domingo, 30 de agosto de 2009

Cura




A paz
está bem aí
na estrada
e nada mais
vai te fazer
sofrer

A dor
é nuvem
dissipada
o amor
mais uma vez
irá vencer!

Ele traz
toda cura
toda resposta
e todo alento
Ele faz
sua procura
perder todo o sentido
por um momento...

Não perca o chão,
a seiva e a raiz
continuam aí,
você é um milagre
humano perpetuando
gerações que te precederam...

Você também estará
para sempre nos frutos
que gerou...

A cura está em ti,
o que deseja?
Ficar ou partir?

Não perca o chão,
não perca o céu também...

O paraíso está em você,
eu posso ver!

Um abraço diz tanto...



Não tenha medo
continue de pé
eu não sei dizer
se aquele seu abraço
foi um pedido de ajuda
ou um gesto de fé...

Não tenha dúvidas
Deus brilha em você
Ele está do seu lado
protegendo e amparando
dando aquela força
por você merecer...

O seu abraço
me desarmou...
Não deveria ser eu
a lhe oferecer
conforto?
E é você que me
multiplica as forças
com aquele gesto?

Não, não ceda à angústia.
Estaremos todos ao seu lado,
principalmente Ele
e uma tal de Maria,
filha de uma xará sua,
a quem Ele não costuma
negar nada...

O seu abraço me levou
às lágrimas,
emoção de quere bem...
Quanta coragem,
quanta grandeza,
quanta força...

Digno de uma Ana,
mãe de Maria.
Ana, mãe da minha Maria...
E por assim ser,
minha segunda mãe, também...

O que fazer, como ajudar,
o que dizer?
Melhor calar, rezar,
acreditar!
Estender a mão e o olhar,
oferecer a fé e a esperança.
E toda a minha certeza
de que nada mais que o melhor
espera alguém possuidora
de tanto merecimento!

Um abraço, milhões de sentimentos,
num momento, rápido, intenso,
profundamente significante!

Mais uma vez fiquei devendo...
Mais um obrigado na conta...
Mas nunca é tarde,
olho fundo nos seus olhos
e, silenciosamente,
olhando o Jesus que habita em ti,
imito os discípulos de Emaús
e te peço:"continua conosco,
nos ensinou tanto pelo caminho,
entra e permanece entre nós"...

Acredite,
muitas cajuadas virão,
você mesma me mostrou a árvore florida.

Precisamos muito de você!
Permaneça entre nós,
Ana querida!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O tempo que nos resta



Não sei nada
sobre o tempo
que nos resta...
Olho pela fresta
da oração que pede
um pouco mais...

Não sei nada
sobre o que virá
na frente...
Tudo é transparente
na canção que pede
muita paz...

Peço coragem nas horas
de angústia e de dor...
Peço tranquilidade agora
pra aceitar a verdade que for...

Tanto amor assim
não pode se transformar
apenas em saudade...

Tenho que acreditar
que nada é impossível,
intangível só a vontade...

Peço fé e muita luz
pra amparar o sofrimento,
pra segurar a cruz,
sem lente de aumento...

Tenho que acreditar
que nada é impossível,
intangível só a vontade...

Tanto amor assim
não pode se transformar
apenas em saudade...

Pode fazer milagres...
Há de fazer milagres...
Tudo é milagre...
Em nome do Amor!

Por quês?



Não entendo a razão,
nem procuro porquês,
de que adianta?
Nada disso vai mudar...

Não aponto os vilões,
mas não quero te ver sofrer...
Quero uma manta
que possa te confortar...

Não preciso aceitar a dor
pra entender sua vontade
seja feita a vossa verdade
mas seja feita com amor...
Não preciso entender a dor
pra aceitar sua verdade
seja feita a sua vontade
mas seja feita com amor...

Não defendo a ilusão
nem aturo o que não pode ser...
A alma canta
quando acredita em milagres...

Só preciso aceitar o amor
pra entender sua verdade
seja feita a vossa vontade
mas seja feita sem dor...

A difícil missão do portador de más notícias



Não queria estar na sua pele
Não queria proclamar a sentença
Não queria provocar tristeza
ou transmitir indiferença...

Não queria ser o responsável
em trazer pra você
tudo o que não deseja ouvir...

Não queria ser o responsável
por seus olhos molhados,
não queria te ferir...

Mas os fatos estão sobre a mesa
e só nos resta a certeza de ter
que digerir...

Os ratos vão pular do navio
justo quando o pavio
estiver pra explodir...

E não é fácil carregar na sacola
a dor das más notícias...
É tão difícil ter a missão de ser
o portador de más notícias...

Mas acredito na sua coragem, meu bem,
acredito na força que você nem sabe que tem...
Minha mão está pousada na sua,
meu abraço repousado no seu, também..

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Palíndromos




ANOTARAM A DATA DA MARATONA?
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS?
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A MALA NADA NA LAMA...

ASSIM A AIA IA A MISSA
O LOBO AMA O BOLO
O GALO AMA O LAGO
E
A DROGA DA GORDA

LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL

A TORRE DA DERROTA
O CÉU SUECO
A CARA RAJADA DA JARARACA
RIR, O BREVE VERBO RIR

O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ

DEZ MIL VEZES EU REPETIRIA TUDO E VOCE INVERTERIA O QUE FALEI...
CEM MIL VEZES EU NÃO DIRIA NADA E VOCÊ SERIA O INVERSO DO QUE EU SEI...

Complexos



Quais são as suas queixas?
O que te faz parar de andar pra frente,
o que te faz se questionar?
Quem é mesmo responsável por seus atos?
Quem é mesmo capaz de te paralisar?

Tudo está em você
Sua grandeza é seu maior segredo
Tudo cabe em você
Toda sua força, todo seu medo

Quais são as suas dúvidas?
O que te faz pensar e encarar o espelho,
quem te faz se revelar?
O que é mesmo indecifrável em você?
De onde vem essa paz que te faz sonhar?

Tudo cabe em você
Toda sua força, todo seu medo
Tudo está em você
Sua grandeza é seu maior segredo...

Se conhecer...
Se mergulhar...
Se merecer...
Se amar...

Cio de mar
é praia aonde ele quer levar suas ondas cheias...
Pra desaguar suas mágoas e apagar pegadas na areia..

Marionetes



Corte os cordões
desencape os fios
largue os bordões
pule do navio
Suba no palco
solte sua voz
desça do salto
encontre sua foz

Não se deixe manipular
por chantagens e verdades vazias
Não se deixe levar
por movimentos dessas mãos tão frias...

Troque de tom
desobrigue a si
faça somente sons
que te façam sorrir
Cace os fantasmas
Exorcize a dor
Descarte os traumas
Viva seu amor

Não se deixe manipular
por chantagens e verdades vazias
Não se deixe levar
por movimentos dessas mãos tão frias...

Sua estrada
é feita de escolhas suas
Não há nada mais
que te faça voltar atrás
Não há nada
no meio das ruas
que possa lhe trazer a paz....

Artimanhas



Hoje eu dei bom dia pro vento
e resolvi te ligar bem cedo,
sem medo de te acordar...
Hoje a minha lei é o momento
decidi não perder mais tempo,
é hora de confessar

Eu tenho andado pensando muito em você
pensando em andar ao seu lado...
De mãos dadas, numa esquina qualquer,
andando sem pensar ao seu lado...

Hoje eu dei de cara com o espelho
e vi você de vermelho,
sorrindo em algum lugar
Hoje eu sei que estou mais atento,
quero mais sentimento
é hora de apostar

sábado, 22 de agosto de 2009

Nômades



Vivemos num círculo, vivemos em movimento.
Fomos nômades, voltamos a ser...
Será mesmo que deixamos de ser algum dia?
Atrás de alimentos nossos ancestrais
deixavam tudo para trás...
Instinto de sobrevivência...
Outros deixavam suas moradas
por ideais, em tempos mais humanos,
mais romanticos...
Muitos deixaram suas vidas
para guerrear por poder,
riquezas, fanatismo...
Quantos continuam morrendo
pela ganância de sistemas
sem compromisso, omissos...
Nômades de tempos errantes,
atravessamos agora desertos virtuais,
agregando máquinas a nós mesmos...
Com celulares, palmtops, ipods,
mp3s, itouches e notebooks,
todos nômades, continuamos nossa sina
de viver sem rumo,
entre bolsões de um consumismo absurdo
e cada vez mais raros oásis de consciência...
Sim, somos nômades...
Vivemos em círculos, em movimentos...
Será que deixaremos de ser um dia?

Sobre as estrelas



Na tela escura,
vocês brilham,
são tantas,
bilhões de vocês,
incontáveis pontos brilhantes
contrastando com a manta
que envolve o planeta azul...
Velhas senhoras do universo,
ah, se contassem as histórias
que testemunharam...
Idosas supernovas,
não perdem o encanto,
permanecem lindas,
como da primeira vez que brilharam...
Gigantes ou anãs,
extremos de um mistério profundo,
vagam em seu próprio mundo,
no rumo de nossos versos...
Em um papel, a mão da criança
te presenteia com pontas,
são cinco, desenhadas com afinco,
sem perder a conta...
No mapa celestial,
navegantes se nortearam,
venceram todos mares,
e encontraram novos mundos...
Solitários vagabundos,
aventureiros do desconhecido,
só tiveram vocês como companhia,
nos desertos, nas florestas,
entre nuvens, dunas e ondas,
lá estavam vocês,
guiando com sua luz,
olhos de todas as cores,
negros, castanhos, verdes e azuis,
gente de todas as raças...
Solitária, numa pele tatuada,
no time do peito ou
na noite de dezembro,
a estrela resiste...
E nasce em cada menino,
fazendo da paz de cada Natal,
uma luz pros nosos destinos!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"Dozes"



Senta aí, toma um copo
aproveita o 12 anos que ofereço
já te falei que não sei se mereço
mas na mesa o pão também é seu...

Por aí, andei ouvindo
sobre a história dos judeus
as 12 tribos de Israel e o galileu
que por acaso ou não era seguido por 12...

E daí? É só um número...
Mas Maomé também nasceu dia 12
de um terceiro mês do calendário mulçumano
que eu não sei nem em que ano está...

E aí? Coincidência ou não
minha filha elegeu um doze pra estrear
e dia 12 do próximo mês
é hora de um novo sapato brilhar...

E por falar em hora,
as partições do tempo também somam 12,
multiplicam-se em segundos
porque o relógio não pode parar...

12 trabalhos aguardavam por Hércules
e eram 12 os filhos de Jacó
como são 12 os canais de energia,
Meridianos da Acupuntura...

12 meses, 12 signos,
sem contar a infinidade de coisas
que a gente compra às dúzias...

Haja doze na história...
Com certeza algum me escapou da memória...

Bom, mas chegamos então ao ponto.
Qual é mesmo a razão deste texto?
Ou não existe razão? É só delírio de quem escreve?
Calma, tem uma razão sim e muito especial...

Uma homenagem aos meus "seguidores" de blog,
que já somam 12!
Que honra ter vocês por aqui!
Recebam meus 12 obrigados pela força!
E agora eu vou indo que já são 12h
e eu preciso almoçar!

Lua e sol...



Já são quase cinco
e eu vejo um clarão
o mar é um jeans sem vinco
e o sol no horizonte é um botão...

A madrugada acorda
e de repente a manhã será tarde
eu posso ver suas curvas
nos contornos da nossa cidade

Já são quase oito
e eu volto a acordar
agora cama é um trampolim pro trabalho
preciso me levantar...

O telefone toca
e de repente a tarde virou manhã
troco meu sanduíche
por uma polpuda maçã...

Já é meia-noite
e eu tô cheio de trabalho a fazer
meu monitor é um espelho
de tudo que eu não tenho que ser...

Eu volto pra minha toca
e de repente vejo que amanheceu
A vida continua e o sol e a lua
parecem você e eu...

Noite de chuva



Esta noite
choveu mais uma vez
aquela chuva de açoite
caindo até as três...

Outra vez
me fez lembrar a luz
aquela cor de laranja
que brota dos postes nús...

Da janela do edifício
a ladeira leva ao mar
não existe precipício
pra quem não quer se jogar

Acredite, vai valer a pena
tudo o que você deixou de dizer
pra não ferir alguém...

Acredite, sempre vale a pena,
no final de tudo dá pra ver
tudo tão além...

Entre nossas cidades



Lembra que eu te contei
aquele sonho que tinha
com a gente caminhando feliz
de mãos dadas pelas ruas de Paris...

A torre era minha
e por amor eu simplesmente te dei!

Lembra que eu te falei
daqueles planos que eu tinha
nós dois e uma lua apenas
e nossos pés sobre as areias de Atenas...

A praia era minha
e por amor eu simplesmente te dei!

Será que valeria à pena,
sair por aí, ganhar o mundo
e num segundo te perder?

A gente seria mesmo feliz
depois de transformar sonho em rotina?
Ou a gente se afastaria,
simplesmente pra esquecer?

Contínua...




Continue forte
Siga seu caminho
Às vezes voltar pro ninho
Pode ser a morte
Não há uma receita
Pra ser feliz
A gente simplesmente se ajeita
E pede bis

Continue leve
Continue solta
Nada de revolta
Que tudo é breve
Não há uma medida
Pra ser feliz
A gente vai andando pela vida
Procurando o x

Onde estão os tesouros mais valiosos
entre dezenas de escombros e piratas gulosos

Continue rindo
Continue reto
Melhor seguir sempre direto
Que acabar caindo
Não há mais luz
No fim deste verso
Só te resta fazer jus
ao universo...

Continue atenta
Continue ativa
Enquanto sente dor, sabe que está viva
Pra lá de noventa
Não adianta olhar pra trás
Nem acelerar o passo
A verdadeira paz
Se sente num abraço...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Recado aos Miliquinhos...


Ontem vi um filme com você pequeni Ninha...
Nas asas das lembranças voltei ao passado e
vi a imagem daquela frágil garotinha que usava as mãos
pra se comunicar e não nos permitia ouvir sua voz,
silenciosa que era, naquela sua primavera...
Cenas rápidas, nas quais você curtia um balancinho
na fazenda de seus avós paternos,
depois espichava um olho pra um bolo de aniversário,
e finalmente aparecia andando pra lá e pra cá,
com aquele andar de pata choca de todo nenem,
mas com o inconfundível charme só seu de um dos pézinhos
mais pra dentro que o outro...
Muito bom rever você daquele jeitinho...
Hoje vejo você, uma mulher,
estudante de direito, já estagiando em renomada
instituição pública.
Continua linda e charmosa, como aquela meni Ninha...
Vejo você preparando palestras e reflexões nos movimentos
em que atua, deixando sua fé voar, na escalada diária do Cristianismo...
E, pasmo, recebo a notícia do seu namoro...
Como assim?
Quem foi o fulano que ousou fazer o coração de minha querida afilhada acelerar?
Quem é este, de quem não conheço nada e, de repente, te transforma em namorada, de uma hora para outra, sem maiores avisos, sem pedir licença, sem pedir a "bença" do seu padrinho, quem é afinal este "miliquinho"?
Tá certo, já conheço o rosto, por foto, já sei o nome do cujo, mas não fui apresentado oficialmente a ele e aqui fica meu protesto, dois meses depois do início deste namoro.
Tá certo, não sei como é o cara, como é sua voz, seu jeito. Mas já o admiro. Já gosto dele. Sei que deve ser alguém especial para ter sido eleito pelo seu coração.
E, mesmo de longe, fico torcendo pelo sucesso destes seus primeiros passos numa relação a dois, com o mesmo carinho, a mesma ternura, o mesmo cuidado, com os quais torcia pelos primeiros passos daquela criancinha, ainda vacilante, buscando o equilíbrio, de vinte anos atrás...
É Ninha, continuo torcendo pela sua felicidade, não importa a idade, não importam os passos, os planos, acertos, enganos, o bem querer é o mesmo...
Novos filmes vão passar nas nossas vidas...Em todos eles estarei torcendo por você...
Neste momento, entre as aventuras e dramas do primeiro amor, mesmo sem conhecer o protagonista da história, desejo a vocês dois, de coração, que vivenciem o roteiro da mais linda e perfeita comédia romântica, com direito a um delicioso final feliz!
Atuem com tudo, dirijam se for preciso, só não percam a paixão pelo que estão fazendo. O amor é lindo! Caminhem nas nuvens através deste sentimento. Vivam cada momento, cada descoberta, cada abraço, cada beijo...
Façam de todo lugar onde forem juntos uma visita a Nothing Hill...
E se orgulhem deste filme!
Para o resto de suas vidas!
Com muito amor,
seu dindo.

P.S´Eu te Amo!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Permita-se



Permita-me uma palavra,
talvez mais, uns versos...
Quem sabe transformar
seu universo em poesia...
Permita-se contagiar...
Permita-me te tirar para dançar.
Te convidar para um jantar,
quem sabe saborear
uma sopa de letrinhas...
Que tal compor algo juntos
e depois brindar?
Permita-se relacionar...
Permita-me transformar
sua história em canção,
ou, talvez, com sua autorização,
apenas em rima...
Permita-se manifestar...
Permita-me uma estrofe despretensiosa,
uma crônica gostosa ou um inocente soneto...
Tudo bem, sua vida não precisa ser um livro aberto,
mas permita-se me inspirar...
Para isso eu fui chamado,
para expor no papel
o que minha alma escreve,
vivendo...
Permita-se experimentar...
Permita-me cumprir o papel
de enxergar poesia não só na tela
e no pincel, mas na cor
que ainda será criada
pela mistura das tintas,
com as mãos do artista...
Permita-se ruborizar...
Permita-me tirar o véu das palavras
não ditas e exorcizar o silêncio,
com orações não obrigatoriamente
bem ditas...
Permita-se discordar...
Permita-me aprimorar...
Permita-se criticar...
Permita-me permitir...
Permita-se sorrir...
Permita-me retribuir...
E metamorfosear sorriso em prosa,
delírio em pétala de rosa,
colírio em orvalho,
lar em ninho no galho da árvore
mais bonita que encontrar...
Permita-se voar...
Permita-me pousar sobre o teu olhar
esta seqüência improvisada,
que nada vai transformar...
O mundo continuará mundo,
os poetas vagabundos,
as gaivotas no ar...
Permita-se imaginar...
O mundo virando poeta,
vagabundos voando no ar,
e gaivotas continuando gaivotas,
até um beija-flor chegar
e lhes apresentar às ondas...
Ah, permita-se o mar...
Permita-me amar...
Porque, embora no mundo de hoje,
não faça nenhum sentido,
pode acreditar,
sonhar ainda é permitido...

Digestivos



Depois do almoço
me exilo na cadeira
entre um fosso
e uma ponte elevadiça
e toco a escrever asneiras
quem sabe inspirado na preguiça...

Depois do almoço
a rede é meu castelo
nela eu me refestelo
depois do alimento do corpo
me deixo ficar, absorto,
como um velho carro que enguiça....

Depois do almoço
hesito entre tantas delícias
há a sobremesa dos sonhos,
uma soneca sem compromisso,
ou algo mais sugestivo,
uma poesia como digestivo...

Tropas e Truques



Debaixo do travesseiro
estão as tropas de seus exércitos,
elas defendem seus sonhos
contra os canhões do dia a dia...

Não caem nas armadilhas
cuidadosamente preparadas pela rotina,
elas estão sempre alertas
contra os truques da hipocrisia...

Debaixo do travesseiro
suas mãos se encontram nos tomos da madrugada,
elas são trocas de afeto
contra a realidade gelada...

Não são mais tão submissas
mas também não se erguem violentas,
seus gestos são vozes, pacíficas,
mas não por isso, isentas...

Debaixo do travesseiro
seus tesouros são guardados
entre um e outro pertence
que já nem te pertence mais...

Não, os objetos em si, não te são caros,
raros são os sentimentos que despertam,
quando a lua navega em seu leito
e as estrelas e os sonhos se dispersam...

Tropas e Truques

Debaixo do travesseiro
estão as tropas de seus exércitos
Eles defendem seus sonhos
entrincheram suas fantasias
Transformam cidades
criam novas vias
fazem da felicidade
a saída da agonia!

Debaixo do travesseiro
seus ventos movem seus moinhos
são os seus escudeiros
te protegem no caminho
Vão à sua frente,

como arautos de teu texto,
o ano pode ser bi-sexto
mas posso ver nas entrelinhas...

No calendário da vida
descanse os seus conceitos
pouse-os sobre teu leito
reconte seus feitos
depois marque suas datas
preferidas...

Não, não há feriado,
pode crer,
cada dia foi tempo
já passado
e agora, recordar
é viver!

Delíriosamente



Que ilusão é essa?
De onde foi que essa idéia surgiu?
Quem disse que eu não te quero?
Me explica porque você fugiu...

Que delírio é esse?
Como é que você pode pensar assim?
Quanto tempo eu espero?
Me diga porque não me diz sim...

Tempo que passa
me traz mais duas taças
são eras que se vão,
como cálices de vinho...
Tempo sem graça,
entre religiões e raças
são elas que verão
os ápices dos meus caminhos...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mestres e mestras (para minha sobrinha Oswalda e sua colega homônima)



Vai ser difícil te chamar de mestre.
Mestres não impõem suas verdades, apenas semeiam palavras com atitudes coerentes...
Vai ser difícil te olhar com admiração.
Você transformou um quadro negro em alçapão. Ao invés de me transmitir lições de vida,
ficou presa na matéria de sua própria ilusão. Armadilha onde estão encarcerados todos os que se julgam sábios demais para aprender...
Vai ser difícil até te entender.
Ou devo ignorar esta certeza de que você é que é ignorante por não conceber que a sua maior vitória seria justamente me fazer crescer?
Vai ser difícil te esquecer...
Na verdade seria injusto te dizer que não aprendi nada.
Aprendi sim. Você me ensinou justamente como não ensinar...
Espero guardar esta lição a vida inteira.
E dela apreender um pouco de humildade e bom senso.
E a capacidade de ouvir os mais novos e os mais velhos...
Vai ser difícil lembrar de como foi fácil perceber
o quanto você tornou difícil algo que era tão fácil pra mim...
Vai ser difícil encontrar uma razão pra te dar razão.
Definitivamente você não estará entre os mestres com quem tive o orgulho de estudar!
Não há argumento, texto, tese, que me convença um dia,
de que alguma justificativa havia pra este seu comportamento absurdo...
Há os que se fizeram de surdos, há os que preferiram te adular...
É certo que o show tem que continuar...
Mas nem tudo tem que ser como se deseja.
E isso a gente aprende ainda criança.
Como quem aprende uma dança e nunca mais esquece...
Mas você, não.
Você é como a aranha que tece a teia pegajosa
e fica esperando pra avançar sobre quem ousar seus domínios...
Você não!
Ou é do seu jeito ou não serve.
E enquanto isso sua batata ferve num imenso caldeirão...
Pare um pouco, faça uma reflexão...
Pra que criar tanto problema, será que você não viu ainda
que fugiu do tema, quando o assunto é ser
professora de redação?

Dissonância



De onde voce vem
que não te entendo as frases?
Não entendo as reticencias
entre seus acentos e crases...

De onde você vem
que não absorvo teu manifesto?
Não consigo alcançar as tentativas
que você faz em cada gesto...

De onde você vem
que não posso te tocar?
Lá não é permitido nada, e haja tato
pra não te assustar...

De onde você vem
que desconheços os traços?
Não há pistas em tua face,
sou condenado subindo no cadafalso...

De onde você vem
que me impõe a distância?
Todo o tempo do mundo se esvai
nesta sua dissonância...

Lapsos



Ar
te quero
ver
de longe
ao me
nos te
tocar...

Mar
te quero
ser
vir de outra
par
te e
transbordar...

Quem
te falou
do tempo?
Quem
se calou
entre os segundos?
Entre uma e outra palavra,
quem descobriu os mundos
que habitam
nestes lapsos de silêncio?

Romantica I



Hoje seremos só nós
a inundar o universo de magia...
Urros, sussurros, nossa voz
misturando amor e fantasia...

Hoje seremos um só,
duas línguas traduzindo-se em poesia...
Corpos suados, almas molhadas,
elos ardentes, transparente sintonia...

Hoje seremos dois nós
laçando com pernas e braços um ao outro
intensa imensidão entre um abraço e um beijo...

Hoje seremos dois sóis
caçando o brilho pulsante um do outro
na imensa intensidade do desejo...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ser jovem



Tenho pena de quem já não se lembra que ignorou o perigo um dia. E fica tentando podar os que ainda estão crescendo, só por que a única coisa que cresce nestas pessoas é a certeza de que elas próprias pararam de crescer.
Tenho pena de quem quer moldar os mais novos, como jardineiros preocupados em deixar as folhas viçosas dentro de padrões pré-concebidos, bem à mostra, esquecendo das raízes que sustentam os novos brotos que renovam a terra...
Tenho pena de quem tem a pretensão de impor suas verdades, esquecendo de si próprios, quando ainda eram terrenos férteis de novas idéias...
Jovens não absorvem idéias impostas... Jovens se impõem por idéias pelas quais se apaixonam...
Tenho pena dos que querem escrever nas páginas em branco de vidas que ainda buscam suas próprias inspirações...
Tenho pena, muita pena, daqueles que se enganam, tentando enganar quem vem depois. O jovem não se deixa enganar pela falsa liberdade, a idade do faz de contas já ficou pra trás...
Tenho pena dos que, mesmo inconsciente, contaminam sangue novo com o vírus da mesmice.
Não sabem o desserviço que prestam à humanidade.
Tenho pena dos jovens velhos, com cabeça de ontem, presos a preconceitos que eles não criaram...
Tenho certeza de que idosos de mente jovem têm muito mais sementes a oferecer à nova terra, do que as jovens mentes decrépitas...
Tenho pena dos que rotulam a juventude, associando os jovens somente à inexperiência, à impetuosidade, à incerteza...
Tenho pena dos que apelam covardemente para o poder, o dinheiro ou o status social, para exercer pressão sobre os mais jovens. Se iludem, achando que este tipo de poder lhes dá autoridade... Autoridade se consegue pelo exemplo, pela admiração, pelo encanto. Através disso, sim, jovens reconhecem líderes que valem a pena seguir...
Tenho pena...
Não que eu concorde com os valores que a pessoa de Cazuza transmite, mas me associo a ele para gritar a plenos pulmões:
“vamos pedir piedade, senhor, piedade, pra essa gente careta e covarde... vamos pedir piedade, senhor, piedade, lhes dê grandeza e um pouco de coragem”

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Terceira Infância



Nunca
deixe seu sonho
solto na esquina
do tempo...

Leve
dentro do bolso
toda fantasia
do novo...

E entre moinhos
faça seu jogo
saiba onde deve pisar...
Faça os caminhos,
acenda o fogo,
quando puder apagar...

Sempre
seja um abrigo
no olhar um laço,
amigo...

Volte
a andar descalço
plante seu trigo,
com abraços...

E entre os espinhos,
faça seu jogo,
saiba onde deve pisar...
Vença os moinhos,
acenda o fogo,
até onde der pra apagar...

Vida segue
e seu passo é destino
Tudo é breve
não queira apressar
Nunca negue
a ilusão do menino
E se entregue
à canção, vem brincar...

Sustos (ilustração : O livro-árvore Salvador Dali)




Agora que tudo isso
não passou de um grande susto
não precisava ser assim,
e eu acho justo te dizer
que era só pagar pra ver...

Não precisava compromisso,
nem a alameda de espinhos
nos caminhos que a gente traçou
e depois transformou em nada,
no meio da estrada...

Agora que tudo isso
é só página virada,
seu livro de próprio cunho,
não passa de um simples rascunho,
de tudo que a gente não viveu...
E agora há tantos capítulos,
entre você e eu...

Há muito mais aqui



Uma folha dançando no vento
Uma mão que se estende
Uma rolha e uma garrafa de vinho
Uma língua que não se entende

Um olhar preocupado, tão longe
Um abraço que se oferece
Um luar prateado no horizonte
Várias mãos numa mesma prece

Colha os sinais
que florescem ao seu redor
Há tanta paz aqui,
dá pra fazer melhor...
Escolha os canais
que apetecem sua TV
Há muito mais em ti,
do que se pode ver...

Um bagaço depois da laranja
Vaga lume dá luz no quintal
Dois cadarços na corda, secando
Um perfume no ar, sensual

Duas asas ganhando o azul
Um espelho no elevador
Uma nuvem colorindo o sol
Quantos beijos constroem o amor?

Colha os sinais
que florescem ao seu redor
Há tanta paz aqui,
dá pra fazer melhor...
Escolha os canais
que apetecem sua TV
Há muito mais em ti,
do que se pode ver...

domingo, 2 de agosto de 2009

Seu sorriso



Ontem, quando te apresentei a uma pessoa,
mais uma vez você repetiu um gesto que
talvez seja sua marca mais positiva:
oferecer o seu melhor sorriso.
Desde que te conheci, e olha que lá se vão
vinte e tantos anos, sempre foi assim.
E assim sendo, você vai cativando a todos
que conhece, com este sorriso simpático,
amigo e acolhedor.
Como tantos outros, eu também me encantei
com este sorriso, assim que fui apresentado
a ele. E continuo me encantando.
O seu rosto se ilumina com ele,
te tornando ainda mais bonita,
sedutora e cativante.
Tenho muito orgulho de te apresentar
como minha companheira, minha parceira de vida.
Tenho plena convicção de que a pessoa apresentada
a você, de cara, já terá uma ótima impressão
e sairá deste encontro levando um sorriso inesquecível
como lembrança.
Então, ao ver aquele sorriso brilhando novamente,
me inspirei a dedicar estas linhas a ele, homenageando
esta atitude simpática, positiva e tão sua.
Saiba que eu amo o seu sorriso e ele é a arma mais poderosa
que você possui. Com ele você pode conseguir tudo!
Amo você!!!

Ignorando



Quando te vi
tentando remendar
os cacos daquele vaso quebrado
não sabia o que pensar
torcer calado
pra você conseguir
ou chegar do seu lado
e avisar que você vai se iludir...

Quando te vi
tentando se livrar
de todos aqueles que se aproximavam
e se ofereciam pra ajudar
lembrei do passado
mas não quis interferir
ninguém havia te tocado
o suficiente pra você se permitir...

Seu quebra cabeças continua aí
esperando você se resolver
mas são tantas as imagens que voce fez
que tudo se tornou perecível
Seu quebra cabeças continua incompleto
aguardando você escolher as peças
e quebrar o coração mais uma vez
não é mais uma atitude possível...