terça-feira, 31 de maio de 2011

Tim Tim




Fim
de mês
de maio

Dell
em vez
de Vaio

Sim,
o que é
que você
fez?

Vim
venci
e saio

Gim
com gelo
e raios

Com mil
milhões
de tubarões

tenazes
e brasões
Licornes
e dragões

e uma estrela
misteriosa
além daquela
taça de Gim
Tin Tin

saúde
a todos
vocês!

Senhor dos mundos



Contra o tempo
segurando os segundos
contratempos
pesando mais que o mundo
e os minutos vão passando
dando as mãos às horas
o tempo vai se esgotando
é tempo de ir embora

Contra o tempo
na contra-mão da história
da escória ao monumento
do excremento à glória
e os segundos vão girando
dando as mãos aos minutos
a hora se aproximando
superação ou só luto?

Contra o tempo
revirando os embrulhos
à espera de um movimento
que faça passar os engulhos
e os milésimos contando
dando as mãos aos segundos
minutos são horas passadas
o tempo é o senhor dos mundos...

À Equipe PV


Foram madrugadas, noites, dias intensos!
Entre os ápices do profissionalismo e as profundezas de um quase amadorismo, a missão se cumpriu, mais uma vez..
Não foi a primeira, com certeza não será a última!
Outras aventuras como esta virão, repletas de emoção, adrenalina, surpresas, reviravoltas, dores de cabeça, de coluna, sono, estafas e a ingrata sensação de correr contra o tempo em condições menos favoráveis do que as ideais...
Mas a sensação de dever cumprido não tem preço!
Contra todas as probabilidades e previsões, sempre ali, na fronteira entre o sucesso absoluto e o fracasso total, já chegando no limite de tudo e de todos, foi feito o que era necessário!Quase nos estertores do tempo regulamentar!
Me orgulho de ter feito parte deste time, tão brilhantemente coordenado por Tânia.(Minha reverência)
Do sorriso e prestabilidade de Déa à ousadia de Lourenço; da competência dos patrícios de além mar à dedicação da paulicéia enclausurada de Ricardo; do precioso conhecimento de Querino ao detalhismo e profundidade de Bete, do trabalho silencioso e imprescindível de João, Alessandro Maciel e Isabela à confiabilidade da opinião dos Marcus, Alban e Mascarenhas; da eficiência de Renato e Pablo à presença solidária de Luciana; dos posicionamentos firmes de Valente às visitas tranquilizadoras do nosso "BRT" Moreira; dos pareceres de Burato e Trigo à criatividade de Toninho e Gabriel; das sensatas intervenções de Luíza à capacidade de Luiz Antônio, um desfile de mãos estendidas e unidas no sentido de contribuir para uma solução de transporte urbano com dimensões dignas do merecimento de Salvador.
Todos de uma importância fantástica.
Mas não poderia deixar de falar aqui da seleção de craques da própria PV.
Os amigos Abelardo, meu irmão Victor, Edson, Cíntia, Martins, Débora, Fred, Natália, Lorna, Diana, Cássia, Zenita, vocês são show!
Alicerces preciosos que sustentam esta estrutura com equilíbrio, entrega, bom humor, determinação, força e unidade, todos dignos de todos os louros!
Parabéns a cada um de vocês e a vocês como um todo!
E a Lourenço e Luíza, que lideram esta turma, primeiramente meu reconhecimento pela incrível capacidade de selecioná-los. Minha sincera torcida para que continuem capazes de mantê-los juntos e motivados. meus votos de que sempre encontrem meios de realizá-los como profissionais e seres humanos!
Esta equipe merece um esforço neste sentido, proporcional ao de cada um deles, afinal eles acordam, todos os dias, para sonhar os sonhos da PV!
Tudo para todos!
Um brinde à vocês!

Uma boa causa


Não sei de quem foi esta idéia, mas vale a pena ajudar!
Uma boa causa, ajuda a gente a se livrar do que não quer mais, transformando o que seria um simples descarte em oportunidade de inclusão.

E-LIXO DOANDO E AJUDANDO
O projeto para arrecadação de lixo tecnológico computacional é uma parceria da UFBA, Programa Onda Digital e a Empresa Júnior de Informática infojr.

O que posso doar?
Computadores, impressoras, mouses, teclados e periféricos de informática.

Como doar?
Levando os equipamentos na sala da InfoJr no Instituto de Matemática da UFBA, localizado no Campus de Ondina, Av. Admar de Barros, S/N . Ondina - CEP: 40170-110.

Como será utilizada minha doação?
Em capacitações de metareciclagem, oficinas de robótica livre e artesanato com lixo tecnológico em ações de extensão, ou seja, atividade da Universidade em comunidades de baixa renda.


Dúvidas
ondadigital@ufba.br
(71) 3283-6293/6765/6268
(71) 9162-4039
(71) 8171-7327

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Qualquer semelhança é mera realidade





Grande
confusão
mental
num inferno
astral
ebulição
começo
que não
tem fim
tropeço
na contradição
de não querer
ouvir
e não saber
reconhecer
a mão
que se estende
na direção
de oferecer
a razão
no meio
do caos
total
a dúvida
é tão letal
é necessário
bom senso
além do suor
intenso
pra terminar
a missão!

Nas margens de tudo que leio




Aqui
no meio
da praça
de mim
um veio
de rio
que é você
nas margens
de tudo
que leio...

Aqui
nos braços
dos mares
de mim
os laços
dos lares
de ti
nas ruas
aonde
passeio...

Aqui
pode ser
tão longe
cela
de algum
monge
em algum
templo
do Tibet...

Aqui
pode ser
tão perto
tenda
no deserto
e algum
oásis
no centro
de mim...

Endereço do tempo



Ei tempo,
onde você mora?
Procurei seu endereço
numa agenda antiga
porque não encontrei
no catálogo do ano
Quem sabe
encontre alguma pista
numa lenda do passado
ou num conto cigano?
Quem sabe
exista alguma lista,
um mapa, uma mensagem,
deixada até por engano...

Ei tempo
não é possível
que não exista um vizinho
alguém
que aponte o caminho
e que te faça
visível...

Ei, tempo,
vou bater na porta
de seu templo
e plantar um verso
em sua horta
Deixar um poema
em sua janela
provar a sombra
da sua varanda
depois brincar
com uma borboleta
amarela
de pique, esconde
e ciranda...

Ei, tempo
não pode sumir assim
nem eu posso fugir de ti...
Quem sabe a gente marca
um dia desses, em seu jardim,
pra desenterrar velhas arcas,
regar as flores nos canteiros,
e acertar, de uma vez,
nossos ponteiros...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Familia




Sim, existe um lugar...
Um recanto que só nós conhecemos...
Onde revisitamos a vida...
Onde voltamos no tempo...
Onde pensamos o futuro...
Um lugar sem fronteiras, sem paredes, sem chaves...
Um imenso quintal, cujo pomar nos oferece pencas e pencas de lembranças,
cachos e cachos de emoções, frutos e frutos de sensações...
Um jardim secreto, um labirinto privado, um quarto reservado...
Uma mesa, na qual se misturam cheiros, temperos, risadas, silêncios, censuras, orações!
Um lugar com aconchego de colo de mãe, beijo de pai, abraço de irmão!
Sim, este lugar existe!
O nome dele é família e fica no centro da avenida principal das nossas vidas!
Um endereço às vezes complicado de chegar, talvez por falta de tempo, talvez por estar na contra mão da nossa história, talvez por descuido...
Mas que estará sempre lá...
Com as portas e janelas abertas à espera da nossa volta, de uma visita, de algum resgate...
Gratuitamente presente, sempre, ao nosso lado!
Nos bons e maus momentos, pronto para nos acolher...
Sim, um lugar...
Muito especial...
Que nos acolheu na estação da existência, sendo condutor no trem da infância...
Dele trazemos tanto em nós...
Referências, costumes, gostos, manias, valores, questionamentos, realizações, dúvidas...
Que bom é revisitar tudo isso...
E pensar que, mesmo depois de qualquer abalo, qualquer devastação, se a gente precisar voltar e já não encontrar mais ninguém, mais nada, somente um “terreno” baldio, onde antes havia um lar, com certeza ainda existirá uma mudinha de grama pra gente tocar, regar e assim preservar nossas raízes...
Celebre sua família!
Agradeça a Deus por ela!
Mesmo com todas as diferenças é só na família que encontramos um amor verdadeiramente incondicional!
Pele, sangue, DNA, conexão espiritual, não importa a razão, nós fomos escolhidos para conviver com esta gente, com esta nossa gente que, eternamente, fará parte da nossa história!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um certo 23 de maio




Velho banco
na praça abandonada
um amigo transforma
a amiga em namorada

Velho banco
no fim daquela tarde
um primeiro beijo
inflama o que já arde

minha lembrança
vai depressa
pega o sentido
anti-horário
na direção contrária
do tempo
chega ao encontro
bem no horário

tudo irresponsavelmente
leve e inconseqüente
tudo intempestivamente
doce e atraente

tudo em volta
pouco importa
só nós dois ali
então corta...

Vai pra cena
do casamento
depois acelera
ainda mais o tempo

nossas fantasias
nossa “grande alegria”
nossa história de amor
tem tanto sentimento...

tudo intenso e rápido
como o clarão de um raio
e parece que foi ontem
um certo 23 de maio...

Tudo o que seja preciso




Corpo, casca,
pele, frágil,
carne, viva,
gesto, ágil

Iluminar alguém
com um sorriso
quem sabe isso é tudo
que seja preciso...

Tão simples
colher umas flores
tão leve
misturar as cores
tão doce
fazer um doce a alguém
tão breve
a lua cheia que vem

iluminar alguém
se for preciso
quem sabe isso tudo
construa um sorriso...

Alma, ventre,
centro, veia,
sangue, pulso,
imã, teia

aconchegar alguém
com um sorriso
quem sabe isso tudo é
tudo o que seja preciso!

tempo mudando




Sopro, força, vento,
frio que fala do mau tempo
nuvem preta a se formar
além do nosso olhar

Tufões girando cataventos
e um turbilhão no pensamento
nuvem cinza a confirmar
a previsão agora está no ar

Tempo mudando
mundo mudando
clima mudando
será que a gente
também vai ter que mudar?

Tempo virando
mundo travando
clima esquentando
será que a gente
também vai ter que mudar?

Voz, trovão, lamento
brio que treme num momento
poder a nos desafiar
quem é que vai encarar?

Folha rodopiando e eu atento
papeis espalhados aos centos
e a poesia a se inspirar
no outono que quer chegar

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ode à Sexta-feira




Sexta feira
Faça festa
Geladeira
na floresta
de granito
e asfalto
jogue tudo
pro alto
e peça outra
saideira...

Sexta feira
Dê suas voltas
De Itapoan à Ribeira
da euforia à revolta
se espalhe
nas ruas de mijo
ou busque
um esconderijo
de onde conte as estrelas
deitado na espreguiçadeira
da casa de luz vermelha
que vive te dando choque...

Sexta feira
Vista branco
Pegue a esteira
e o tamanco
se prepare
pra praia
biquíni, sunga
e sandália
se jogue
na bagaceira...

Sexta feira
Coma peixe
Tome um trago
não se queixe
procure dar um afago
na luta do dia a dia
esqueça tudo que é pago
compre um quilo de fantasia
Amanhã de manhã ainda é sábado
Demora pra segunda-feira

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os olhos precisam ter voz




Grite para o mundo
o seu silêncio mais profundo
e chore de rir
o mais que possa usufruir

porque a vida passa
e traça os rumos do amor
tente ver a graça
tente achar o prumo aonde for

Abra o coração
mesmo com o céu todo fechado
nuvem é canção
mesmo quando chove no molhado

Porque a vida laça
e abraça os sonhos e ilusões
sem perder a raça
nem o ar risonho das paixões

Silencie o mundo
com seu grito mais feroz
e ria das lágrimas
os olhos precisam ter voz!

O Ciclo da Vida




Pois é...
A Terra é redonda...
Como uma bola, que gira, roda, até parar no seu destino. Pode ser a mão do goleiro, pode ser o pé do artilheiro, pode ser o fundo do gol! A Terra é redonda, gira, faz o mundo rodopiar, os homens circularem aqui e ali, algumas coisas mudarem, outras se repetirem...
Historicamente os ciclos se revisitam e criam as lendas, as odisséias, as sagas, as síndromes...
E elas são tantas...
Há a Síndrome de Peter Pan, a Síndrome do Pânico, a Síndrome de Eva, de Édipo, Apert, Tourette, Marfan, Turner e a Síndrome do Vice. Após mais de um século de estudos está cientificamente comprovado: quem nasce pra ser vice só chega a Vicetória...
Pois é... As coisas se repetem, as taças se vão, os títulos fogem, os recordes permanecem, o choro retorna, a desolação toma conta e o Vitorinha segue seu destino de ser sempre segundo, aqui ou em qualquer lugar do mundo, mesmo quando está tudo preparado para sua conquista! Eita sina, a perder de vista...
Este ano o genérico tricolor fez as vezes, foi lá no Barradão e faturou. Andam dizendo que um tal carneiro fez um trabalho bem feito e o Vicetorinha só ganha partida decisiva agora, dentro de casa, quando ele voltar a berrar pelo leão...
Vixe...
Ou seria Vice?
Sei lá...
Sei que as coisas continuam se repetindo. Muita garganta, muita provocação, pra no final morrer na praia, digo, no lixo...
E depois a gente é que é urubu, que fica azarando? Urubu que eu saiba é o primo rubro-negro carioca, que até com R.G. importado da Itália, foi campeão este ano...
Pois é...
De vice em vice campeonato, o valoroso leão foi se acostumando em ser segundo. E, de segundo em segundo, chegou ao seu destino: a segundona, lugar que é seu por direito e merecimento, ninguém mais merece tanto quanto você...
Fico pensando em como estão os indisfarçáveis rubro-negros responsáveis pela narração e comentários de uma TV que, por mais paradoxal que seja, se chama BAHIA. Eles que mais torceram pelo VIVI, do que qualquer outra coisa devem ter amargado uma SEGUNDA-feira de doer. Dava até pena do ar desolado no Rede Bahia Revista do último domingo...
Em toda a sua história o Rubro-Negro baiano nunca faturou um nacional. O Bahia já tem dois!
Em 70 anos de história o Tricolor tem 43 títulos estaduais. O Vitorinha só 26.
Mas em compensação, o Vicetória tem 25 vice-campeonatos e o Bahia só 18...
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Baiano_de_Futebol)
Ok, ok...Não vamos falar de passado.
Presente?
Vitória com mais um vice no currículo e na segundona. Bahia na primeira divisão, apesar de seus dirigentes nas últimas décadas!
Enfim, a vida gira, a bola vira, a roda pira e as coisas vão se ajeitando aos poucos...
Presente não?
Quem sabe o futuro. Futuro? Acho melhor não. RUBRO de vergonha por seu passado e de raiva pelo seu presente, o que resta ao Vitorinha senão esperar um futuro NEGRO?
Falou a voz do campeão!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Encontro com Deus (Deus no olhar)





Ando depressa
no veio da rua
no seio da lua
há uma travessa

Dor que se expressa
em sua forma mais crua
verdade tão nua
que a vida confessa

E eu procuro o céu
depois das estrelas
além das nuvens vermelhas
que tingem seu véu
Eu procuro Deus
nas velas acesas
mas acho somente
nas fagulhas presas
dos olhos de gente
que anda sem Deus


Ando sem pressa
no mundo da lua
no meio da rua
a vida começa

Amor se dispersa
em vias só suas
partindo a poesia em duas
em rimas inversas

E eu procuro o céu
depois das estrelas
além das nuvens vermelhas
que tingem seu véu
Eu procuro Deus
nas velas acesas
mas acho somente
nas fagulhas presas
dos olhos de gente
que anda sem Deus

Quem pode responder ao meu chamado?




De tarde um céu dourado
avisa que a lua já vem
o sol manda um recado
e eu ainda espero alguém

que possa responder
ao meu chamado...

Vejo uma tela azul
escurecer bem devagar
e antes da lua aparecer
já tenho estrelas pra contar

quem pode responder
ao meu chamado?

Vento vira
Luz acende
Terra gira
Gente aprende
Noite chama
Chuva atende
Tempo muda
Sonho rende

Quem pode responder
ao meu chamado?

Quem está
além do mundo?
Quem está
ali do lado?
Quem está
aquém de tudo?
Quem está
ainda acordado?

Quem pode responder
ao meu chamado?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Maria sorrindo pra mim...




Mistério de luz
Amor de mãe
Olhos tão nus
E um véu de estrelas
As mãos estendidas
Orações amigas
Dona de toda paz
Senhora de todo sim
Sonho que se irradia
Com as cores de um jardim
Transparente alegria
Maria sorrindo pra mim...

Toda bendita
Mãe tão bonita
Doçura que não tem fim
Peito se agita
Luz infinita
Maria sorrindo pra mim...

No seu colo
Eu entendo o perdão
Tudo é solo
Na sua canção
Fertilidade a serviço
Da criação...
Felicidade
Juntar minhas mãos
Toda verdade
Toda inspiração
Humanidade
Divina assim
Toda bondade
Maria sorrindo pra mim...

Noite de maio




É, a noite trouxe a escuridão
sumiu com a estrada
apagou o horizonte da visão
deixou um rastro de nada
na previsão de mau tempo
ficou de cara amarrada
na solidão de um momento
foi virando madrugada...

É, a noite passou como um raio
fechou o tempo pra balanço
me trouxe o vento de maio
soprando os planos que tranço
pra depois do tempo bom
deixou a lua enclausurada
a nuvem apagou o neon
até o fim da madrugada...

E de repente chegou o fim da viagem
não tem mais passagem de volta
não tem mais manhã na paisagem
não tem mais nenhuma escolta

É noite de raio
é lume no breu
é treva de maio
é fogo no “eu”

Pulso além de mim




Pulso além de mim
nas veias de quem toquei
nas árvores que plantei
em algum jardim

Pulso além da vida
em amigos que cultivei
abrigos que visitei
na minha lida

Pulso além de mim
nas frentes que liderei
nas mentes que eu reguei
ao dizer sim

Pulso além do tempo
nos versos onde me dei
nas vezes em que tentei
dar o exemplo

Pulso além do fim
no amor que eu dediquei
no bem que realizei
além das fronteiras de mim...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Dreamsville




Na vila dos sonhos
na esquina da minha infância
ainda escuto você
me ensinando tolerância
dando exemplo de justiça
se fazendo até criança
pra eu poder entender
sobre as coisas da vida
que a gente não pode ter
depois do seu adeus...

Na vila dos sonhos
ouço Mancini e Jobim
Errol, Sinatra e Dick
e um arranhão no vinil já no fim
Entre o xadrez e o salão
o velho “Del Vecchio” na mão
entre a covinha e a enxaqueca
entre o amigo e o juiz,
meu pai, de calção ou de beca,
me ensinando a ser feliz...

Cortina da casa dos pais




Nuvem alaranjada
por de sol no céu nublado
face emoldurada
do horizonte entediado
hora de te dar as mãos
e olharmos na mesma direção
outro dia dando adeus
espetáculo nos céus
do fim da tarde...

Montanhas de gente
Estrelas cadentes
Miragens no mar
Ondas que vem cantar
Nas pedras salientes
Espumas fervescentes
Paisagem no olhar
Sonhos de algum lugar

E o farol faz a estrada de luz
sobre a escuridão das vagas azuis
ainda é cedo pra lua chegar
ainda é cedo pro tempo passar

Minha nuvem laranja
ainda esbanja seu brilho fugaz...
Sobre as ondas que parecem franjas
das cortinas da casa dos pais...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ditos não tão populares



Seguro
morreu de velho
sem lembranças
pra contar
aos netos...

Vingança
é um prato
que se come frio
e dá
indigestão...

Cão
que ladra
não morde
mas assusta
muita gente...

Farinha pouca
seu pirão
primeiro
e vai ficar
na solidão...

Dizem que a voz
do povo
é a voz
de Deus

mas cada cabeça
é uma sentença
e quem empresta,
adeus...

Mães




Mão que se transforma em aconchego
olhos que revelam dois faróis
seios que se inundam de amor
mãe e filho de repente são dois sóis

Tempo que não tem tanto sentido
sonhos que transbordam bem querer
veias que se aquecem pra passar calor
mãe e filho de repente são um ser

Leite, templo, choro, banho,
Tudo em movimento
Um caleidoscópio
de razão e sentimento
fruto, ventre, riso, manha
veste e alimento
Um estetoscópio
e o som da vida em andamento

Mãe e filho,
Mãe e filha
Tudo brilha diferente
quanta maravilha
nesta trilha
de ser gente...

A Mira da Vontade




Acorda mundo
ainda dá tempo
transformar a mente
mudar o exemplo
Buscar no fundo
com lente de aumento
nossa razão de ser gente
nossa missão de ser templo

Acorda mundo
antes que acabe o sol
dimensionar o centro de tudo
longe do “eu”
Faltam segundos
tem linha e anzol
descruzar os braços, parar de ser mudo
e resgatar o que se perdeu

Sonho
Utopia
Um dia vira
de verdade
Gira o mundo
pira acende
a mira da vontade!

As lições de Emaús (Lc 24, 13-35)




Este é um Evangelho que sempre me emociona.
Talvez porque esta passagem abrigue, simultaneamente, um “resumão” da mensagem principal de Cristo e uma confirmação de muitas de suas palavras, numa espécie de resgate que Ele faz de sua passagem sobre a Terra.
A primeira coisa que chama a atenção é o fato de serem dois discípulos caminhando numa estrada. Aí, logo após a sua morte terrena, Jesus aparece para confirmar:
-“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre eles”(Mt 18, 20)
E, ao se juntar aos dois de Emaús, forma um trio caminhando. Três, como na Trindade!
Diante das dúvidas, questionamentos e medos, o desconhecido viajante começa a lhes falar, esclarecendo as coisas, esmiuçando os detalhes, clareando tudo. Maravilhados e com os corações “aquecidos” por aquela presença, sentem-se seguros e caminham menos assombrados com os “últimos acontecimentos”... A Viagem se torna mais leve...
Quando chegam à sua casa, Jesus faz menção de seguir adiante. Então escuta:
-“Fica conosco, já é tarde e já declina o dia." (Lc, 24)
Ele tem a paciência de esperar para ser convidado e lhes fazer companhia em sua mesa, confirmando suas palavras:
-“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3.20)
Ele dá a liberdade aos homens para estar abertos à sua palavra, para então se revelar em suas vidas.
E, ao sentar com os dois para cear, é no gesto de repartir o pão e dar graças ao Pai que Ele se revela. E quando eles o reconhecem, desaparece de suas vistas por já se saber presente em seus corações...
Na partilha, no gesto, no pão, Jesus se manifesta, confirmando:
- “Tomai e comei. Este é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isso em minha memória.”(João 6)
E eles se enchem de coragem e voltam a Jerusalém para contar aos outros!
Já não têm mais medo. São absoluta certeza, agora. São generosidade e comunhão puras. Querem partilhar com os outros a experiência fantástica pela qual acabaram de passar...
Acabam de se transformar...
São verdadeiros cristãos, caminhando vivamente!
“Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os onze e os que com eles estavam. Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão."
È...
Caminhando, Jesus lhes deu alimento racional, lhes relembrou as escrituras, a missão do Messias, lhes preparou os corações. Revelou-se CAMINHO...
Aceitando permanecer com eles, Jesus lhes deu alimento emocional. Tornou-se próximo, amigo, sensível ao chamado e ao convite dos dois. Revelou-se VERDADE!
Sentando com eles, dando graças, partindo o pão e abrindo-lhes os olhos da fé, Jesus lhes deu alimento espiritual. Cumpriu suas promessas. Fez-se presente, visível, vivo. Revelou-se VIDA! Confirmando suas palavras:
-“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”(Jo, 14,6).
-“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo, 6).
- “É o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, pois o pão de Deus é aquele que veio do Céu e dá vida aos homens», (Jo 6,32-33).
- “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.” (João 11.25)”.
Ou seja, caminhando, permanecendo com eles, ceando e se revelando ressuscitado aos dois de Emaús, Jesus monta as peças do quebra-cabeças da fé, costura tudo, revela-se, transfigura-se novamente antes de desaparecer fisicamente, deixando no ar uma grande certeza. Vale a pena acreditar em cada palavra, em cada ensinamento. Vale a pena acreditar, quando Ele diz, depois de outras tantas manifestações, em suas últimas palavras aos discípulos, quem sabe em retribuição ao convite feito pelos dois de Emaús:
-"Eis que estarei convosco, todos os dias, até o final dos tempos"(Mt28:20)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Parte do Todo




Transporte-se...
Importe-se com o todo!
Você é parte, não é tudo...
Reparta-se...
Faça o que lhe cabe...
O que você sabe!
Aquilo pra que veio...
Arranje um meio!
Encontre-se...
Coloque seu talento
a serviço da vida!
Exporte-se...
Desmonte as trincheiras,
aponte as fronteiras
abaixe os escudos...
Além de si mesmo,
há tantos horizontes...
É possível desmontar
o quebra-cabeças
e remontar com um prazer diferente...
Enxergue-se!
No centro de um labirinto,
de um furacão, do caos,
na nave de uma igreja,
onde quer que seja,
busque o que está lá dentro...
Aprofunde-se...
Faça uma infusão de si mesmo
e beba de sua essência...
Todas as respostas virão
num cortejo límpido,
muito bem acompanhadas
de novas perguntas...
Renove-se!
Inove-se!
Seja todo
para todos entenderem
todo o desafio
que você representa!
Expanda-se!
Lá fora mais um dia cai...
E o tempo espera, sem pressa,
a hora que um dia,
inevitavelmente,
chegará!

Sobre a arte de curar



A forma, o corpo, a norma,
o sonho, o pulso, o toque,
a vida, a luta, o desafio...
Tudo por um fio!

Suor, sangue, paixão,
entrega, foco, missão,
a luta pela vida por um fio..
Um grande desafio!

Olho no olho, mão na mão,
confiança, esperança, solução,
a vida dura, esta dura vida,
de tocar a ferida em busca da cura!

Ciência, conhecimento, saber
sensibilidade, relacionamento, querer
o humano além do médico,
o conforto além do remédio,
a mão estendida, sempre,
na direção da vida!

Misteriosa arte de ser gente
que cuida de gente
arte de fazer a diferença
na hora do perigo
transformando doente
em paciente
e paciente em amigo!

Licença socio-política axé-musical Baiana a pedido do ManoVito



Dizem que com a morte de ACM,
quem manda na Bahia é Ozinho e Ozão...
Parecem que esqueceram de um Ozado...
Ooooooooohhhhhhhh, melhor deixar quieto.
Como já preconizava a música:
“Osiris proclamou matrimônio com Ísis
E o Irmão Set, Hiradu assassinou
Impera-ar”
Êêêêêêê Faraó oooooooooooooooooooo!
Êêêêêêê Faraó oooooooooooooooooooo!
Ó, façam suas apostas...
Entre Ozinho, Ozão, ou Ozado?
Quem fará Ó?

A Celebração da Vida (Dedicado a Fred e Camila)



Depois da tempestade de ontem, Obama, Osama, de quem foi mesmo a vitória?
Toda a raça humana perdeu!
Hoje a vida cala a morte com o nascimento de gente!
Em todos os cantos do planeta, mais gente chegando para se aventurar por aqui.
E recebemos com alegria a notícia da chegada de mais um chinês ao mundo.
Não um chinês qualquer. Um china brasileiro. Projetado e arquitetado nos traçados mais inspirados de Fred e sua esposa.
A vida pulsa!
O mundo se renova!
Ainda há esperança...
Esta criança, como outras tantas, chega para lembrar aos pais que sentimentos como ternura, amor, paixão e paz ainda fazem muito sentido!
Conceitos como família, elo, união, sossego, aconchego, são resgatados com sua chegada e o mundo ganha uma indimensão quase perdida na rotina diária dos bombardeios da mídia...
Enquanto lá fora o mundo celebra a morte, um arquiteto sonha e projeta um futuro melhor para seu filho...
Poderíamos todos ser contagiados por este momento dele...
E, por alguns instantes, celebrarmos a vida!
De tempos em tempos estes pequenos milagres acontecem perto de nós...
Parecem nos trazer um chamado, um canto, uma voz que vem nos lembrar o que há de mais sagrado em nosso caminho: a perpetuação da espécie, dos ideais mais nobres, dos sentimentos mais intensos, do verdadeiro significado da vida!
Alguma dúvida sobre isso?
Pergunta pro pai.
Fred explica!

A Celebração da Morte (em 01/05/2011)




O mundo foi dormir menos humano hoje. Mais brutalizado.
O diferencial de racionalidade da raça está se extinguindo.
Ví líderes, representando os mais diverso países, das mais diferentes nações, mostrarem sua cara para parabenizar alguém pelo assassinato de um semelhante. Um deles, sulamericano, chegou ao absurdo de atribuir a morte de Bin Laden a um milagre de João Paulo II.
Aonde estamos? Paramos de pensar?
Um terrorista a menos no mundo? Ou o mundo se igualando no terror? E na mesmice...
Alguns disseram:
-“Não, não foi vingança. Foi justiça!”
Pergunta pra família dos que morreram se foi justiça e o que é que eles estão querendo agora, se é justiça ou vingança...
O ocidente, representado pela nação “defensora” dos direitos e liberdades, retribui invasão com invasão, terror com terror, mortes com morte!
E mais...
Um povo se une e se reúne para celebrar a morte do “inimigo”...
As ruas se enchem, num festival irracional de manifestações descartáveis, dez anos depois de um ato que chocou e entristeceu o mundo inteiro, como se aquela alegria localizada pudesse apagar ou diminuir a dor de quem perdeu seus parentes e amigos naquele 11 de setembro.
Somos humanos, mesmo?
Há exemplos, na natureza, de predadores que, diante da morte de sua presa, são capazes de “adotar” seus filhotes, cuidando deles para que o ciclo da vida não seja interrompido.
Que exemplos estamos deixando a nossos filhos?
Que filhos estamos deixando pro planeta?
Celebrar a morte de um igual é até aceitável, quando a razão é acreditar que morte é passagem e passagem para uma dimensão melhor.
Sem nenhuma paixão política, sócio-ideológica, racista, não pestanejo ao eleger este tipo de sentimento e atitude como inimigos públicos muito mais perigosos e aterrorizantes do que um Osama ou um Obama. Não importa em que grau, não importa por quais motivos (não nos cabe julgar), ambos ordenaram a morte de semelhantes. E, neste patamar, as diferenças são mínimas.
Poder de destruição. Poder de alienação. Poder de convencimento.
De que lado? Por quais motivos? O que realmente interessa em tudo isso?
Em que, de fato, os humanos racionais estão se transformando...
Não cuidamos do planeta, não cuidamos de nossos sentimentos, não cuidamos de nós mesmos!
É o fim da humanidade?
Ou o final dos tempos?