Não dá pra desenhar
nossas pegadas
sobre as rochas...
São os grãos da areia
que sabem mapear
nossos caminhos...
São como tochas
a iluminar os olhos
que tentam decifrar
o que escrevemos
em nossos pergaminhos!
Que meus pés
possam deixar
aos que virão
rastros de poesias
capazes de aquecer
o coração...
Sobre as rochas
uma flor se ergue
desafiando
sem explicações
o concretismo
de quem reduz
a própria vida
a uma busca
por cifrōes!
Ondas virão,
dirão os empoleirados
sobre os bancos
e apagarão
as pegadas...
Sim, elas virão,
eu bem sei,
e embora apaguem
as pegadas,
voltarão ao mar,
modificadas,
contagiadas de poesia,
levarão a outras praias
estas pegadas,
como mensagens
engarrafadas,
salvando os náufragos
da solidão
e da nostalgia!
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