segunda-feira, 29 de junho de 2009

São Pedro e São Paulo




Uma pedra.
Rocha escolhida.
Sólido alicerce depois de três terremotos,três negações.
Líder.
Emoção personificada.
Fé esculpida pela presença marcante do Cristo.
O vacilante apóstolo, afundando em dúvidas,
realiza a metamorfose espiritual e se transforma
no chefe da igreja.
Gigantesca transformação, entre o arrogante pescador
e o sábio discípulo do amor!
Uma pedra, um Pedro qualquer, apascentando as ovelhas do Senhor...

Um pau.
Um cajado a caminho.
Dando lugar à espada que antes perseguia
os seguidores do Homem coroado de espinhos...
Vasta visão, depois da cegueira.
Razão personificada.
Inspiração!
O perseguidor implacável dos cristãos
de repente se transforma em um dos mais
fervorosos deles...
Palavra, verbo, cartas, diálogos,
viagens, confirmação, combate,
o bom combate...
Pés incansáveis, verdades inabaláveis,
o discurso e a ação.
Um cajado a caminho, fazendo comunicação...

A pau e pedra, rústicas ferramentas, uma igreja foi se formando.
Uma construção diferente, consistente na sua frágil aparência.
A fé cristã se espalhando, santuários ambulantes em transcendência!
Coragem e compromisso, pulsante vivência espiritual,
exemplos, testemunhos, sacerdócio exercido a pedra e pau...

Erros? Com certeza, muitos.
Mas não de incoerência ou hipocrisia, como assistimos hoje...
No martírio de Pedro, Paulo e todos os outros apóstolos,
a maior evidência sobre as verdades fundamentais de Cristo.

Ou você daria a vida por algo que não acreditasse?

Os tantos "Brasis"



O meu país começa em mim!
Depois da conquista do tri na Copa das Confederações, na África do Sul, algumas reflexões que considero pertinentes...
Começo com a constatação de uma triste realidade: as diferenças e desigualdades que existem entre os tantos "Brasis" que conhecemos.
E aquele jogo foi uma incrível alegoria destas diferenças.
Há o Brasil do Galvão, de um goleiro intocável(na opinião dele o melhor do mundo) e mais 21. Nada contra Júlio César, que fez uma belíssima temporada na Inter de Milão, mas porque não reconhecer que nesta copa ele não foi bem? Pois é... Há o Brasil do Galvão, de preferências e parcialidades, de conluios e interesses, que se sobrepoem à sua própria postura profissional, imagem e credibilidade.
Há também o Brasil do Ramires, do cara que mais correu durante toda a copa, do menino humilde que trabalhou por ele e por mais uns dois e que não foi merecedor de nenhum destaque, nenhum prêmio, nenhum reconhecimento.
Há o Brasil do Robinho, do Gilberto Silva, de todos os "zero à esquerda" improdutivos, que vivem às custas da fama e dos outros.
Há o Brasil do Kaká, das pessoas de fé, de caráter, que no meio de uma maioria avessa a estes valores, se destaca naturalmente, como o melhor que existe entre nós.
Há o Brasil nordestino, do Daniel Alves, sempre na regra três, na reserva, à espera de oportunidades pra demonstrar seus talentos e sua força.
Há o Brasil do André Santos, o Brasil político. Fico pensando se ele seria convocado se não fosse do Corinthians, se não fosse para agradar a imensa massa fiel.
Há também o Brasil dos ilustres desconhecidos, do Felipe Melo, que muitas vezes cumprem o seu papel de maneira surpreendente e muito mais eficiente do que a dos já consagrados e respeitados senhores de suas áreas.
Há o Brasil do Luís Fabiano, dos marginais que deram certo, daquelas pessoas que tinham tudo pra dar errado, seja pela falta de educação, seja pela lacuna de formação. Gente que se supera pela raça, pela força, gente que aprende com os próprios erros.
Há o Brasil do Maicon, do Luisão e do Jean, importados de seus clubes estrangeiros,dos "repatriados brasileiros" já não tão bem identificados com suas raízes, profissionais aculturados que são...
Há o Brasil do Dunga e do Jorginho, de uma comissão técnica que parece levar o Brasil a sério, pelo menos no futebol. Um Brasil que ganha elogios dos jornalistas, mesmo sem procurar bajulá-los, que parece não apostar em privilégios e, sim, no equilíbrio e na justiça.
Sim, há o Brasil de Dunga, o cara que um dia defendeu um certo baixinho iniciante no Vasco, atacado por outros jogadores por não marcar, dizendo que correria pelos dois, que ele só precisava fazer gols. Vimos o resultado desta iniciativa no tetra de 2004.
E, finalmente, há o Brasil de Lúcio. O Brasil dos desempregados, dos injustiçados, dos raçudos, daqueles que sobrevivem na superação diária, que se transformam em líderes assim, com o próprio suor, com o amor e com o espírito coletivo.
Sim, há o Brasil do choro emocionado de Lúcio, do desabafo do capitão, do compromisso individual de cada um, da união de todos numa fé, expressa na atitude de, após uma grande vitória, ter a humildade de ficar de joelhos e agradecer a Deus por uma conquista possibilitada pela irmandade e pela consciência individual de que o nosso país começa em cada um de nós.
Sim, há muitos, há tantos "Brasis" além destes expressos aqui. Que cada um seja brasa, seja fogo que arde por algo maior que si mesmo. Somos uma grande nação, ainda jovem e, talvez por isso, irresponsável e inconsequente. Mas está mais do que provado, podemos ser os melhores. Basta acreditar e colocar acima de nossos próprios interesses, tudo o que realmente interessa: compromisso, dignidade, coletividade, amor e fé. Aí, de fato, seremos invencíveis campeões da vida!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Coisas pra se fazer num dia qualquer




Plante uma poesia
Faça uma árvore surgir do chão
Escreva alguma cria
semeie luz na escuridão

Algumas doses de exercícios
Algumas fases na ilusão
Alguns beirais de precipícios
Alguns momentos de oração

Cante uma palavra
Toque os dedos do pé
Liberte alguma trava
Mostre quem você é

Nenhuma frase pessimista
Acento é crase na contra-mão
Viagem é coisa de artista
Rotina é pra quem tem pé no chão...

Cheque alguma história
Force uma contradição
Foque na memória
Troque algum sim por não

Não marque nenhum compromisso
Entre no banho sem razão
Transforme folhas de ofício
Em manifestos de paixão

The Day After



Não sou assim o que se pode dizer de um fã de Michael Jackson, embora suas músicas tenham me acompanhado pela vida. Mas, um dia depois da sua morte, quando ainda se investigam as causas de sua partida aos 50, sinto que preciso escrever sobre este fenômeno que ele é.
Desde pequeno, Michael foi lapidado para ser um astro. Entre erros e acertos, sua família praticamente o conduziu ao caminho da fama e ao seu destino de "POP KING".
É impossível não reconhecer o seu talento para a música e para a dança, o dom da sua voz e o carisma artístico presente em todas as suas fases.
Cresci vendo os desenhos do The Jacksons Five, no qual o menino Michael já era retratado como um geniozinho precoce. Desta época guardo lembranças bem legais de "Music and me" e "One day in your life"...
Depois, já maior, algumas músicas suas marcaram minha estreita, mas inesquecível, fase das discotecas e festinhas. "Destaco "Happy" e "Ben", duas paradas românticas e sempre bem vindas no meio daquele agito "disc music"... Era a hora do corpo a corpo,
do sentir a parceira, de rolar um clima.
Já na faculdade, "Thriller", "Billy Jean", "Beat it","Bad", "Black or White", entre outras, embalaram o estilo de uma geração. Ninguém estava imune às novidades de seus clips, ao ritmo de suas músicas e à sua provocante imagem, sempre surpreendente e irreverente. Mesmo não fazendo parte de minhas preferências musicais, empre pintava a curiosidade para ver o que "o cara" estava aprontando desta vez. Era impossível não admirar pelo menos sua ousadia, seu inconformismo com as coisas de sempre. O cara tinha o toque de midas, sabia fazer seu marketing, estava cercado dos melhores e mais inovadores talentos de sua época. Ninguém pode lhe tirar este mérito.
Talvez nesta fase, cheio de prestígio e poder, Michael Jackson tenha realizado o que considero a sua mais brilhante iniciativa: "WE ARE THE WORLD". Quem viveu aquele momento sabe do que estou falando. Nunca antes tinhamos visto uma constelação tão abrangente de estrelas da pop music mundial, reunidas por uma causa e cantando juntas ideais tão nobres como os daquela canção. Gerações se encontraram ali, talentos diferenciados se uniram e multidões se encantaram com aquela demonstração de humanidade de seus "ídolos". Não vou entrar aqui no mérito da destinação daquele dinheiro, já há muita polêmica sobre o assunto. Mas, através daquela iniciativa de Michael Jackson, o mundo viu que era possível fazer este tipo de coisa. Só para citar alguns destes frutos, talvez não fossem possíveis o "Live aid", o "Ferry aid" e, mais atualmente, o "Playing for Change", se não houvesse existido o "WE ARE THE WORLD".
Sobre Michael Jackson já ouvi de tudo. Que era homossexual, pedólatra, PMD, racista, excêntrico, que queria se transformar em Diana Ross, que queria virar branco, que tinha vitiligo, que era dependente químico, etc, etc, etc.
Ouvi falar também de que era um cara que se envolvia com causas nobres, que ajudava financeiramente uma série de instituições na luta contra doenças e contra a fome.Ouvi falar que era um cara que humilhava a família e também ouvi falar que era quem segurava a onda da família inteira. Ou seja, entre a realidade e os boatos, há um mar de suposições onde se afogam os famosos.
Agora Michael Jackson está morto. E o estranho e excêntrico, caçado pela imprensa, massacrado pela mídia, de repente vira herói, vira rei, vira ídolo de novo. O artista desprezado, vira artista incomparável.
Consumido pela tecnologia e pelas inovações que buscou no intuito de estar fisicamente sempre jovem, Michael, precocemente mais uma vez, diz adeus a este mundo.
Como herança nos deixa lições impagáveis: os efeitos da fama, o efêmero do poder, a ilusão da juventude eterna em sua "Terra do nunca".
Preso ao espelho e ao mundo físico, o brilhante megastar não teve a sabedoria de perceber que a essência de sua juventude já estava imortalizada em seus HITS, em sua obra, nas coisas legais que fez por aqui. Nem em sua mais fantástica viagem criativa, ele poderia imaginar o "thriller" em que sua vida se transformou.
O menino pobre e talentoso, vencedor e estranho, de um ilustre desconhecido virou celebridade, do nada conquistou o mundo e de tudo se perdeu.
Um dia depois de sua morte, acredito que devamos realmente celebrar sua partida. Michael se libertou, afinal. E, finalmente, realizou seu sonho de ser eterno.
Pena ele não ter entendido que já era...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Crônica de uma Noite de São João




Noite de São João, tudo preparado "nos conformes". Família reunida, vizinhança se "achegando". Um bando de gente comprometida com a noite mais "pé na jaca" do ano...
Licor de tudo quanto era espécie, comida muita, da boa. Canjica, milho, bolo de todo tipo, pamonha, pãozinho e broa, laranja, mingau, rapadura, vinagrete e amendoim, um bando de gostosura, numa mesa que não tinha fim...
Na varanda, música tocando, o frio demorando, um ou outro se arriscando num esporádico arrasta pé...
Lá fora, como é de fé, a criançada encantada com os fogos e brincadeiras, se diverte e dá risada, inventa arte e se esbalda, em plena noite de terça-feira...
Na frente da casa, a fogueira resistente que já virou tradição, teimosa que nem mula que empaca, insiste em não acender, não quer nem saber, parece provocação...
Álcool, querosene, cachaça, meia velha, papel, e não há quem faça a "mardita" deixar de pirraça e fazer o fogo arder, que nem paixão...
Alguém lembra da palha de coqueiro, santo remédio caseiro, aí, sim o fogo crepita e a galera se agita, vendo a “madeira mardita” virar “chama bendita”, abençoado clarão!
Alguns mais exaltados, gritam de fora da casa, que mesmo sendo difícil, “o pau agora está em brasa”...
Os mais velhos “contam seus causos”, os mais novos cantam seus casos, de repente algum aplauso e “Viva São João!”
A noite segue faceira, pólvora e fogueira nos dão de presente um clima quase londrino e a gente percebe, de repente, que também tem um fog, só que junino...
De licor em licor, de cerveja em cerveja, a animação toma cor, gente se abraça e se beija, alguns começam a dançar, outros só querem prosear, mas uma coisa é certa: a festa não tem hora pra acabar...
Madrugada avança, a fogueira começa a desmanchar, a chuva ameaça a cair, alguém tropeça
e cai no chão, que nem balão, mas, graças a Deus, acaba com a preocupação quando levanta a sorrir...
Gente vai embora, gente vai dormir, alguns dizem que está na hora, mas ficam se a gente insistir...
De repente, já na oitava saideira, a energia se vai, e na varanda domingueira, a escuridão e o silêncio, tomam conta do ambiente, onde antes só reinava aquela gente festeira...
Uma voz mais animada, saída de uma das mesas, do último dos convidados, pega todo mundo de surpresa quando diz, sem nenhum aviso, embriagado e feliz, que, pra festa ficar mió, agora só é preciso “acender um fiofó”... Do meio silêncio constrangido, pra melhorar a situação, a voz sábia da anfitriã conserta o mal entendido, com sua sabedoria anciã, de experimentada avó: na verdade o que é preciso é acender o fifó!
Noite de São João, tudo consumado "nos conformes". Família em gargalhada, vizinhança se "picando". Um bando de gente preparada para essa noite no próximo ano...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Junina



Fogos que riscam o céu
ligando com luz as estrelas
brasa que vira pincel
traço de carvão da fogueira

Encantamento doce de criança
nas noites mais iluminadas da vida
Quem dera fosse assim a esperança
do velho que não dança mais com a vida...

Jogos de luz no breu
inesquecível diversão em família
Hoje João nasceu
então prepara a janta e monta a quadrilha

Encantamento doce da lembrança
nas noites mais iluminadas da vida
Quem dera fosse assim a nossa dança
um bom e velho arrasta pé com a vida...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Turismo com os mineiros




Compre em Dubai
um postal de Paris
volte a Xangai
viajando no 14 Bis...

Pouse em Belém
depois saia à francesa
passe em Jerusalem
antes de ir pra Veneza

Todos os caminhos
levam a Roma e ao Amor
Nosso horizonte é destino
do sol que vai se pôr

Chegue em Atenas
vá a Santorini
conquiste umas “helenas”
cantando Venturini

Saia em Berlim
veja o que restou do muro
volte ao Brasil
redescubra seu Porto Seguro

Nosso horizonte é destino
do sol que vai se pôr
Todos os caminhos
levam a Roma e ao Amor

Sem Chão ( dedicada a um amigo e uma amiga que só precisam se olhar de um outro jeito pra virarem um casal)




Ofereço um cálice de sonhos
Você prefere brindar a realidade
Estendo a mão para uma dança
Você resolve deitar: “já é tão tarde..”
Agradeço o seu olhar com um convite
Você finge não ouvir minha proposta
Tento ir além dos meus limites
Você abaixa o olhar como resposta

E eu já não sei o que pensar sobre nós dois
Você transforma tudo isso em só dois nós
Eu só queria desatar, pra gente ver depois
Você parece preferir as iscas longe de anzóis

Se eu mereço algum sorriso
Você faz cara de choro
Se ofereço um ombro amigo
Você me fala em namoro
Quando acho que é a “deixa”
Você faz cara de espanto
Não entendo a sua queixa
Você pensa que eu sou um santo?

Você transforma tudo isso em só dois nós
E eu já não sei o que pensar sobre nós dois
Você parece preferir as iscas longe dos anzóis
Eu só queria desatar, pra gente ver depois

Poética (ilustração "Embrace - Amy Marie Adams") à minha companheira de viagem




Você me faz
fazer poesia
com seu corpo
me injeta paz,
posologia de
anti-corpo

Você me cura,
tudo é magia,
neste porto
sua loucura
me anestesia,
é só conforto

Você é cais,
é meu colírio
em águas turvas,
as digitais
do meu delírio
em suas curvas

Você me jura
entre suspiros
amor eterno
Toda procura
entra em retiro
no seu inverno

Você é mais
é alma fêmea
que me abraça
Credenciais
da boca gêmea
que me enlaça

Oral




Se não tem remédio
Me dá tua saliva
Receita de um beijo roubado
Mil segredos são trocados
Em duas línguas

Dois países resumidos a dois corpos
Duas nações reunidas pelo sexo
A linguagem do amor é tão comum
São dois seres em um, sem muito nexo

Se não tem mais cura
Alguém te manipula
Mistura de florais perfumados
No profano e no sagrado
da minha língua

Dois povos aliados pela atração
Duas aldeias comprometidas num gesto
A linguagem do amor que nos redime,
é um pacto sublime, um manifesto...

Garrafa no mar




Ontem recebi tua mensagem
repentina miragem no deserto azul
numa redoma de vidro, dançando com as espumas,
dunas de ondas, de algum ponto ao sul

Uma garrafa perdida, no seio do oceano,
guardando as palavras que sonhei um dia,
fiel ao plano da partida, espírito cigano,
me devolveu a luz da fantasia

Sou ilha deserta, tenho tempo
não sei se entendi bem teu pergaminho
muita coisa entre nós ficou no vento
mas teu lugar é sagrado no meu ninho...

Ontem duvidei daquela imagem,
mudança na paisagem, enfim um sinal
tuas palavras são fogo, e elas ardem
aquecem meu peito em nosso ritual

Genealogia (sobre ilustração de Aline Moraes, Aquarela sobre o Papel)



Agradeço as raízes
deste fértil solo,
o tronco firme,
e os galhos que me deram colo

Agradeço a seiva,
sangue que herdei dos bons
Extraída da terra
pela chuva que regou meus dons

Agradeço meus frutos,
a colheita eventual
e as sementes cultivadas
dentro e fora do meu quintal

Agradeço a fita genética,
a floresta onde nasci,
e o vento que carrega pra longe
cada folha que eu escrevi

Agradeço ao pai pelo brilho do sol
agradeço à mãe pelo filho que sou
por cada irmão, cada amigo,
por meu amor, minha filha,
pelo que não mereço
e por tudo que conquistei
que minha copa seja sempre abrigo
que haja sempre trigo e pão
e o estender de mão
seja minha lei...

domingo, 21 de junho de 2009

Infinito (musicada por Beto Levindo)




Cortar caminho pela montanha
Só pra chegar e ver você
Em seus moinhos, teia de aranha
Vou me amarrar, sem me prender

Quando você vem o coração faz uma festa
Um clarão de sol invade o verde da floresta
Quando você chega o dia fica mais bonito
Você me faz provar o gosto do infinito...

Com seus espinhos, você me arranha
lembra de nunca te esquecer
Com seus carinhos, você me ganha
Inconfundível bem querer

Quando você vem o coração faz uma festa
Um clarão de sol invade o verde da floresta
Quando você chega o dia fica mais bonito
Você me faz provar o gosto do infinito...

Taça de vinho, brinde nos banha
E nos envolve em seu buquê
Você fez ninho em minhas entranhas
Me fez de pouso pra você...

Quando você vem o coração faz uma festa
Um clarão de sol invade o verde da floresta
Quando você chega o dia fica mais bonito
Você me faz provar o gosto do infinito...

Excalibur



Uma pedra e a espada incrustada
Uma voz e a força do exemplo
Uma jura e a honra elevada
Uma mesa redonda num templo

Onde andarão os guardiões dessa luz?
Onde estarão os cavaleiros de Arthur?
Quem amará aqueles olhos azuis?
Quem poderá erguer a Excalibur?

Uma esperança e a palavra empenhada
A aliança na mão de Guinevere
A lealdade em xeque na cruzada
A intensidade num ato de Moliére

Onde estarão os defensores do sol?
Onde andarão os protetores da Excalibur?
Quem guardará a entrada do paiol?
Quem velará no castelo com Arthur?

No extremo norte, proteção de um Mago
Um sábio antigo, feiticeiro de azul
Leal amigo, cavaleiro do lago,
Do outro lado, na fronteira do sul

Onde estarão os defensores do amor?
Onde andarão os protetores da Excalibur?
Quais restarão depois do tempo da dor?
Quais ficarão do lado do Rei Arthur?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ordem Crescente




Uma onda
Duas nuvens
Três estrelas
Quatro ventos
Cinco dedos
Seis Marias
Sete cores
Oito inventos
Nove amigos
Dez idéias
Onze craques
Doze tribos
Treze contos
Catorze notas
Quinze contas
Dezesseis recibos

Some ações positivas
nunca se diminua
multiplique talentos
divida sonhos com a lua

Gaste só o necessário
Guarde pra não tomar susto
Não deixe que chamem de otário
quem apenas quer ser justo

Dezessete planos
Dezoito bem-te-vis
Dezenove dias
Vinte girassóis
Vinte e um centavos
Vinte e dois por cento
Vinte e três semanas
Vinte e quatro anzóis
Vinte e cinco quartos
Vinte e seis aldeias
Vinte e sete portas
Vinte e oito meses
Vinte e nove cactos
Trinta cotonetes
Trinta e um motivos
Trinta e dois fregueses

Trinta e três e um Cristo
Dividindo a história
Some tudo isto
Guarde na memória

Juízo Final (ilustração "O JUÌZO FINAL" de William Blake



Daqui a pouco
todos que interessam
não vão estar aqui pra ver
como a sua história termina

Daqui a pouco
tudo passou tão depressa
nada restará aqui pra ser
uma pequena parte da sua sina

O tempo passa sem você sentir
o tempo agora é uma traça a se divertir
a morte já não tem mais nenhuma graça
a morte agora é só capricho e pirraça

Daqui a pouco
tudo isso vai sumir
só vão restar escombros
e o que você deixou na história?

Daqui a pouco
tudo isso se dipersa
não haverá vestígios
onde vão sepultar a sua glória?

A morte chega sem voce sentir
A morte traça tudo o que está por vir
o tempo já não tem nenhuma importância
o tempo se perdeu no seu jardim de infância

Daqui a pouco
seremos só consciência
e lá no banco dos réus
vão estar crentes e ateus

Daqui a pouco
clamaremos por clemência
pedindo perdão aos céus
face a face com Deus

A corte nega benefícios e privilégios
A corte é cega, mas aponta os sacrilégios
o tempo já não tem valor nenhum agora
o tempo se perdeu no que você jogou fora

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Desertos



Toque
alguma parte de mim
Cante
alguma nova canção
Choque
uma pessoa com seu sim
Plante
em seu olhar a emoção

Sente
ou ajoelhe, tanto faz...
Regue
o Deus que habita em você
Tente
Aquele instante de paz
Segue
o que Ele quer te dizer

Deserto
do eu dentro de mim
Liberto
peguei na sua mão
No horizonte azul
há nuvens marfins
sorrisos e lágrimas
em oração

Viagem de Balão (sobre ilustração de Aline Moraes)




Suba num balão,
voe por aí
não precisa de seta
pra saber a direção...
A aventura é descobrir
o que melhor completa
uma cadeira vazia
no centro de um salão...

Entre as correntes de vento
libertar seu sol interior
entre as sementes de nuvens
levitar na própria dor...

Voe num balão
suba por aí
tenha o céu como meta
todos os sonhos num telão...
A aventura é estar aqui
na ante sala secreta
onde as imagens se tingem
de imaginação!

Entre as correntes de vento
libertar seu sol interior
entre as sementes de chuva
desaguar a sua cor...

Plane num balão
desça por aí
em Malibu ou em Creta
trace a revolução...
A aventura está ali
e a árvore decreta
de um lado nudez de outono,
do outro um servo na estação...

Entre as correntes de vento
libertar seu sol interior
entre as sementes de luz
colorir o seu amor...

domingo, 14 de junho de 2009

No meio da frase




Estou só no meio da noite
Estou só no meio
Estou só
No meio da noite estou por inteiro
No meio da noite estou
No meio
Estou com você no centro de mim
Estou com você no centro
Estou com você
Dentro de mim estou com você
Dentro de mim estou
Dentro
Agora a madrugada já passou por nós
Agora a madrugada já passou
Agora
Passou por nós lá fora na estrada
Passou por nós lá fora
Passou
O tempo que era agora já se foi
O tempo que era
o tempo...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Namoro




Além de mim
descobri você
depois de um sim
dado assim,
entre a gente,
um mágico repente
e pude ouvir em coro
vozes que cantam
em meu peito
toda vez que deito
e penso no nosso
namoro!

Duas bocas
aprendendo juntas
uma nova língua,
entre tantas perguntas
respostas surgem
dos beijos
saliva que vira soro
e hidrata as fantasias
e os sonhos em comum
de dois que se tornaram um
depois do nosso
namoro!

Dois olhares
descobrindo mundos
na gigantesca saudade
da dimensão dos segundos
Horizontes cúmplices
no futuro desejado
de um recíproco tesouro
contemplado na magia
de um momento a sós
quando cada “eu” vira “nós”
com esse nosso
namoro!

A retirante (ilustração "Retirante Grávida" de Cândido Portinari)



Ela esperava que o sonho
um dia se consumasse
e se nutria da espera
de alguém que lhe completasse
Mas o sol foi mais ligeiro
e a seca lançou seu laço
viu seu tempo prisioneiro
e o sonho virar bagaço
então partiu num saveiro
pra onde se encontrasse...

Ela escutava os segredos
das ondas que o mar falava
e dividia seus medos
com as nuvens que o céu mandava
Pois o sol foi companheiro
e afastou a tempestade
fez do vento um mensageiro
secou depressa a saudade
depois fugiu, sorrateiro,
nas cores de um fim de tarde...

Ela ancorava seus planos
nas novas terras que via
se desfazia em enganos
e da dor já se esquecia
mas o sol virou braseiro
e secou sua esperança
fez da fome desespero
na barriga que crescia
seu filho nasceu num celeiro
mas ela não era Maria...

Mesmo assim driblou a morte
tirou força da agonia
disse sim à própria sorte
o seu leite era uma sangria
só que agora havia um brilho
que aquecia aquele peito
o sol era agora um filho
e pra tudo ela dava jeito
a vida voltou pro trilho
e seu sonho foi satisfeito...

Entre su cejas (com música de Adriano e Rodrigo)




O que é é que eu vou fazer, pra tirar você
do exílio de nós dois?
Por que é que eu vou trazer nossos velhos vícios
Pra te acusar depois?

Depois do livro de Quintana, tanta coisa mudou em mim...
Depois do livro de Quintana, tanta coisa mudou...

Parei pra prestar atenção na lágrima encarcerada
entre su cejas
Troquei o samba-canção por um tango apaixonado
com suas pernas

Depois do vinil do Vinícius, tanta coisa mudou em mim...
Depois do vinil do Vinícius, tanta coisa mudou...

Me dá um telefone pra eu pedir você,
entregue em domicílio...
Desligo o interfone pra abraçar você,
de volta do exílio...

Depois do clip do Keane, tanta coisa mudou em mim...
Depois do clip do Keane, tanta coisa mudou...

(Falado)
Nos Esconderijos do Tempo*, quem sabe, mais tarde,
Você me procure
E o lugar que só a gente conhece, nos seja infinito,
enquanto dure...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Há um palmo do sim...


Quase tudo
que a gente precisa
pra ser feliz,
geralmente
está ali,
há um palmo
do nosso sim!

E a gente insiste
em não se ouvir,
em continuar
se negando
a abrir as portas
e as janelas
de si...

Até quando
seremos cegos sem guia
no meio de uma multidão vazia?

Até quando
seremos terrenos baldios
no seio de lugares sombrios?

Vou sair por aí,
contando as esquinas,
cantando essa gente
sem nenhuma paixão,
que não desce do muro,
e fica sozinha, no escuro,
curtindo a solidão...

Simplesmente Maria (ilustração de Dado Pires)



Diante do seu corpo,
templo sagrado,
altar de mim,
a minha nave,
chega no porto,
fico ancorado,
porque só vim
pra dizer: Ave!

Meu olhar anuncia
uma outra era
teu olhar denuncia
a tua espera

Minha asa te cobre
a cidade se ilumina
tua casa se abre
no teu sim de menina

Sou só mensageiro
um anjo que te visita
sou também o primeiro
a te chamar de bendita

Entre tantos sobrenomes
e gerações de outros dias
há somente o seu nome
simplesmente Maria!

Diante do teu corpo,
morada de todo amor,
carne escolhida,
entre outras tantas,
sopro sobre este horto,
ventre de todo amor,
toda graça e toda vida,
pra te chamar de santa!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Chamado



Eu não sei
de onde vem
o chamado
que escuto
entre os dias...

Não sei
se é de alguém
o recado
ou se é fruto
de uma fantasia...

Me faz lembrar
meus pais
me traz de volta
ao lar
reaviva em meu peito
as pegadas
que devo
continuar...

Me faz um grande bem
Me traz de novo ao cais
É um templo onde estreito
as estradas dos meus ancestrais...

Eu não sei
de onde vem
essa voz...
Eu só sei
que há alguém,
nessa foz...

Onde desfaço os nós
faço do abraço anzóis
que me ajudam a fazer
novos laços, novos passos,
velhos irmãos, vento lá fora,
chuva demora a passar,
mas estamos aqui,
resistindo
mais essa vez...

Grande Alegria (Para Let) (Ilustração de Antoine de Saint-Exupéry para "O Pequeno Príncipe)




Como eu gostaria
de dizer pra você
segredos de raposa
que te fizessem entender...

Eu adoraria
falar sem dizer
que entre todas as rosas
quem me cativou foi você...

Não sou e nem serei um dia
o principe que cabe em sua fantasia
Mas meu amor é tão real
que transforma esse amor em poesia...

Eu apostaria
o meu planeta pra ter
a grande alegria de presenciar
seu coração finalmente entender...

Que em cima do muro
não se consegue estar
do lado que a gente tem que escolher
no rumo que a gente deve trilhar...

Não sou e nem serei um dia,
o principe que cabe em sua fantasia
Mas meu amor é tão real
que transforma esse amor em poesia...

quarta-feira, 3 de junho de 2009



Depois da curva do rio,
antes mesmo do desvio
pra estrada principal,
existe um bosque no cio,
um refúgio ainda vazio,
um abrigo natural...

Lá a água ainda é potável
e as frutas não são proibidas
lá a paz é inquestionável
e há respeito pela vida!

Não existe comércio de nada,
nem precisa dinheiro pra tudo..
Não tem tiro de madrugada,
ninguém necessita de escudo!

Quem sabe aproveitar
relaxa e esquece lá
problemas, confusões,
dilemas, neuras, tensões
e deixa-se ficar imerso num lugar
que se oferece como quem faz uma prece...
Pra agradecer a Deus
pela graça de estar aqui
pra viver...

DREAMMY (Para João e Maria)




MÚSICA: ERROL GARNER
LETRA: MÁRCIO DIDIER

Vem sonhar, meu bem,
as velhas cartas são nosso jardim...
Vem pousar, também,
tua mão na minha mão, em mais um sim...
Vem fazer, assim, de nós dois o que a gente sonhou...
Me deixa provar de novo este amor...

Não há mais ninguém,
Apenas as promessas do quintal...
E eu aqui, refém,
daquela lua, nosso ritual...
Vem fazer feliz, o poeta que sempre te amou...
Me deixa provar de novo este amor...

Vem provar, meu bem,
que a gente nunca mais vai se perder...
Vem comigo, me abraça e me beija
me ensina o momento do tempo esquecer

Vem subir, no trem,
que sonhos não precisam ter um fim
viajar comigo outra vez...

Fazem par, também,
a música e o perfume de jasmim...
Vem dançar, meu bem,
arranca esta saudade que há em mim...
Vem viver, enfim, nosso lindo sonho de amor...
Me faz acordar que ele se realizou...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cruciverbalista




Filhote de animal, quatro letras:
CRIA
Irmã do seu pai, só com três:
TIA
Grau de pureza do ouro:
QUILATE
Erva usada no chimarrão:
MATE

Gênero teatral de Antígona:
TRAGÉDIA
Correia que guia o cavalo:
RÉDEA
Cidade natal de Galileu:
PISA
A mãe da mãe da sua mãe:
BISA

Lugar sagrado onde está Deus:
TEMPLO
Ato que merece imitar:
EXEMPLO
Mudança radical de atitude:
CABEÇA VIRADA
Passatempo divertido:
PALAVRA CRUZADA


Está sempre do seu lado:
AMIGO
Cicatriz de nascimento:
UMBIGO
Mistura de letra e música:
CANÇÃO
Herói traído por Dalila:
SANSÃO

Pra ir pra outro país a passeio:
VISTO
Quem dividiu a história ao meio:
CRISTO
Arte japonesa de dobrar papel:
ORIGAMI
Onda sísmica do oceano:
TSUNAMI


Lugar sagrado onde está Deus:
TEMPLO
Ato que merece imitar:
EXEMPLO
Mudança radical de atitude:
CABEÇA VIRADA
Passatempo divertido:
PALAVRA CRUZADA