domingo, 30 de setembro de 2012

"Senões"



De que adianta
pregar a verdade
e esconder a coerencia
sobre uma pilha de processos
nas salas de uma justiça cúmplice
feita por pessoas que acreditam
de fato prestarem grandes serviços
ao esconderem o pó sobre o tapete
alguem da corja pode responder
pra que serve mesmo
um bando de fiéis omissos
que se desviam do caminho
se perdem em suas verdades
e traem a própria vida
assumindo a covardia
de não se comprometer!

Judas contemporâneos
façam o que têm de fazer
embebedem o pão no vinho
beijem o rosto do mestre
vendendo sua verdade
por tão pouco...
Enforquem-se
na sua conivência
continuem com sua adulação
creiam na permissividade
adorem a bajulação!

Os processos seguirão
independente da sua vontade
raça de víboras
fariseus atuais
condenem Cristo novamente
defendam Barrabás
o sangue dos inocentes
a inocência perdida
a violência e o assédio
pesarão sobre suas vidas
não haverá remédio
como Ele mesmo falou
o que fizerem aos pequeninos
é a Ele que farão

Ao condenarem a verdade
a si mesmo condenarão....

Ciclo de nós



Manhã de sol
em meu peito
dia perfeito
pra tirar
a vida pra dançar
do mesmo jeito
que a brisa
faz com o girassol!

Tarde de chuva
em minha mente
fico de frente
pro altar
canto de rezar
novamente
transformar em gente
trigo e uva!

Noite de lua
em meu mundo
todo segundo
aproveitar
pra tentar
ser mais profundo
ir até o fundo
de cada rua...

O Anti-Social e a fera dentro de cada um




Por ele não existiriam festas. Ainda mais de aniversário. Coisa que detestava aquela reunião (quase sempre forçada) de pessoas das mais diversas tribos reunidas num só espaço pela obrigação de cantar os parabéns e levar uma lembrancinha para fulano ou fulana. Costumava dizer que aquilo se assemelhava ao mais primitivo ritual de bandos Neandertais em volta de uma fogueira ou de uma caça recém obtida.
Decididamente ele era contra festas deste tipo e, na grande maioria das vezes, simplesmente não comparecia. Geralmente uma delicada e cuidadosa desculpa antecipava a sua ausência. Só quando não tinha mesmo jeito, se via obrigado a encarnar o convidado feliz e assim o fazia, muito mais por consideração e respeito ao outro do que por sua vontade de estar ali e presenciar aquilo tudo.
E assim ia convivendo com seus conhecidos, das mais diversas esferas, driblando convites profissionais aqui, fugindo de outros familiares ali, saindo pela tangente mais adiante em eventos de alguns amigos, correndo léguas de multidões de mais de meia dúzia de pessoas, encarnando, enfim, o mais absoluto e assumido ser anti-social do seu meio. 
Às vezes era indagado por alguém mais próximo sobre a intensidade e o despropósito de tamanha ojeriza, ao que sempre respondia: “não espero que me entenda, mas que me respeite a opinião!”
E esta situação era ainda mais agravada quando o aniversário em questão era o dele mesmo. Aí, qualquer alusão ao tema, nas proximidades daquela data, era como provocar um enxame de abelhas africanas. Melhor sair de baixo!
E eis que algumas vezes, motivados talvez pela curiosidade diante do desconhecido, talvez pelo desafio frente ao temor, mas com certeza sempre com a melhor das intenções, não é que alguns de seus amigos, colegas ou conhecidos tentaram promover festas surpresas para aquela criatura?
Pense num desastre! Relações estremecidas, decepções estampadas, comidas e bebidas desperdiçadas, convidados horrorizados, comissões organizadoras estupefatas com as reações mais absurdas e grotescas do homenageado. Na maioria delas a ausência foi a presença mais marcante das “celebrações”. Na única que o pegaram de jeito, sem chance de uma fuga cinematográfica por portas do fundo ou escadarias de serviço ou incêndio, um a um os convidados e organizadores iam percebendo a “bola fora” que tinham dado, diante de um aniversariante gélido, sério, contrariado e, a cada segundo, mais insuportável na acidez e ironia de seus comentários monossilábicos. Resultado? Esvaziamento total do evento e de alguns relacionamentos.
Depois dessas, todos os que o conheciam ao menos um pouco não se atreviam mais sequer a mencionar seu natalício. E ele, feliz, diante de uma ou outra provocação ou pergunta sobre o assunto, respondia que até sua própria família não lhe dava mais os parabéns.Nunca mais soube de outro episódio neste sentido. Pode ser até que andem pensando em interná-lo, não me espantaria. A transformação da sua personalidade diante daquele assunto, passando de cidadão pacato e tranqüilo à uma mistura grotesca entre Dr. Jekill e o incrível Hulk, trazia à tona a “fera interior” naquela pessoa.
Por não “freqüentar” estes ambientes não poderia encontrá-lo, a não ser numa destas raríssimas exceções das quais ele não tem como fugir. Mas, de um tempo pra cá, talvez desde o dia em que nasci, não sei bem ao certo, cada vez mais me identifico com o nosso personagem. Por que será? Melhor não perguntar... Como diria um certo Dr. David Benner: “Vocês não gostariam de me ver nervoso!" Huaaaaaaaaaaahahaahahahahahaahaahaaaaaa.....

De tempos em tempos!



De tempos 
em tempos
se dê um tempo
pra que o tempo
faça de você um templo
onde a vida
busque bons exemplos
e te dê um tempo
pra ver o tempo passar!

Formas de orações



Uma fresta de luz
nas florestas azuis
da sua imaginação!

O que resta é um blues
numa festa, uma cruz
traz uma oração

Em forma de canção
elevo a Deus a alegria
Em forma de canção
eu levo a Deus a poesia

Uma vista da paz
uma pista a mais
pelo caminho...

Siga a crista no cais
faça uma lista de jazz
pra escutar com vinho!

Em forma de canção
elevo a Deus a alegria
Em forma de canção
eu levo a Deus a poesia

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Papo sobre versos



Poemas são filhos!
E como filhos,
podem até
não ser perfeitos,
mas têm nosso jeito,
dizem tanto de nós,
são a nossa voz
ninando corações
em seus leitos!
Temos que amá-los!

Poesias são nossas filhas,
podem não ser
nenhuma maravilha,
mas levam tanto
do nosso peito
a este mundo imperfeito!
Temos que amá-las!

É que se a gente
parar pra pensar,
vida de poeta
é andar de mãos dadas
com a inspiração...

Poeta é pai e mãe
deste universo
de rimas
que toma
seu coração!

Confiança




Triste,
o beija-flor
travou as asas
por não sentir
a orquídea
como casa
e decidiu
apenas flutuar!

Tomou ar
deixou
o vento soprar
em suas penas
voltou-se
e ali ficou,
parou apenas
pra traduzir
o que brisa
veio contar!

Abelhas,
borboletas,
centenas
de azulões
e cardeais
anacoretas
somente
gargalhavam
no jardim...

Sim,
é o fim,
pensou
o beija-flor!
E sua alma,
com toda calma,
partiu dali!
Enquanto
seu corpo
se transformava
sobre alguma
pétala
na mais doce
e surreal
pintura
de Dali!



Homens de pouca fé



Tentei fazer buquês
com suas dores
transformá-las em flores
sem cavar porquês...

Tentei compor arranjos
com seus medos
sem invadir seus segredos
como algum arcanjo...

Mas o tempo inteiro
você virou as costas
deixou sempre à mostra
a sua pouca fé...

O tempo inteiro
voce negou a aposta
fez só como gosta
e do jeito que é!

Tentei achar agulhas
nos palheiros
como um fogueteiro
produzir fagulhas

Tentei cercar de paz
as suas dúvidas
mas as suas dívidas
sempre foram mais!

O tempo inteiro
me negou a aposta
fez só como gosta
e do jeito que é!
O tempo inteiro
me virou as costas
deixou sempre à mostra
a sua pouca fé...



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Tapas com luvas



Este chove
e não molha
tem a chave
da bolha
que dança
com o vento
como a clave
do vinho
canta a safra
na rolha
e conta
a paz do momento!

Este tapa
com luva
é uma etapa
do laço
que aproxima
dois nós
como a farpa
da língua
é um pulo
pra um abraço
sem espaço
pra voz!

Por que você
se contradiz?

Querendo
encarnar o adulto
com suas birras
infantis?

Por que você  
é tão infeliz?
Querendo
encenar a trama
sem ler o drama
que diz?

Por que você

se contradiz?

Porão no fundo do mar



Será que alguma vez
voce parou
pra levar
em consideração
a possibilidade
da razão não estar
exatamente do lado
que voce gostaria?

Será que alguma vez
você seguiu
além da sua intuição
uma verdade
com paixão suficiente
pra mudar
o que voce mesmo
pensou um dia?

Vida que evolui
sem voce notar
o mundo gira e seduz
sem voce piscar
a madrugada acendeu
o sol na noite fria
que se escondeu
em algum porão
no fundo do mar!



A comédia do drama



Quantas trombetas
terão que soar
para voce perceber
que ainda não é o apocalipse?

Nem tudo está perdido,
é só não fazer pesar,
deixa estar, que o que acontecer
fará parte desta elipse...

As órbitas devem ser aos pares
e os movimentos não têm que ser circulares
pra ser bem sucedidos!

O mundo não tem pilares
e os sentimentos não têm que ser regulares
pra fazer algum sentido!

Quantos dramas
terão que ocorrer
pra voce entender
que a comédia é mais divertida?

Nem tudo está no sorriso
mas um brilho no olhar
pode apostar, sempre vai valer
pra transformar uma vida!


sábado, 22 de setembro de 2012

Não é fácil construir castelos


Ninguém disse que seria fácil construir castelos!
Ainda mais um daqueles tão belos que parecia caber apenas no país das mais incríveis fantasias!
E, de repente, eu tive a oportunidade de ver um desses se erguer, no lugar mais improvável...
Tijolo a tijolo, reboco a reboco, mão após mão do mais artesanal adobe, feito de barro (quem sabe do mesmo que moldou Adão), fui conhecendo suas formas, percebendo os contornos que brotavam de uma mente repleta de imaginação!
Depois vi suas torres se transformarem em monolitos e assisti maravilhado elas ganharem vida, ganharem o infinito, com um cuidadoso banho de cores!
Acompanhei as dores do parto, meio que à fórceps, mas de repente o castelo estava ali, erguido, cheio de sentido, de encantamento...
Milhares de fios faziam circular luzes, sons, imagens e sonhos por ali!
Mas o castelo ainda estava vazio...
E novamente, como num passe de mágica, seu interior também ganha vida!
Arte, por toda parte!
Cuidadosamente semeada em cada canto, gerando encanto em cada alma sensível!
Absolutamente incrível!
Elos e elos de correntes formando uma cadeia de beleza latente, extasiante, quadro a quadro, vitrine a vitrine,peça a peça, história a história, tudo guardado na memória e no coração!
Da China milenar à Pompéia, da Dama Elizabetana ao Templário, da Sagrada Família ao Anjo, do Sátiro aos Bispos, dos Santos à serpente trombeta, tudo ganhava ali um ar meio divino, meio sagrado, distante deste planeta!
Ninguém disse que seria fácil construir castelos, ainda mais em terra árida!
Mas você ousou enfrentar o desafio e fez!
E quando seu castelo ficou pronto, de tão bonito, ele deixou os beduínos deste deserto tão tontos, mais ainda do que já são, que mais uma vez eles mostraram que são eles que não estão prontos para contemplar, entender e interagir com arte verdadeira!
A grande maioria nem sequer entendeu a proposta!
Mas os poucos, como eu, que se desinstalaram da mesmice e, curiosos, aceitaram seu convite e adentraram seu castelo, puderam viajar com você, por toda a história da humanidade, passando pelas estações dos séculos, admirando várias expressões inequívocas de tudo o que há de melhor no ser humano, se deslumbrando com diversas manifestações hipnotizantes do mais puro talento!
Poucas centenas de visitantes...
Frustrante?
Não, meu amigo sonhador e realizador!
Frustrados serão os que não aproveitaram esta oportunidade de ver um lugar de primeiro mundo neste quintal periférico de subdesenvolvimento sócio-cultural que se transformou Salvador.
Estes ficarão apenas imaginando como era o seu castelo...
Tenho convicção de que a grandeza de tudo o que voce criou, construiu e ofereceu a esta cidade, infelizmente nao cabe sequer na imaginação de seus habitantes!
Sinta-se feliz com o que você fez!
São raríssimos os homens à frente de seu tempo!
Você é um deles, não tenho dúvida!
Ainda mais raros são aqueles que conseguem oferecer ao semelhante algo realmente inesquecível!
Assim é o seu castelo, meu irmão, na mente e no coração de todos os que tiveram o privilégio de aceitar o seu convite e te fazer uma visita!
Na câmara das nossas lembranças, cada uma de suas maravilhas há de nos acompanhar para sempre!
Obrigado pela sua coragem!
Não é fácil construir um castelo. Mais difícil ainda é mantê-lo!
Ainda mais no meio do deserto!
Se infelizmente chegou a hora de levantar a ponte levadiça, conte comigo ao seu lado para puxar as correntes. Imagino o peso desta decisão.
Mas não tem nada não.
Em pleno Saara Cultural, há ainda um imenso Oásis dentro de você!
Conhecimento, cultura, imaginação, talento, arte transbordando...
Tenho certeza de que algo ainda maior virá!
Talvez disfarçado com um abadá, que é pra ganhar a simpatia da terra, quem sabe com a pegada da indústria do beijo, vá saber.
Sei que, mais uma vez, você surpreenderá e fará um novo castelo.
Talvez não impecável como o primeiro, com certeza do tamanho da percepção da "galera", mas, sem dúvida, absolutamente bem feito e inquestionavelmente acima da mediocridade que a Bahia idolátra!
Vida longa e próspera!
Alma renovada, brios restabelecidos, energia de criança para gargalhar na areia e curtir a praia. 
A onda levou um castelo? Outros castelos virão!

 



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Vida de Árvore



Comecei semente
depois finquei na terra
minha raiz
até que num dia
depois de um dia
de muita chuva
brotei feliz!

E fui crescendo
na direção de um azul
que até hoje não toquei!

Comecei a ganhar corpo
tronco, braços, galhos
atalhos em mim mesmo
de um universo que nem sei!

Depois enverdeci!
Folhas e folhas
de histórias que vi
ou que ouvi
cantadas por
alguns passarinhos
nos ninhos que acolhi!

Flores e frutos
chegaram de repente
numa explosão
de cores e arbustos
de uma estação diferente!

Hoje sou árvore
amiga, antiga senhora
matriarca de um jardim!
Sou sombra pra quem passeia
e há quem ainda leia
alguma poesia em mim!

Hoje é meu dia
andam dizendo por aí...

Tem gente me abraçando
me homenageando,
gente me protegendo
de gente que anda querendo
me transformar em cama,
mesa, banco,
viola, fogueira,tamanco,
cruzes,
que gente ruim...

Elas não enxergam
que, no fim,
são iguaizinhas
a mim?

Também
foram sementes
possuem raízes
nasceram,
ganharam corpo
em dias de chuva
podem ser muito felizes
ofereceram flores
quebraram galhos
deram seus frutos
tem seus ninhos,
tem suas cores,
e, como eu,
terão fim...

E, só assim,
tocaremos o azul
que até hoje
não consegui!

 

Sobre votos e devotos! (Minha homenagem a Geovani Azevedo, um cidadão de bem que teve a coragem de se desinstalar da sua zona de conforto, abraçou a missão de se candidatar a vereador como um compromisso cristão de atuar por um mundo mais humano, verdadeiro e justo e me fez acreditar novamente no meu voto depois de muito tempo.)



Os Votos são aspectos pelos quais os religiosos consagrados vivem a restrita "uniformização com Cristo", sendo considerados "novos Cristos" para a igreja. Através destes Votos os religiosos seguem as constituições dos seus respectivos institutos, vivendo segundo seus carismas os conselhos evangélicos mais comuns. O grau de seguimento e cumprimento destes conselhos evangélicos variam de instituição para instituição, sendo as ordens religiosas mais austeras, onde os Votos são professados solenemente. As congregações religiosas, por sua vez, só obrigam os seus membros a professarem os Votos na sua versão mais simples. Os votos professados mais comuns são os de Pobreza, Castidade e Obediência.

Votos, então, são compromissos pessoais com ideologias e atitudes.

Assim também devem ser nossos votos cívicos e eleitorais. Comprometidos com as ideologias que professamos e com as atitudes que desejamos ver em nossa cidade, estado e país. Cada cidadão deveria valorizar seu voto com a mesma dimensão solene professada pelos religiosos em seus votos. Uma espécie de sacralidade da cidadania. A cobrança em relação às propostas dos nossos políticos também deveria ter o mesmo grau de exigência manifestado por nós ante as “derrapadas” de alguns sacerdotes em relação aos seus votos. Acontece que temos o péssimo hábito de nos engasgar com mosquitos enquanto ruminamos camelos e engolimos elefantes. 

Voto por voto, deveriam ser os devotos os primeiros a cobrar e fazer cumprir compromissos e propostas assumidas, tanto por políticos, quanto por religiosos!  Afinal, sem devotos ou partidários, nem religião e nem política existiriam. Sem sacerdotes e políticos, tanto uma como outra continua a existir!

No momento em que um povo, seja ele de Deus, seja ele de uma nação, seja ele de ambos, toma consciência do poder de sua força coletiva e passa a atuar de acordo com o seu papel de protagonista, há uma enorme transformação de valores, posturas e prioridades.
Pense nisso na hora de votar! Não vote por interesse pessoal! Não vote pra beneficiar um parente. Não vote por votar! Vote consciente! Se cada um de nós fizer isso, de verdade, “Panis et Circus” perdem sua força. 

Sua Igreja começa em você! Seu país começa em você! Dê um voto de confiança ao seu próprio poder de fazer diferente e transformar o que não está certo!

Votos são compromissos pessoais com ideologias e atitudes. Não seja omisso, faça seu voto valer!

Sentimento no papel



Beba um pouco de sol
ao receber as manhãs
ofereça um sorriso
sem esperar em troca o amanhã

E se estiver chovendo
dance com os pingos
transforme cada dia
da semana em domingo!

Brinque com as formas das nuvens
e prove um pouco do céu
Troque impressões com o vento
coloque sentimento no papel!

E se estiver chorando
regue seus sonhos com a dor
Transforme lágrima em poesia
e toda dúvida em amor!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Bluezinho"




Quem me falou
pra eu prestar atenção
nas ondas
esqueceu de dizer
que o horizonte
seduz!

Depois que o sol
apaga a luz
e traz as sombras,
não consigo conter
minha saudade
dos azuis...

São tantos
e tão diferentes
uns transparentes
outros esperantos...

Como o céu e os mares
azuis falam a língua universal,
traduzem a luz como um cristal
e harmonizam nossos lares!

Casaram os azuis
Celeste e Marinho
dormiram juntinho
à luz azul da TV!
Dançaram à meia luz
ao som de um "bluezinho"
tiveram um filhinho
chamaram azul bebê!

E entre o claro
e o escuro
em pleno
azul piscina
Marinho e Celeste
em seu porto seguro
como Romeu e Julieta,
juraram amor eterno,
encomendaram
uma menina
e a chamaram
Violeta!






 

Solos no caminho



Chamem todos os poliglotas
de idiotas!
Se não falarem a língua do amor!
Nomeiem os ignorantes
de sábios!
Se traduzirem um grito de dor!

Só os cegos podem ver
que muitas vezes os espinhos
dizem mais que muitas pétalas...
Só os loucos podem ler
as folhas que os ventos
escrevem no caminho...
Solo, sozinho,
piano em dó maior!

Juntem todas as vírgulas
e sílabas!
Não dirão mais que a luz!
Mesmo as palavras certas,
serão desertas...
Diante de um par de olhos azuis!

Só os surdos podem ouvir
todas as rezas que uma chama
pode fazer ao se consumir!
Só os poetas podem sorrir
com gestos sem movimento
que habitam a indimensão
do pensamento!
Solo, sozinho,
flauta em si menor!

Congresso dos bichos



Do que voce vive hoje?
Do que voce quer viver?
O que alimenta seus sonhos?
O que é que te faz crescer?

No seio do deserto
os ratos correm
para areia movediça
sabem da sua sina
mas não querem sequer
virar carniça
depois de infestarem
o chão com sua urina!

O que voce bebe hoje?
O que voce vai comer?
O que embriaga seus sonhos?
o que entontece voce?

No leito do progresso
os porcos fogem
numa ordem tão omissa
tudo está em ruína
mas não querem perder
a sua alma alagadiça
depois de contaminarem
até nossas latrinas!

Pequeno manual de etiqueta básica



Por favor também se usa
já dizia minha avó
aquele que errar se acusa
mesmo que fique só

Não esquece de dizer obrigado,
com licença e bom dia
também aprendi um bocado
com as lições de uma tia

Por isso, hoje, quando entro no elevador
cumprimento as pessoas e ninguém responde
dá vontade de voltar no tempo
e de mandar parar o bonde
numa época em que meu direito terminava
onde começava o dos outros!






Banquete de que?




Traga suas idéias
sirva na badeja
ofereça uma dose
de algo além do "ora-veja"

As pessoas na mesa
estão com fome de esperar
se vier sobremesa
comem antes do jantar!

Traga novidades
prove seu próprio tempero
teste alguns sentidos
seduza talvez pelo cheiro!

As pessoas na mesa
precisam de um nome pra cultuar
não se importam com a reza
adoram a toalha do altar!

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

"September Eleven".



Tenho visto muitos posts e manifestações sobre os onze anos do "September Eleven".
A maioria ainda ressentida por aquele dia simplesmente inesquecível, exterioriza sua dor, seu sentimento de perplexidade, sua tristeza ao se lembrar de onde estava e como assistiu àquilo tudo.
Alguns, movidos por paixões e ideologias, têm se manifestado contra esta comoção, imputando aos Estados Unidos um número de mortes extraordinariamente superior ao daquele lamentável incidente e repudiando enfaticamente o "papel de vítima" do "País de todas as Guerras! Alguns têm comparado as estatísticas de vítimas com as do "Once de Septiembre" do Chile de Allende.
Sinceramente, não acho que caiba aqui julgar quem pensa assim. Cabe respeitar o pensar diferente! A dor de cada um. Isso não significa concordar!
Pessoalmente, sinto o Onze de Setembro como um divisor da história. Um marco de destruição, em vários aspectos! A imagem de aviões (ocupados por seres humanos) destruindo os edifícios (recheados de semelhantes) ainda me faz tremer! Além das duas torres e do "orgulho e poderio" norte americano, ruíram naquele dia alguns pilares de humanidade! Os "Kamikazes do terror" destruiram, naquele fatídico dia, muito mais: vidas, famílias, empresas, projetos, sonhos, verdades, futuros... Destruíram limites, fronteiras, esperanças...
Não vejo os Estados Unidos como coitadinho nesta história, de jeito nenhum. De uma certa maneira o "September Eleven" foi uma colheita do que a ganância bélica semeou. Mas nem isso justifica um ato como aquele...
Não consigo ver aquelas cenas de horror sem pensar no embrutecimento humano, na selvageria do ódio, na cegueira do fanatismo, no contra-senso da ação, movida por uma religião. E o que me entristece de verdade é saber que isso ficará na nossa história, como o holocausto de Hitler, as mães da Praça de Maio, a Guerra do Vietnam, o genocídio na Sérvia, entre tantos lamentáveis episódios da mais absoluta irracionalidade, personificados e protagonizados por gente, semelhante a mim e a você que me lê...
E aí não há como não pensar em Ghandi, em Martin Luther King, em Madre Teresa de Calcutá, em Lennon, no Dalai lama, em João Paulo II, em Francisco de Assis, entre tantos anônimos como aquele "Rebelde Desconhecido" enfrentando os tanques de guerra em plena Praça da Paz Celestial, na China. Também semelhante a nós! Pessoas que viveram a paz! Não só pregaram, não só difundiram, não só conscientizaram para ela...
Viveram a paz! E alguns deles morreram por ela!Não há como não pensar nestes ícones que tentaram nos avisar, nos alertar para o que viria, para este tempo sem sonho que estamos vivendo!
Há onze anos atrás o mundo assistiu, via satélite e ao vivo, o WTC virar escombros. Se transformar em poeira, em cinzas, em pó!
De lá para cá o ser humano tem revirado estes escombros e se impregnado de cinza, de dor, de luto, de medo, de ódio, de insegurança, de falta de limite para seu próprio egocentrismo. Diante de uma realidade tão brutal, fria e assustadora o homem buscou na virtualidade o caminho que restou.
No lugar do abraço, o e-mail...
No lugar da conversa, o post!
No lugar do sorriso, o "curti"!
Todos entricheirados nos escombros de si mesmos...
Silenciosos, omissos ou reféns da quantidade de caracteres permitidos num "coment"...
Não há como não se entristecer com esta data...
Há onze anos o mundo mudou, o homem mudou, a vida mudou.
E foi para pior!
Onze também foram os que restaram depois que assassinaram crucificado a Jesus Cristo.
Onze frágeis e amedrontados seguidores do Amor...
Não sei quantos somos os que ainda insistem em seguir o amor, mas como dizia Lennon, não sou o único sonhador!
E se a gente se juntar, se reunir em torno da idéia possível de um mundo melhor, o sonho de cada um dos seres humanos iluminados citados aqui não terá sido em vão!
Vamos embarcar neste avião e construir novas torres!
Dentro de nós mesmos!
No que está mais próximo!
Pensando nos que virão!
E só então, o mundo será um só!
Será comunhão!


BBMP!



Bora
Bora Bahia!
Bora
minha poesia!
Bora
me encher de alegria!


Bora
Bora Bahia!
Bora
minha patologia!
Bora
me curar
desta nostalgia!

Bora
Bora Bahia!
Bora Bahia
meu pensamento
Bora conquistar
mais um tento!

Bora
Bora Bahia!
Bora Bahia
minha porra!
Que vá à zorra
toda fidalguia!

Bora,
Bora Bahia!
Bora Bahia
minha paixão!
Ninguém nos vence
em vibração!

A chave de dentro



Até onde se erguem
os muros que te aprisionam?
Não deixe que os faróis te ceguem
eles apenas te direcionam...

A chave da masmorra
está dentro do seu peito!
Mas é preciso que morra
em você todo preconceito!

Negra é a escuridão
dos que não querem a paz!
Paz não tem cor,
mas tem o mesmo sangue do amor!

Universais doadores
do plasma da vida
amor e paz se dão as mãos,
são chegada e partida!

Até onde se aventuram
os caminhos que te servem?
Não pense que os desvios te curam
não deixe que eles te levem...

O segredo do castelo
está no leito do jardim
e tudo o que precisa ser feito
é regar a flor até o fim!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

My soul



Ela tinha tudo
para andar
entre os nobres
mas preferiu
a companhia
dos pobres
ali se sentiu
bem mais perto
de Deus...

Ela poderia
ter frequentado
a realeza e seus salões
mas optou
pelas torres
cavalos e peões
quando descobriu
o deserto dos bispos
ateus...

Ela caminhou
por aí
de mãos dadas
com o bem
em busca
de sonhos
e poesias...

E quando
se olhou no espelho
minha alma
enfim sorriu
não pelo que viu,
mas pelo rastro
invisível
mas perfeitamente
sensível
que dela surgiu!

domingo, 9 de setembro de 2012

Vagões e vagões de canções



Vagões e vagões
de músicas
passam pelas estações
das lembranças...

Numa delas
um menino pulando
canta um refrão
enquanto segue brincando
sem entender muito bem
o que diz aquela canção!

Na próxima
o condutor pode ver
pela janela
um jovem a escrever
sobre salas que viram celas
a depender do professor...

Mais adiante
alguém distribui folhetos
inspirados numa balada
do momento,
transformando um hit
bem comercial
em sustento profissional!

Atenção
na estação seguinte
acontece um casamento.
Tanto sentimento
é um acinte
pra quem não vive o momento.
Lá fora o sol brilha
sobre as flores da primavera!
E enquanto o noivo espera,
tudo transpira,
a vida começa começa à vera!

Na próxima parada
um nascimento
um olhar de criança
leva de volta 
a um mundo ideal
e a estação é um quebra-cabeças
montado num quintal!

Trem que segue
e a música que regue
o que virá depois...
Há um menino, há um moleque,
tentando cantar a vida
fazendo a vida valer,
chamando o adulto pro sonho
de sempre brincar de viver!