quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Chocolate original da Prússia (Adriano – Aline – Juliana - Márcio – Rodrigo)



A gente não precisa
declarar nenhuma guerra, não
nos próximos treze anos
quero fincar a mão nessa terra

Origem de reis milenares
Que provam doces aromas
Em sua morada frente aos mares
Castelos com torres e altares

De que lado do muro você vai ficar?
vai desfilar com seu

vestido fúcsia?

Ou vai me deixar deitar

em seu colo

pra escutar

histórias sobre a Prússia?


Ares prussianos, sob lindo luar
Príncipes e princesas a se declarar
Conto de fadas de um sonho real
Vidas seladas num caminho desigual

História perdida no tempo
É choro, sofrido lamento
quando um grande reino se vai
criam-se outros, no caminho do vento

Bem a tempo



Ufa, cheguei a tempo!
Por um momento achei que não daria...
Mas alguma coisa me dizia que quando me reinvento
dá pra fazer o tempo esperar pela poesia...

Ufa, cheguei na hora!
Por um instante pirei na agonia...
Mas alguma idéia seduzia toda razão e sentimento
Transformando contratempo em poesia...

E a hora ainda nem chegou,
o tempo nem se esgotou,
e, agora, embora já esteja em dia,
ainda resta tarde e noite pra amanhecer uma poesia!

Endereço interior




Quem pode dizer
se merece ou não
amor, entrega, paixão

Quando não é capaz
sequer de saber
qual o andar que habita
no peito de quem
julga pertencer...

Gente é emoção
que se agita
sem direção
palpita
entre a procura
e a razão

Mas quem é que dita
os rumos de qualquer coração?

Quem pode afirmar
ser digno ou então merecer
paixão cega, amor e entrega
do seu bem querer?

Os sentimentos
não seguem regras...

Gente é emoção
que se agita
sem direção
palpita
entre a procura
e a razão

Mas quem é que dita
os rumos de qualquer coração?

Dor de saudade




Não disfarce sua dor
saudade não pede licença
mas não dê asas à dor
porque se puder, ela fica imensa

Transforme saudade
em presença
transforme falta
em amor
Não aceite a dor
como sentença
Vença,
rejeite a dor!

Por que quando a dor
deixa de ser chaga
e vira cicatriz
É a própria saudade
que afaga e nos ensina,
de novo, a ser feliz!

Bom ver alguém tão feliz...




Muito bom ver alguém feliz
sorrindo sem motivo
e pedindo pro tempo um bis
simplesmente por estar vivo!

Bom ver alguém satisfeito
exercendo seu papel de aprendiz
aceitando seu lado imperfeito...

E diante de um quadro negro sem giz
conseguir, ainda assim, dar um jeito
de marcar no próprio mapa o seu “xis”

Meio dia em pontos




Quando der meio dia
me fala dos seus planos
pra outra metade
deste ciclo de sol...

A tarde será de enganos,
enquanto o horizonte arde
em raios ciganos?

Ou será uma dolorosa espera,
uma passagem de eras,
no seu calvário urbano?

Quando der meio dia
me fala de seus medos
no ciclo que se inicia
quando a lua chega mais cedo...

A noite será de segredos,
enquanto as estrelas sussurram
seu doce samba-enredo?

Ou será uma ardorosa mistura,
uma onda que procura
a própria voz em algum rochedo...

Tropa de palavras




Tropa de palavras
Troca de ofensas
Troco de moedas
Topa a recompensa?

Tópico difícil
Típica viagem
Teto de edifício
Trato de paisagem...

Tudo tem seu tempo
Todo sonho, um sentimento...
Tudo à vera
tem sua dor
Toda espera,
algum amor...

Terra de toupeira
Trave de goleiro
Tora de lareira
Trono de herdeiro

Troça de comparsa
Trena de arquiteto
Trote de cavalo
Trova de concreto...

Parábolas do impiedoso tempo




O impiedoso tempo
não perdoa
não deixa barato
e nem à toa
quem não subiu
no vagão

O impiedoso tempo
não espera
não precisa aguardar
a primavera
pra pensar na agenda
do verão

Vai girando,
contando os segundos,
transformando mundos
em cada grão da ampulheta
Vai passando,
arrastando nobre e vagabundo
olhando cada um bem no fundo
enquanto faz sua colheita!

De volta ao vagão de gérberas





Onde estão as gérberas
que plantamos juntos
do vagão daquele trem?

A estação ainda reverbera
o que cantamos juntos
do vagão daquele trem...

E enquanto ninguém
assume o sino
e a condução
dos nossos destinos
que tal distribuir
as gérberas
cantando o nosso
hino
e estendendo
o coração?


Onde estão as estações
que vivemos juntos
no vagão do nosso trem?

Ainda ouço as canções
que fizemos juntos
no vagão do nosso trem!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Regressivas




Ainda faltam
seis minutos
podem contar
os segundos
não são necessários
mais sustos
decidiram acabar
com o mundo!

A natureza
permanece de pé
na frente do pelotão
de fuzilamento
Não, ninguém
ninguém mais tem fé
ninguém tem mais paixão
ninguém tem sentimento...

Não há mais direito
nem a um último pedido
o coração do mundo está falido
e o fim é mais um fato sem jeito...

Mas ainda faltam
segundos
e eles podem se transformar
em minutos
podem se transformar
em muitos
basta simplesmente
acreditar!

A Chuva de Soprinho




Não sei dizer por quê
guardei a imagem
daquela nuvem
perdida na paisagem...

Um tufo branco
estampando o azul
dançando com o vento
na direção do sul...

Não sei dizer por quê
bebi daquela chuva
não era sede de água
era mão querendo luva...

Um sonho transparente
Tomando forma de véu
gotejando sentimento
me transportando pro céu!

Portas da contradição




Pele pode ser pétala
Beijo pode ser cálice
Toque pode ser tácito
Papo pode ser bélico

Sonho pode ser tépido
Troca pode ser mágica
Força pode ser hábito
Farsa pode ser trágica

Mãos podem ser dádivas
Risos podem ser cínicos
Línguas podem ser cálidas
Olhos podem ser clínicos

Versos podem ser sílabas
Valsas podem ser míticas
Traços podem ser músicas
Láureas podem ser críticas

Mas o que importa
tanta definição?
Se somos portas
da contradição...

Entre William e Antoine





Por que você sumiu e não me disse nada?
Me deixou perdido no meio da estrada,
procurando a chave trancada na gaveta...

Por que você não veio hoje pra sacada?
Fiquei esperando toda a madrugada,
repetindo a história de Romeu e Julieta...

Mas não havia mais veneno pra beber
não havia nenhum plano pra seguir
havia um sonho impossível com você
pra assombro do próprio Shakespeare...

Porque você me olha como uma coisa?
A metamorfose da estranha mariposa
na mais incrível borboleta...

Porque não me responde alguma coisa?
Um eterno ensinamento de raposa
que me torne seu cativo, Julieta...

Mas não havia outra flor pra proteger
não havia mais planetas pra florir
havia um sonho impossível com você
pra assombro do próprio Exupery...

domingo, 28 de agosto de 2011

Lendas Atuais




Me estenda
o tapete
do teu olhar
este que te faz
brilhar
em meus castelos
deixa eu tocar
teu violoncelo
enquanto velo
teus sonhos
mais secretos...

Minha lenda
um valete
a te honrar
com algo mais
e te amar
em minha tenda
deixa eu tirar
a sua venda
que você entenda
minhas fantasias
mais discretas...

Na idade média
tomar as rédeas
das carruagens
e transformar
todas as miragens
em paisagens reais
às margens
dos rios atuais
deixar nossas
bagagens
e seguir em paz...

Sem Receitas




Não,
o amor
não suporta
cobranças
só se importa
com as belas danças
que nos propõem
corpos e almas
que suavemente
se trançam...

Sim,
o amor
se comporta
como criança
é uma porta
que não cansa
e ao se abrir expõe
fúria e calma
que estranhamente
se trançam...

Lanças,
mansas,
tragos,
afagos,
pontes,
horizontes,
dores
e cores,
todas as flores
todos os sabores
champanhes
chocolates
quer você
se banhe
quer você
me mate

Não,
o amor
não aceita
receitas
definitivamente
simplesmente
se põe
à espreita...

Canções do mar imenso




Ondas
repetindo
lá fora
as canções
mais antigas
do oceano
embalando
meu sono
e meus sonhos
no branco
de sua espuma
a paz
além do humano!

Mares e marés
de Stelamaris
sussurro atlântico
mantra de versos pares
tantra semântico
busca em nós e pés
medidas cáusticas
das histórias náuticas
contadas na volta
aos lares...


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Amizade Oceânica




Do outro lado
do tapete azul
que os homens
batizaram de oceano
o sol parece
mais forte
bola de fogo
incendiando
a vida na luta
contra a sorte!

Do outro lado
do revestimento atlântico,
traços inspirados
de uma rara arquitetura humana
abrigo invicto e terno
nas viagens e abraços
de amigos eternos!

Do outro lado
do espumante líquido
um brinde ao seu retorno
à “Terra Brasilis”!
Saudade
de uma irmandade
sem cotas,
amizade imersa
nas rotas
mais improváveis
sobre os mapas!

Ah, sobre os mapas,
sobre os atlas,
planos, horizontes,
pontes, histórias, enganos
novas paisagens, imagens,
miragens e sonhos secretos
na bagagem do arquiteto!

Armisticio Pessoal




Foi como
abandonar um vício
dor no início
dúvida,
vontade de recair
luta,
saudade
a nos seduzir...

Milhares
de perguntas
na mente
como despedaçar
aquilo que junta
nossos milhões
de pedaços
em sentidos
que afloram,
transparentes,
aos borbotões?

Um grande laço
um doce bálsamo
fuga, dor, precipício
um armistício pessoal,
interior, intenso,
frágil como cristal
em brindes
de gelo e fogo...

E assim retornam
das guerras
os defensores
da poesia
e, de volta
às suas terras
ainda tentam
ser felizes
convivendo
com as lembranças
dos próprios deslizes
em batalhas infelizes
que travaram
desde crianças...

Os caminhos de Atlas



O mundo
nas costas
os sonhos
em postas
vendidas
numa feira
popular...

O tempo
nas veias
a vida
em feridas alheias
perdidas
em algum
lugar...

Qual é mesmo
o destino do trem?
A estação
é segredo também...
Quem vai ser o
próximo a saltar?

O sangue
jorra das chagas
e rega o caminho
das mágoas...
Quem causou
a vergonha e a dor
simplesmente
ignorou o amor...
Mas o que se há
de fazer?
O que se há
de fazer?

O herói virou algoz




Não entendo
o ódio encarcerado
entre silêncios
de alguém
que foi libertado
de sua própria culpa
por alguém
que em vários momentos
te estendeu a mão!

Não entendo
o semblante pesado
e tantas queixas
de alguém
que foi elevado
entre tantas desculpas
por alguém
que por sentimento
deu asas à paixão!

A borracha
do tempo
se encarregou
de apagar
de uma forma
bem veloz
todo e qualquer
belo feito
de um herói que,
de um momento pro outro,
se transformou
em algoz

Porque
ele usou lápis
e não uma
caneta vermelha
pra escrever
esta canção?

Senhas e asas



Entre alamedas
de Hortênsias
vagalumes
vagabundos
se reúnem pra falar
de suas ciências
e divagar sobre
seus mundos...

Quem vem lá
na escuridão
da estrada?
Diga a senha
se aproxime
rime canção
com madrugada!
Mostre as asas
sinta-se em casa
na nossa imensidão...

Entre canteiros
de Lírios
borboletas
ciganas
marcam encontro
entre delírios
na mais secreta
cabana...

Quem vem lá
na escuridão
da estrada?
Diga a senha
se aproxime
rime canção
com madrugada!
Mostre as asas
sinta-se em casa
na nossa imensidão...

domingo, 21 de agosto de 2011

Mistérios de Gueixa





Não sei
o que acontece
com você
parece prece
na TV
quando
se isola
no seu mundo!

Não sei
se só esquece
ou não quer ver
tudo que tece
sem saber
rola
em questão
de segundos...

E a avenida deserta
que deixa atrás de você
é uma porta aberta
de gueixa
mistério que não
se fará entender!

O "12"




Doze
Numa mesa, num relógio, num ano, num grupo, o numero de apóstolos de Cristo, uma dúzia...
Porque doze?
Atemporalidade e medição de tempo se misturam neste número, sem muita explicação para a maioria de suas utilizações...
Porque dividir as horas em doze?
Porque dividir as “pencas” e ovos em dúzias?
Você já pensou sobre isso?
Desde a antiguidade o número doze serviu para muitas tarefas de diversos povos e religiões.
Desde a babilônia, onde se estabeleceu uma base numérica em torno do número doze e não em base ao número dez, que é o nosso sistema numérico atual. O doze era a sua cifra essencial, pois o espaço e o tempo tinham sentido em relação com o doze: doze esferas, doze meses do ano, doze horas diurnas, doze horas noturnas, doze signos e doze casas do zodíaco. Para a Cabala o número doze é um numero carregado de vibrações e seu simbolismo é interpretado de várias formas. Por uma parte é um número de forte influência sobre a sensibilidade das pessoas. Seu significado pode estar relacionado também com as paixões e com a renuncia pessoal ou compreender os mundos da formação, da criação, da emanação e da ação.
Como número da formação se associa ao pensamento e a mente; como número da criação, está associado à saúde, tanto da alma como do corpo; como número da emanação, o doze é interpretado como centro essêncial dos objetos e das coisas; como número da ação o doze é relacionado à evolução e ao desenvolvimento, e assim, considerado como um símbolo da Mãe Terra.
Para a Astrologia o doze é um número de significado harmônico, identificado com o signo de Peixes, no Zodíaco.
Os alquimistas o consideram cheio de sentido hermético. Por ser múltiplo perfeito de três, conteria a tríade de elementos essenciais para transformação da matéria bruta com base das misturas de mercúrio, sal e enxofre. Teria também, no quatro, seus divisores, simbolizando os elementos (água, ar, terra e fogo).
Na tradição judeu-cristã o número doze é uma cifra sagrada, um símbolo de pleno sentido, já que eram doze os apóstolos, doze as tribos de Israel, doze os frutos do Espírito Santo, doze os filhos de Jacob, doze as pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote, doze as portas da cidade de Jerusalém, a mulher celestial levava uma coroa com doze estrelas; inclusive a Bíblia diz que o número dos eleitos era doze vezes doze.000, uma cifra que representa a totalidade dos santos. A escolha de doze apóstolos, simbolizando a diversidade das tribos de Israel já apontava para seus múltiplos: logo, já não eram mais doze, eram 72 e depois milhares e hoje milhões. Ah, e talvez a menos conhecida,: doze vezes apareceu Jesus Cristo depois de morto. (Esta você não sabia, hein?)
As tradições chinesas também incluem este número entre seus favoritos, seu Zodíaco está formado por doze animais que completarão um ciclo de doze anos.
A prática tanto do Tai Chi Chuan como do Chi Kung se rege pelo estrito cumprimento das Doze Virtudes de Ouro.
A escala musical está formada por doze graus cromáticos (do, do#, re, re#, mi, fa, fa#, sol, sol#, la, la#, si), o que aproveitou e aperfeiçoou o compositor austríaco Arnold Schönberg em seu sistema dodecafônico serial.
O Doze, assim, é um número sagrado, que serve para medir os corpos celestes, assim como os meses do ano. O Doze se considera passivo e é o sinônimo da perfeição. Doze vezes 30 graus formam os 360 graus da circunferência.
Os caldeus, os etruscos e os romanos dividiam seus deuses em doze grupos. O deus Odin escandinavo tinha doze nomes, do mesmo modo que os rabinos sustentavam antigamente que o nome de Deus se compunha de doze letras.
Adão e Eva foram expulsos do Paraíso às doze horas do meio dia. São doze as pedras preciosas da Coroa da Inglaterra, doze as portas da cidade de Jerusalém e doze os anjos que as custodiavam, segundo o Apocalipse. Ainda segundo João, o Evangelista, em Jerusalém viverão doze mil homens eleitos.
O doze representa o sacrifício no Tarô. Nos doze primeiros arcanos deste jogo se encontra a chave do total de cartas que o compõem. Em Atenas se adotou o sistema decimal e Platão admitia doze deuses em sua República. Também havia doze deuses primitivos entre os japoneses. O doze é o número do justo equilíbrio, a prudência, a forma graciosa. Para os etruscos o céu tinha doze divisões pelas as quais o sol passava todos os dias, e dividiam suas possessões em doze províncias. Às doze é a hora do cenit do sol, e doze é o número da esfera do relógio.
Se foi no “mês doze” que Jesus nasceu, doze também é o dia do nascimento de minha “grande alegria”!
É bem interessante como este simples número, o doze, está presente em nossas vidas!
Se, não me engano, acabei me alongando e dando muito mais do que doze motivos pra você pensar sobre o assunto e, de minha parte, acabei de verificar que já passam das doze e antes que o sono comece a me fazer repetitivo a ponto de me fazer errar na dose neste texto sobre o doze, vou me despedindo, recomendando que, caso queiram saber mais, no Google há centenas de dúzias de sites sobre o assunto! É só pesquisar!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ode à amizade




Como diria o poeta é muito bom desfrutar momentos em boas companhias, mesmo que não seja “uma tarde em Itapoan”! O tempo parece perder a importância com gente que, mesmo não sendo, parece amigo de infância, acima do bem e do mal, mesmo sem saber que assim faz, conduz a gente de volta aos quintais das nossas juventudes, num “transe” que lembra a plenitude da paz...
Não diria ser uma fuga, mas um espaço que se aluga pra celebrar valores. Amizade, arte, encanto, humanidade que se reparte, como um tipo de manto que nos envolve no frio e dissolve o estio interior! Um brinde ao amor ágape, aquele sem outras intenções além de querer bem.
Como diria o poeta( e olha que o poeta dizia era coisa) “de repente, não mais que de repente, fez-se do amigo próximo o distante, fez-se da vida uma aventura errante”. “Para isso fomos feitos”, para aproveitar a dádiva da vida, olhar em olhos semelhantes aos nossos e enxergar os mesmos horizontes que sonhamos e, com eles, saber fazer pontes!
Não sei que nome se dá a esta dimensão, sei de sua vastidão, de sua revigorante força. Sei que alguns a chamam de ilusão, outros de canção, outros de mão estendida pra amizade, pra uma verdade, uma realidade possível, seja numa câmara secreta, seja no meio da praça!
Que assim se faça!
Amigos se transformem em abrigos, faça o tempo que for!
O mundo continuará girando, gente estará se matando, encontrando motivos e justificativas pra tudo. Deixa girar! Não nos cabe parar o tempo...
Deixa ele passar, como um interminável bloco de carnaval, fazendo festa e drama, acendendo e apagando chamas, unindo criadores e criaturas, planos e arquiteturas, liberdades e direitos, dores e curas, encontros e procuras, todos passistas da rua, alpinistas da lua, com suas preocupações e alívios, emoções, esperanças, sentidos, dançando o que há pra dançar!
Como diria o poeta (a benção Vinícius) “a vida é pra valer, há vida pra levar”, então que valha sempre a pena, que ela nos leve, breve, que nos carregue até aprendermos a andar. E quando, por alguns instantes que seja, tivermos esta sensação de que estamos quase lá, que aprendamos a não omitir sentimentos, que saibamos expressar os melhores pensamentos e, assim, contagiar o mundo com o que há de mais profundo em nós! Nós, que foram laços, e antes abraços e nos ensinaram a amar!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Canção de Cigarra




Sim
eu sou cigarra
mas admiro
as formigas
são minhas amigas
e quando eu falho
elas tiram o rei de copas
do baralho
e fazem do amor
o seu trabalho!

Mas quem disse
que não dá trabalho
também fazer poesia?
Quem pode afirmar
que criar uma melodia
também não faz suar?
Quem pode negar
que fazer canção
também não é uma missão?

Sim
eu sou cigarra
mas também embalo
as formigas
são minhas amigas
e sabem o quanto eu valho
com minha poesia
animo o seu trabalho
e a minha canção
transformo em agasalho!

Neo humanismo




Sigo
pegadas leves
mensagens breves
em códigos fortuitos...

Digo
palavras frágeis
em rimas fáceis
tons pródigos, gratuitos

E na simplicidade
dos gestos
uma cidade
de restos
constrói um novo
manifesto...

É o neo-humanismo global,
uma proposta informal
ao direito de resposta
da humanidade
a tudo aquilo
que têm o desplante
de chamar “civilização”...

Ligo
camadas densas
pessoas propensas
a buscar algo benigno!

Amigo
transforma em lema
qualquer poema
que faça o homem mais digno!

Fogo Lento




Meu pensamento, à deriva,
quer marcar encontro com a emoção
a ilusão permanece viva
enquanto o sentimento for paixão

Qual o argumento
faz a voz passiva
se transformar em foz
de um simples ribeirão?

O fogo lento
das páginas de algum livro
ou o cantar ativo
da voz de algum vulcão?

Meu sofrimento, sem rumo,
não tem nenhum compromisso
de encontrar o prumo
e me trazer à razão...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Lençóis de linho




Desdobre o lençol de linho
e se encontrar
sangue e espinho
estenda sob o sol
Tanta paixão no caminho
para provar
que o calor do ninho
pode estar num cachecol...

Quantas quedas?
Quantas perdas?
Quantos pregos?
Quantos cegos
vão ter que recuperar
a visão?

A pedra rolou
no meio da madrugada
e já não havia nada
dentro da cova fria...
Um lençol de linho
era tudo que havia
e era só o que se falava
no meio do caminho
até que ao repartir
o pão e o vinho
tudo se revelava
e finalmente
o mundo entendia
aquilo que você falava!

sábado, 13 de agosto de 2011

As “mozelas” de uma tartaruga perdida




Seguindo nosso agradável diário de bordo da Viagem Serrana, pedindo desculpas pelo atraso no post, ao chegar na casa de nossos anfitriões foi encanto à primeira vista. O lugar lindo, a vista deslumbrante, a arquitetura impecável, enfim, uma casa lapidada como um diamante e transformada em um lar acolhedor, agradável, confortável, maravilhoso.
Ambiente e clima perfeitos, com direito a lareira e gastronomia de primeira (mas isso é uma capítulo à parte, aguardem a parte 3), era a hora de vestirmos nossos trajes e nos transformarmos em turistas legítimos. Partimos para as compras na inesquecível feirinha de Itaipava. Lá, uma grande sacada: a feira possui uns banquinhos estratégicos para os homens aguardarem suas esposas exercerem seu inquestionável talento de escolher e comprar souvenirs, saboreando um delicioso “pastels com chopps”. Resultado: as malas dos carros se encheram de sacolas, naturalmente...
Depois voltamos ao castelo de Sant’ângela e Frei Beto, onde conhecemos as gerações herdeiras de tanta simpatia e bom astral. Um almoço maravilhoso, no qual pudemos nos deliciar, entre uma e outra gostosura gastronômica, com vários “goooooools de pedrinhas” de Pedrinho, o lindo neto dos dois.
Fortes emoções nos aguardavam depois do almoço. Uma visita até o museu imperial, onde exercitamos nossas habilidades de “enceradores patinistas”, seguida de uma inesquecível oportunidade de participar de um Sarau com a Princesa Isabel e seus convidados. Destaque para a emoção de Tia Chika e Sant’Ângela na declamação de “Minha terra tem Palmeiras onde canta o Sabiá”. Soubemos depois que Dr. Rômulo costumava declamar o mesmo poema e entendemos, ainda mais, o motivo das lágrimas abençoadas que escorreram por suas faces. No momento, todos se emocionaram, até a Princesa Isabel. Tudo registrado por Victor, filmado e arquivado e que vale a pena ser visto, pois foi um momento único, de verdade.
Bom, pra quebrar o clima, um mico, ou melhor, um Kong: este que vos escreve, completamente sem graça, tentando declamar uma poesia em letras microscópicas, em legítimo português de Portugal, de um jornal da época, com direito a ‘himnos”, para delírio e diversão de todos. E ainda ladeado pela Princesa Isabel e pela Condessa de Barral... “Que situação!!!!” Aliás, sobre esta Condessa, preceptora das princesas Isabel e Leopoldina, que soubemos mais tarde, à boca pequena, por umas fofoqueiras imperiais, ter sido amante e grande paixão do próprio imperador, descobri que era baiana, nascida Luísa Margarida de Barros Portugal, em Santo Amaro da Purificação, em 13 de abril de 1816 e falecida na França em janeiro de 1891. Depois de Condessa se transformou em Marquesa de Monferrat. era uma das mais vivazes figuras da corte do rei Luís Filipe I da França. Pense: Papo Inverso também é cultura!!!! Hoje, uma de suas propriedades foi adquirida pelo “Barão Luís Leal”, genro de Gagarin e Francisca Valentina. Eita mundo pequeno... Barros Portugal se transformou em Barral. Aliás, nome bem sugestivo para uma certa epopéia intestinal ocorrida com um dos membros de nossa comitiva, logo após o Sarau. Mas isto é outra história!
Bom, depois do Sarau, uma belíssima apresentação chamada Som e Luz nos jardins do palácio, com direito a projeção na água, no melhor estilo Disney, que nos acrescentou bastante sobre certos detalhes da nossa história pré-republicana. Um show que nos faz valorizar um pouco mais o amor demonstrado pela família real a esta terra. Um amor patriótico que muitas vezes falta aos “filhos desta mãe gentil”. O espetáculo terminou lá pelas 21 e 30. Cabia a nós voltar, pois um fondue delicioso nos aguardava.
Cheios de disposição e coragem, intrépidos aventureiros,, munidos de uma guia quase do quilate da Condessa de Barral, a nossa “dama de companhia” Miss Helga de GPS, batizada “carinhosamente” como “A Vadia” por Tia Chika, conseguimos acomodar seis passageiros num classic sedam 1000, apelidado com propriedade por Frei Beto de tartaruga. As quatro mulheres atrás, coitadas, pareciam sardinhas expremidas numa latinha. Mesmo assim, partimos rumo ao “pedaço de paraíso” onde estávamos hospedados. Chegaríamos lá em 20 minutos com a ajuda da tecnologia e do satélite, elas aguentariam... Doce ilusão...
Não é que, para evitar um minúsculo trecho não asfaltado, “Miss Helga”(apelido do GPS de Victor e Nanda desde os tempos de Disney) nos levou por um caminho, subindo a montanha, que passava por Mozela, um ermo com cara de desova, que a cada quilômetro parecia mais desabitado, deixando a todos apreensivos sobre aonde ia dar aquela aventura. Carcaças de carros abandonadas, matagais de ambos os lados, uma ou outra habitação aqui e ali e tome 20 minutos, meia hora e continuávamos a subir, sabendo que deveríamos estar descendo para chegar na rodovia. Suspense e expectativa por parte de uns, um clima de ansiedade geral no carro, um certo terror estampado nos olhos de Dora e Fernanda e lá íamos nós, rumo ao desconhecido, indo aonde nenhum soteropolitano jamais esteve, em plena noite serrana, conduzidos por uma “vadia eletrônica”, sem a menor idéia de onde estávamos. O tempo passava e as sardinhas tentando se moldar àquele aperto. De repente, duas criaturas suspeitas apareceram depois de uma curva e o que era preocupação virou desespero Houve quem visse até armas nas mãos dos anônimos pseudo-malfeitores. E se houvesse perseguição, a tartaruga seria alcançada rapidamente, estaríamos em clara desvantagem. Um Pai Nosso foi puxado por alguém, de forma inspirada, e antes que terminássemos a oração, não é que começamos a descer e logo depois estávamos na rodovia, já sabendo exatamente onde nos encontrávamos e, finalmente livres de nossas mazelas. Uma sensação de alívio tomou conta do carro e até o início de uma ladainha a Santo Haroldo foi ensaiado. Com todo merecimento.
De volta ao aconchego e à segurança do lar, um maravilhoso fondue nos esperava, regado a um delicioso vinho, o que reanimou rapidamente a todos. Confirmamos depois com Frei Beto que o lugar por onde passáramos não era nada recomendado, principalmente àquela hora. A sorte ou bênção foi justamente a tartaruga. O que poderia ter sido um grande problema, acabou por ser a salvação. Ai de nós se estivéssemos com um carrão. Bendita tartaruga alugada. E um lema para toda vida: “Sardinhas UNIDAS, jamais serão vencidas”

Transformações




Na tarde em que virei sol
e me pus no seu olhar
senti o ciclo da vida
pulsando em mim
me fazendo brilhar
no seu jardim
entre gotas de orvalho
a flutuar entre seu não
e o seu sim,
me fazendo verão!

Na noite em que virei luar
e visitei sua janela
tentei clarear seus sonhos
colorir com uma aquarela
te fazendo acordar
perto de mim
entre lágrimas e sorrisos
transbordando de emoção
dizer de onde vim
até virar paixão!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Baianadas dos Filhos de Haroldo na cidade de Pedro Parte I - A Chegada



Com o divino pretexto de conhecermos o oratório de Sant'Ângela, lá fomos nós, de avião, como "caixas surpresas" para uma "temporada" (como diziam os antigos) na encantadora Itaipava. Éramos seis (isso está mais parecendo nome de livro) na ida para o Rio. Três casais.
A bordo, o clube do bolinha jogava dominó no IPED de um deles, enquanto, na fila de trás as mulheres tricotavam ou dormiam o sono das justas.
Tudo sem novidade até "nossa alma cantar" ao descer na cidade maravilhosa.
Lá, Frei Beto nos aguardava para fazer uma oferenda surpresa a Sant'Ângela, de quem é fervoroso devoto há muito tempo. A surpresa "éramos nozes", ou melhor dizendo, nós éramos a surpresa. Aguardados "ansiosamente" como Haroldo e família, estávamos destinados a ser honrados com uma recepção com toda pompa e circunstãncia dignas dos reis. Fardas novas para os funcionários, quilos e litros das especiarias mais fantásticas, o cuidado em cada detalhe na decoração da casa, para que "aquelas visitas de cerimônia não reparassem em nada"...
E de repente, não mais que de repente, como diria o poeta, em pleno estacionamento do Aeroporto, com a esfarrapada desculpa de precisar de sua ajuda para carregar umas caixas, Frei Beto surpreendia Sant´Ângela com a presença do ilustre Comandante em Chefe Gagarin e sua digníssima consorte.
Naquele momento uma preocupação a mais na cabeça de Sant'Ângela. Se Haroldo, mulher e filhos iam para o seu castelo, onde acomodar Gagarin and wife?
Aqui cabe um parêntese. Para ajudar Frei Beto a despistar Sant'Ângela do resto da surpresa, Gagarin aponta para o outro lado onde nós estávamos, já no estacionamento da locadora, e fala sobre as lindas flores na paisagem.
Que flores? Cercado e mato pra todo lado. Nem uma margarida pra dar um pouco de credibilidade à história. Se não fosse Valentina Francisca (acreditem, eu pesquisei, o nome da esposa de Gagarin é Valentina), todo o plano do frei teria ido por água abaixo. Há uns 300m, ela descobriu uns gerânios, ou seriam crisântemos, que fez a história ficar mais aceitável...
Enfim, o mistério era revelado em plenitude à Sant'Ângela e ela, respirando aliviada, pode finalmente ser informada que "Haroldo e filhos" foi só mais uma das amorosas surpresas que Frei Beto tem o hábito de lhe pregar. Quem foi que disse que o hábito não faz o monge?
A subida para Itaipava foi tranquila, embora, em alguns momentos, a fábula da "lebre e da tartaruga" viesse à mente de todos. Calma, irmão Haroldinho, a culpa não foi sua. Carro 1000, com ar, pra subir a serra, nem com a força de todos os Serranos do mundo pra agilizar...
Fomos recebidos com o que há de melhor no mundo dos anfitriões: um largo sorriso, um abraço sincero e uma parada para o melhor croquete de carne que já provamos na vida. E viva o Alemão!
Depois chegamos ao Castelo dos Silva, uma deliciosa moradia num dos recantos mais gostosos e bonitos de que se tem notícia. E lá, encravado entre a varanda e a pia batismal, o oratório, o lindo oratório sonhado por Sant'Ângela, projetado por Gagarin e viabilizado por aquele frei tão devotado...
Ainda mais especial do que poderíamos imaginar, o oratório parece pulsar, em sua transparencia e singularidade, a pluralidade bela e simples de Deus! Uma visão inesquecível! Uma sensação indescritível...
Em cada detalhe, amor puro! Amor de Ângela, cuja fé sonhou com um lugar para abrigar o amor! Amor de Osmar, cuja inspiração criou as formas para abrigar o sonho de Ângela, projetando seu próprio templo do Espírito no papel! Amor de Fred e Chica, que participaram com sua arte (que via sacra maravilhosa) e conhecimento litúrgico, transformando obra em fé, físico em espiritual! Amor de Beto, que transfigurou a execução daquele projeto numa linda declaração de amor à sua esposa!
Um pedacinho de paraíso na terra dos homens de boa vontade e coração em paz!
Assim foi nossa chegada a Itaipava. Inesquecível! Carinhosa! Muito feliz!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Te amarei para sempre (inspirado no filme homônimo)



Te amarei para sempre
amarei a criança em ti,
a adolescente que vi surgir,
de repente, ali na minha frente

Amarei a mulher, a fêmea,
cada revelação constante,
neste espelhar a dois, itinerante,
de tantas contradições efêmeras

Sim, te amarei para sempre,
mesmo nos caminhos dos meus erros,
entre oceanos e desterros,
o amor estará presente

E quando pedaços de mim
forem ficando invisíveis
lembre dos que deixaram raízes
procure esquecer do fim...

Porque contra toda razão que se apresente,
contra argumentos e provas científicas,
encontrarei uma forma magnífica
de dizer que te amarei para sempre!