quinta-feira, 30 de junho de 2016

Dançando com as espumas




Anonimamente,
como abelhas
passeando
incógnitas
entre pétalas
de girassóis
a florir,
meus pés flutuam
sobre a areia,
dançando
com as espumas,
ao canto
de uma sereia
que o menino
de um dia
ousou imaginar
existir...

terça-feira, 28 de junho de 2016

No meio do furação




De onde vem
a tempestade
que deixa os corações
tão frios?
Nos vazios
do fim de tarde,
aquelas velhas canções
não fazem alarde...
São sonhos baldios
nos parques
de nossas verdades...
Intuições...
Nuvens cinzas,
sombras pelas cidades,
o sopro de um vento
contrário
muda o itinerário
de nossos pensamentos...
Nada mais é claro
quando o mesmo lamento
se repete sem novidade...
Na escuridão
dos sentimentos
a solidão que invade
desafia o entendimento...
Resta a fé!
Aquela que nos
mantém de pé
sobre o mar em fúria...
Mas nossa humanidade
nosso DNA de Pedro e Tomé
nos puxam pra baixo na penúria...
Só então,
dando vazão a toda angústia,
finalmente estendemos a mão
na Sua direção,
à Sua procura...
E ao sentir Sua mão,
no resgate da oração,
encontramos todo significado
para perdão e para cura,
para salvação e Amor,
para chamado e missão,
misericórdia e paixão,
como está nas escrituras...

O próximo




Mas quem é mesmo
o nosso próximo?
Aquele que está
tão perto de nós
oásis num deserto
onde só enxergamos
sóis!

Próximo é quem
mais precisa
de nossa atenção
e carinho,
enquanto insistimos,
mesquinhos,
em caminharmos tão
sós!

Nele está
a felicidade perdida
as respostas da vida
a cura de toda ferida...
O freio no tempo veloz...

Tudo tão próximo,
tão ao alcance
de nós...
Tudo à nossa espera...
Aguardando...
A palavra em nossa voz...
O Amor em nosso olhar...
A gentileza em nossos gestos...
A alegria de ajudar!

Basta querer enxergar
questionar e responder
a pergunta que não quer calar...

O nosso próximo...
Quem é?
Onde andará?

O impossível....




Como se fosse possível
aprisionar a vida
em algum momento incrível
corriam ao redor do mundo
vivendo sua vida querida
tentando fazer de cada segundo
algo sempre inesquecível...

Esqueciam daquilo que foi dito
daquilo que está escrito:
"que quem ama a própria vida,
corre o risco de perdê-la"
mas quem faz da vida serviço
este sim será bendito
por ser capaz de esquecê-la!

Como se fosse possível
guardar toda a alegria
e embarcar na fantasia
de não vivenciar suas perdas
andaram estradas vazias
alimentando o impossível
no estreito de suas veredas...

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Eis-me aqui!




Eis aqui
um servo
do Teu Amor
presente
para que
alguém
não se sinta
sozinho
nos descaminhos
da própria
dor...
Eis aqui
um servo
do Teu Amor
disponível
para que
o próximo
sinta algum
carinho
que alivie
os espinhos
da própria
dor...
Eis aqui
um servo
do Teu Amor
entregue
para que
se faça
a Tua vontade
para que
tua palavra
chegue
onde for!

Onde voce estava?



Onde você estava
quando teu amigo
mais próximo
tanto precisou
de você?
Quando ele
procurou o abrigo
de seu abraço
para se aquecer?
Quando ele
mais se sentiu só?
Onde você estava?
Quando a única
coisa que ele
precisava
era a sua presença...
Para reduzir
o cansaço,
para aliviar
sua dor,
para amparar
o seu passo,
para alimentar
seu Amor!!!
Onde você estava,
quando ele mais
precisou?

Oração da Madrugada




Senhor
Novamente estou à sua frente
num dia que termina,
para entregar meu amanhã
em teu colo!
Meus sonhos
caminhem no solo
da sua revelação!
Que o sol
que ainda há pouco
foi descansar
me traga tranquilidade
para rever minhas ações
e meus pensamentos
e evoluir onde errei!
Que eu possa enxergar
as dádivas deste novo dia
que virá como presente,
oportunidade diária
que temos
de honrar
nossa missão
de ser gente!
Senhor
Caminhe ao meu lado,
abrindo meu olhar,
ampliando meu abraço,
estendendo minha mão
na direção daqueles
que mais precisam,
mesmo aqueles
que insistem
em me machucar!
Ensina-me a Amar
o teu Amor, Senhor,
este que nos faz
ir além da nossa
realidade humana
para experimentar
a dimensão divina!
Que, ao descansar
o corpo, minha alma
não deixe de sonhar
e possa em tua fonte
se alimentar
de Verdade e Luz
para me fazer
servir no Caminho!
Há muito
para agradecer,
Senhor!
Muito mais agradecer
que pedir!
Então, meu Deus,
que a minha vida
seja uma bonita
oração de louvor
à Vida e que eu
encontre,
a cada instante,
inspiração e alegria,
entusiasmo e esperanca,
caridade e fé,
para ser digno
de tantos milagres
recebidos pelo teu Amor!
Amém!

O cíclo do existir




O ciclo
da vida
o tempo
de existir
a rotina
que convida
para entrar
e pra sair
sinais
tão claros
de pujança
e validade
pena que
são raros
os que enxergam
esta verdade!
O passar
do tempo
o consumar
da existência
a fé movendo
os templos
exemplos dando
a cadência...
Os sonhos
que convidam
a parar
ou persistir
a trilhar
a brevidade
deixando a
vida fluir...
O círculo
das horas
os planos
de estar e ir
enganos,flashes,
histórias,
na peleja
de resistir
E antes que
sejam memórias
a passagem
pela humanidade
que sejam caladas
as glórias
e cantadas
as fragilidades...

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Tudo em todos




Tudo
em todos!
Todos
em paz!
Não tenhais
medo!
Escancarem
as portas
dos seus
corações
para o verbo
que se fez
carne!
Deixais
Ele habitar
entre vós!
Deixai
Ele habitar
entre nós!
Tudo
em todos
para a
Misericórdia
enfim se
manifestar!
Por Cristo,
com Cristo
e em Cristo!
O Amor
em todo
lugar!
Não tenhais
medo!
Escancarem
suas janelas
para um outro
olhar!
Um olhar
sem segredos
onde o outro
possa enxergar
tudo que ainda
foi cedo
para experimentar!
Tudo
em todos
como Ele
fez questão
de mostrar!

Prece irrequieta (sobre a foto de Henriqueta Alvarez - Projeto Olhar Irrequieto - Candeal- Salvador - Ba)


E o olhar
se eleva,
consagrando
a esperança...
O rosto
iluminado
da criança
afasta toda
treva...
Fé que dança,
acompanhando
a chama que
balança sobre
a vela...
Deus que se
revela,
assim,
de forma mansa,
assim,
de forma tão bela,
derramando luz
sobre estas
tranças,
no equilíbrio
de sombras
indiretas,
enquanto
um olhar
que não descansa,
inspira alguma
lente irrequieta!

Reencontro 2ºC




Que me perdoe o poeta, mas quem garante que o tempo não para?
Pergunta pra dois namorados num banco de jardim olhando as estrelas ou pra almas apaixonadas trocando mensagens num celular...
Pergunta pra velhos amigos que resolvem se encontrar depois de trinta anos, num restaurante ou numa mesa de bar...
Pergunta pra ver se o destino do tempo é sempre não parar...
Reunido hoje com colegas que não via há trinta anos, este tal "caboclo dos ponteiros" permitiu se dar um tempo...
Foram, de fato, 30 anos? Alguém sentiu mesmo este tempo passar? Ou, assim como eu, todos tiveram a impressão de que ainda ontem estávamos reunidos numa certa sala de um dos corredores do Vieira, sonhando um futuro impossível de adivinhar?
Quem poderia imaginar Chulipa declarando um amor platônico do passado? Quem poderia prever Elsinha já avó? Quem poderia imaginar Amarelo ainda namorando? Quem poderia imaginar que Lopo e ClauClau não estariam mais entre nós?
Durante um tempo que pareceu não correr apenas para nos permitir rever, abraçar, escutar e sorrir com colegas de sempre, minutos e horas se perderam na celebração de nossa própria história....
Emoção, alegria, saudade, risadas e lágrimas, curiosidade e nostalgia brindando este hiato no tempo, no exercício de reconhecer-se no outro, arte e ofício de revirar o próprio centro para encontrar lembranças perdidas nas gavetas da memória, nos porões do sentimento!
No cardápio, delícias de nossa juventude que fizeram questão se estar presentes, nos olhares e sorrisos que, de forma transparente, assim, de improviso, reuniram novamente nosso passado e futuro num mesmo presente que a Vida fez questão de nos dar!
Que me perdoe o poeta, mas hoje vi o tempo parar...
Parou pra nos olhar naquela mesa e deixar estar...
Tanto bem querer reunido é um belo motivo para o tempo pausar sua mania de nos apressar nesta agonia insana de experimentar a aventura humana de por aqui passar...
Que me perdoe o poeta, mas hoje o tempo parou pra lembrar....

quinta-feira, 16 de junho de 2016

O imenso abismo entre o dizer e o fazer




De cima do penhasco
alguém contempla o abismo
com medo de algum fiasco
sufoca qualquer otimismo
e, por alguns segundos,
para pra escutar
seu ego reverberar
no eco de seu próprio
discurso...
Isso parece incomodar...
Por que suas ações
não conseguem combinar
com as suas pregações?
Por que sua vida
parece se reciclar
nestas detestáveis
contradições?

Do alto do precipício
todos os seus princípios
parecem tão corretos...
Mas, lá embaixo, o deserto...
Ah, no deserto...
Algo não parece certo...
Há lodo ao invés de areia...
E o sangue que corre nas veias
não reza o próprio ofício...
O deserto é uma cadeia...
As miragens, exercícios...
Se enredar na própria teia,
mergulhar nos mesmos vícios...
E logo na última ceia
embeber o pão no vinho
e escolher o pior caminho...

O outro lado da mágoa

Minha mágoa
é o seu perdão
a indiferença, sim,
seria a ausência dele,
seria raiva,
coisa que faz mal
pro coração...

Sua mágoa
é o meu perdão...
A diferença entre um sim
e um não definitivo,
não importa o motivo,
não importa a relação...

Mágoa é assunto pendente,
é trocar o tempo presente
por um período de sublimação...

É chaga, ferida, sensação,
dor, partida, emoção,
é a contração do parto penitente....

Com a mágoa, desfaz-se a razão...
Na mágoa, renasce gente...
Da mágoa se faz o perdão...

O dois lados da mágoa...
Humana inspiração...
Divina contradição...
Conspiração contundente,
transparente revelação!

Contra o frio



Se o vento
que vem de lá
de fora
te traz frio,
um bando de
soluções para você:
casaco, café,
chocolate quente,
luva, meia no pé,
vela, chama reluzente,
gorro, bota, cachecol,
coberta, manta,
janela fechada,
chá, vinho, mingau,
qualquer coisa
que te esquente
pra substituir
o sol...

Mas se o que
te deixa com frio
são as brisas
que vêm de dentro
aí o problema
é o vazio
que se instalou
no seu peito...
Aí a receita
é outra...
Toque de mão,
beijo, abraço,
uma boa ação,
Amor em pedaços,
pra aquecer
o coração...
Uma canção,
um "amasso",
uma nova emoção,
um passo
em outra direção,
contrária
ao traço da repetição
diária
da sua atual estação.
Quem sabe
uma ligação,
uma viagem
imaginária
às lareiras
da oração...

Deixar
de ser inverno
por dentro,
deixar certas
folhas caírem,
certas flores
crescerem
e o sol brilhar
no seu centro!

terça-feira, 14 de junho de 2016

Sobre o massacre em Orlando




Não, desta vez não era um gorila...
Eram seres humanos...
E, de verdade, não importa nem um pouco o que eram além disso.
Eram humanos...
Semelhantes a mim, a você, a todo ser dito racional que consegue ler e entender o que agora escrevo...
O que importa se eram brancos, gays, cristãos, negros, héteros, muçulmanos, amarelos, bissexuais ou hindus?
Eram humanos...
O que importa se eram homens, mulheres, crianças, adolescentes ou idosos?
Eram humanos...
Eram semelhantes a quem os assassinou...
Será?
Humanos como os milhões que morrem de fome no planeta desperdício...
Como os milhares que morrem de sede no planeta água...
Como as centenas que morrem de balas perdidas no planeta guerra...
Como as dezenas que morrem decapitados no planeta intolerância...
Como aquele que morreu ontem num assalto no planeta violência...
Humanos como aqueles que fazem e produzem tanta barbárie...
Todos humanos...
Pele, carne, osso, órgãos, sangue, emoções, sentidos, neurônios, tudo igual aos seus...
Iguais aos meus...
Pelo menos na essência...
Não, não era um gorila desta vez...
Era gente...
Gente que alguém resolveu matar por pensar diferente...
Gente que alguém decidiu sacrificar assim, num repente!
Na terra da fantasia, no templo da magia, a realidade dura e deprimente de um assassino frio e inconsequente!
Selvagem, animal, radical na sua estranha e inconcebível forma de "ser gente"...
Terror, ira, mal...
Na sua decisão de excluir desta vida semelhantes seus, sabe-se lá em nome de que "deus", o covarde portador de armas de fogo aleatoriamente vomitou seu ódio e sua insanidade sobre o mundo de tantos...
Que mundo...
A qual mundo esta criatura pertencia?
Na sua visceral agonia de rasgar todas as leis naturais da humanidade, em que mundo ele vivia?
Em que cela o aprisionaram, em que zoológico o encarceraram, para alimentar tanta fúria, tanta penúria nos seus dias?
No seu ilógico manifesto de nada, na sua intangível e negativa apologia, somente o resto, do resto, do resto, do resto de uma mente vazia...
Sem valores, sem esperança, sem respeito, sem dignidade, com um buraco negro no peito pra justificar tanta atrocidade...
Não, desta vez não foi um gorila...
A ameaça não veio de um animal...
Será?
Como é que tanta selvageria cabe num ser racional?
Aos parentes das vítimas indefesas, neste momento de luto e dor visceral, meu enorme respeito...
Nada que seja dito responderá à pergunta que lhes esvazia o peito e esmaga o ser:
-  Por que, meu Deus, por que?

sexta-feira, 10 de junho de 2016

D. Zilda


Que lindo testemunho de fé na despedida de D. Zilda.
A família, de pé, mas com os corações ajoelhados, transformaram dor em louvor pelo dom abençoado de tê-la como mãe, avó, irmã, cunhada e bisavó!
Em profunda comunhão de bem querer e gratidão assumiram, mesmo sem perceber, o compromisso de continuar com o exemplo de crer!
Dona Zilda, já no colo de Deus, de mãos dadas com seu Walter, deve ter ficado orgulhosa e feliz com sua gente...
Das saudosas manifestações dos filhos ao seu lado, das lágrimas dos seus netos consternados, da emoção de seus bisnetos, amigos e parentes...
Tudo ali foi Amor partilhado...
Das palavras do sacerdote inspirado ao lamento de sua neta valente, um entendimento partilhado, um sentimento sagrado de Deus ali, presente!
Seu Walter, o companheiro, marido e namorado, aquele que, ao se sentir doente, teve o cuidado de pedir a um dos filhos que adquirisse o jazigo mais próximo para que fosse sepultado
num local onde sua Zilda não se cansasse muito quando viesse visitá-lo, agora a recebe junto a Deus, transformando-se, ambos, em intercessores pelos seus...
Um lindo testemunho de fé na despedida de D. Zilda...
A melhor e maior homenagem que sua família poderia ter dedicado a ela...
Seu exemplo vivo, pulsante, sua imagem mais bela, de católica praticante!
Muita saudade, nenhum desespero...
D. Zilda preparou a receita direitinho, com muito amor e carinho, com o toque de seu tempero!
Não deixou ninguém sozinho, com seu exemplo de cristã, apenas disse até breve nesta inesquecível manhã! Seu legado é um pergaminho, entregue a cada um dos seus, escrito com amor e carinho, fé e temor a Deus!

Tratos desfeitos

A palavra
negada
a missão
abortada
o trato
desfeito
a decisão
renegada
o tempo,
mais que
perfeito,
pra revelar
a distância
agigantada
entre o
discurso
e o curso
que é feito...
A ausência
por nada
o interesse
perdido
a intenção
abortada
no abandono
sem sentido...
E a lei,
a velha lei
do "meu pirão
primeiro",
transforma
o país em
vespeiro,
na solidão
de um coração
partido!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Certezas





Andar até aonde for preciso
Caminhar sem medo da dor
Elevar o canto e o sorriso
Inundar a alma de Amor
Transformar-se no próprio abrigo
Aplacar todo vão furor
Navegar dádivas, castigos,
Deus no que quer que eu for
Onde quer que eu for...

Caminhos




Não haverá motivo para lágrimas...
As nuvens permanecerão brancas como linho...
Nenhuma gota sobre a folha de papel...
O papel, este sim, virará barquinho...
Ou então aviãozinho pra ganhar o céu!
Esculpidas em suas "fuselagens"
partes de sonetos e poesias...
Quem sabe ajudam a embelezar a paisagem?
Quem sabe esquentam alguma alma fria?
Não haverá motivo para alarde...
Apenas as obrigações de mais um dia...
As pinceladas de cor no fim da tarde,
misturando saudade e nostalgia,
lembrarão de um silêncio que ainda arde
nos vagalhões da dor e da agonia...
Resumidas em canções e homenagens
exalando coragem e ideologia,
a metralhadora dorme sobre os covardes
que se renderam à própria mais valia...
Não haverá motivo para maquiagem,
quem sabe um brinde, uma taça de vinho?
Lembrando que a verdadeira viagem
a gente viaja sozinho...
Levando muito pouca bagagem...
Somente o perfume das rosas
e as marcas de seus espinhos...
Desembarcando da carruagem...
Andando no próprio caminho...

terça-feira, 7 de junho de 2016

Reencontros (aos companheiros e companheiras da turma C)



E, de repente, numa esquina do tempo, reencontramos gente de quem éramos tão próximos...
Então percebemos que a vida transformou cotidiano em distãncia...
E não deixa de dar um nó na garganta compreender que, neste sentido, fomos cúmplices dela ao nos permitir tal afastamento...
Coisa momentânea, porque a alegria do reencontro e das lembranças transforma nó novamente em laço.
E quantos laços nos unem numa mesma família...
E o laço se torna novamente abraço e o tempo parece retornar pra nos juntar num mesmo espaço outra vez, pra usufruir do privilégio da convivência...
De novo, cada qual com sua história de vida, seus valores, seus talentos, suas dores...
De novo um turbilhão de sentimentos....
Lembranças de momentos inesquecíveis, saudades de pessoas insubstituíveis...
E a turma C celebra o aqui e o agora, na dimensão virtual de um bem querer real!
Novamente juntos, numa sala de aula da vida! Aprendendo, uns com os outros, sobre os mistérios do tempo...
Empatia e verdades vão reatando companheirismo e amizade...
Multiplicando conversas cheias de sentido e cumplicidade neste redescobrir di[ario do desafio de ser sempre aprendiz...
Reencontro feliz!
Um gesto, um manifesto de carinho, de atenção, de preocupação e o bem querer faz o resto!
O que era esquecimento vira afeição, o que era distância se transforma em elo...
Quase como universos paralelos ousando convergir...
E, de repente, numa esquina do tempo, reencontramos a nós mesmos no espelho do olhar de alguém!
Alguém que andava perdido nos labirintos de nossa memória...
Alguém que vagava, banido, das intempéries das nossas histórias...
Mas que permanecia ali, de alguma forma, no templo mais escondido de nós mesmos...
Corações e mentes de mãos dadas, rumos e estradas, sonhos e dimensões...
Emoções lapidadas em comentários e mensagens compartilhadas, transformadas em traduções destas obras inacabadas...
Belas recordações...
Voltar a algumas páginas viradas e recodificar o conteúdo...
Permanecer admirando o cenário de forma velada, fazendo-se de mudo...
Lembrar situações inusitadas e escancarar tudo!
Trocar conhecimentos e contatos, baixar escudos...
Agradecer à vida por sermos os sortudos sobreviventes de um momento...
Alguns mais envelhecidos, mais barrigudos, outros desafiando os caprichos do tempo, eis que celebramos este reencontro...
Mas nada de saudosismo exagerado, nostalgia sem medida, ou lamentos...
A vida precisa ser celebrada, devidamente comungada, com razão e sentimento!
Alguns de nós viraram pais, alguns de nós viraram avós...
De alguma forma todos somos sóis, brilhando no firmamento de uma grande certeza:
nunca estaremos sós!
O C de Companheirsmo. de Colega, de Coração, de Certeza, de Celebração, de Cumplicidade, de Comunhão, permanece vivo!
Basta um pequeno motivo pra virar ação!

domingo, 5 de junho de 2016

Mané!




Um dos aprendizados que a minha longa trajetória na igreja me trouxe foi a de não incensar muito um padre ou colocá-lo no altar. Altar e incenso são para os santos e não é justo de nossa parte colocar este pesado fardo sobre os  humanos representantes dos discípulos de Cristo nos dias de hoje. Padre é gente, e isso é ótimo porque, justamente por ser assim, está ali disponível, pra compreender e servir... Sim, é verdade que voce vai encontrar por aí alguns padres pisando na bola, bem distantes do sacerdócio de amor e serviço que decidiram abraçar. Quando você se deparar com uma situação assim, ao invés de questionar a sua religião, ou pior, a sua fé, questione sobre qual a responsabilidade ou o peso que uma comunidade tem  para que isto aconteça com o seu pároco...Já vi muito padre bem intencionado ser "corrompido" pelos exageros e mimos de sua comunidade que insiste em "colocá-lo", muitas vezes, num patamar acima do próprio Cristo... Já ouvi, pasmem, a declaração de uma freira, que "não há Jesus sem padre"....Triste realidade....
Isto colocado, gostaria de me reportar ao aniversariante de ordenação deste dia 04/06. Mas gostaria de falar muito mais do irmão Mané do que do Padre Manoel. Não que o Padre Manoel não mereça os parabéns pela data ou o reconhecimento pela sua atuação como pastor. Mas, francamente, sei que ele já ouviu manifestações demais neste sentido, exaltando suas qualidades de sacerdote, no dia de hoje. Gostaria, então, de falar deste  cara humano, muito gente!  Cheio de erros e vícios, como cada um de nós... Um ciumento confesso, um guloso assumido, um amigo emocional, um convicto sentimental que não engole muito bem nem o morno e nem o frio... Um cara que fala o essencial, na linguagem do leigo, que dá o seu recado às vezes com um olhar, noutras com um silêncio, noutras com um gargalhar! E, assim, viraliza a Palavra, transbordando sentimento... Seus "socos no estômago" verbais nos aprofundam o meditar e às vezes vêm numa sequência tão intensa que até parece que vão nos derrubar... Mas antes de pedirmos clemência, normalmente ele nos serve  sua mensagem de esperança e nos faz mergulhar na imensidão e profundidade do amor misericordioso de Deus...Seja no altar ou na mesa de um bar...sintonia e frequência a lapidar o jovem alpinista que ali ainda está, no auge de sua adolescência a espiritualizar todos aqueles tocados por sua influéncia...Nesta confluência, o atrasado "fujão do seminário", pulando os muros de sua própria consciência, nada fica a dever ao iluminado compositor a nos irevelar a "Luz Maior" que habita em sua própria essência... vivência deste nosso exercício diário de buscar ser melhor.... Transparência... É este Mané que gostaria de celebrar hoje, com suas inquietudes e seus medos, suas finitudes e segredos, seus destemperos e inseguranças! Sua humana condição a se revelar, no menino do interior assustado, convidado a entrar na dança por uma urbanidade às vezes difícil de abraçar, em suas complexas alianças... Este Manézim gente, vencedor de tantas batalhas diárias contra seus desertos e suas tentações, merece nossa atenção, nossa oração e nosso agradecimento por persistir na missão de ser cristão em treinamento! Às vezes incompreendido, às vezes "venerado", às vezes questionado, às vezes esquecido, como cada um de nós neste vale de lágrimas e sorrisos, em sua escalada diária para manter-se digno, Mané, o cidadão, a pessoa, o filho, o irmão, o pai, o amigo, vai estendendo sua mão, vai se fazendo abrigo, indo muito além de um sermão, na celebração diária do milagre de estar vivo! No pão cotidiano da confirmação de sua fé, de pé, segue Mané, ungido, sendo clarão no testemunho e na contradição, no lindo exemplo e no tropeço vão, sendo luz e escuridão, sol e trováo, mostrando ao mundo que ser cristão faz todo sentido, mesmo quando se está perdido! Humano, limitado, horizontalizado na condição da espécie, Mané recebe diariamente a graça de ouvir o chamado, verticalizado, do Deus que assume nossas fraquezas e por isto é humilhado, perseguido e condenado, em sua humana natureza...Foste abençoado...Bem aventurado Mané! Que a Vida lhe celebre, o Caminho lhe abrace e a Verdade lhe bendiga, irmão de fé!

sábado, 4 de junho de 2016

Viva 04/06!



Hoje é dia do nascimento de um ser humano muito especial.
Se ainda estivesse nesta dimensão, João Augusto Didier, meu Pai,
estaria completando, hoje, 84 anos.
Eu tive o privilégio de conviver com ele por inesquecíveis 13 anos,
quando Deus o chamou para mais perto. Pouco tempo? Talvez para alguns...
Para mim, tempo suficiente para compreender o significado e a real dimensão
da palavra Pai! Mais ainda... Da missão de ser Pai!
Neste período ele me transmitiu valores e ensinamentos,
me formou com seus exemplos, me ensinou a ser Templo do Deus Amor
que juntos comungamos!
Nesses 13 anos posso testemunhar que meu pai foi muito mais pai
que muita gente que coloca filho no mundo e passa uma vida pra entender
o que isso realmente significa!
Agradeço muito a Deus pelo Pai que Ele me deu!
E justamente hoje, no dia de seu aniversário, reencontro este presente
que ele me deixou...
Pai, obrigado mais uma vez por tudo!
Continuamos comungando juntos este Deus!
E estes 35 anos de ausência física se transformaram em uma presença sensível
e muito amada, sempre sinalizando o seu Amor e intercessão por nós!
Celebrando sua vida, Pai! Viva 04/06!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Música e poesia




Uma palavra
que toque
o som
que dê
as mãos
à melodia
que seja leve
em qualquer
tom
que faça
a música
virar poesia...

Uma palavra
que diga Amor
faça canção
com o dia a dia
Ou mesmo a pausa
dentro de si
que esquente o peito
na noite fria...

Uma palavra
que acorde
um sol
num violão
soe com
magia
que seja breve
um pôr
de sol
que traga
luz, cor
e harmonia...

Coisas da fé




Tão pequenos
nossos passos 
vacilantes
na fé...
Nada serenos...
Muitas vezes
claudicantes
até...
Mas nada
que nos 
impeça
de seguir 
adiante...
Degrau 
por degrau,
caminhada
orante,
às vezes
próximos,
noutras
distantes,
sonhos
dissonantes,
cada um
no seu 
próprio
chalé...
Beber água
da própria 
fonte
no horizonte
de quem se é!
De passo
em passo,
ser ponte,
lutando
contra a 
maré...
Até que
o espelho,
defronte,
nos afronte
com seu
olé...

Buscando...

Nossa casa
mais uma vez
abençoada
com a presença
de cada um
de vocês!
Com o
Espírito Santo
entre nós,
Simão e Pedro
deram as mãos
pra nos falar
de uma igreja
pecadora e santa,
confiada à nossa
humanidade pelo
próprio Cristo!
O tantinho
de Deus em nossa
humanidade,
em cada um de nós,
quando se reúne
se torna muito
para nossa
própria
santificação!
Ainda somos
tão estúpidos,
tão arrogantes
em nossa fé,
temos tanto
a caminhar
como Bergólios
para sermos
Franciscos...
mas juntos,
partilhando pão,
erros e fé,
tudo fica mais fácil,
tudo ganha sentido!
"Por favor,
por favor,
compreendam"
nos diz Jesus
na parábola
do Filho Pródigo....
que bom que
estamos
buscando
compreender...

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Jorge



O que eu
queria
mesmo hoje
era amanhecer
o dia
andando
numa praia,
vendo o
moleque
do vento
levantar
a saia
de alguma
Marylin
distraída
por aí...
Curtir a
vida
em minha
raia,
esquecendo
discussões
e intrigas
deja vu...
Ouvir
uma poesia
declamada
pela voz
de Souto Maia,
ouvir um
sanfoneiro
com seu
chapéu
de "paia"
calar todo
grito e
toda vaia,
colocando
o povo
pra aplaudir!
Ver um cavalo
libertando-se
da baia,
de galope
cair na
gandaia,
fazendo
uma menina
sorrir!
O que eu
queria
mesmo hoje
era resistir...
A toda
tropa
de choque,
a toda
injustiça
a reboque,
ao patrulhamento,
ao deslumbramento,
ao consumir...
Simplesmente
ficar,
debaixo
do sol
e da sombra,
sem muito
pensar...
Deixando
a vida
inspirar...
Deixando
o ar
adentrar...
Deixando
o sonho
fluir...

quarta-feira, 1 de junho de 2016

A passagem...




Queríamos muito pedir que você ficasse mais um pouco...
Mas achamos que insistir talvez trouxesse desconforto...
Depois de ter feito muito por aqui, te prender agora seria te atrasar
pra viagem para a qual se preparou durante tanto tempo...
Não, não será por nossa causa que você perderá a hora!
Muito menos a passagem...
Perdoe pensar nesta hipótese, é puro bem querer...
É este medo da saudade que nos faz querer te prender aqui e não te deixar partir!
Quem manda ser esta pessoa querida, que todos querem ao lado?
Se não tem remédio, o negócio é aceitar...
Fazer o que? É seu chamado!
Desculpe nosso egoísmo, nossa vontade de você ficar!
A vida nos ensinou a te amar!
Então, como então exercer o desapego assim, de uma hora para a outra?
Não é fácil não!
Sangra o coração, mas é preciso ser forte!
Não temos tempo de perder a sorte de mais alguns momentos...
Quem sabe para agradecer no silêncio, com a prece mais pura em sua intenção!
Quem sabe para oferecer sua existência...
Paciência...
O que é que se há de fazer?
Acreditar...
Num reencontro futuro, depois dos muros do agora...
Se é chegada a hora, melhor não resistir...
Vá em paz! Vá com Deus!
Nós, aqui de passagem, um dia também viveremos esta viagem!
Até lá!

Perdão...


Peço perdão
se não me fiz
entender
se eu falhei
ao tentar
não fui feliz
ao dizer...
Peço perdão
se não mostrei
sem falar,
não transmiti
ao agir,
me omiti
ao buscar...
Peço perdão
se desisti
sem lutar,
se insisti
sem parar,
se magoei
sem querer...
Peço perdão
se ultrapassei
seu limite...
Se não ouvi
sua razão...
Se não parei
pra escutar...
Pode acreditar
não tive
a intenção
de magoar...
Então...
Por cada
contradição,
cada omissão,
cada exagero
no discurso
ou na ação,
peço perdão...

Despedir-se




Hora
de dizer
até...
Logo
nos rever
na fé!
Rogo
a Deus
pra me
manter
de pé
enquanto
isso...
Hora
de dizer
a Deus!
De deixar
a todos
seus...
Peço
a Deus
pra te
abraçar...
Reservar
um bom
lugar...
Eu creio
nisso!
A saudade
agora
vem molhar
o meu olhar,
regar a
nossa dor...
Sem tristeza
no chorar,
acreditar
no Teu Amor!
Hora
de nos
despedir...
mas ousar
também
sorrir
por entender
que vai
sempre
existir
em nós
você!

Borderline...




No seu
caminho
eu me acho
riacho
procurando
rio,
um leito
fro
e seus
cachos,
mil fachos,
faróis
no estio...

Um coração
e o cansaço,
sem maços,
cortando
os laços
dos sentimentos
vazios...

No meu
caminho
um riacho,
eu, macho,
no meio
do estio...
Um peito
vazio
e um
tacho,
mil baixos
e um olhar
vadio...

Uma cabeça
aos pedaços,
sem laços,
contando
os maços
dos pensamentos
frios...