sábado, 30 de janeiro de 2010

O ano da graça




Um rei morreu
Um elefante já se esqueceu
quer ocupar um trono
que não agüenta
o peso do seu dono...

E a história se repete
preparem serpentinas,
balas, confetes,
o carnaval vai passar
e o rei vai virar pivete...

Ninguém é dono
do trono, não
ninguém vai falar
por nós
ninguém é dono
da voz
e a foz se renova
em cada canção...

De volta ao destino
preparem os rojões,
as bombas e adrianinos,
o São João vai chegar
quem são os clandestinos?

Alguém é puro abandono
no sono da cidade
semeia uma mensagem
de generosidade
pra libertar o cego,
que só enxerga o ego
além do próprio umbigo....

De volta à velha paz
preparem as canções
e os velhos rituais
de antigas tradições
pra celebrar os Natais...

Mais um ano de graça
se passou...
Preparem nossas taças,
vamos brindar...
ao amor!

Palavras




Palavra
que sai da boca
que vem da mente
que não parou
pra pensar...

Palavra
que alguém já troca
maldosamente
e muda tudo
que se quis falar...

Dar a palavra
que não se disse
uma palavra
que vale cem
Quantas palavras
são só mesmice
Qual a palavra maior
que honra de alguém?

Já não se sabia
o que hoje em dia
ninguém
sabe ao certo
se entenderia
a palavra exata
da lei
Já não se sabia
o que hoje em dia
faria alguém
no meio do deserto
com sede de fantasia
diante da palavra do rei...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Papo de canção




Ouça a minha voz
escute o eco
o eco
Transforme
o som
em palavra
Palavra
que eu tentei
te dizer
qualquer
coisa
E aí,
como vão
as coisas?
Fala aí,
conta pra mim
sobre a sua vida
Fala qualquer coisa,
diz uma palavra,
faça algum som
me deixe ouvir
o eco
o eco
o eco...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

a desenhista bacana




De onde parte
o trem
que faz a sua arte
acontecer?

Uma fumaça
no céu,
desenho sobre
o papel
e na cabeça
uma viagem
só sua
e a pé, até
o mundo
da lua...

De onde parte
o navio
que acende a arte
num pavio?

Uma espuma
no mar,
fazendo o azul
se mesclar
e na cabeça
uma viagem
secreta
de carona
até a tona
de curvas e retas...

Ponto onde começa
a se traçar
a história concreta
que vai te laçar
e te fazer arquiteta
do seu próprio futuro
seu porto seguro
vai sempre estar
a te esperar...

Sua calçada




Limpe sua calçada
Economize água
Dê uma gargalhada
Pra esquecer a mágoa

Cante no seu carro, reze no chuveiro
Dance, tire um sarro, coma um brigadeiro

Se dê um tempo
pra aprender a parar
ninguém se dá
além do próprio suor
Se o horizonte
precisa de um mar
o sol precisa dele
para se pôr...

Somos mortais
sempre a buscar
de onde brota
a fonte da luz
faça sua parte
vá buscar
o seu lugar
no meio destes azuis

Há tanto céu,
há tanto mar,
não há quem tire
o sonho de nós
Nascemos livres
pra encontrar
a linha reta
até nossa foz...

Olhe pro fundo
de outro olhar
e vai se ver
no centro do sol

Brinde as estrelas
Beba o luar
Devolva o peixe
Fique com o anzol

Esquinas do tempo




Onde foi que te perdi
nas esquinas do tempo?
Você chegou atrasada
ou eu me adiantei?

Faltam dois
pra outra era
já passamos
da hora
nosso amor
vem em “teras”
e o passado
é agora...

Entre a meia noite
e o meio dia
um mundo inteiro
gira...

São ponteiros
de um relógio
que guardei
no coração...

Entre o meio dia
e a noite inteira,
dois corações
se partem ao meio

São segundos
que se perdem
entre o amor
e a razão...

Tempo de ficar
sem tempo
pra brincar
de esconde-esconde
em qualquer lugar
aonde
a gente possa
se perder...
mais uma vez...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Amor reinventado




Não ligue
se eu falei
o que seu coração
não queria...

Se ligue
eu já nem sei
qual era mesmo a razão
que a gente discutia...

Só sei
que não me sinto bem
de não estar de bem
com você...
E eu sei
que sinto isso também
em você, meu bem,
em você...

Me ligue,
de qualquer lugar
me faça surpresa
me faça chorar
e rir ao mesmo tempo
atenda o celulat
e dê ao nosso amor
uma lente de aumento
atende por favor...

Se ligue
eu já nem sei
qual era mesmo a razão
que a gente discutia...

Não ligue
se eu falei
o que seu coração
não queria...

Me ligue
ou deixa eu te ligar
de novo a nós dois
depois a gente
inventa uma forma
de tentar
reinventar o amor
seja como for...

Fez meu peito arder



Horizonte
entre o céu e o mar
curva errante
que lembra você
por do sol
que vi em seu olhar
por de olhar
que fez meu peito arder

Numa ponte
ou em qualquer lugar
eu distante
do seu bem querer
sou minguante
sem o seu luar
tanto brilho
fez meu peito arder

Da janela
vejo um movimento
quero acreditar
e não consigo
é você correndo
contra o vento
pra de novo
ser o meu abrigo

Corro pra porta
do velho apartamento
quero te esperar
mas não consigo
o elevador
é tão pequeno
pros abraços
que levo comigo...

No horizonte
deste seu olhar
seu semblante
volta a ser meu
me transporta
pra qualquer lugar
onde a gente encontre
o que perdeu...

A hora de fazer



Voltei no tempo para te ver chegar
Na minha frente apenas o céu
Fechei os olhos, respirei devagar
Limpei minha cabeça...

Contei as horas, mas o sol não brilhou
Corri o mundo sem sair do lugar
Falei de amor, ninguém escutou,
Mas já valeu eu não me calar

Deixar estar, no ar, na voz,
Em algum lugar do Planeta azul
O que, de fato, vem da foz,
Indecifráveis cifras de blues

Se a Terra inteira vai girar
Saber o tempo, entrar na dança
Ninguém sabe ao certo o que virá
Melhor estar perto e não perder
A hora de fazer...


Cansei de tudo mas não olhei pra trás
Depois de nós, alguém vai chegar
Melhor calar e deixar em paz
Futuro que aconteça

Ser transparente e acreditar
Dias de luz ainda virão
E alguém rirá do que se passou
Quando escutar essa nossa canção

Deixar estar, no ar, na voz,
Em algum lugar do Planeta azul
O que, de fato, vem da foz,
Indecifráveis cifras de blues

Se a Terra inteira vai girar
Saber o tempo, entrar na dança
Ninguém sabe ao certo o que virá
Melhor estar perto e não perder
A hora de fazer...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dois




Sol
que traz
o mar até você

Mar
que vem
na praia te beijar

Onda
que se atira
nos teus pés

Verão pra se jogar

Céu
que faz
a nuvem acontecer

Paz
que chove forte
em seu olhar

Luz
que enche a noite
de prazer

Verão pra namorar

Vem fazer de conta
Que o tempo vai parar
Vem sonhar que a vida
É só vontade de amar
Vem que só existe você
Sem medo de me arrepender

Vem sonhar comigo
Sem vontade de acordar
Não há nenhum perigo
Nosso porto é o luar
Sem medo de se arrepender
Vem que só existe você...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pegadas manuais



De que interessam a você
as opiniões que tenho sobre o mundo?
São verdades que trago nas veias,
inteiras, nunca meias,
nas teias de um sonhador vagabundo...

De que interessam a você
as emoções que transcrevo sobre a vida?
Sou só um servo solitário
a limpar o armário onde se guarda
a própria farda adquirida...

Não deixo mensagens
para os que não precisam ler...
Seus conhecimentos os sustentam...
Muito menos aos que não querem sofrer...
Jamais mergulharão a fundo
em qualquer sentimento...

O que escrevo são só pegadas
de minhas mãos cansadas
de gestos vãos...
Não existe pretensão,
muito menos segredo,
apenas a missão
de encarar o próprio medo...

Nada é brinquedo...
Tudo é diversão...
E quando a gente achar que é cedo,
tarde se fez num coração...

Novo Gênesis



Quais são
mesmo os seus nomes?
Vocês possuem identidade
ou são meros clones?

Quais são
as suas preferências?
Vocês tem opinião própria
ou são seres sem consciência?

Quem são seus autores,
seu músicos, seus cantores?
Quem são seus artistas?
Seus profetas futuristas?

Quem trouxe a novidade
que lhes cativou?
Ou simplesmente copiaram
a mediocridade
que alguém deixou?

Onde estão os que falarão
pela geração do I pod...
Eles defenderão suas vontades,
ou não poderão???

Quando e onde vocês
mudarão de conduta?
Terão opinião
contra as vertentes
prostitutas
que transformam sumo
em consumo
e beijo em desejo...

Somente silêncio...

Mas foi no silêncio,
quando não havia nada,
que se deu o gênesis...

Que venha então
a transformação esperada...

Tirania da humanidade



Ser humano
não significa
ser omisso
bem ao contrário
ser humano é
ser templário
com seu próprio
compromisso

É que desde
o início
nos tornamos
escravos
do desperdício

Desperdiçamos
água desde que nascemos
ao nos tornarmos
humanos
simplesmente choramos...
Será que tão pequenos
já nos percebemos
no precipício?

Ser humano
necessariamente
não determina
ser gente...
Por inconsequência
ou simples incoerência
há tantos humanos
ditos racionais
absolutamente insanos
que cabe perguntar
quem são mesmo os animais...

Por que
mesmo que seja por instinto
o animal não se repete
naquilo que vai voltar contra ele...
Basta uma lição,
um pequeno aprendizado
e o animal aprende a ter cuidado
com o que pode causar sua extinção...

Nós, não...
Contra toda natureza,
contra toda beleza,
o ser humano insiste,
persiste em dizer não
a si mesmo, às futuras gerações...
"Não se meta, não é da sua conta,
vou destruir o planeta,
de ponta a ponta, sim!"
Pergunte pro financeiro,
é uma questão de dinheiro,
de somas altíssimas,
de fome de poder..."

Somos os abutres do reino,
destruímos tudo!
Não há mineral, vegetal ou animal
que seja poupado...

Vamos consumir...

Tudo! Todos!

Até nossas origens...
Vamos negar também o fato
de que somos diferentes...
Vamos negar os meus,
os seus, vamos negar até Deus!
Somos capazes,
capatazes de uma irracionalidade mórbida!
Vamos às notícias,
se possível, vamos às mais sórdidas...
Vamos em frente, somos tratores,
somos máquinas de destruição e guerra,
vamos devastar a Terra,
somos os gametas da destruição...

Humanos...
Insanos...
Tiranos...
Ciganos...

Não sois gente...
Gado é que sois...

Lógica de Eco



Segue a curva do rio
A água no cio
Querendo vingar a terra

Segue o fogo no pavio
espantando o frio
no centro da guerra

Onde está
a lógica do eco?
Grita um paraquedista
pulando de um teco-teco
procurando algum boteco
pra deixar alguma pista
pra deixar alguma lista
que produza algum eco...

Persegue o seu suor
o sol está maior
querendo gritar pra Terra

E ergue o seu calor
seu brado de amor
pronto, tão pronto que berra

Onde está
o eco lógico?
Grita um paraquedista
Caindo em algum zoológico
Procurando uma resposta
pra deixar ali, à vista
só pra ver se alguém se arrisca
a um grito antropológico...

Tudo que a gente faz
Tudo que a gente diz
Um dia vai voltar
Fazendo eco no nariz...

Tempo de seguir em frente




Tempo de parar
Ponto de seguir
Seta de ser livre
Liberdade de sorrir

Riso de brincar
Brincadeira de correr
Corre-corre sem parar
Parada pra se ver

E o desfile só passa
Se tiver gente pra assistir
Uma banda que marcha
E um povo inteiro querendo ouvir

Ouve o que eles tocam
Toca de emoção
Emocionam quem vê
A Vista e em prestação

Presta muita atenção
Atenta uma platéia
Aplaudindo de pé
Quem bota o pé na canção...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Do tamanho da sua honra




Guarde a notícia
divulgue o silêncio
sempre é mais fácil
explicar que entender...

Mude de ofício
pro reciclado
vale mais o papel
ou a palavra a escrever?

Todo mundo
é do tamanho
da honra que carrega
no peito

Só me chame
de estranho
se tiver certeza que o certo
é seu jeito...

Largue a preguiça
chame o trabalho
o que vale mais
o suor ou o dinheiro?

Tudo é difícil
se está errado
ser clandestino
ou estrangeiro?

Todo mundo
é do tamanho
da honra que carrega
no peito

Só me chame
de estranho
se tiver certeza que o certo
é seu jeito...

Ao menos faça a sua parte




Tudo vai passar,
imagine que o tempo
é seu primeiro amor
as lembranças boas ficam
e o pior passou
se não foi perfeito,
acelerou o coração
e ensinou que tudo aqui
tem sua hora
tempo de acordar
ainda é muito cedo pra chorar
abra sua janela
nesse fim de tarde
se permita o proibido

E ao menos faça a sua parte
a vida é parte de si mesma
ao menos faça alguma arte
que pelo menos surpreenda
a todos que amou...


Ninguém vai ligar
não espere que o momento
caia em sua mão
acelere o movimento
em sua direção
faça a sua própria lenda se concretizar
e eternize o seu nome
e sua hora
tempo de acordar
ainda é muito cedo pra chorar
abra sua janela
nesse fim de tarde
se permita o proibido

E ao menos faça a sua parte
a vida é parte de si mesma
ao menos faça alguma arte
que pelo menos surpreenda
a todos que amou...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pulsações




Tardes
passadas
a limpo
em sonhos
de espaços
sem negações...

Prontos,
guardados
e livres
em doces
palavras
e pulsações...

O inesperado
cabe na palma da mão
não há desculpas
quando há solidão
O inusitado
parte da ponta dos dedos
matando as culpas
e toda frustração...

A caminho
da tal felicidade
cada momento
é um sol
dentro de alguém
que arde...

Os espinhos
mortos na verdade
e o sentimento
é um só
centro de alguém
cedo ou tarde...

Longe




Longe
Você esta perto
Tão viva
Você é deserto
E o sol
é só um candelabro
diante da tua luz...

Frágil
Você está forte
Ágil
Nunca perde o porte
E o céu
É só um tapete
Em seus olhos nús....

E agora eu sei
que teme não me olhar de novo
como um dia olhou pra mim...
E agora eu sei
Que treme por pensar em outra
Forma de olhar pra mim....

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Ponte




De cima daquela ponte,
por alguns segundos,
o mundo me pareceu perfeito...

Tudo em harmonia,
céu e mar de mãos dadas
com um mesmo horizonte no peito...

De cima daquela ponte,
por alguns instantes,
olhei no espelho de Deus...

E tudo o que eu via,
não era mais como antes,
ganhou contornos só seus...

De cima daquela ponte
eu vi mulher e filha descalças,
desfrutando a liberdade...

Tudo em sintonia,
curvas e vento dançando valsas,
num momento sem idade...

De cima daquela ponte
contemplei a Terra inteira
num pedaço de baía...

Tudo, ali, bem defronte,
numa ilusão passageira,
como a vida que antes eu via...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Luzes, câmara, ação



Um assobio
um eco no vazio
um passo em falso
a forca, o cadafalso
Um elogio,
Um envolvente cio
Um laço, um abraço,
a roupa pro espaço...

Dois corpos
completando
o seu sentido,
as palavras,
a libido,
tudo se encontrando...

Dois elos
paralelos
consentidos,
os amores
proibidos,
nada escapando...

Uma novela
o script na tela,
a cada quadro
a forma, o agrado
Uma antena
os fantasmas de uma cena
o personagem enquadrado
centralizado...

Sabedoria...




Você ainda
sabe tão pouco
sobre a vida
e a vida
sabe tanta coisa
de você...

Você dispara
por aí feito
uma bala perdida
é tão cedo
em sua estrada
e a minha noite não tarda...

E você
teima em não
me ouvir
e eu me vejo
em você
por que um dia
também
fui assim...

Então só resta rir
da ironia da vida,
rir por saber
tão pouco sobre a vida...
Resta rir
olhando pra você
rir de mim mesmo
me vendo em você...

Amor de um dia só



Depois de amanhã
foi só um sonho
que aconteceu antes
da gente se perder...

Ontem eu podia jurar
que havia nós dois
em seu sorriso...

Será que era
mesmo preciso
a gente se machucar?

Depois de amanhã
foi só mais um plano
que se perdeu nos enganos
do amor de um só dia...

E eu podia jurar
que, ainda ontem,
você sorria,
acreditando
num depois...

Eu queria apostar
no amor de anteontem,
mas perdi apenas tempo
acreditando em nós dois...

As duas faces da lei




Você está realmente do meu lado?
Ou só finge sonhar na minha cama?
Você esteve algum dia do meu lado?
Ou só me estendeu a mão suja de lama?

Quem foi o cego nessa história?
Quem desequilibrou a balança?
Foi a justiça que se tornou escória?
Ou foi a lei que entrou na dança?

Onde você está quando eu preciso?
Onde está a ordem que te formou?
Cadê a honra do seu distintivo?
E a medida do seu valor?

O seu coturno afundado no esgoto
E a sua arma na mão do ladrão
O seu colete já está todo roto
E a sua mira é a corrupção

Quem foi o cego nessa história toda?
Quem foi que assassinou a balança?
Foi a justiça que se tornou escória?
Ou foi a lei que entrou na dança?

Façam suas apostas


Façam suas apostas
mais uma vez
as cartas estão nas mãos
de cada novo freguês

Façam seu jogo
apostem na sorte
vejam o dinheiro transformar
a vida em morte...

O que é que é mesmo ter fé?
Acreditar em Deus e duvidar do futuro?
Colocar em xeque até o amor?
Gritar amém num dia e no outro um esconjuro?


Façam suas apostas
eu já estou fora
as notas estão na mesa
a hora é agora

Façam seu jogo
apostem o que não tem
vejam o dinheiro transformar
uma pessoa em ninguém...

O que é mesmo ter Deus?
Acreditar na fé e duvidar do futuro?
Colocar o amor em xeque?
Dia após dia se equilibrar sobre um muro?

Meu tempo




Meu tempo
já foi
já vivi
o que era preciso
cada lágrima
ou sorriso
valeu por si...

Meu tempo
já foi
já deu
virou história
toda mentira
ou memória
se perdeu...

Não existe
mais por que lutar
não existe mais
por quem mudar
quando não existe
amanhã
não há porque
insistir no futuro
então vamos
deixar o muro
no seu lugar...

Meu tempo
já era
já passou
virou pó
não há mais ninguém
estou só
tudo acabou...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Devaneios




Ainda faltam dez pra outro dia
e outro dia sempre traz no peito
a esperança de ser bom...

Eu marquei encontro com a poesia
e outro verso sempre dá um jeito
de se misturar com um som...

A chuva não tem se atrasado mais
e da janela eu posso ver
ela vestida de cinza...

Ainda faltam três pra amanhecer
e outra noite se despede em meu leito
sem deixarnenhuma marca de batom...

Castelo em Ruínas



Seu olhar
escondeu do espelho
a imagem de nós dois
nossos olhos vermelhos...

Toda cor
se perdeu na esquina
blindagem de nós dois
num castelo em ruínas...

E o sol apareceu
mais cedo que o dia
e o dia amanheceu
sem medo da fantasia...

Quem pode dizer
com exatidão
a medida da solidão?

Seu olhar
revelou tantos segredos
mistérios de dois sós
no universo dos meus sonetos

E o sol apareceu
mais cedo que o dia
e o dia amanheceu
sem medo da fantasia...

Quem pode dizer
com exatidão
a medida da solidão?

Sua voz
se calou sem dedos
tão sérios foram aqueles nós
no silêncio do nosso gueto...

Tempos de Cinzas




E agora me diz
quanto de adeus
tem no seu olhar
pelo amor de Deus
quanto de adeus
tem no seu silêncio
é só me falar...

Me diz de uma vez
que precisa ser mais feliz
e que já não te bastam
os momentos e as promessas que eu fiz...

Nós pagamos o preço
nós pegamos os restos
e os nossos gestos de amor
não nos garantem crédito
pra vida inteira...

Porque é que só
quando o show tá no fim,
é que resolvem pedir algum bis?

A cortina fechou
e nosso tempo não volta mais
aos dias azuis...

Agora nuvens cinzas
travam a luz de cima
e a minha lágrima
é somente um sinal
da tempestade
que se aproxima...

Porque é que só
quando o show tá no fim,
é que resolvem pedir algum bis?

Porque é que só
quando tudo escurece
é que se percebe que já foi feliz?

Educando...



Desculpe,
mais uma vez tentar
acordar você pra vida...

Desculpe,
mas foi por querer...

Nunca sei se é cedo
ou já passou da hora
de tocar na ferida...

Deixe os sonhos
plantados no seu travesseiro
corra pro chuveiro
e trate logo de se arrumar...

Não se culpe
mais esta vez, já foi,
faça seu tempo
que o pior já passou...

Tão Raso




Pare de respirar
tão raso
não limite suas raízes
a um vaso...

Ainda existe muito chão
pra se plantar...

Volte a suspirar
mais vezes
não habite outros países
só por medo...

Ainda existe muita Terra
pra mudar...

E eu não sei lhe dizer
qual a melhor direção pra seguir...
Não sei lhe dizer
por que ainda estou a caminho...
Preciso ir...