sábado, 30 de julho de 2011

Idade média de nós




Do lado de dentro de um jardim
do seu castelo sem portas
procuro o centro de mim
no meio de árvores mortas

É outono de novo em nossos dias
o solo é feito de folhas sem vida
mas o verão do seu colo contagia
e além de mim eu vejo varandas floridas

Baixe a ponte elevadiça
com um sorriso
quem sabe seu olhar de preguiça
seja um aviso

Estamos na idade média
e ela galopa veloz
melhor puxar um pouco as rédeas
da nossa voz...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dias, tardes e noites




Tem dias que acordam a gente
com uma bandeja de nostalgia...
Uma saudade indecifrável,
que a gente nem sabe porque sente
e uma vontade insaciável
de fazer poesia até o sol virar poente...

Tem gente que chora nestes dias...
que faz das lembranças, dramaturgia...
Gente que volta a ser criança e quer viver de fantasia...
E gente que ora e implora pelo fim dessa agonia...

Tem tardes que beijam a gente
com canções do vento que sopra do oriente...
Uma viagem indescritível
que a gente nem cabe de contente
numa miragem inacessível
no meio do deserto da gente...

Tem gente que se alegra nestas tardes,
que faz das lembranças, companhia...
Gente que volta a entrar na dança com a música que invade...
E gente que cora e explora as próprias galerias...

Tem noites que embalam a gente
com visões de um tempo transcendente...
Um sonho indissolúvel
e a gente até arde, incandescente,
num destino tão volúvel
na nossa cidade inconsciente...

Tem gente que se liberta nestas noites,
que faz das lembranças, alforria...
Gente que quebra as algemas e os açoites...
E gente que faz deste instante, alquimia...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Floresta à mercê da estação




Tão vasta
esta contemplação
não casta
toda imaginação
não basta
pra fugir da perdição....

Se afasta
bendita tentação
que arrasta
um pobre coração
que se desgasta
pra iludir a ilusão...

Que resta?
O olhar fitando o nada
e a fresta
de uma canção aveludada
floresta
à mercê da estação...

O que oferecer,
senão a dúvida?
Colher algum buquê
de flores plásticas...
E ainda assim
adivinhar a essência
do perfume
em seu jardim...

Entre moinhos e balcões




Cínica,
mímica,
química
de pele
que se revele,
então,
como se atreve,
toda ilusão,
ser breve
como a paixão
tudo tão leve
feito floco
de neve
e algodão...

Porque os moinhos
estão parados lá fora?
Não há mais ninhos,
os passarinhos se foram...

Cênica,
helênica,
polêmica
aquarela,
que seja bela,
então,
como a donzela,
sobre o balcão,
chama de vela
de um coração,
numa janela
feita de bloco
ou numa cela
de prisão...

Porque os passarinhos
estão parados lá fora?
Não há mais moinhos,
os cavaleiros se foram...

Brilho lunar





Depois da curva
existe um rio
e no vazio
a vista turva
além da chama
algum pavio
além do cio
a dor e o drama

E a noite
produz estrelas
pode contá-las?
eu posso vê-las!

A noite
clareia o mar
ondas ciganas
brilho lunar...

Depois da esquina
resiste um bar
mesmo lugar
e tantas sinas
além da mesa
algum olhar
a procurar
pela beleza

E a noite
seduz em lumens
desafiando
todos os homens

A noite
traz o luar
sobre a varanda
sobre algum par...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não foi William que escreveu




Um grande vazio na mente
uma palavra mágica,
um poema baldio, latente,
entre notícias trágicas...

Uma adesão consciente
a uma canção bem básica
um trote de amor, surpreendente,
numa implosão trifásica...

E da janela
do mundo
assisto a vida
num passe
de segundos...
Nem todo enlace
é vagabundo
se eu me cortasse
bem fundo
talvez você me amasse...

Não, Julieta, não sou seu Romeu
e a nossa história de amor
não foi William que escreveu...

Ainda te espero no jardim
vamos ver o que você diz
talvez a nossa história
tenha um fim mais feliz...

domingo, 24 de julho de 2011

Um passo em paz à frente




Um passo em paz à frente
um abraço e um cais adiante
um sonho a mais na mente,
um livro a mais na estante

Um laço, aporte, a gente
em traços, cortes, errantes
até o oásis mais distante
o sol, onipresente...

E o resto
é o gesto
de alguém
acenando
no deserto...

Quem estará
mais perto
para estender
a mão
e dar um pouco
dágua?

Quem estará
aberto
pra oferecer
o pão
e estancar
a mágoa?

O gesto
é o resto
de alguém
acreditando
no que é o certo!

sábado, 23 de julho de 2011

Em dia




Em dia
com o espelho
da alma
desacelero
a poesia
que há na palma
desta mão
que não
sossega...

Não,
não sou cega,
ela repete,
nas suas entrelinhas
alguém lê o destino
e faz um hino
na forma de um verso
num papo inverso..

Amy se foi
e eu me pergunto
se alguém vai reclamar
quando ela cantar
no andar de cima...

Não,
não sou surdo,
ainda insisto
estrofes moderninhas
surgem do sol a pino
e tocam sinos
formando um universo
no inverso do papo em verso!

Covarde prisioneiro




Entre trapos
perdi a conta
de quantos sapos
tive que engolir
com quais farrapos
tive que sair
e enfrentar o mundo
distante de ti...

Tempo,
este covarde,
que sempre chega tarde
quando precisa
ser o primeiro,
o pioneiro,
se transforma em marinheiro
daqueles de primeira viagem
em apuros
com uma simples brisa...

Sarcófago
câmara perdida
segredos enterrados
durante uma vida...

Proparox




Gélido
Sólido
Bólido
Bélico

Cético
Sórdido
Nórdico
Céltico

Prático
Cínico
Clínico
Tático

Sádico
Cívico
Mítico
Drástico

Trampolim
de letras
elástico
pudim
fantásticos
penetras
estáticos
florins

E quando
nada mais
parece fazer
qualquer sentido
em que sentido
você nada mais?
Se a paz
é seu partido!

Presente embrulhado no estômago




Poeticamente
recito o terço
e imagino a noite
e suas criaturas
em vôos calmos
contra o açoite
do vento de frente
encontro curas
fazendo salmos
no balanço do berço...

Estrategicamente
repito o verso
e assino a madrugada
e seus barulhos
na maratona das horas
carros não me dizem nada
passos anunciam gente
o presente se perde no embrulho
que se jogou fora
além do universo...

Apaixonadamente
me lanço
nas pegadas perdidas
das palavras contidas...
Inevitavelmente,
eu danço
coreografias aprendidas
com um par chamado vida!

Bingo na segunda




Sinto só saber das coisas
quando as coisas já não têm
tanta importância assim...

Sinto que essa ligeira ignorância
pode ser também
uma forma que encontrei
de olhar as flores
sem precisar invadir
qualquer jardim...

A qualquer tempo
eleger a tolerância
como a brincadeira
preferida da infância
e gritar, bingo!
Abrir as comportas
das lembranças
numa segunda-feira
depois de voltar a ser criança
num domingo...


Sinto só perceber as pessoas
pelo que elas me transmitem
e não da forma como se mostram pra mim...

Sinto que esta espécie de norma
me conduz além
um acordo que assinei
com minhas próprias dores
que me permite evadir,
a qualquer tempo, de mim...

Crônica de uma morte sem surpresas





Que droga!
Aquela voz maravilhosa se calou...
Repetiu milhares de vezes seu afinado "não" à qualquer tipo de reabilitação
e disse adeus, sozinha, entre as quatro paredes de seus aposentos londrinos...
A "canora e sonora" "Casa de Vinhos" embriagou-se mortalmente...
Amy, nome latino cujo significado mais próximo é amor, não parecia traduzir muito bem o que aquela mulher representava...
Antes de tudo, Amy Winehouse não parecia se amar, não demonstrava amar a vida, não aparentava dar a mínima para a sua visível falência física e artística...
Não se trata de julgamento sobre ela, mas de uma constatação que deixava tristes e apreensivos todos os que admiravam sua voz e seu talento musical!
Todos sabiam aonde daria a estrada escolhida por ela, mas ninguém queria admitir, ninguém queria presenciar aquele final tão esperado...
Ainda havia esperança...
Não há mais, pelo menos para Amy neste mundo...
Fica, no entanto, um eco no ar...
O eco de sua voz, dizendo, ou melhor, cantando: "não, não, não, não quero me recuperar"...
Se ele não serve como exemplo, que sirva como alerta!
Que as pessoas envolvidas, de alguma forma, com o mundo de dependência química que a "diva do new-soul" tão bem representou, ao escutarem este desabafo imortal, possam se questionar e enxergar que ao gritar que não queria se recuperar, Winehouse jamais defendeu a idéia de que não é possível se recuperar!
Em outras palavras, a decisão de não querer foi dela. A decisão de tentar e poder se recuperar pertence a cada um!
Ao achar esta foto, de uma doce Amy, ainda distante do subuniverso em que submergiu, proponho um olhar no fundo de seus olhos e para além deles, refletindo, buscando e encontrando, naquele momento de sua vida, no qual algum tipo de amor ainda a fazia bela e radiante, uma resposta melhor do que: "não, não, não quero me recuperar!"
Há muitas respostas, melhores e bem mais "heróicas"!
Superar-se, por exemplo, e vencer é uma delas...
Amy, hoje, jazz derrotada pelos vícios, pela falta de amor e de cuidado consigo mesma, pela inconsequência de seu mergulho visceral em direção à morte!
A vida tumultuada e desregrada de Amy não é caminho pra ninguém seguir!
Mas, ouvindo a sua música, contemplando seus olhos adolescentes nesta foto e relembrando a sua história humana de apenas 27 anos, o fato dela servir como um contra-exemplo não nos impede de lamentar, fazer uma oração e chorar por ela!

Amy Winehouse -
*Londres, 14 de setembro de 1983
+Londres, 23 de julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Com os pés entre os degraus




Faça de conta
que o conto é verso
e que o universo
dança na ponta
faz um dueto
desliza em cima
da melhor rima
de algum soneto

Faça de conta
que o ponto é mudo
se faça surdo
se faça tonta
troque uma idéia
mude de prosa
colha uma rosa
ou uma azaléia

Depois acorde
se espreguiçando
vidro embaçando
com algum bocejo
o amor é um lorde
te conquistando
te enfeitiçando
com um simples beijo!

sábado, 16 de julho de 2011

Unplugged




Desligue a TV a cabo
deixe o celular de escanteio
tire o headphone do ouvido
esqueça que tem e-mail

Descontamine-se
da conexão
desplugue-se
pela comunicação

o olho no olho
está se escondendo
o toque, o abraço
estão se perdendo

O esporte agora é wii
os sonhos individuais
ipod, ipad and me
bombando nas redes sociais

Em plena era do touch
espero que esta geração se toque
e evoque um novo humanismo
porque a armadilha é cair no abismo
e depois não ser mais capaz
de tentar voltar atrás...

Um dia entre setembro e novembro




Escreva as cartas
que eu não lerei
falando de um futuro
que pressinto
Destine ao mais humilde
mas não esqueça do rei
escolha um dos lados do muro
e brinde com algum vinho, tinto!

Descreva as histórias
os erros e acertos
lembrando de um passado
que nem lembro
Memórias de uma vida
entre sonhos e apertos
escolha o melhor lado
num dia entre setembro e novembro!

Desenhe seus segredos
em códigos só seus
emoldurando o presente
que já é
Traçado das fantasias
imagens de Deus
expressão do que hoje sente
inspiração de sua fé!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Labirinto de Emoções




De onde te invento,
em que castelo está?
Na porta elevadiça
do meu pensamento
ou no meu colo,
deitada no sofá?

De onde te importo,
em que portal está?
Nos arquivos secretos
do meu sentimento
ou no meu solo,
orquídea grená?

De onde te trago,
que bom vento te traz?
Das janelas abertas
de um pressentimento
ou das profundezas
onde meu peito jaz?

De onde te crio,
em que tela tua imagem se faz?
Das miragens descobertas
num só movimento
ou da madrugada deserta
de algum cais?

De onde te sonho,
em que paraíso te acho?
Nas cachoeiras volumosas
de um alumbramento
ou nas sinuosas veias
de algum riacho?

Não conseguirei responder
qualquer destas questões
apenas tatear, sem compreender
neste labirinto de emoções

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ditos e Feitos



Foto é fato
Fado é foda
Moto é mato
Rodo é roda

E os infinitos oitos
são só movimentos repetidos
como nos coitos
feitos sem libido

Roto é rato
Pinga é pingo
Teta é tato
Binga é bingo

E os infinitivos ditos
e não acompanhados de feitos
se perdem na vastidão dos mitos
e não merecem qualquer respeito!

Há tanta diferença
entre a intenção e o gesto
que tudo perde a razão
quando a ação se torna resto!

O agora cabe na sua mão




Não fuja
das horas
meu irmão
pois o futuro
é o agora
e cabe na sua mão

Não corra
do seu passado
amigo
nem ignore
o chamado
olhe mais pro próprio umbigo

Não pare
no seu presente
viajante
pois cada segundo
é um diamante
lapidando sua contradição!

Ritmo do vento




Ritmo do vento
Legítimo momento
Marítimo
Movimento

Signo do tempo
Benigno exemplo
Tão digno
Tão denso

Sol que traz
a luz toda manhã
é um mero guia
que deixa tudo
pro dia de amanhã

Vítima do agora
Mítica Senhora
Mística
Aurora

Breve ensinamento
Leve sentimento
Que se atreve
Isento...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A vastidão dos teus braços




Em qualquer lugar
onde ainda existam flores
transforme as cores em sorrisos

As dores são guerrilheiros precisos
que miram alvos abstratos
pra depois transformar em tratos
os fatos que eram somente avisos

Em qualquer lugar
onde ainda existam amores
misture uns beija-flores com granizo

O frio
tempera o corpo pro abraço
e no espaço de um beijo
a alma ganha o desejo
e se perde
na vastidão
dos seus braços

Outro amanhã virá




Se, amanhã,
toda luz resolver
se esconder
E a escuridão
for razão
pra pensar em morrer

Outro amanhã virá
e ele fará você
se lembrar, se erguer
se moldar e entender
de uma vez o mundo

E essa nossa canção será sol
num olhar de criança!

Tanta paz
rio manso e profundo
ganha o mundo,
basta alguém sorrir
Lance mão
de um abraço amigo
revele-se um abrigo
deixe a verdade florir!

Céu lilás
muda cor por segundo
um lápis vagabundo
ainda faz colorir
E um clarão
risca um traço impreciso
sinal, chamado, aviso
de alguém maior a sorrir!

Desafio Musical: Minha vida by The Beatles

Escreva o seu título como "Minha vida de acordo com (nome da banda), apague as minhas músicas e introduza as suas respostas, sempre com títulos de músicas de uma banda ou artosta favorito seu.
Não é fácil, mas é um belo exercício...

Descreva-se:

Você é um homem ou mulher: Nowhere man

Como você se sente: free as a bird

Descreva o local onde você vive atualmente: here, there and everywhere

Se você pudesse ir a qualquer lugar, onde você iria?: across the universe

Sua forma de transporte preferido:Yellow Submarine

Seu melhor amigo: a day in the life.

Você e seu melhor amigo são: with a little help from my friends

Qual é o clima:here comes the sun

Hora do dia favorita: A hard day's night

Se sua vida foisse um programa de TV, como seria chamado: Sgt.Pepper's lonely hearts club band

O que é vida para você: Hello Goodbye on "the long and winding road".

Seu relacionamento:till ther was you

Seu medo: The fool on the hill.

Qual é o melhor conselho que você tem a dar: Can't buy me love

Pensamento do dia: not a second time

Meu lema: All you need is love

(e mais)

Uma declaração de amor: Something

Sua última palavra antes de morrer: Help

Uma auto-definição ao se olhar no espelho: Day Tripper

O tempo ideal pra estar com Deus: Eight days a week

Uma lembrança: Yesterday

Um momento de saudade: while my guitar gently weeps

Algo legal pra fazer: Revolution

Uma frase pra dizer num momento difícil: i want to hold your hand

Algo que faria se pudesse: Get back

Quando tudo parece despedaçado: come together

Como voce gostaria de viver: Let it be

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Buquê de Estrelas




Quando você
me faz andar nas nuvens
sempre tento colher
um buquê de estrelas
pra te oferecer
na minha viagem
de volta à Terra...

Nem sempre
consigo escolher muito bem
aquelas com maior brilho
mas o que importa
é o desejo de agradecer
pelas imagens
que vejo em "tu cerras"...

Afinal
um buquê de estrelas
só cabe mesmo
em nossas fantasias
e enquanto
brotam os dias
espero o tempo
nos colher...

Pétalas
super novas
em explosão
de cores e perfumes
Naves
graciosas
na escuridão
revelam vagalumes

Afinal
um buquê de estrelas
só cabe mesmo
em suas mãos
e enquanto
ainda é verão
espero o frio
pra te aquecer...

Apenas escutem 6 minutos e reflitam!

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/ric_elias.html

quarta-feira, 6 de julho de 2011

De joelhos




Dobra-te!
És humano,
tens pecado!
Andas entre
o profano
e o sagrado,
insano
na tua dor,
urbano
no teu amor
escuta
o chamado
mas faz
ouvido
de mercador!

Dobra-te!
Não para
humilhar-se
mas para rever-se
quem sabe converter-se
quem sabe perdoar-se?

És cigano,
nômade achado,
desengano
do criador,
“nano-usurpador”
do paraíso ao lado
“ultra-conspirador”
contra o tempo
contra o certo
vaga no deserto
do teu mau exemplo
e, ainda se acha,
se chama templo
de uma chama
que já soprou...

Dobra-te!
Ajoelha-te!
Ora!
Olha no fundo do espelho!
E guarda o que vê...

É tarde!




É tarde, as horas não voltam
Meus passos não tocam mais o chão,
nem trocam de direção,
por que já é tarde!

É tarde, o tempo não volta
Não há mais escolta até o portão,
não há mais revolta ou ilusão,
por que agora é tarde!

É noite, estrelas se chocam
E os astros rabiscam a escuridão,
se tocam na imensidão,
enquanto ainda é noite...

É tarde, a lua se solta
Vagueia sem ter uma direção,
é cheia, é minguante, é só clarão
enquanto o sol nasce...

E o tarde,
que contradição,
agora parece tão cedo,
mas não tenho medo,
e os velhos segredos,
se perderam num fim de tarde
no princípio de umas cidade
em plena contra-mão

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O ato de escrever




Escrever é ato,
é fato!
É um trato
feito com si mesmo
numa esquina
entre o concreto
e o abstrato!

Escrever é troca,
é doca!
Empilhar
produtos de si mesmo
num porto
no qual nem tudo
se exporta!

Escrever é gesto,
não resto!
É ser maestro
de si mesmo
num palco
onde o silêncio
é um manifesto!

Escrever é mágico,
ou trágico!
É a exposição
de quadros de si mesmo
num papel
de parede
antropofágico...

sábado, 2 de julho de 2011

O tempo a vida faz




Sol que nasce
e acende o mar
o par da luz
é o céu que é
também seu lar

Paz na face
ensina a amar
um bar, um blues
um mel pra se provar

Noite que tempera
um beijo que quer mais
luar, atmosfera
desejo encontra um cais

Sonho que espera
o tempo a vida faz
a cor na primavera
o frio que o inverno traz

No centro
do calendário
não tem hora
marcada
esqueça
os aniversários
que as datas
são fabricadas...

Altares em colisão




Grilhões do pensamento
algemas da razão
prisões do sentimento
nas celas da emoção

E o que deveria ser
segurança máxima
não faz a mínima idéia
do que isto quer dizer

Trânsito de celulares
maços de fumo aos milhares
trotes vindos de um pavilhão
que deveria manter
o crime fora de ação

Ações de militares
os pares da ilusão
na desintegração dos lares
altares em colisão

E o que deveria ser
segurança máxima
não faz a mínima idéia
do que isto quer dizer