sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quem é você?




Quem é você?
Quem você tem sido, é você de verdade?
E quem é você de verdade?
Ok, então me diz, o que é a verdade pra você?
Fala sério, de verdade...
Você já se olhou no espelho
e se perguntou, assim, olho no olho,
quem você é?
É, é com você mesmo!
Com quem mais seria?
Você é quem interessa agora.
Agora é entre você e você mesmo!
E nem inventa tentar atrapalhar,
Fugir do assunto, desconcentrar,
porque o papo é sério.
Fala aí, em uma palavra: Quem é você?
Quem interessa a você?
A quem você acha que interessa?
Ou não acha? Não sabe? Quem vai saber, eu?
Nem vem, cara, o papo agora é entre vocês...
Quem te chamou na história? Você!
Agora, vá saber quem te inspirou a fazer isso...
Taí, uma boa pergunta...
Quem te inspira?
E o que você inspira nos outros?
Quem sabe você possa me dizer
quem é a pessoa mais importante no mundo pra você agora...
Quem sabe você saiba me dizer se você é a pessoa mais importante do mundo pra alguém...
Quem sabe já foi? Quem sabe será?
Quem poderá dizer quem você ainda será?
Quem dera saber, não é? Quem dera poder prever, poder afirmar!
Mas quem foi que disse que é impossível?
Quem, eu?
Ah, por falar nisso, você sabe quem eu sou?
Então me diz quem é que te dá o direito de ir me julgando um doido qualquer só por causa de um texto que quer te fazer se conhecer melhor...
Então, exercita isso, procura responder a cada dia quem é você!
Quem sabe isso não te ajuda a se descobrir?
Quem sabe isso não te ajuda a revelar pra o mundo quem você é de verdade!
Quem sabe...
Bom, foi bom conhecer um pouco mais de você...
Quem sabe isso tudo não te fez até bem?
Se foi assim, quem ficou feliz agora fui eu, porque sou aprendiz diário deste ditado que diz:
Faça o bem, sem olhar a quem...
Quem se habilita?

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sequência



Trabalho
preciso de um tempo,
invento e espalho
a odisséia...
Não sou espantalho
no campo,
sou campo
onde nasce a idéia...

Exemplo
preciso de um canto
um tanto de vidas
mais sérias...
Não sou emissário
do vento,
sou vento
curtindo umas férias...

Sucesso
preciso de calma
um pouco de alma
na estréia...
Não sou andarilho
da fossa,
sou bossa
e invento a platéia...

Cansaço
preciso de um banho
me orgulho do não
à tragédia...
Não sou escafandro
do sonho,
risonho
eu me faço comédia...

A lei de ser




Em mim a noite adormeceu
bem depois da viração...
Pra eu entender o vento sorrir...
Um trem sozinho na estação...
Nenhuma luz no jardim...

Em mim o tempo da espera
não me diz mais de nós, meu bem...
Não vou sofrer,nem você chorar...
Basta entender que já passou...
Agora eu tento ser feliz...

Já não te sinto perto e nem por isso,
as minhas velhas verdades vão pro lixo...
Insisto em lutar, seja como for...

Não deixo pra trás meu compromisso,
pra ser feliz assim me basta isso...
O avesso de estar é o preço do amor...

A lei de ser te faz entender
que a lei de ser me faz te merecer....

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Chuva de Gostar




No meio da ponte
resolvi ficar
o sol no horizonte
vendo você passar

No banco adiante
da esquina do nosso bar
lembrança distante
vendo você chegar

No exato instante
do trem chegar
a estação minguante
nas horas a te esperar

Em cima do monte
da sina de te amar
a lágrima na fronte
é chuva de gostar

E outro dia vai passando
E outro dia vai passar
Sigo assim aqui te amando
Liga sim, quando chegar

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nunca duvide...




Nunca duvide
que eu te amei um dia
te coroei
num reino interior
me revelei
como fotografia
e desejei apenas
seu amor...

Nunca duvide
que eu te amei sem medo
com a intensidade
de quem só quer bem
me encantei
com todos seus segredos
te encantei com alguns
dos meus também...

Nunca duvide
que eu te amei um dia
e que esse dia
foi cada um dos dias
desde aquele dia
em que eu te conheci...

Sabe aquilo tudo?




Sabe aquele verso que não fiz?
Mesmo assim fiquei feliz por ler...
E aquele beijo que não tive?
Não deixei de ser feliz sem ele...

É que desde cedo entendi
que felicidade a gente bebe
da fonte que existe lá dentro
no centro da gente mesmo...

Sabe aquele sonho que ainda tenho?
É ele que me mantém de pé...
E aquela mania de questionar?
É uma intensa manifestação de fé!

É que desde sempre percebi
que acreditar é antídoto
que nos livra do veneno
do dreno da gente mesmo....

Então decidi ser profeta
Andarilho das palavras e gestos
Peregrino poeta
das causas e manifestos....

Sabe aquele cara que ainda sou?
É o menino que se vê no espelho
e como no livro de Sabino
não consegue se ver mais velho...

É que desde ontem eu aprendi
que viver não tem mistério...
É só não levar tão a sério
que a gente vive feliz...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Destinos



Se eu não sei onde vou
a estrada eu construo agora
Se eu não sei quando eu vou
a pegada é a minha história

Digo pra quem lê
que me atrevo a rir
sei que vou seguir
na hora
Deixo pra vocês
o que escrevo aqui
o que vejo e li
lá fora

Não sei se o presente
já foi ou virá
só sei que na mente
o sonho vai estar...
Não sei se o presente
já foi ou virá
só sei que na gente
o sonho vai estar

Se eu não sei porque vou
a incerteza é a lei sem toga
se eu não sei com quem vou
o abandono é a minha ioga

Deixo pra quem lê
o que escrevo aqui
tudo o que senti
na hora...
Digo pra quem lê
que me atrevo a rir
mas quando eu partir
não chora...

Não sei se o presente
já foi ou virá
só sei que na mente
o sonho vai estar...
Não sei se o presente
já foi ou virá
só sei que na gente
o sonho vai estar...

Só não sei como eu vou...

As águas de abril




As águas de março
transbordam em abril
encharcam os espaços
inundam o vazio

O mar está alto
bebeu mais um pouco
deslizes são sobressaltos
são gritos já roucos

O Rio está cheio
bebeu mais do que devia
a crise em teu seio
é pura melancolia

As águas de março
parecem não ter mais fim
são longos abraços
perdidos num tom Jobim

é pau, é pedra, é lixo, é lama,
é bicho, é drama, é tempo ruim...

Me diz




Me diz o que significa ficar
o que significa estar
me diz
o que significa ser feliz
e o que significa ser,
me diz...

Me diz
de alguma forma
me faz entender
o que é estar em paz
pra você,
o que isso te diz...

Me diz, me diz
o que é que eu fiz
ou o que eu preciso fazer
tudo o que eu quis
foi te querer feliz
por perceber
como eu amo você...

No fundo do seu olhar




De onde nasce o sol
de onde surge o mar
de onde parte o anzol
que vem pra me fisgar

De onde invade a luz
e aonde chamo lar
onde eu tiro o capuz
e entendo o que é um par

No fundo do seu olhar(2x)
Vem me contar
seus segredos num beijo
silêncio a me ensinar sua língua
com os ecos do meu desejo...

De onde o céu se revela
de onde se tece o som
as paredes são duas janelas,
duas telas de neon

De onde os sonhos nos velam
de onde acontece a canção
onde desfilam as estrelas
na íris da inspiração

No fundo do seu olhar(2x)
Vem me contar
seus segredos num beijo
silêncio a me ensinar sua língua
com os ecos do meu desejo...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Nuvem de vulcão



Nuvem de vulcão, rede de avião,
na mão invisível do céu...
Asas pelo chão, aeroporto é prisão,
até que as cinzas tirem seu véu...

A distância pesou, todo gelo derreteu
e o vento elevou
o fogo da terra
pelos ares...

O mundo acordou do sonho de Ícaro
Pés e mãos atados no chão...

Nuvem de vulcão, tudo agora é não,
passaporte é passagem de risco...
Asas pelo chão, jatos de desilusão,
lágrima no olhar é cisco...

E o mundo acordou do sonho de Ícaro
Pés e mãos atados no chão...

A Terra digita,
sinais de fumaça
O planeta grita,
salvem sua raça

Mas as pessoas
sentadas no saguão
só pensam e exigem
pegar o avião...

Nudez de criança



Nudez de criança
de dentro da terra
o corpo que dança
pintado pra guerra

Tudo natural
vida no quintal
folha pra sede
Porta de sisal
nada no varal
amor na rede

Num dia só
ninguém se rende
quem é que volta atrás?
Num dia só
não se aprende
como viver em paz...

Um índio
olhar de quem
conversa com Deus
através dos bichos
através das árvores
que Ele nos deu...

A vida é bem mais simples de viver



Não passe a vida em branco
risque e rasgue seu caderno
aguente firme o tranco
aposente o velho terno

Descalce o seu sapato
e pise a terra, assim, descalço
a essência está no mato
onde não há cadafalso

A vida é bem mais simples
do que a gente faz valer
A vida é bem mais simples
de viver...

Não negue um recomeço
limpe as mágoas da varanda
ou pague à vista o preço
de negar-se uma ciranda

Desfaça-se do medo
de não ter o que dizer pra alguém
há sempre algum segredo
de fazer o bem

A vida é bem mais simples
do que a gente faz valer
A vida é bem mais simples
de viver...

Onomato rock



Tic , tac
Toc , toc
o tempo é um baque
no onomato rock

Puf, ploft
Snif, snif
leve a vida mais soft
não escolha ser xerife

Nhac, nhac,
Trim, trim
cuidado com o crack
pode ser seu fim

Tic , tac
Toc , toc
o tempo é um baque
no onomato rock

Paf, clic
Smack, cof
um tapa pode ser chique
um beijo pode ser off

Tin, tin
Nhec, nhec
Um brinde àquele seu sim
Rangidos de um certo pileque...

Tic , tac
Toc , toc
o tempo é um baque
no onomato rock

Vrum, vrum,
Clap, clap
não ouço ruído nenhum,
palmas pro seu escape

Zum, zum, zum,
Fom, fom, fom
O big bang é um boom
De um bilhão de megatons

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Altar das surpresas


Sons de um tempo bom
num dia de chuva sem trégua
enquanto você escolhe o batom
eu passo a régua

Já não temos tempo
pra sonhar acordados
o pão não pode demorar
pra chegar na mesa

Então me diga
se aquele altar é só passado,
onde vamos celebrar
nossa certeza?



Bons tempos, velhos sons
o vinho é a trégua da uva
um brinde à linda “chanson”
e às alianças de luva...

Já não temos acordes
pra cantar o outro lado
o tempo demora a passar
enquanto você reza

Então me diga
se aquele altar é só passado,
onde vamos comungar
nossas surpresas?

Da janela de outra madrugada


Da janela de outra madrugada
volto a pensar que ainda não disse
quase nada do que esconde
nas maravilhas do mundo de Alice

Mergulho no seu mundo
pelo horizonte do olhar
mas sou apenas um vagabundo
tentando te decifrar

Esfinge dos contos de fada
cada reação é um novo desafio
Como entender seu apetite voraz
Fogo devorando pavio...

Na madrugada mais bela
penso em voltar a dizer que é linda
não escondo quase nada
mas não disse tudo ainda


O entulho do meu mundo
é uma ponte para alcançar
os terrenos dos segundos
que decifram seu tentar...

Fada dos contos da esfinge
velhos desafios nada mais são
que o voraz entendimento
do cio de uma paixão...

Na tela da madrugada
penso no sorriso que me brinda
nada esconde este seu quase
nos gestos nus de boas vindas ...

Como não fazer esta poesia?




Como explicar as flores
que não pintei ao te ver?
E o que dizer das cores
que não colhi pra você?

De tanto que te amei
não saberia dizer
o porque do silêncio
que havia em meus gritos...

Como explicar fantasias
que não cantei pra você?
E as canções que eu queria?

Como calar o desejo
de estar com você...
Como não fazer esta poesia?

De tanto que te amo
não saberia dizer
o motivo dos gritos
que existem em meu silêncio...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Rio de lama e lixo



Escorre
a dor pelo morro
entope
a boca de lobo
escolhe
a quem dar socorro
e encharca
os olhos do bobo...

Percorre
o lixo e a lama
ensopa
a rua e a fronte
acolhe
o rio e seu drama
e embaça
todo horizonte...

Ninguém
prefere o risco
do abismo
e da morte
Será que alguém
vai tirar o cisco
do cinismo, ser forte?

Mudar a sorte
de quem não morreu...
Dar outro norte
a quem sobreviveu...

Sol e chuva




Sol
no veio da chuva
um raio no atol
de nuvens condensadas
Dourado a se opor
na tela acinzentada...

Sol
no seio da tempestade
pavio em paiol
de águas sublimadas
textura de cor,
janela patinada...

No meio de tanto frio
um fio de luz aquece
as gotas que estão no cio...
Alheio a tanto vazio
um Rio conduz a prece
pelo estio....

Aventuras de Moinho



Longe de mim
ficar perto
de você...

Tudo é assim
tão estranho...

Nunca mais vou dizer
que estou certo
sem saber...

Sei que ao perder,
também ganho...

Deixo o vento contar
aventuras de moinho
no ouvido...

Deixo a chuva trazer
a doçura de um carinho,
sentido...


Perto de você
fico longe de mim,
por horas...

Nada é ruim
neste instante...

Sempre vejo em você
mar aberto sem fim
e agora?

Ao me encolher,
sou gigante...

Deixo o vento contar
aventuras de moinho
no ouvido...

Deixo a chuva trazer
a doçura de um carinho,
sentido...


E as loucuras
de um caminho
sem sentido....

sábado, 10 de abril de 2010

Mana Maná




Há gente em nossa vida
que já faz parte dela pra sempre
desde a hora em que a gente
toma mesmo forma de gente...

Gente que nos viu chegar
e, com certeza, nos verá partir...

Gente que nos faz sorrir
e, em outras vezes, já nos viu chorar...

Gente que pensa parecido,
que sente parecido,
que se ocupa em se preocupar
com o que nos preocupa...

Há gente em nossa história
que ajudou a nos moldar...

Gente de todo sempre,
de Brasília, Fortaleza, Bahia...

Referência de verdade
em responsabilidade...

Gente que é filha, mãe,
"espouza", amiga, madrinha,
cunhada, tia e irmã,
sem perder a linha...

Gente que com traços precisos
projetou sua história de vida,
às vezes sendo elo,
às vezes sendo aviso,
num belo improviso
da mais bela arquitetura...

Genética familiar? Exemplo seguido?
Entre Carmelas e Tecas de um lado,
Dulces, Lelinhas e Estelas do outro,
uma espécié se perpetua,
de gente de bem,
família, presente,
gente que dá orgulho na gente
por ser nossa parente...

Porque alimenta nosso tempo,
porque alimenta nosso mundo,
porque se parte e reparte para servir...

Alimento de um dia,
sustento de uma vida,
uma presença querida,
Maná, Mana,
Luciana...

Sobre o perdão



Portas que se abrem
para um perdão verdadeiro
são fachos de um farol
no meio do nevoeiro...

Abraços de luz
que conduzem no escuro
no meio da tempestade
o mapa de um porto seguro

Braços que se abrem
para um perdão verdadeiro
são como cachos de esperança
num momento de desespero...

Laços de luz
que resgatam pra terra
sob o sol da verdade
de que todo mundo erra...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As crateras da Lua, um soldadinho de chumbo ou os relevos do "Homem"?




Hoje é dia de celebração.
Dia de velas, ou melhor, Vela!
Dia do amigo distante, sempre presente em lembranças de um tempo que só volta no "youtube" da memória.
O franzino colega de tez pálida, sempre queixoso da saúde, com um humor ácido e atitudes inesperadas, vai habitar sempre os causos que conto sobre meu tempo de estudante.
Como esquecer alguém capaz de chamar um professor de mico, assim, cara a cara, ainda mais um "mestre" de nome Petronílio?
Como não lembrar de alguém capaz de, correndo ao seu lado, em plena aula de Educação Física,abrir a boca pra dizer que aquela imunidade baixa que lhe provocava cansaço, com certeza era alguma doença maligna, algum "Sarcoma de Kaposi"...
Como esquecer uma criatura que se estabocou com sua cadeira, em plena aula de matemática, foi expulso da sala com um sonoro "raussssss" do também inesquecível Padre Hugo e ainda saiu blasfemando contra todas as gerações do "pobre religioso"
e de toda a comunidade Vieirense?
Como apagar da memória a arapuca "armada" por esta criatura, para Cebola, outro indefectível colega, esmurrar a "Tia do Demo", subdiretora da Escola?
Não dá, grande Vela. Com suas histórias, você marcou história.
Mas entre todas as suas histórias, a mais brilhante, sem dúvida, que me faz chorar de rir até hoje, foi a que envolveu seu telescópio,as crateras da lua, um soldadinho de chumbo e os contornos do "homem"...
Explico: Vela tinha por hábito fotografar a lua, acoplando sua máquina ao telescópio que possuía em casa. Algumas vezes tive a oportunidade de ver fotos belíssimas das crateras da lua tiradas por ele. Acontece que além de "protótipo de cientista louco" nosso "herói" também tinha suas inclinações para a "tara sexual", de modo que o telescópio também era usado para fins menos nobres (para alguns, talvez, até mais nobres), como ficar espionando uma das "gostosas da sala", como ele mesmo as batizava.
Esta, em especial, que morava perto dele e da escola, apelidávamos de o "homem", não só pela forma decidida e indiferente que caminhava pelas ruas e pelo colégio, mas também pela forma como se dirigia a seus colegas do sexo masculino.
Vou manter este apelido, não só para preservar a sua identidade, como o faço com o protagonista desta história, mas também para evitar qualquer processo ou retaliação contra esta "angelical crônica de um tempo de escola" e seu autor.
Nada disso, porém, quebrava o encanto que suas formas traziam aos adolescentes rapazes, colegas de sala, entre os quais, em entusiasmo e secura, se destacava Vela.
Pois bem, certo dia chego na sala de aula e ele, com a cara mais limpa do mundo, me diz:
"-Pergunta aí pro "homem" se a toalha que ela se enxugou hoje, ao sair do banho, não era rosa?
No ato eu respondi:
-"É pra perguntar mesmo?"
E num daqueles ataques de "semnoçãozice", característicos de minha pessoa, virei pra ela e mandei:
- Fulana, Vela tá dizendo aqui que a toalha que você se enxugou hoje era rosa. Confere?
Lógico que dei a esta pergunta o tom necessário para que ela entendesse que o tarado ali em frente a havia visto como veio ao mundo...
Não querendo dar o braço a torcer de que havia sido "vasculhada" em sua intimidade, ela mandou de volta:
- Ele está dizendo isso porque depois que me enxugo com a cortina fechada eu coloco a toalha para secar na janela. Ele só viu a toalha...
Impassível, mas já com um largo sorriso vitorioso na boca e com o sangue tingindo sua fronte pálida, larga Vela de lá:
- E o soldadinho de chumbo que fica na terceira prateleira da estante branca?
Branca como uma vela ficou a face de nossa colega "homem" ao ouvir aquela declaração inequívoca sobre o grau de detalhe que havia sido captado pelo potente telescópio em questão. Ali ela percebeu que havia sido submetida a uma "ressonância magnética" por parte de nosso maquiavélico ET.
Impagável e inesquecível a resenha de depois...
Até hoje não sei bem em detalhes o que foi visto por Vela. Se as crateras do "homem",
se o chumbo do soldado ou o relevo da lua...
Mas não é todo mundo que tem uma história destas pra contar para as novas gerações...
Então, fica minha homenagem, no dia do seu aniversário a este cientista louco, o doce tarado, quase alienígena, e sempre grande amigo, Vela!
Celebre sua vida, irmão!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Leitura de Testamento



Rastros, marolas, pegadas
algumas pistas para seguir
sem dar na vista, sem querer nada,
nenhum intuito de proibir...

Gestos, palavras, cantos
alguns sentidos pra evoluir
só dar a idéia, ninguém é santo,
mas outra mão pode construir...

Continuar na estrada ou não
depende de vocês
manter a rota e a direção
depende só de vocês...


Mastros, cartolas, espadas
bandeiras para aderir...
Seja de bobeira, seja na balada
saber em que investir...

Restos, mancadas, prantos
qualquer motivo que faça rir
se o sol é um e os amigos tantos
o que importa é jamais ferir...

Continuar na estrada ou não
depende de vocês
manter a rota e a direção
depende só de vocês...

Se o amor não lhe servir



Quando um rei
quer amor
o seu trono
já não importa

Quando um rei
quer amor
seu castelo
enfim abre as portas

Todo o seu poder
não pode garantir
que o amor que o faz sorrir
seja recíproco...
Pra que tanto poder,
se o amor não lhe servir?
Quem pode usufruir
de um equívoco?

Quando um rei
quer amor,
não há lei
para alguém que adora...

Quando um rei
quer amor,
se transforma
em mais um e chora...

Todo o seu poder
não pode garantir
que o amor que o faz sorrir
seja recíproco...
Pra que tanto poder,
se o amor não lhe servir?
Quem pode usufruir
de um equívoco?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Deus não tem nada com isso



Falsos profetas,
está na Bíblia,
o pior cego
é o que não quer saber...

Olhos vendados,
bocas fechadas,
verdade encoberta
pra ninguém saber...

Deus não tem nada com isso
Esta falta de compromisso
É desta raça de víboras
Deus não tem nada com isso...

Notícias de Londres



Lá de Londres
da terra dos quatro
manda algum retrato
ou um começo de canção

Onde andará
a rainha?
E a princesa
do bem?
Entre tantos
castelos
você se sente
rei também?

Lá de longe
da terra dos besouros
transforme cada libra em ouro
e volte com a canção

Cada passo de uma vez



Mais um tropeço
no caminho
mas ninguém está
sozinho
há sempre alguém
oferecendo a mão
e te ajudando
a levantar...

Quedas são
sustos que te elevam
te dão força
para se erguer
e aprender
a deixar passar.

Cada passo
de uma vez
um dia, uma semana,
um mês...
Pra tudo há um tempo
um momento termina
quando o outro começa
não tenha pressa
da próxima vez...

A mensagem de Emaús



Jesus Cristo!
Uma vida que marcou a história...
Ninguém é indiferente ao seu nome.
Há os que o enxergam como Deus feito homem e os que o consideram um homem transformado em Deus pelos homens.
Há os que crêem nele como o filho de Deus e os que acreditam que ele foi somente mais um filho de Deus.
Mas até para os mais descrentes, Jesus é admirado como ser humano, pelos valores que trouxe ao mundo e pela coragem de dar a sua vida por eles.
Milhares de exemplos se seguiram nestes 2000 anos.
Alguns inspirados em seus ensinamentos, outros motivados por suas próprias causas e crenças pessoais.
Na Páscoa, ao relembrarmos os últimos dias de Jesus na Terra, além dos rituais do Lava-pés, da Instituição da Eucaristia, da paixão, morte e ressurreição, além do sepúlcro vazio, da incredulidade de Tomé, do medo dos discípulos, uma passagem me chama, de maneira muito pessoal, a atenção: o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús. Muito menos pelo aspecto divino, mas pela incrível capacidade demonstrada por Cristo de realizar, com coerência e fidelidade, o que dizia.
Um pequeno resumo dos fatos: Dois discípulos caminhavam de jerusalem até Emaús, um lugarejo próximo. Como era de se esperar comentavam os acontecimentos da Páscoa. Eis que surge um andarilho entre eles, desconhecendo o ocorrido. Depois de lhes relatarem a forma como Jesus havia morrido, passaram a escutar do viajante uma brilhante associação dos fatos com as predições das antigas escrituras.
Ao chegarem à sua casa, como o desconhecido fizesse menção de continuar o caminho, insistiram para que ceasse com eles, pois estavam maravilhados com seu conhecimento.
Ao se sentarem na mesa, o desconhecido pegou o pão e o partiu e, neste gesto, eles reconheceram Jesus. Ele então desapareceu diante de seus olhos e eles, ainda mais maravilhados, correram de volta a Jerusalém para contar aos apóstolos o que tinham vivido.
Nesta pequena passagem há uma série de aprendizados à nossa disposição.
Primeiro: ao aparecer para dois discípulos, Jesus cumpre a promessa que fez:"onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, ali estarei entre eles"!
Segundo: Ele aparece a pessoas que estavam a caminho, não a pessoas que estavam paradas. Mais uma vez, o "andarilho" da fé se mantém coerente e mostra que veio ao mundo para que as pessoas se mexam: "Siga-me" é o seu chamado constante.
Terceiro: Embora presente entre eles desde a saída de Jerusalem, Jesus só se revela através do pão, no gesto de repartí-lo e, mais uma vez, traz coerência entre discurso e ação. "Isto é o meu corpo, façam isto em memória de mim!"
Neste encontro de Emaús, Jesus vive intensamente o que pregou, trazendo ainda mais luz, coerência e força aos seus ensinamentos...
Uma grande mensagem para a igreja de hoje, uma instituição repleta de incoerência e hipocrisia entre o que prega e como age. Uma instituição muito parecida com aquela praticada pelos "vendilhões do templo", pela "raça de víboras", pelos "sepúlcros caiados", aos quais Jesus se dirigiu com tanta indignação, com tanta intensidade.
Fica a reflexão de um leigo, apaixonado por Cristo e pela sua humanidade que gostaria muito de reconhecer hoje, no Papa, nos bispos e em muitos padres, traços da coerência de Jesus. Emaús está aí... Uma grande oportunidade de aprender, mais uma vez, com o Cristo!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dias de mentira e verdade


Dia da mentira passou,
tempo da verdade chegou...
Quem vai gritar desta vez
a favor de Barrabas?

Quem vai condenar o justo
e libertar o ladrão?
Quem vai repetir
as mesmas cenas da Paixão?

Tempo da mentira passou
chegou o dia da verdade
a hora chegou
já são três da tarde...

Quem vai bater o martelo,
fixar os pregos?
Quem vai olhar tudo isso
e continuar cego?

Ontem, primeiro de abril,
hoje Sexta-feira santa...
O universo se confundiu,
diante da dor de uma santa....