sábado, 23 de julho de 2011

Crônica de uma morte sem surpresas





Que droga!
Aquela voz maravilhosa se calou...
Repetiu milhares de vezes seu afinado "não" à qualquer tipo de reabilitação
e disse adeus, sozinha, entre as quatro paredes de seus aposentos londrinos...
A "canora e sonora" "Casa de Vinhos" embriagou-se mortalmente...
Amy, nome latino cujo significado mais próximo é amor, não parecia traduzir muito bem o que aquela mulher representava...
Antes de tudo, Amy Winehouse não parecia se amar, não demonstrava amar a vida, não aparentava dar a mínima para a sua visível falência física e artística...
Não se trata de julgamento sobre ela, mas de uma constatação que deixava tristes e apreensivos todos os que admiravam sua voz e seu talento musical!
Todos sabiam aonde daria a estrada escolhida por ela, mas ninguém queria admitir, ninguém queria presenciar aquele final tão esperado...
Ainda havia esperança...
Não há mais, pelo menos para Amy neste mundo...
Fica, no entanto, um eco no ar...
O eco de sua voz, dizendo, ou melhor, cantando: "não, não, não, não quero me recuperar"...
Se ele não serve como exemplo, que sirva como alerta!
Que as pessoas envolvidas, de alguma forma, com o mundo de dependência química que a "diva do new-soul" tão bem representou, ao escutarem este desabafo imortal, possam se questionar e enxergar que ao gritar que não queria se recuperar, Winehouse jamais defendeu a idéia de que não é possível se recuperar!
Em outras palavras, a decisão de não querer foi dela. A decisão de tentar e poder se recuperar pertence a cada um!
Ao achar esta foto, de uma doce Amy, ainda distante do subuniverso em que submergiu, proponho um olhar no fundo de seus olhos e para além deles, refletindo, buscando e encontrando, naquele momento de sua vida, no qual algum tipo de amor ainda a fazia bela e radiante, uma resposta melhor do que: "não, não, não quero me recuperar!"
Há muitas respostas, melhores e bem mais "heróicas"!
Superar-se, por exemplo, e vencer é uma delas...
Amy, hoje, jazz derrotada pelos vícios, pela falta de amor e de cuidado consigo mesma, pela inconsequência de seu mergulho visceral em direção à morte!
A vida tumultuada e desregrada de Amy não é caminho pra ninguém seguir!
Mas, ouvindo a sua música, contemplando seus olhos adolescentes nesta foto e relembrando a sua história humana de apenas 27 anos, o fato dela servir como um contra-exemplo não nos impede de lamentar, fazer uma oração e chorar por ela!

Amy Winehouse -
*Londres, 14 de setembro de 1983
+Londres, 23 de julho de 2011

3 comentários:

  1. Esperado. Quando o quadrúpede do Cebôla disse que ia assistir ela eu disse que ele aproveitasse enquanto ela estava viva pois ela não iria durar muito.

    ResponderExcluir
  2. Adorei, Diet!
    No momento da notícia eu ouvia a Educadora FM. Curiosamente o 11 de setembro, a Morte de Michael Jackson e a dela eu ouvi pela mesma rádio. Quando um símbolo morre a gente se cala e uma sensação de perda sempre chega pra deixar o peito vazio. Mas hoje, nesse momento vendo o Faustão tocar de fundo Rehab ao mesmo tempo que as dançarinas bailam sorridentes, eu até penso que ela passou dessa pra melhor mesmo. Esse mudo as vezes é foda.

    ResponderExcluir
  3. Perfeito, como sempre. Amy era voz perfeita de uma vida danificada pelas drogas!

    ResponderExcluir