sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Larragna




Eu te quis tanto
e tanto fiz que te ganhei
doce ilusão
nenhuma rainha é de seu rei...

Ninguém é de ninguém
somos desejos nômades
querendo satisfazer nossos egos
somos tolos e cegos...

Ninguém é de ninguém
somos misturas bizarras
doentes procurando a cura
entre depressões e farras

Você e eu viramos um
eu carreguei você no colo
minhas pegadas, no solo,
nos levam a um lugar comum...

Nenhum lugar nos pertence
Ninguém mesmo se pertence
nem é dono de ninguém...
Nosso lugar está além...

Tanto faz um jardim
ou um castelo...
Ao som de uma harpa
ou um violoncelo
Eu estarei pra sempre em você
E você estará sempre em mim
nos dissemos sim,
nos tornamos mais,
nos fizemos três,
desde um certo dia 23...

Telarp




Bote o pé na bota
tenha fé na rota
trace o seu caminho
leve as lições do "ninho"

Voe leve
e até breve
a gente se vê
por aí...

Toque o chão sem pressa
sinta a terra se abrir
e o céu revelar as estrelas
que mostrarão os rumos
quando você não souber
aonde ir...

Eu estarei ali
mesmo que você
já não possa sentir
o meu toque...
Pode ter certeza
que eu estarei aqui...

Vou arranjar algum jeito
de abraçar você
quando rolar um problema,
através de uma canção
ou de um poema
pra você ter certeza
que eu estarei pra sempre em ti....

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Direitos



Uma verdade
duas opiniões
centenas de visões
da realidade...

Uma certeza
duas contestações
milhares de versões
novas surpresas...

E o direito assegurado
de expressar um pensamento
de inspirar um sentimento
ainda permanece sagrado...

Uma teoria
algumas direções
atalhos aos milhões
bilhões de guias

Uma voz
discursos ou sermões
aplausos ou "senões"
paixões vazias

Embaraço




Te vejo
tão bonita
lampejo
de beleza infinita...

Te quero
tão entregue
espero
que tua luz não me cegue...

Entre traços
de tinta fresca
meus laços te cercam
sem embaraço...
Entre abraços
o seu olhar é uma fresta
meus passos te buscam
como meus braços...

Te sonho
tão intensa
sem querer
nenhuma recompensa...

Te guardo
sem possessão
enquanto ardo
de paixão...

Ensaios




Tenho saudade do som
que a gente fazia
e transformava em canção
a nossa alegria...

Tenho saudade do som
que a nossa voz fazia
e era como oração
que a gente repetia...

O tempo passou
e cada um ganhou seu mundo
mas cada um guardou
aquele som vagabundo...

Tenho saudade do som
dos sonhos que construía
aquilo era muito bom
e agora é nostalgia...

Tenho saudade do som
da banda que não existia
tudo está no coração
no vagão da fantasia...

Tempo sagrado




Guarde o silêncio
reparta a dor
estou aqui
e preciso de você!

Largue o momento
expresse o amor
esteja aqui
que eu preciso de você...

É bom te sentir por perto
no meio do deserto
luz na escuridão...

É bom me sentir tão perto
meu peito aberto
pra discutir a relação...

Todo momento é sagrado
tendo você do lado
com ou sem razão

Todo momento ao seu lado
é um tempo sagrado
pra regar nossa paixão...

Vírus




Gripe, virose,
um invasor miserável,
microscópico ser,
tornando um corpo vulnerável...
Conspiração inevitável,
violento contágio,
deveria ser razoável
que veias e artérias
cobrassem ágio...
Febre, cabeça pesada,
piriri, vômito,
e a gente, assim, atônito,
enfrentando essa massada...
Antibióticos pra alguns,
pra outros fórmula homeopata,
o negócio é acabar com eles
não importa como você se trata...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ponto final ou seguimento?




Pensei se seria você meu bem,
interrogação...
Entrei de cabeça e fui além,
exclamação...

Agora estou sentado sozinho
pensando em esclarecer
dois pontos...
Mas não encontro mais espaços vazios
nas suas reticências...

Pensei se seria você, meu bem,
tentei algum sinal,
voltei ao meu acento e entendi,
ponto final...

Riscos antigos




Silêncio, sem palavras
apenas respiração
e a atração do olhar...

Imerso, sem mais desculpas,
somente a confirmação
do que eu queria evitar...

Um reencontro na tarde
e o seu coração,
será que ainda arde
por uma antiga paixão?


Inverso, entre a piada,
única revelação,
tão fácil de se notar...

Imenso, porém sem culpa,
fantasia ou ilusão,
o amor resolveu falar...

Quixotes de terno



Uma bandeira, uma ponte,
elevadiço horizonte,
castelos e nuvens
e o tempo voltando a errar

Senhores e camponeses,
vassalos, nobres, burgueses,
dançando na chuva
e o vento fazendo girar

Velhos moinhos
de Quixotes modernos
vestidos em ternos,
errantes caminhos
conflitos internos
velhos mitos...
O homem precisa errar...

Uma dobra no tempo
vai nos trazer de volta
alguém vai nos resgatar...

Uma estrela, cadente,
parábola incandescente,
querendo sinalizar...

Era não será




Fecha a porta
quando entrar
abra os olhos
devagar
um sonho começa
sempre sem avisar...

Feche os olhos
ao chegar
abra a porta
devagar,
não tenha pressa
não precisa acelerar...

Tempo,
ritmo,
movimento,
sísmico...
Era,
não, será
primavera
quando menos
se esperar...

Olhe a nuvem
sobre o mar,
uma flor
a navegar,
um raio atravessa
e muda a cor
de todo horizonte...

Olhe o céu
pintando o ar
um azul vem clarear
o cinza começa
quando a nuvem
fizer a chuva nos regar...

Atrasos




Você marcou, não chegou
nem sequer ligou
pra avisar que iria se atrasar...

Fiquei sozinho no lugar combinado
olhando pros lados
alvo de centenas de olhares
(ou seriam milhares?)
me vendo te esperar...

A hora passou,
a volta do relógio bateu
será que acabou
você e eu?

O tempo acabou
à espera de um atraso só seu
e agora o que restou?
só eu...

domingo, 18 de outubro de 2009

O incrível poder destrutivo do EGO



Olhar o mundo e ver-se.
Espelho de si o mundo está aí
somente para te servir!
Este é o eco da mensagem
que seu ego te sussurra a todo instante...
Olhar o outro, pra que?
Pensar no outro, porque?
O outro não deve estar mesmo pensando em você...
E assim o mundo vai se tornando insustentável...
Como as amizades e a confiança, como os casamentos e a renúncia,
como as parcerias e as trocas, como as alianças e a lealdade...
Sem dúvida verbetes já fora da moda, dos cardápios, dos códigos...
Usados vez ou outra no vazio das frases prntas e sem exemplo de uma campanha política, de um discurso religioso, de uma homilia decorada...
A sociedade então, provando de seu próprio veneno, agoniza...
A realidade preconiza tempos difíceis de gerações movidas pelo ego-combustível...
Próximas paradas: CAOS!
Retribuir uma gentileza? O que se ganha com isso?
Devolver um cumprimento? Só se estiver a fim...
Agradecer uma delicadeza? Apenas por interesse!
Isso, mover-se pelo próprio interesse, jamais demover-se deste lugar.
O trono é seu, você é dono de seu mundo, de sua verdade, não o resto...
Bem comum? Contanto que você esteja bem...
Ética? Não precisa me olhar com esta cara tão cética...
Educação? Você também não vê muita razão...
E os pais vão dando vazão à volúpia egocêntrica dos filhos, comprando as passagens de sua própria condenação...
Próxima estação: CAOS!
Uns vão dizer que é coisa do cão...
Outros vão colocar a culpa nas drogas...
Alguns encontrarão qualquer bode expiatório que sirva pra esconder sua vergonha...
Olhar pro espelho, nesta hora de juízo ou de meditação, ah, isso não!
Ninguém quer ser alvo do próprio julgamento...
"EU me amo, eu me adoro, eu não consigo viver sem mim!"
O erro não é meu, logo, deve ser seu!
Tão fácil...
Tão simples...
Tão natural...
Afinal, errar é humano...
Negar o erro também...
Quem poderá atirar a primeira pedra?
Estamos todos juntos, numa mesma procissão,
repetindo o antigo refrão da mesma ladainha...
Ninguém precisa sair do sério, vamos rezar mais um mistério,
quem sabe a gente encontra a salvação...
Deus olhará por nós, afinal Ele não é amor e perdão?
Então vamos criar o bloco do juízo final
e sair pelas ruas, dançando e cantando,
homens despidos, mulheres nuas,
proclamando a nossa auto-piedade habitual...
Vamos transformar de vez tudo isso num imenso bacanal!
Próxima geração: CAOS!
E o EGO que te torna mudo, que me torna surdo, que nos torna cegos,
é apenas mais um prego dilacerando a mão e o lenho da cruz!
E aí, meu amigo, pra salvar tudo isso, só Jesus!

sábado, 17 de outubro de 2009

O nó das gravatas



Eu não vejo a hora
de não ter mais tempo
de não ter agora
nem ter contratempo

Eu aposto tudo
pra ganhar as asas
me perder no mundo
ser minha própria casa

Sem compromisso
com relógios e datas
Meu compromisso
é desfazer o nó das gravatas


Tudo ao mesmo tempo neste instante
é um bom exemplo de que a nossa estante
está cheia de livros sem uso
andamos fora de qualquer fuso
corremos sem alguns parafusos
e a falta disso tudo
só se percebe depois

Sem compromisso
com relógio e gravata
Meu compromisso
é celebrar minhas próprias datas


Todos os dias são meros acasos
não me perturbo mais com certos atrasos
o tempo passa lá fora de mim
e só eu posso dizer um não ou um sim
e decidir colher a flor do jardim
e à cata disso tudo
me merecer depois...

Sem compromisso
com relógio e gravata
Meu compromisso
é celebrar minhas próprias datas


Sem compromisso
com relógios e datas
Meu compromisso
é desfazer o nó das gravatas

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Encaixe




Seu corpo, meu desejo...
Suas curvas, meu caminho...
Sua língua, meus beijos...
Seu ventre, meu ninho...

Suas mãos, minha fuga...
Seus pés, minha viagem...
Seu colo, meu descanso...
Seus olhos, minha miragem...

E eu quando te sinto tão perto
deixo de ser deserto
e viro multidão...


Minha história, sua sombra...
Minha espera, sua saudade...
Meu destino, sua aposta...
Minha resposta, sua verdade...

Minha fantasia, sua entrega...
Minha cegueira, sua visão...
Minha dor, sua distância...
Meu amor, sua paixão...

E eu quando te sinto tão perto
deixo de ser deserto
e viro multidão...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A sua parte (Herança)




Tente aprender
com as lições da vida
repetir os mesmos erros
vai te levar pra onde?

Tente entender
os sinais da vida
no final você mesma se bate
no esconde-esconde...

Faça seu mundo,
faça sua arte,
mas pra erguer seus castelos
tem que fazer sua parte...
Faça seu ninho,
faça um aparte,
mas pra obter o seu espaço
tem que fazer sua parte...



Então tente escutar
os segredos da vida
não minta pra si mesma
seus olhos te entregarão...

Tente absorver
a seiva que é oferecida
a raiz da tua árvore
te ensinará sobre o chão...

Faça a diferença,
erga um estandarte,
mas pra contagiar os outros
tem que fazer sua parte...
Faça sua história,
seja um baluarte,
mas pra conquistar a glória
tem que fazer sua parte...

Achados e perdidos




Você perdeu o ônibus?
Siga a pé...
Ache a maneira de chegar ao destino,
mantenha a fé!

Você perdeu a linha?
Volte atrás...
Encontre a melhor forma de pedir desculpas,
mantenha a paz!

Nada está perdido,
quando se tem a certeza
de que você mesmo é um achado!


O gesto pode ser mínimo,
contanto que marque...
O segredo é saber transformar
qualquer quintal no Central Park...

O resto é viver, livre,
capaz de mudar pra onde for,
camaleões sem apego à Terra,
prontos pra mudar de cor...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Fazer o que?


Fazer o que?
O tempo passou...
As horas não contaram
pra ninguém da sua pressa...
Apenas correram,
sempre entre os segundos,
jamais entre os primeiros...

Fazer o que?
A vida passou...
As surras não foram tão feias,
nem foram tantas as vaias
de uma platéia sempre dispersa...
Apenas ocorreram,
sempre entre os aplausos,
jamais pelo dinheiro...

Fazer o que?
o mundo passou...
Cometas, planetas, estrelas, pessoas,
todos passaram!
Somente algumas visões permanecem...

Visões




Não sei mais quando foi,
mas um dia desses achei ter encontrado um anjo,
em forma de um velho morador de rua
que me parou numa esquina
e, ao invés de me pedir esmola,
me ofereceu palavras tão sábias
verdades tão suas,
que aquilo me pareceu, de verdade,
uma grande revelação,
da qual me questionei apenas
se era ou não merecedor...

Os olhos daquele homem
falavam de valores perdidos,
como que representando
os seus cinco sentidos
e os seus incontáveis sentimentos,
indecifráveis emoções,
inenarravéis sofrimentos,
contados de forma pausada,
numa sutileza cansada,
própria daquele momento...

Seu nome era Francisco,
simples como o Santo,
mas ao invés de manto,
cobría-lhe um cobertor antigo
sobre uma camisa de botão,
já esgarçada,
e uma calça social puída,
sustentada por um cinto sem fivela...
Francisco já havia morado num prédio,
depois se mudou pra uma favela,
perdeu mulher, perdeu dois filhos,
perdeu a casa, perdeu a hora,
perdeu os sonhos e se perdeu
entre a cachaça e o cigarro,
até virar morador de rua,
ali pelos lados do Liceu.

Mas não foi por lá que me bati com ele.
Francisco estava na porta de uma igreja,
na mesma situação que eu,
à espera que ela abrisse suas portas.
Mas suas portas estavam fechadas.
E foi ali, diante das portas cerradas
de um templo cristão-católico,
que tive a sorte, (ou seria a graça?),
de conhecer Francisco,
o velho morador de rua
que me fez parar mais uma vez
pra pensar no quanto somos tolos...

Por motivos absurdamente diferentes
estávamos ali, eu e o "Velho Chico",
defronte da mesma porta,
barrados do mesmo jeito,
frente a frente com a realidade.
E uma verdade me ocorreu...
Se aquela fosse a porta do céu
e dela saísse, de repente,
um anjo, um santo,
um enviado de Deus
e simplesmente perguntasse
quem de nós, eu ou Francisco,
merecia entrar primeiro,
na mesma hora eu tiraria o cisco
do meu olho e diria
que eu não seria digno de desamarrar
os farrapos que aquele homem
usava como sandálias...

E, com pureza alma, diria isto sorrindo!
Estaria vivendo, de fato, o Evangelho.
E, mesmo ficando do lado de fora,
com medo do choro e do ranger de dentes,
saberia que a justiça havia sido feita,
de forma plena e perfeita,
com a entrada de Francisco no reino...

Despertei desta viagem com um comentário
daquela figura, ao mesmo tempo tão imunda e tão pura.
Descendo os poucos degraus do adro daquela igreja,
o Velho sorriu desdentado pra mim e me disse:
"Deve haver outra igreja por aí, na certa.
Vou até lá encontrar com Deus.
Ele não está nestas igrejas desertas...
Está nas igrejas de portas abertas,
porque até na cruz ele abriu os braços
por mim e por você"...

Depois sumiu na outra esquina
e nunca mais o vi naquelas bandas...
Deve estar abraçado com seu Cristo,
o verdadeiro, longe dos poderosos
e dos embusteiros...

Fico pensando se Francisco foi uma visão,
uma revelação ou apenas uma inspiração...
Como chegou, ele se foi, sem muito alarde,
sem muita provocação, em qualquer manhã ou tarde da vida!
E ao me lembrar de suas palavras,
da mesma forma que um certo par de discípulos em Emaús,
meu coração ainda arde!

E eu só posso agradecer a Deus
pelo encontro com Francisco.
E por aqiele pobre homem,
generosamente, ter partilhado comigo
o "seu pão"...

sábado, 10 de outubro de 2009

12 do 10




Hoje abri a porta
do carrinho de brinquedo
estacionado na frente
da casa de boneca de minha irmã
aquela que era meio torta
e cheguei mais cedo
vindo do presente
de volta ao passado, de manhã

Abri os olhos e me vi novamente
longe da realidade
cheio de vida e esperança
pulando e brincando contente
como deve ser toda criança
com seus cinco anos de idade

Pintei o sete com tinta guache
joguei bola com o pe no chão
aprendi a jogar xadrez
depois fui brincar de forte apache
joguei futebol de botão
tudo isso antes das seis

Meu dia das crianças foi um pulo no passado
ficar esperando presente
tentando adivinhar o que...
papel rasgado e eu maravilhado
me sentido mesmo gente
diante de tanto bem querer!

Na minha época, infância era coisa séria
tinha que ser bem vivida
e, acredite, sem internet ou celular
Era como eternas férias
sempre de bem com a vida
e eu não tinha nem pomar...

Mas tinha capa do Batman,
boneco do Topo Gigio,
bota de couro, seriados de TV,
desenho animado, album de figurinhas,
radiola de uma caixa,
gravador de fita cassete,
e um mundo de fantasias,
todas só minhas...

Hoje, com minha filha do lado,
já quase adolescente,
lembro daquele tempo
e sinto o peito apertado...
Nostalgia, saudade,
a verdade é que se sente,
a falta do pai abraçado
na gente...

Agora vou deitar, já cansado,
cheguei da viagem no tempo,
fechei a porta das lembrancas,
parei de brincar de passado,
o negócio é viver o momento,
feliz dia das crianças!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sobre o que mesmo?




Sobre a vida, hoje.
Sobre a dor, remédio.
Sobre a partida, chegada.
Sobre a cidade, prédio.

Sobre o sonho, verdade.
Sobre a pergunta, mistério.
Sobre a espera, saudade.
Sobre a escolha, critério.

Sobre a couve-flor, queijo gratinado...
Sobre algum andor, um santo quebrado...

Sobre a ave, nuvem.
Sobre flores, cor.
Sobre a chave, mão.
Sobre nós dois, amor.

Sobre a Bíblia, jura.
Sobre o leito, rio.
Sobre a clave, sol.
Sobre o deserto, estio.

Sobre a barraca na praia, palha de coqueiro...
Sobre o colchão de mola, lençol de solteiro...

Sobre a face, véu.
Sobre a casa, telhado.
Sobre a nave, céu.
Sobre a Terra, cuidado.

Sobre antes, quando?
Sobre agora, por que?
Sobre depois, como?
Sobre nós dois, o que?

Sobre a moqueca de arraia, cebola e tomate...
Sob o sorvete de creme, jojo chocolate...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vulto contra o sol



Me dê um sinal
que faça mudar meu mundo
diga tudo num segundo
ou então cale o seu olhar...

Me dê um motivo
pra ter sempre na memória
faça valer uma história
que valha a pena se contar...

Na estrada vem o sol
iluminando a madrugada
mas ainda está escuro
e eu não vejo nada

Na estrada vem alguém
que só é um vulto e mais nada
tudo está escuro
porque ainda é madrugada....

Saloon (Adriano - Dibhow - Didier)







Nada a ver
Com você
Meu problema
é comigo mesmo
tudo a ver
com alguém
que eu ainda
nem conheci e já mudou a minha vida

de trapaças
não tem graça
outro amor à primeira vista
sem saber
se quem me abraça
vai ser
quem vai deitar no meu sonho
e me fazer acordar de novo pra viver

tudo a ver
com você
meu problema
é mentir pra mim mesmo
nada a ver
com ninguém
e eu ainda
nem te conheci e já mudei sua vida

tão sem graça
de pirraça
resolvi me fazer de artista
com o prazer
de quem caça
pra ter
sua pele deitada no meu descanso
pra me fazer sonhar de novo sem querer

A minha chance (Adriano, Aline, Dibhow, Juliana, Letícia, Márcio) Uma homenagem ao "maestro moraes" no dia de seu "niver"





Ontem eu tive a chance de te dizer não
mas perdi toda minha coragem

Você sempre pede perdão
e ao invés de te negar,
eu perco a oportunidade

Você errou de novo
não vou deixar passar,
dessa vez, não!

A vida me mudou
aprendi a recusar
todas as suas esmolas
e as migalhas do seu pão

Você sempre inventa uma desculpa
(para não) para não me dar razão
e eu que me sentia cheio de culpa
agora não tenho mais nenhuma ilusão

para não
agora não
para não...

Cansaço




Pode não adiantar mais nada
tudo o que vou dizer
mas o pão está na mesa
e a canção no ar

Sei que você prefere ouvir
o que ela tem pra falar
então esqueça o que eu ia dizer
fica pra outro lugar

Não vou ficar repetindo mais
o erro de me perder na estrada
dos alertas diários,
sinais do meu amor por você...

Não vou ficar te alugando mais
você não quer me escutar
melhor soltar as amarras
e libertar você...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Passo menor que a perna




Meus passos sempre foram
bem menores que minhas pernas
meu balde na cisterna
não trouxe água não
E eu aceitei a sede
não cavei mais fundo a terra
deitei na rede
decidi não entrar na guerra

Seus passos sempre foram
bem menores que suas pernas
ficar seguro na caverna
é adotar a ilusão
Preferir se acomodar
e assistir tudo da janela
é enclausurar-se na cela,
longe da multidão

E agora o que é que temos pra contar,
pras gerações que chegarão?
O que teremos pra falar,
se elas vierem perguntar,
sobre o que a gente não quis viver?
Não temos nada pra dizer...


Seus passos sempre foram
bem menores que você
Meus passos sempre foram
bem menores do que eu
e o que nos resta agora
é saber se isso valeu...

Lady Lake




Me diz quem é
a senhora do lago
a rainha do lado azul
que a bruma não deixa ver

Na madrugada
escuto sua voz na estrada
entre cantos e lamentos
seu chamado atrai você

Na ilha deserta
sua prisão é o castelo
onde a magia obedece
aos encantos de suas mãos

Me diz quem é
a senhora do lado sul
a rainha do lago
que a bruma não deixa ver

Seus contornos breves
iluminam a noite
seus segredos perdidos
habitam em Avalon

Onde o tempo é mais leve
e o sorriso mais belo
transforma em poesia
o que falta de luz...

sábado, 3 de outubro de 2009

Um parabéns diferente




Ana!
Ana Beatriz!
Seja feliz neste seu dia!
Parabéns pelos seus dezesseis,
pela sua semana, seu mês,
viva a vida com alegria!
Não sei se você já se perguntou
algum dia, se foi simples coincidência, ou não,
você ter nascido no dia dedicado a São Francisco...
Não sei também se você sabe que, desde criança,
foi um Santo que sempre me inspirou,
seja pela a ligação com os animais,
seja pela sua simplicidade absoluta,
seja pela sua inspiração e sua poesia...
Francisco nasceu rico, foi mimado,
conheceu o horror da guerra,
voltou derrotado como um covarde fugido,
mas foi um vencedor de verdade,
na guerra interior que travava,
contra a hipocrisia, a incoerência,
que pulsava entre a burguesia,
classe a que pertencia,
mas da qual repudiava tanta opulência...
Francisco foi um daqueles que fez a diferença
por arrancar dos olhos os próprios ciscos,
antes de apontar aqueles que impediam
os outros de enxergar...
Mas o que é que isso tudo tem a ver com a gente?
O que é que isso tudo tem a ver com você?
Tudo!
O mundo anda precisando muito de gente
que faça a diferença.
O mundo anda precisando muito de você!
Nascida a 4 de outubro,
aos dezesseis, fica a dica,
faça uma reflexão: pra se transformar
em realidade, sonhos precisam de mãos!
Que tal oferecer as suas?
Sua escalada está só começando,
o limite está acima do céu!
Então, levante o véu,
mostre a sua face, faça seus planos e trace
algo muito maior e além de você mesma!
Além do próprio sustento,
o sentimento de realizar,
realizando-se!
Além das próprias vontades,
a coragem de abdicar do ego,
lavar os olhos, tirar os ciscos,
não aceitar um mundo cego!
Ana!
Ana Beatriz!
Seja feliz, fazendo alguém ser feliz
neste seu dia!

Livre



Você ganhou asas
estou feliz
vamos brindar
sua liberdade

Nada como ser de novo
dona do seu próprio nariz
poder correr atrás
de suas legítimas vontades

Você ganhou gás
seja feliz
saiba beber
a realidade

Nada como ter de novo
em suas próprias mãos um giz
pra desenhar em paz
as suas mais íntimas verdades

Continue merecendo
esta conquista
sua dignidade
sempre acima de você
O que está acontecendo
é recompensa
ser livre, assim, à vista
sem precisar pagar pra ver!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fog Cigano



Archote urbano,
laranja luz de rua,
invade um fog cigano,
como um raio de lua...

E entre postes atuais
sigo caminhos tão insanos
estradas medievais
destino dos meus planos

Já encontrei tanta gente assim
nascida fora do tempo
que simplesmente não aceita
se adaptar ao caos...

Já encontrei tanta gente boa
perdida pelo tempo
que simplesmente se ajeita
pra se adaptar ao caos...

Novos rumos virão
e os portais irão abrir
as cortinas de algo novo
que não cabe na imaginação...

Outros tempos virão
nos livrar do que está aí
as algemas da espécie humana
para sempre vão partir

Já encontrei tanta gente boa
perdida pelo tempo
que simplesmente se ajeita
pra se adaptar ao caos...

Já encontrei tanta gente assim
nascida fora do tempo
que simplesmente não aceita
se adaptar ao caos...

Trovador (Ilustração O Trovador - H. Mourato)



Preciso tanto de você,
não faz vazio no meu peito, não...
Tudo é sem graça, longe de você,
meu coração baldio é solidão...

Tanta saudade do teu carinho
voar sozinho é apagar o azul do céu
Tanta vontade do teu jeitinho
o meu moinho agora é o papel...

Sou um lendário cavaleiro errante
entre formosas donzelas imaginárias
procuro aquela que está sempre distante
nas suas viagens desnecessárias...

Sou um poeta, menestrel sem trono
entre gostosas fantasias de um jardim só meu
procuro alento no meu próprio abandono
mas na realidade percebo que sou teu

Outros Outubros



Outros outubros melhores virão
toalhas brancas sobre mesas fartas
alimentando corpo e alma
entre divertidos jogos de cartas

Outros outubros melhores virão
canções gostosas de ouvir e de tocar
alimentando corpo e alma
entre casos legais de se lembrar

Dias melhores virão
semanas mais breves
meses mais tranquilos
anos mais leves

Veja a areia
caindo na ampulheta
é como o sangue nas veias
vida que se ajeita
entre caminhos tão seus
até parar no coração de Deus
entre uma e outra estação...