Não é segredo pra ninguém que não torci pela Seleção Brasileira desta vez. Não pude! Não consegui!
Há quem ache que futebol e política não se misturam. Respeito a opinião de quem pensa assim, embora não possa concordar com ela.
Neste caso, desde o começo, desde a busca e a conquista para sediar o mundial, sempre foi essa mistura!
E então ouso colocar o dedo na ferida: o que regeu esta copa, desde o início, foi uma palavra só, no plural: interesses! E dos mais escusos.
O Brasil não estava em condições sequer de se candidatar a ser sede deste mundial. Assim como a maioria de seus políticos não tem condição de se candidatar a cargo nenhum, por falta do mínimo de educação e valores morais. E este despreparo, nos dois aspecyos, custa caro! Muito caro!
Com raríssimas exceções em todos os campos, não consegui enxergar paixão e compromisso com o esporte, no caso o futebol, que me fizesse sequer conseguir desassociar futebol de política. Da hipocrisia e arrogancia dos nossos governantes, passando pela insaciável volúpia das empreiteiras.
pela falta de seriedade e visão dos cartolas (em especial a CBF), pela ausência de dedicação e amor dos nossos jogadores, pelo despreparo e falta de profissionalismo de nossos jornalistas, pela inconsequencia, cegueira e egocentrismo da nossa torcida, tudo apontava e era sinal claro de queo Brasil não merecia o título de campeão. Falando de futebol, detidamente, O fiasco foi muito além do esperado e até que demorou! Olhando friamente, foram partidas pífias. Um jogo sofrível contra a Croácia, no qual o primeiro gol do Brasil foi contra (simbólico isso) e achou um gol num penalt arranjado que só um japonês amigo viu. Contra o México um empate de 0 x 0, no sufoco. Contra Camarões, um time dividido e destruído por interesses pessoais e monetários, uma vitória nada convincente. Já contra o Chile a tragédia se anunciava. Passamos nos penaltis por causa de um travessão salvador. Contra a Colômbia, outro triunfo suado, arrastado, casual. O jogo de hoje foi só o fechamento de um ciclo. Faltou competência, amor, entrega, preparo, inteligência, equilíbrio, talento, planejamento, humildade, suor, trabalho, compromisso, enfim, paixão pelo futebol e pela camisa canarinho. Jogadores amontoados viram, atônitos, uma seleção alemã desfilar talento, aplicação tática, preparo físico, inteligência emocional, num jogo limpo, bonito, honesto, envolvente, comprometido e respeitoso.Eles se prepararam, eles se multiplicaram, eles fizeram história, eles mereceram!
Nós não! A seleção hoje representou o país Brasil. Interesses individuais sobrepujando o sentido de grupo. Interesses externos passando por cima de valores pessoais. Interesses escusos pesando sobre tudo e sobre todos. Sem generalização, mas, repito, com raríssimas exceções! Estava escrito! Não podia ser diferente. Já não caberia uma seleção mediocre levantar o caneco, mesmo em casa.
E precisamos levar esta dolorosa lição para a vida deste país. Chega de improviso, chega de jeitinho, chega de conluio, chega de farra, basta de hipocrisia, de falsidade, de demagogia. só pra ficar em sete alertas, do tamanho da derrota que sofremos hoje, no futebol. É muito mais vergonhosa a goleada que estamos levando diariamente nos índices de educação, saúde, corrupção, habitação, segurança pública, enfim, no básico para proporcionar o mínimo de dignidade humana para nosso povo. Diante desta realidade, a fantástica goleada sofrida no futebol não é nada!
O gigante parece ter adormecido, desde as manifestações da Copa das Confederações. Os interesses mudaram... Os interesses, novamente! Desta vez os interesses eram outros, nada coletivos, nada patrióticos...
E o tão proclamado legado que políticos, cartolas, jornalistas, ex-jogadores e torcedores partidários sempre fizeram questão de defender, com certeza não será a dúzia de estádios superfaturados, muito menos as vidas perdidas na construção dos mesmos ou no desabamento do viaduto de BH. O legado que deveria ficar é o aprendizado da humildade. Podemos ser melhores, podemos ser maiores, podemos ser mais como país, como cidadãos, como seres humanos, como brasileiros. Começar entendendo e aprendendo que não somos melhores que ninguém já seria um bom começo! Basta o interesse de fazer! E, se, mais uma vez, os sinais servirem para alguma coisa, esta copa deixa uma esperança, ao menos:
começamos com um gol contra, terminamos, até agora, com um gol a favor. É tempo de mudar, de construir, de transformar, de agir. Coloquemo-nos em nosso lugar e vamos crescer. Não basta cantar o hino dentro do estádio. Tem que viver este amor até as últimas consequências, com raça e coerência, seriedade e correção, compromisso e ética, honestidade e paixão. Só assim, em qualquer campo de atuação no mundo, poderemos sentir orgulho e respeito por nós mesmos. Só assim!