagrados bang-bangs,
o eco de uma pergunta não quer calar,
talvez nem queira mesmo responder...
Quem seguirá amanhã o dia?
Quem seguirá em frente apesar de tudo?
Quem manterá o passo?
Quem descruzará os braços,
nem que seja pra oferecer um amasso,
ou quem sabe algo mais nobre,
como um abraço.
Fácil?
Ou frágil como um cristal?
Então responde, sem pestanejar:
Quem segue quem, afinal?

sábado, 4 de julho de 2009

Siglas ou nem tanto




Tem gente que faria tudo pra ser TOP ou VIP.
Algumas pessoas moveriam o mundo pra ter um LCD ou GPS.
Outras se espelham em um FHC, um ACM, um JK ou um JFK.
Muitos se lamentam por sofrerem com a LER ou a ELA,
Agora fala sério, se alguém entrasse em seu LAPTOP
e deixasse um E_MAIL pra você, falando de coisas
como FTP, PDF, PHP, entre outras e você, literalmente,
não soubesse nada sobre esta linguagem objetiva
e regular de nossos dias, o que você faria?
Se sentiria um PMD?
Lógico que não estou falando da geração PHD em informática.
Falo do pessoal das antigas, que ainda escuta LP e não
quer saber de CD, DVD, CD-ROM e muito menos BLU-RAY, ou seria BD?
MP3, MP4, MP5, MPEG, JPEG, AVI, então, nem pensar...
Ficaria ainda pior se a mensagem contivesse algumas corruptelas
virtuais como VC, SDS, ATT, BJUS, ABÇS, ETC, ETC, ETC...
Provavelmente o entendimento se restringiria, única e
exclusivamente, ao velho e famoso ETC...
Definitivamente, os HTTP, WWW, BIOS, RAM, ROAM, USB, SATA,
fazem parte de um mundo CPU à parte, responsável pela exclusão digital
de uma grande parte da população mundial.
Enquanto alguns, com dor no coração, homenageiam vídeos cassetes e vitrolas com um silencioso mas sincero RIP, outros estão mesmo preocupados é com o HIV, a SIDA e os AVCs...
É...Vivemos o tempo sem tempo...
Abreviamos tudo. A fala, a escrita, a audição, a emoção, os sentimentos, a vida!
PQP, todo FDP hoje em dia anda correndo. O mundo corre. Ninguém consegue parar e escutar, de verdade.
E entre letras que muitas vezes não dizem nada a ninguém, são simplesmente vogais e consoantes reunidas para batizar objetos, flagelos ou desejos de consumo, calamos a sabedoria dos mais velhos, a experiência dos mais vividos, excluindo-os de nossas vidas, de nossas conversas, de nossos diálogos.
Aí aparece o alzheimer, o parkson, a esclerose múltipla, a depressão e ninguém sabe bem o real motivo...
Quando descobrirmos, será tarde...
Aí, PT, saudações...

PS. Talvez ainda reste tempo...Medite aí...
SOS!!!!
Se alguém souber a resposta, RSVP!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Idade média




Não sei se acontece com você também.
Mas às vezes eu tenho a nítida sensação de que não vivo no tempo certo.
Me sinto um cavaleiro errante num mundo egocêntrico na sua forma e na sua dor.
Há muito mais gente preocupada em destruir castelos alheios do que propriamente em defender ou lutar pelos seus...
São contendas travadas nas catacumbas e masmorras, no escuro, na sombra...
Ninguém mais parece ligar para a nobreza de um duelo franco, honesto, cara a cara.
É um mundo sem honra...
Não há mais escudeiros fiéis nos campos de batalha, não há mais donzelas nas torres de concreto e aço, não há mais um dragão a derrotar. O mundo virou vilão de si...
E eu sigo vagando, entre meus moinhos, caminhando entre espinhos, a favor do vento,
entre uma e outra postagem, contemplando paisagens que muitas vezes já não dizem nada...

Não sei se acontece com você.
A fé é tão flexível que me parece morna, os sonhos tão perecíveis que mais parecem adornos, facilmente substituídos pela conveniência das horas...
Compromisso? Pra que?
Palavra? Por que?
Verdade? Pra quem?
Tenho saudade do silêncio medieval, ele ajudava as pessoas a se escutarem...
Hoje as pessoas se atropelam, cheias de razão e não se ouvem...
Há muito ruído, muito barulho, dentro e fora de seus templos...
E o tempo?
Vai passando errante, gigante relógio da existência itinerante, entre segundos e mundos inoperantes, vastidões interiores, deserto de amores sem sol...

Não sei o que acontece...
A era é digital e o sal da terra já não é o mesmo...
O porco bronzeado já não é mais torresmo.
O suíno se resfriou...
E espalhou por aí a gripe...
O mundo assume enfim que precisa de máscaras pra sobreviver...
Será?
Tenho vontade do vento medieval...
Vontade de sentir na pele o cheiro do campo, o toque do rio,
a moçada controlando seu cio, não pela força dos cintos de castidade,
mas pela própria força de vontade...

Não sei...
Meu espelho me diz que eu não seria um rei...
Talvez um Quixote preocupado com as manchas
que poluem o avental da Terra...
Talvez um monástico peregrino, entre conventos e aldeias...
Talvez um aldeão cheio de idéias...
Quem sabe um Mago ou um ermitão da floresta...
Na minha idade média só haveria uma lei:
a obrigatoriedade de possuir ao menos um sonho
e conviver coerentemente com ele,
sem armaduras, elmos, máscaras de ferro,
pontes elevadiças, fosso em volta dos castelos...
Revestidos somente de beleza,
sem gafanhotos ou sanseis
senhores e vassalos unidos pela nobreza
de uma humilde e sincera frase,
repleta de certeza:
“só sei que nada sei!”

Eles também nadam




Você não sabia, eles também nadam
e nunca esquecem as águas por onde passam...
Deixam seu cheiro no lugar das pegadas
e levam o frescor das fontes submersas...

Sim , eles também nadam...
Em grupos ou sozinhos,
atravessam seus descaminhos,
sem nenhum medo de afundar...

É, eles também nadam...
Entre vagalhões de lembranças reticentes,
voltam a ser crianças e se enlaçam,
como vagões de um trem submarino,
se procuram, se tocam, se acham...

Os elefantes não esquecem e, acredite,
contra todo palpite em contrário,
contra toda impossibilidade física,
eles também nadam...

Trabalho de Observação (Inspirado na gravura Homônima, de autoria de Aline Moraes)




Vou sentar aqui e observar as coisas,
os objetos de meu tempo...
Os sagrados e os esquecidos,
os inesquecíveis e os já quebrados...

Vou sentar e apreciar o desafio
que me trazem sem saber
que o fazem...

De frente pra eles, capto suas normas,
rapto suas formas, traduzo cada essência...

Traço contornos, volumes, cores,
texturas, características únicas,
dispo suas túnicas e os faço nús...

Jogo as sobras das rosas no cinzeiro
e entre sofás e puffs,
vejo a hora passar,
enquanto alguns vêm me falar
que os elefantes trazem dinheiro...

No banquinho ou na cadeira,
com almofada ou sem,
uma coluna e uma licoreira,
fazem do espelho reflexos
de alguém que vem...

Agarro com força meu sonho
mas não vejo nada ainda na bola de cristal...
Um cálice de vinho servido na bandeja
me lembra um velho vaso da vida real...

De repente a luz suave de um abajur
se entrelaça com as estrelas lá no céu...
E eu percebo um ser humano, encolhido,
largado e esquecido, este sim,
transformado em um simples objeto, consumido,
provando o amargo fel dos oprimidos,
na fria cidade de concreto,
transformada em arte num papel...

Quem dera


Eu quis que você
vivesse um sonho por mim
ou talvez quisesse
viver eu mesmo um sonho
por você, quem vai saber?

Quisera poder
entender o que passa
por nós,
como um vento
que surge do nada
e alimenta
de ruído e movimento
o que antes
era apenas
uma idéia...

Idéia que vira desejo
desejo que vira atitude
ação em código de beijo,
manifestação de afeto
em plenitude...

Eu desejei que você
vivesse um sonho...
Ou talvez,
tenha apenas desejado sonhar...
Com você!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Às avessas


É o fim
tudo acabou
não tem mais jeito
o mundo desabou

No meio da história
o argumento desandou
e o que está feito
agora já passou

Vamos começar de novo,
de volta ao início,
recomeçar é apenas
uma questão de princípio...