sexta-feira, 30 de maio de 2014

Porque, pela primeira vez na vida vou torcer contra a seleção


 

Respeitando todos os que pensam o contrário, vou sim torcer contra o Brasil nesta Copa do Mundo.
Mais que um direito meu num país livre e democrático (como ainda insistem em considerar o Brasil).
minha consciência me diz que é um dever! Dever de quem ama este país e não quer mais ver qualquer tipo de circo abafar o brado retumbante que se ouviu nas ruas há menos de um ano...
O Brado da indignação, do basta, do chega, do já deu!
Política, na minha concepção, é estar atento ao todo, ao coletivo...
E em tudo o que vivo, neste país, principalmente nos últimos anos, percebo o quanto uma copa do mundo de futebol ganha aqui dentro, seria um proveitoso elixir de felicidade e esquecimento pra um povo de memória curta...
Não posso torcer pela seleção... Não posso torcer pela vitória de um time que representa uma instituição como a CBF, há anos e anos conhecida e investigada por denúncias de corrupção! Não posso torcer a favor de um time que representa uma nação sem bandeira, sem ideologia, sem ordem e sem progresso...Uma nação cujo Congresso é associado a um covil de ladrões...Uma nação que não investe no básico em educação, saúde e segurança, mas se arvora em negócios escusos como o de Pasadena e tantos outros que nem sequer tomamos conhecimento. Não posso torcer por uma nação, que mesmo possuindo a maior carga de impostos do mundo, não consegue oferecer a seus cidadãos o mínimo para a dignidade humana.
Uma nação que, vendo seus filhos sucumbirem na violência diária das ruas, no não atendimento em seus hospitais, na ignorância advindas de salas de aula improvisadas em cabanas de barro pelo interior deste país, ainda assim, se julga no direito de realizar, na mesma década, uma copa do mundo e uma olimpíada, investindo o que não tem naquilo que não lhe convém!
Como posso torcer por esta nação dentro das quatro linhas, sabendo do efeito anestésico que futebol e festa tem sobre sua gente?
Não dá! É direito meu olhar além e torcer por algo muito maior: Um Brasil consciente do seu dever com sua gente! Um Brasil focado no que realmente interessa. Um Brasil informado, educado, politizado, coletivizado... Pra este Brasil eu torço, e torço faz tempo!
Torço a ponto de tentar alternativas distintas, sem cegueira ou fanatismo. Votei em Collor. Errei! Votei em Fernando Henrique! Errei! Votei em Lula! Errei! Não votei em Dilma. Acertei! Aprendi, exercitando a democracia, que nenhuma bandeira ou partido existente no cenário nacional se fez digno do meu voto. Por uma questão muito simples: não há ideologia em suas propostas. Há apenas sede de poder pra fazer mais do mesmo e explorar o país e o povo brasileiro. O maior argumento de defesa de um é que o outro já esteve  no poder e fez igual, ou pior...Mas não foi pra fazer diferente que quem está no poder foi eleito, seja lá quem for?
Pessoalmente, gosto de Felipão. No estilo dele, me parece um cara bem intencionado.
Mas, quando vejo a lista de seus convocados, ocorre uma transfiguração..
Não vejo mais os jogadores, não vejo um time um time, vejo um país...
No gol, vejo um vereador, querendo agarrar tudo o que vier pela frente!
Na zaga, um deputado estadual e outro federal, dando bico pra todo lado, defendendo até o que não tem defesa, sem despertar nenhuma confiança em alguém!
Nas laterais um prefeito e um governador, indo e voltando no  sua área de atuação, alternando subidas e descidas em pesquisas de opinião, sem nenhuma produtividade pro time...Estão ali pra cumprir seu papel e ocupar seu espaço no jogo.
No meio, os volantes são ministros do judiciário. Preocupados apenas com a própria retaguarda, se preocupam apenas em aliviar pra quem joga no time.
Os armadores são ministros de estado, geralmente um é capitão e o outro é o dono do time. Organizam o esquema do jogo, distribuem as boladas, ditam o ritmo do ataque e da defesa conforme sua conveniência...
Ajudando na marcação. indo e voltando, se movimentando e se infiltrando na área do adversário, o meia atacante me lembrar um senador, na sua pseudo- elegância. Incapaz de dar um chutão, de cometer uma falta mais forte, é o cara que arma as jogadas e passa pro artilheiro.
O artilheiro, presidente da área, só quer fazer o gol e mais nada. Os outros que corram por ele. Se tiver confusão, não sabe de nada. É sempre o inocente da parada! Rei da simulação, vira e mexe cava um pênalti, reclama do juiz que o ameaça, tenta colocar a torcida contra, usando o escudo do time
pra explorar uma paixão...
No banco dos suplentes nada muda de configuração... Só estão esperando uma contusão pra reclamarem seus lugares e se aproveitarem da situação...
Como torcer assim?
Como torcer para que no fim desta copa qualquer uma dessas figuras erga uma taça em suas mãos e declare este país campeão?
Não há merecimento! Como país ainda somos um embrião...
Se no futebol já fomos pentacampeões, como nação estamos para ser eliminados de qualquer competição por jogo sujo...
Não podemos ser referência, hoje, para nada! Não merecemos ser!
A página precisa ser virada. Seja pela alternância de poder, seja pelo abraço de uma ideologia, seja por um programa criativo de governo, seja pela mudança dos costumes e valores que resistem desde a exploração do pau-Brasil...
Respeitando toda opinião em contrário, se pudesse falar em nome do Brasil e dirigir a Deus uma oração, eu renderia graças, elevaria as mãos e simplesmente diria:
- Afasta de nós esta taça!

Osmar



Hoje é dia de celebrar uma pessoa especial! Muito especial!
Um mestre da simplicidade e do talento de ser gente!
Um artista visceral, genial no traço e no abraço aos próprios dons!
Um sujeito sensacional, lá das bandas de Santo Estevão!
Um cara que consegue equilibrar as mais desfocadas distrações
com gestos da mais cuidadosa atenção!
O gênio das Capelas! Leves, transparentes, coloridas, belas!
Criativo e criador! Marido, pai, avô e bisavô! Irmão na cristandade!
Litúrgico compositor de causos improváveis!
Arrebatado torcedor do esquadrão tricolor!
Gagarin, General, Comandante, ser total!
Casado com uma Chiquita bacana, serrana, parceira cigana
dos projetos mais secretos do seu amado arquiteto!
Osmar Silva!
Um cara de quem se gosta antes mesmo de se conhecer bem...
E, depois que se conhece, como não ir além e passar a admirá-lo?
Pessoa do bem, a quem só se pode querer bem!
Hoje é dia de celebrar esta vida!
Que esta data confirme e multiplique todas as qualidades recebidas
e que os anjos digam amém aos seus melhores projetos!
Parabéns por ser quem é, meu tio!
Por povoar a terra de gente tão boa quanto seus filhos e netos!
E por nos fazer seus fãs, simplesmente sendo você,
presença viva de Deus em nossas vidas!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Fabulosos



De sonhos em sonhos
conto uma fábula de mim...
Assim, sem planejar muito,
pra quem quiser ouvir,
até o fim...
Viagens da mente,
passeios da alma,
sorrisos cadentes,
na contracorrente
das palmas...
Entre as távolas
de lares obscuros
e os altares
de botecos familiares...
Aí está a plateia
que empresta
o coração para
escutar as fábulas
e parábolas
da canção...
Aí estão os proscritos
e excluídos
da razão...
Como me identifico
com suas prosas...
Como de dedico
a tentar entender
como conseguem
nadar num mar de rosas,
no deserto do cimento...
São rábulas do jejum,
profetas do diferente,
vagabundos,
mendigos,
amigos,
seres vivos,
são gente!
De sonhos em sonhos,
tenho pesadelos de mim...
Passando indiferente,
sem nada sentir,
sem prestar atenção,
me negando a ouvir
as suas fábulas...
Fábulas? Que nada!
São histórias
que libertam
minha emoção!

Pague pra ver



Sente
frente a frente
com o espelho
e diga tudo
a você mesmo
só não vale
ficar mudo,
sem saber
o que dizer...
Fale de amor,
saudade, gente,
sonhos, dores,
planos pro que
vem adiante
e num instante
escute o que
tem a fazer...
Sua entrega
pode ser
lâmina cega
não cortar
a própria carne
mas a alma
vai ouvir
e compreender...
O melhor texto
traz recados
do silêncio
faz mudar
um pensamento,
faz você
pagar pra ver!

terça-feira, 27 de maio de 2014

Trindade Humana!



Também somos trinos, imagem e semelhança do divino!
Somos trindade, ainda no patamar da humanidade...
Trindade humana!
Imagem e semelhança de Deus, imagem e semelhança da trindade...
Somos verbo, carne e espírito...
Antes de nascer somos palavras, pelas quais se referem a nós! Um feto, um bebê, um nome, dando vazão à maior manifestação do sentimento humano: o Amor materno!
Depois viramos carne e alimento... Nos nutrimos de nós mesmos, uns dos outros, de sentimento e de matéria, de conhecimento e carinho, emoções e sentidos, pão e vinho...
Ao morrer somos espírito, nosso patamar mais santo e mais próximo da divindade!
Mas nossa história é feita do todo! É o ciclo da trindade humana!
Nascer, viver e morrer...
Para nascer, morrer para o útero!
Para viver, nascer para a Terra!
Para morrer, viver para Deus!
Pai da palavra! Filho da aliança! Espírito da eternidade!
Amor em três tempos! Amor em três formas! Amor em três atos!
Trindade na unidade de amar!
Imagem e semelhança do Divino, também somos trinos!
Aprendendo a nos compartilhar!

"Seu Zé!'






Talvez você não saiba, seu Zé, o quanto eu aprendi com você, sobre o chão e a paz dessa vida...
Foi bem aos poucos, assim como conheci sua família...Fui apresentado a Ivonete muito antes de saber quem era o tal do Passos e aí já foi pura sintonia! Depois vieram Junior e Liliana ainda namorando, também nos encantando! Até que me bati com aquele senhor calado, em uma sala de edição num certo Setor de Comunicação pelos lados do Garcia...Um grande e inesquecível dia...
Logo me chamou a atenção a dicotomia entre a vivacidade de seu olhar e a passividade de seu silêncio...Havia algo ali, naquele coração, disposto a nos provocar!Uma provocação mansa, benigna, mas intensa! Uma provocação cristã, às vezes sisuda e densa, disfarçada de mau humor da manhã...
Uma provocação que, assim como estava, de repente se desmanchava, num sorriso de improviso, estrategicamente guardado pra ser dado, assim,sem aviso, sem motivo, sem nada que o justificasse. Nem a melhor das piadas conseguiria aquele tom... Apenas a generosidade e a gratuidade de ser bom! Passei a aproveitar, então, cada encontro pra sorver uns tragos do cálice da sua sabedoria... E seu Zé sempre foi sábio...daqueles sábios que o são, sem saber...Ou então sabem, mas negam a si mesmos o direito de ser...
Um expert na arte do não dizer. Que prodigiosamente conseguia calar, sem deixar de fazer sua parte! É seu Zé, como aprendi com você!Nobre simplicidade. Verdade pulsante! Talento itinerante servindo nos bastidores, impregnando os atores de certeza e segurança, conduzindo a dança sem precisar levantar da mesa! Como me identifiquei com esta sua face. Este equilíbrio perfeito entre ancião e criança! Como me alegrei ao partilhar, também, o seu lado mais anárquico... Filtrado, aqui e ali, na espirituosa ironia de alguns comentários fantásticos! Inteligência em fantasia!

Da última vez que nos encontramos pessoalmente, fui até sua casa pra conhecer as famosas coleções das quais tanto já escutara. Novo encantamento... A dimensão de tempo parecia se perder naquele hiato de pressa que só uma boa conversa pode nos trazer! Vida seguindo e, novamente, me surpreendo reencontrando a forma mais nova de você! Aqui e ali, seu Júnior sempre aparecia, fossem nas vigilias da cristandade, fossem nas quizilas da publicidade...E vendo sua conduta e integridade, adivinha só: eu via você! Você e sua Ivonete... E assim matava a saudade! Até que entrei pra família deles, que passou a ser também minha: o Grupo Família. Fomos adotados por ele e sua Li! E ainda anteontem estávamos ali a falar de você, sobre sua saúde, sobre sua capacidade de surpreender... A última surpresa foi te encontrar no facebook e trocar algumas palavras! Reconhecer sua personalidade única, em comentários monossilábicos, que tanto continuavam a me dizer foi uma encantadora despedida, mesmo sem saber!
Pois é, seu Zé... Acompanhamos a sua luta, a sua paixão, muito perto em espírito... Esse coração guerreiro, inspirado no maior dos corações, caiu três vezes até entregar o espírito ao Pai...Se hoje foi o tempo de partir, nos deixando órfãos de você, fazer o que? Só podemos continuar, viver, seguir, acreditar, calar, servir, espelhados no seu exemplo! Distante das carolices exageradas, das beatices esclerosadas que tanto nos fizeram rir, seu testemunho e sua vida permanecem imaculados em seus filhos e netos... Até mais ver, "seu Zé", bote fé na falta que você vai fazer!

Juper




Sei da sua dor, irmão,
mas sei da sua fé!
Sei da oração
que te mantém aí, de pé,
diante da cruz da saudade...
Sei do seu amor, irmão,
da sua esperança bendita...
Sei da sua força,
da sua herança bonita!
Sei que em todos os passos,
haverá sempre o abraço
e a presença de "Seu Zé"...
Estamos todos de passagem
e o embarque e desembarque
não nos pertence entender...
Mas temos o "crer"!
Sei da sua história, irmão!
Do vivo testemunho cristão
que você é!
Na sintonia da Comunhão,
no silêncio da sua escalada,
no templo do seu coração...
Estamos aí do seu lado...
Se foi a hora do chamado,
lá, do outro lado,
agora é só alegria!
Um novo encontro
virá algum dia...
Até lá, meu irmão...
Permita-se chorar...
Permita-se sorrir!
A melhor forma
de celebrar
esta vida,
é simplesmente
ser você!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Banco reservado...


A praça
mudou,
os bancos
mudaram,
as flores
murcharam,
mas veja,
muita coisa
ficou...
A doçura
do beijo,
a quentura
do colo,
o perfume
das lembranças,
as andanças
de tudo
o que passou...
É, já não somos
os mesmos
depois de tudo
que andamos...
Pintamos
a vida
com tintas
de cores
distintas,
mas quantas
saudades
comungamos?
A taça
não quebrou,
os flancos
triangularam,
as dores
nos calejaram,
mas sinta,
quanta coisa ficou...
Sempre haverá
uma praça ali,
no mesmo lugar
onde a amizade
decidiu seguir
no destino
da paixão...
Não, não somos
os mesmos,
às vezes
olhamos
pro outro lado,
mas a loucura
do arado,
não sobrepõe
a procura
do coração...
Vida é aprendizado...
Na velha praça
ainda posso ver
um banco abandonado
reclamando
um pouco de atenção...
Quem sabe esteja apenas
reservado
pra amigos apaixonados
continuarem
como antigos namorados
a viver a linda aventura
de uma intensa
história de amor!


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Poetizando



Se eu me embriago
de alegria
te ofereço um trago
de poesia
numa dose de versos
que falam do centro
de mim...

São de lugares incertos
altares imersos
na aventura do dia a dia,
um rasgo de tudo o que havia
em cada metamorfose
de mim...

Se eu me embriago
de poesia
será que mereço o afago
da alegria
entre as algozes nostalgias
que versam
nas lembranças
sem fim?

São os cantares desertos
particulares reversos
nas contradições da melancolia...
Um rio que sempre havia,
um lago que não seria,
sem cada simbiose
de mim...

Só não duvide nunca
da lucidez de um poeta...
Há em cada um de nós
uma sobriedade imaculada,
como a dos profetas...
Só não usamos a voz,
esta estafeta da emoção...
O papel é nossa
estrada predileta...
E o coração que nos lê
e nos interpreta
é a nossa foz!
E ainda há
de nos dar vazão...

Oração da Madrugada



Senhor
Na silenciosa canção da madrugada,
sob o eco milenar das estrelas,
coloco-me diante de Ti,
para Vos pedir que habites
o melhor espaço de mim!
Que eu não me alongue em palavras,
Senhor, pois sei que sabes
tudo o que necessito
para cumprir a missão
que me reservastes!
Peço-te desde já perdão
pelo que deixarei de fazer
e Te agradeço antecipadamente,
pelas oportunidades de servir
que o amanhã me trará!
Obrigado Senhor
pela tua presença amorosa
e inspiradora em minha vida!
E que a minha caminhada
jamais se afaste
da tua direção,
Amém!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Mea culpa!



Fui um dos primeiros a atirar pedras nos ditos cidadãos de bem que se aproveitaram da greve dos policiais em suas cidades para saquear as lojas. Peço perdão, eu estava errado.
Embora, intimamente, minha educação e valores jamais me permitissem sequer pensar em tal ato, ao me colocar no lugar de muitas destas pessoas não tenho como lhes julgar, muito menos como lhes condenar.
Por isso, peço perdão. Perdão por não ter me lembrado, antes de atirar a primeira pedra, de quantos exemplos o nosso povo tem assistido, de total desrespeito ao bem comum (o que dirá ao do outro). Perdão por ter me passado, no meu ímpeto de defender o que é justo, de quanto a injustiça tem primado neste país. Perdão por não ter segurado a mão, antes de arremessar minhas insensatas pedras, e não ter ponderado sobre como a falta que referências de lideranças éticas podem contribuir para este tipo de atitude...
Peço perdão por ter permitido que minha pequenina revolta sobre um gesto tão menor se tornasse maior que a imensa e crescente revolta de um povo, indignado com os desmandos de seu país e desacreditado dos destinos desta nação! Sim, por minha culpa, minha máxima culpa, me embasei em argumentos ideológicos e filosóficos, me afastando do cerne da questão: o transbordamento da negatividade!
Vejam que contradição: o dito e proclamado "país do futuro" não acredita mais no amanhã! Desistiu, entregou os pontos, parou de querer progredir e aceitou a ordem inversa de se corromper! Minhas pedras, tolos e equivocados pedregulhos verbais, erraram feio o alvo. Acertaram em quem já se cansou de apanhar. Naqueles que já apanharam tanto, que já se anestesiaram, simplesmente desistiram de sentir dor por este país, por considerarem, que, de fato, não vale mais a pena...
 Minhas pedras deveriam ter mirado os telhados de vidro, fossem eles dos palácios públicos dos seus três desrespeitados poderes, fossem dos templos de consumo, tão ávidos, usurários e envolvidos com tudo isso que está aí e que, hipocritamente, tanto criticam...
Perdão, mil vezes perdão. Eu não parei pra me colocar no lugar daqueles que viram sua esperança representada por um dos seus, operário, nordestino, retirante, mutilado... Eles que acreditaram, que exultaram quando o viram no poder e que, hoje, não tem mais esperança, nem pra beber, nem pra comer...
Tudo se esvaiu na indigestão de poder de uma legenda que transformou idealismo e militância em corações partidos, ganância e perpetuação de poder! Definitivamente os errados nào são os que se aproveitaram da falta de segurança e vigilância...Eles só seguiram o script, imitando os modelos que têm para seguir, seus líderes do Executivo, Legislativo e Judiciário que não se dão o respeito e, assim agindo, dão a estas pessoas o direito de lhes seguir...
Ainda assim, não posso concordar com o fato... Não conseguiria... Apenas guardo,humildemente, minhas pedras para os merecidos alvos...E aproveito para jogar um pouco mais de fervura no caldo...
Hoje, depois de refletir, creio que tudo isso precisava mesmo acontecer... Que as vitrines quebradas e os bens subtraídos nos sirvam como um novo símbolo... Se é mesmo verdade, como afirmei mais acima, que a culpa de tudo isso não é daqueles que aproveitaram o momento sem vigilância, somos nós os culpados por não termos vigiado um país que é nosso e ter deixado gente sem escrúpulos invadir as nossas casas, as nossas mentes, os nossos votos e os nossos atuais podres poderes...Há muitas pedras ainda... jogá-las separadamente por aí não vai mudar nada! Talvez o melhor caminho seja uni-las e criar uma fortaleza capaz de proteger este país daqueles que vão virar pó na estrada!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Bom dia segunda


Bom dia
segunda
fortalece
os braços
e todos
os passos
daqueles
que farão
esta semana!
Agora
descansa
o descanso
e é hora
do trabalho
e sobre
um galho
escuto
o canto manso
de alguma ave
lhe dando
boas vindas,
segunda!
Atrás do sustento
todo suor
é alimento
pra manter
a alma
porque o corpo
embora não saiba
vive mesmo
é de sentimento,
está escrito
em suas palmas...
Bom dia
segunda,
ignora
todo lamento
ou pensamento
negativo...
O que importa
é estar vivo,
enquanto
gira a ciranda...
Vivo não na carne,
mas no espírito,
na mente
e no coração
de alguém
que nos é querido,
mesmo em forma
de lembrança...
Bom dia segunda,
olha o sol, seu amigo,
te chamando pra dança...
E eu, ousado,
te digo,
enquanto a vida não cansa,
é a ela que eu chamo
pra dançar
comigo!

sábado, 17 de maio de 2014

Desejo!


Quero fazer
canção com a vida
com o olhar uma solução
que cure uma ferida...

Quero fazer
da voz um violão
da paz a minha lida
pra tocar um coração...

Da fé fazer a mão
dos sonhos os meus pés
do tempo o meu irmão
amigo em algum viés...

Quero fazer
poema com a procura
com a pergunta fazer rima
em versos de doçura...

Quero fazer
do verbo alguma ajuda
do pranto alguma vírgula
e a oração que nos acuda!

Do silencio uma resposta
Do mistério a minha mesa
Da espera a minha aposta
do eterno uma certeza!

Laço de Janela



Posso sentir
o chão tremer
a cada passo
que ouso buscar
além do meu destino...
Vibração de sino?
Chamado de capela?
Onde vai dar o abraço
que há alguns anos
eu dei a ela?

Posso sentir
a terra vibrar
os pés descalços
só querem fazer
um mapa, ou seria um hino?
O sol ali a pino,
quem sabe uma aquarela,
onde vai dar o beijo
que há alguns anos
eu entreguei a ela...

Posso sentir
o sonho acordar
olhos abertos
mesmo sem querer
susto de menino...
O gesto é um veio fino!
Riacho na janela
onde vai cair o laço
que há alguns anos
ela pensou ser cela...

Velhas portas




Aquelas velhas portas
trazem um tempo esquecido
abrindo as comportas
de todos os sentidos
oferecendo como presente
um pouco de passado
livrando coração e mente
do limbo deste mundo alucinado
As velhas portas são portais
de um tempo aonde o trato,
a gentileza e a atenção
valiam muito mais que a ilusão
de um prazer imediato...
Valia mais o aperto de mão
que o contrato,
menos o fato,
mais a consideração...
As portas, velhas,
mexem com a imaginação...
Acendem centelhas,
apagam a escuridão...
Nos mandam alguns recados,
mensagens ancestrais
pairando por todos os lados,
trazendo um pouco de paz...
O cheiro de uma comida caseira
nos fala de um mundo muito mais feliz
lar de uma gente festeira
sustentada pelo alimento de raiz...
Da cozinha à porta de entrada
gente lareira, com aconchego de sorriso,
sem querer provar mais nada
que o sabor do improviso
de quem já pegou a estrada
e encontrou o que era preciso!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ave-Maria do sol



Sol que se deita
na nuvem que tece
um céu que se enfeita
pra escutar a prece
a luz se assemelha
ao brilho do dia
a fé se ajoelha
numa Ave-Maria

E o abraço das cores
ninando o horizonte
nos fala das dores,
do amor que vira ponte
e vem interceder
e vem abençoar
é mãe que ama você
é sim que ensina a amar!

Paradas



Reserva da memória,
ilusão sem volta...
Vagões da história,
conforto de escolta...
Viagem preservada
na estação das horas
na face iluminada
as sombras do agora
Voo sem compromisso
até outra pousada
na imaginação, o viço
as asas, pé na estrada!
Um templo de cores,
relevos, sons e aromas
mistura de sabores
nas diferenças, somas..
Quem disse que o tempo
não para  por aqui,
nunca parou pra ver
a flor beijar o colibri!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Frutas da terra



A pele morena
de um sapoti
o alaranjado
da manga rosa
o bronze vermelho
de um caqui
ouro transparente
da carambola
o verde bandeira
do kiwi
o pink corado
da melancia
marrom cor de terra
do licuri
a pérola interna
da lichia...

Fruto
de quintal
fruta
de dar no pé
árvore, grão
sinal,
só semeia
quem tem fé!

O escarlate tenro
de uma maçã
o esmalte brilhante
de uma cereja
o vivo laranja
de uma pocã
o rubi meio áspero
da framboesa
O lustro coral
de uma tangerina
o "red tomato"
de um caqui
o veludo estampado
da nectarina
o relevo dourado
de um abacaxi

Fruta
de quintal
fruto
de dar no pé
árvore, grão
sinal,
só colhe
quem tem fé!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Nossa Senhora de Maio



Raio
de luz
nos azuis
de maio
Mão
de mulher
que nos quer
no coração
Maria
do Amor
do esplendor
do dia
da madrugada
e da dor
da flor
e das sete espadas1
Destino
de cruz
no Jesus
menino...
Exemplo
de fé,
com José,
no templo
Presente
de Deus,
com João,
no adeus
Missão
terna
e eterna
de intercessão
Manto
de doçura
forma pura
encanto
Princesa
da paz
Senhora
do sim
farol
e doce cais
Sublime
jardim
Rainha
de maio
cuida
de mim!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Existência




E o tempo
que se encontre
com a vida
para um longo
e doce beijo
e que ela se sinta
querida,
perceba nele
o desejo
e pulse
no mesmo ritmo,
intensa
e sem pressa,
e se entregue
num gozo legítimo,
se sinta às avessas...
E o tempo
se sacie da vida,
e a vida se
sacie do tempo,
e que esta
paixão enlouquecida
seja regida
divinamente
ate que exaustos
e de partida
tempo e vida
sejam um só,
terna e
eternamente!

sábado, 10 de maio de 2014

Meses... (uma homenagem a todas as mães, através da minha mãe querida!)



No começo não parecia ser nada...
Mas foi crescendo, sem que eu notasse...
Uma ou outra sensação de vertigem, muita azia, algumas náuseas...
Muita coisa se transformando em mim...
Os nervos à flor da pele, uma sensibilidade extra...
Minha percepção de tudo mudando de repente...
Gente, parece que agora eu tinha um escudo...
Uma sensação diferente...
Uma suspeita, um exame e estava ali!
Uma notícia que mudaria pra sempre a minha vida!
Meu chão caiu...
Eu havia sido escolhida...
...pra perpetuar a vida!
Ia ser mãe!
Um amor inconsequente passou a crescer junto com meu ventre...
Um sentimento infinito, que me virava ao avesso...
Como sentir algo assim por quem eu nem conheço?
Eu perguntava a mim...
Mas foi assim!
Durante a espera foi como se uma primavera acontecesse em mim...
Virei jardim!
De repente uma barriga era a melhor amiga,
dando toda liga ao mistério de existir!
Meu corpo mudando, meu tempo passando, meu mundo girando
em torno de um amor com formato de sim!
E eu evoluindo...
O tempo mais doce, a vida como se fosse o sonho mais lindo!
E eu quase explodindo de ansiedade e ternura, contando cada dia,
momentos de alegria pura!
E, então, você nasceu!
Filho, filha, brilho, maravilha, um coração palpitando com o meu!
E eu me tornei alimento, peito, mama,
amor que se derrama em forma de leite,
esperando que a cria aceite e cresça, bacana...
No começo, o que parecia não ser nada,
transformou completamente meu mundo,
e agora, em mim, é simplesmente tudo! 

O vitral da estações errantes



Não há nenhum trem parado
na estação do passado!
Aquela pessoa sozinha
parece esperar o chamado
de alguma lembrança vizinha...
Um trem parece ter apitado, distante,
trazendo o recado galante,
de uma esperança que adivinha
talvez ser este o último instante
pra se olhar, com carinho,
sem medo e sem paixões dissonantes,
depois de um gole de vinho,
o vitral das estações errantes,
antes de seguir seu caminho...

Pazes com o dia




Entre as árvores,
uma fresta,
abrindo as comportas
do verde,
pra luz fazer a festa!
Sobre um girassol,
uma gota de água,
generosa,
compartilha o sol
com alguma rosa
e aquece a pedra
que se escondia
sob a sombra
mais fria...
A estrada,
vazia,
jazia sob
um silêncio raro...
E o caminho,
agora claro,
fazia as pazes
com o dia!

Piquenique das cores



Na mesa não havia nada...
Nos bancos não havia ninguém...
E, no entanto, eu me encontrava refém,
completamente saciado,
no piquenique das cores!
As dores haviam passado,
sol e sombra se misturado,
folhas pareciam oferecer
seus próprios sabores!
O que havia feito de tão bom
pra merecer aqueles favores?
Numa esplêndida manifestação de poder,
a natureza colocava sobre a mesa
seu piquenique de cores!
E eu, ali, a me perder,
entre pássaros, nuvens e flores,
impregnado de vida,
acariciado de odores...
Na mesa não havia nada...
Nos bancos não havia ninguém...
E no, entanto, eu te encontrava ali do lado,
completamente refém,
no piquenique das cores!

Saudades de cigarra



E a cigarra cantava,
descansada,
quando a formiga, suada,
passou por ela,
e admirando aquela voz,
tão bela,
parou tudo o que fazia
e, repleta de alegria,
agradeceu a ela...
Quando o frio chegasse,
talvez a formiga nem lembrasse,
do alivio que a cantoria
daquela cigarra lhe dera,
num dia sem importância
de uma distante primavera...
E enquanto alguém olhava
aquela cena de fábula,
um cigarro fazia
sinais de fumaça
sem graça,
num fim de tarde
em Brasília...
Um olhar que embaça,
uma saudade que enlaça,
lembranças de outros dias...
Quantas canções
ainda restariam
entre as árvores e a camisa
da criança que ousava
chamar as cigarras
de amigas...

A rainha da praia




Sobre a areia
você tece a sua teia
e caso alguém não leia
a sua sutil postagem
ainda restam as pegadinhas...
Não são miragens,
aquelas marquinhas,
são mensagens
da arainha...
A rainha da praia
sem biquini ou mini-saia,
eterniza sua ladainha
num fim de tarde...
Enquanto o sol ainda arde
e a sombra invade
o lugar de sua passagem,
esfriando, aos poucos, a areia,
nós, os racionais e loucos,
urbanos ciganos das cidades,
ignoramos na tela
de nossas próprias veias
a beleza da imagem
do canto desta sereia
eternizado na paisagem...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Just write...




Escrevo
porque preciso
é como comer,
respirar, dormir...
É um partir
de mim mesmo,
momento de ser,
voar, servir...
Compartilhar
o que me atrevo,
multiplicar um dom,
me permitir...
É como saber
antes do aviso
de que o poema
acaba de nascer,
que, mesmo sem
saber se devo,
mesmo sem maior
motivo,
escrevo
por estar
vivo!

Chuva de luz!




Olhei pro céu
na madrugada
e vi chover estrelas...
A Terra tirou seu véu
e, iluminada,
sorriu para recebe-las...
Mas não eram estrelas
e, sim, meteoros
brotando de todos os poros
do céu,
como pingos de suor
de Deus...

Passando um filme...




Não somos um filme preto e branco...
Somos uma série colorida!
Um cast invejável de diferentes talentos complementares...
Somos ímpares e pares...
Seres em contínua evolução, capazes de se tornarem lares, lugares, altares...
Mas só quando enxergam além de si e percebem os outros como irmãos!
Não somos uma peça ensaiada, absolutamente marcada, sem lugar para improvisos...
Somos imprecisos, como a comédia e o drama da vida, que chegam sem nenhum aviso e a fazem valer ser vivida!
Podemos ser uma aventura sem fim, a ficção no meio de um jardim, o suspense pelo que vem depois do fim, o sim no último capítulo da novela...
Somos a mistura imperfeita de gêneros, a fantasia que preenche toda terra, o terror do romantismo mais efêmero, a ação e a animação de toda guerra!
Mas não somos trash só por conseguirmos ir desde o mais impossível passo de dança num musical ao mais incompreensível gesto num caso policial...
Somos estes atores errantes entre os personagens principais e o mais insignificante dos figurantes, nada mais...
Não há porque nos sentirmos superiores ou inferiores... É só uma questão de cena, não de valores!
Como as cores ou as estrofes de um poema, somos o produto inexato de nossas catástrofes e dilemas!
Somos o hiato entre nascimentos e mortes, azares e sortes, costuras e cortes de um filme inacabado...
Nos créditos, talvez um ou outro legado...
Um nome, um sobrenome misturado entre outros tantos, perdido ou achado por acaso, sem prazo de validade, surpresa ou espanto...
Não, não, não somos um filme preto e branco...
Não somos um filme sem som, um filme mudo...
Nós temos tudo, nós recebemos os dons!
Mas temos sido indisciplinados, confusos...
Temos escutado demais a voz dos nossos próprios egos...
Talvez num tom alto demais, nos tenha deixado meio surdos...
Quem sabe meio cegos...
Temos perdido a paz, escondidos atrás de mil escudos...
Como trilhões de Legos a  formar um mar difuso...
É necessário parar...
Rever as cenas, o script, o time...
Compreender o roteiro, a ideia, o tom, a arte...
Respeitando o papel e o espaço da plateia...
A odisseia consiste em fazer bem a nossa parte...
Não, não se insulte, mas também não somos um filme cult, estamos longe disso...
Estamos mais pra um documentário...
Frios e impassíveis diante do precipício...
O choro compulsivo mais hilário, o escárnio intempestivo mais submisso...
E antes que, por meia dúzia de palmas, alguém venda sua alma, talvez seja bom lembrar do mais nobre compromisso...
O de olhar no espelho sem perder o viço!
E quanto ao Grand finale, é só pedir ao mundo que se cale,
quando for a hora das cortinas se fecharem...


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Maio maior



Maio pode ser maior,
pode ser melhor
que só outro mês
num calendário...
Pode ser a vez
do tempo
dar razão
ao dicionário e,
como um templário,
ser guardião
da sensatez...
Maio pode ser maior
que nossa própria
estupidez...
Pode trazer lucidez,
clareando,
como um raio,
a mentes
que ignoram
nossas leis...
Sim, Maio pode
e deve ser maior
que a ganância
pelo erário,
ser maior
que a circunstância
e apostar na altivez...
Um tempo
que aposte
no contrário,
e faça deste
maio
muito mais
do que um mês!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sempre em Senna




20 anos de saudade!
Saudades de um encontro marcado com um país, nas manhãs e tardes de domingo, pra celebrar a alegria de ver um Brasil capaz, correto, humano, campeão!
Ayrton Senna da Silva foi muito mais que o mais fant[astico piloto de Fórmula 1 que existiu. Ele foi muito além disso. Ele foi a encarnação da esperança de uma nação em dar certo! Ele foi a personificação do orgulho de um povo, acostumado a ser conhecido, antes dele, apenas pelo seu futebol e suas bundas...
Ayrton era top entre os tops! Em todos os sentidos! Era o herói de todas as classes do Brasil! Porque era, ao mesmo tempo, a elite que deu certo e o pobre injustiçado e perseguido pelos "Balestres" da vida! E em todas as suas facetas, em todas as suas identidades, o vencedor estava presente. E isso dava alento a uma massa incrível de brasileiros que se irmanava na frente das TVs sabendo que ia ouvir um sonoro Ayrton Senna do Brasil tirar coelho da cartola, fazer mágica, multiplicar seus talentos e seus dons, elevando a moral e a estima de um povo sofrido por conviver diariamente com o erro. Com Ayrton não tinha erro, tinha superação, tinha raça, tinha perseverança, insistência, tinha certeza, triunfo, vitória, alegria, emoção, confirmação de valores esquecidos nos corredores dos congressos e palácios deste país!
20 anos depois naquela mesma curva que eternizou um campeão, 20.000 pessoas de todas as nações celebram o mais brasileiro dos campeões! Em todo o mundo centenas de manifestações brindam a sua memória e os seus feitos. Celebram o cara que com apenas três títulos mundiais é reconhecido, pela absurda maioria dos pilotos de todas as categorias e países, como o melhor do mundo em todos os tempos! Ayrton fez muito mais que correr, embora algumas voltas e corridas suas sejam obras primas desta arte. Ayrton foi um campeão em humanidade! Perseguia incessantemente o "ser melhor a cada dia", como ser humano, principalmente! Movido por esta competição consigo mesmo, ele foi dando exemplos e deixando mensagens durante a sua curta corrida contra o tempo, nesta existência mortal. Errando e aprendendo, caindo e se levantando, algumas vezes se contradizendo, em plena manifestação da incoerência humana, ele foi quebrando paradigmas, construindo e realizando sonhos, inaugurando e encerrando uma era que só quem viveu, de fato,  pode entender...
Ayrton era um diferencial...
No alto do pódio ou no abandono do box, sorrindo ou sofrendo, celebrando ou aprendendo, ele tinha luz própria e cumpria, como poucos, a missão de brilhar neste mundo...
Foi assim ao abandonar o carro e a corrida pra socorrer um companheiro...
Foi assim ao parar o carro e "hastear" na sua Mclaren a bandeira do Brasil e instituir a volta da vitória não de uma equipe, mas de uma nação...
Foi assim ao denunciar a podridão e as artimanhas do poder e da corrupção dentro do circo mais elitizado e milionário dos esportes..
Foi assim ao praticar a generosidade e a gratidão e oferecer a Berger uma vitória, transformando um colega e amigo em irmão...
Foi assim ao protagonizar o ineditismo de um piloto ser carregado nos ombros de sua torcida, com a
inesquecível e imortalizada invasão nas pistas de Interlagos na sua segunda vitória no GP do Brasil!
Ayrton foi tão fantástico que fez um argentino, Juan Manoel Fanggio, penta campeão mundial de F1,  declarar que "Senna foi o melhor de todos". Tão espetacular que sua precoce partida fez uma seleção dirigida por Parreira brilhar e conquistar uma copa do mundo, há mais de duas décadas perseguida...
20 anos depois e o Brasil parece ter aprendido muito pouco com Ayrton...
A podridão tão combatida por ele anda institucionalizada...
A desonestidade e os meios escudos que ele firmemente combatia, têm sido os novos campeões num Brasil que parece ter se esquecido das coisas que ele fez e disse...
Aqui e ali, algumas centenas, talvez milhares, de Ayrtons, Sennas e Silvas, teimam ainda em não desistir! Teimam em correr atrás, em ultrapassar os mais complicados desafios. Teimam em se superar, em batalhar a cada instante para ser uma pessoa melhor... Contra os "Dicks Vigaristas" de nossos dias, estes são os verdadeiros campeões, em suas derrotas e vitórias silenciosas, anõnimas, são aqueles que entenderam e guardam o verdadeiro legado de Senna.
Nos 20 anos de sua morte, Ayrton, enquanto o mundo te celebra e homenageia, teu berço tem muito pouco de esplêndido... O gigante vai sediar uma copa e uma olimpíada, mas o seu povo ainda é anão em fraternidade e educação... A tua Fundação vai tentando fazer a sua parte, mas os poderes instituídos, com raríssimas exceções, parece ter se Prostituído ao legado de "Balestre"..
Sua morte, não por acaso no Dia do Trabalho, num país pouco afeito ao esforço para se tornar melhor, estará sempre em cena, como um caminho a seguir. Quem dera a vida imitasse a sua arte!
Mas a corrida ainda está aí... Ainda podemos aprender com você a lição do verdadeiro mestre e, de uma vez por todas, banir do nosso time este jeito cafajeste e fazer do Brasil, um país, de fato, campeão! Neste dia Ayrton, no podio da eternidade, levantando o troféu daqueles que lutaram do lado da verdade, você, enfim, terá a certeza de não ter sido imolado em vão!