segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tormento



As tempestades
e os ventos
são companheiros
de estradas
viajam noites
tentando encontrar
paisagens
pra transformar...

Nossas verdades
e exemplos
são cavaleiros
sem espada
passam os dias
tentando avisar
onde as viagens
vão dar...

E o sol
que sabe esperar
sua hora
aguarda o momento
Mansamente
escolhe pulsar
pra secar
o tormento...

Pra fazer valer


Virou
o tempo
de esperar
agora
é ir buscar
na esquina
um tempo
novo
pra fazer
durar,
fazer
valer...

Dobrou
as pernas
pra rezar
na hora
de aparar
as quinas
do momento
um choro
pra trazer
a paz,
trazer
algo mais...

Da sala de jantar
à nave de uma igreja
secular,
ouvir os sinos
cantar os hinos
e esperar
que a trave saia
do lugar
e alguém veja
algum sinal
da janela
ou do quintal...

Feliz Cidade



Onde foi morar
felicidade?

Se mudou
sem avisar
não deixou
nem endereço
pra gente
procurar...

Onde foi morar
felicidade?

Dizem que
está além do mar
mais longe
que as nuvens
foi chover
em outro lugar...

E uma cidade
dentro do coração
no centro de uma paixão
está perdida
no fim da tarde...

Uma cidade
na própria contradição
faz tudo ser contra mão
entre a vida
e a verdade...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Equações



Trinta
faz um mês
oito
uma semana
cinco
faz a mão
três
uma cabana
dois
faz um casal
seis
um milionário
onze
a escalação
um
o obituário

Some
troque
aumente
divida
diminua
acrescente

Multiplique
e transforme
números em letras
quando dorme

O resultado
que importa
é simplesmente
ser gente!

As nossas armas são nossas canções



Na vastidão
do seu olhar
o mundo em
terremoto
e a amplitude
do silêncio
é uma atitude
tão sutil
Preenche
de vazio
o peito insano
que te guarda
enquanto alguém
aguarda
a farda, a bota
e algum cantil...

Revolução
pela voz
e pelo violão

As nossas armas
são nossas canções...

Os colarinhos
corruptos
estúpidos
que troquem
entre si
bofetadas e
palavrões...

As nossas armas
são nossas canções...

Nada de Improviso



Um compasso gira
e faz o ritmo do som
cada espaço vira acorde
num bandoneon

Entre rimas soltas
frases feitas ao luar
nada de improviso
entre um sorriso e um olhar

Coração vacila
e o sangue para de pulsar
num segundo a sorte
é o próprio peito se ajudar

E o mistério
é esse itinerário
sem destino
na lembrança
do homem velho
o sonho de menino...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Correndo contra o tempo




Tempo corre
contra o vento
contra a maré de sorte
tem que saber o momento
quando vem a viração
e a lua ilumina a noite
tem que correr
contra o tempo
e esperar o Amor
soprar o vento
a nosso favor...

Todo e qualquer
contratempo
é um momento de dor
que pode virar catavento
e canalizar o vento
num movimento a nosso favor...

Na direção do tempo
eu, sem querer, me invento,
ou reinvento o sabor
de correr contra o tempo
e enfrentar as marés
num navio a vapor...

Tudo
é viver
sentimentos
sem uso
das lentes
de aumento
E se o relógio
atrasar
não julgar
que é azar
mas saber
dar valor...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A morte surreal que vem Dali



Olhei depois do oceano
e pude enxergar alguém
pintando um por de sol
mais além...

O horizonte
era uma ponte elevadiça
onde o sol esperava
pra mergulhar
na areia movediça...

Só ele sabia o segredo
de como sair
mas este era o seu brinquedo
e ele só brincava
com Dali...

Uma transparente
pincelada
entre ceias, elefantes
e estradas
Ali pulsam as veias
dos gigantes
e das girafas
esticadas...

Olhei depois do horizonte
e pude enxergar além...
Um por de sol pintado
em uma fronte,
no crepúsculo dos olhos
de alguém!

Naquele lugar no meio da floresta



Naquele lugar no meio da floresta
junte seus amigos e encontre a própria paz
Lembre dos grandes momentos
lá no fim da tarde
jogue uma conversa fora
trate o tempo como um rei, o amor é a lei

Descobrir as trilhas por onde andar
Procurar pegadas pra te guiar
Encontrar um jeito de ser feliz
Conquistar o peito que sempre quis
Se sentir perfeito sendo aprendiz!

Naquele lugar no meio da floresta
cante uma canção e adormeça em paz
Sonhe suas aventuras
acorde as lembranças
assobie e veja
seu cachorro se chegar, pra te alegrar...

Despertar pra luta que ainda virá
e esperar aqueles que vão chegar...
Encontrar um jeito de ser feliz
Conquistar o peito que sempre quis
Se sentir perfeito sendo aprendiz!

Naquele lugar no meio da floresta
pare pra pensar e se conheça um pouco mais
Lembre uma paixão
e esqueça o que preocupa
olhe para o céu
e conte estrelas sem parar, até cansar...

Desferir um beijo e se calar
duelar com a língua que te provar...
Encontrar um jeito de ser feliz
Conquistar o peito que sempre quis
Se sentir perfeito sendo aprendiz!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sem trégua



Todos dormem
e eu vigio calado
a indiferença
do sono
lembra algum
recado sem nenhuma
importância
perdido entre
pensamentos
mais nobres...

Todos dormem
e eu velo cansado
a fria presença
do sono

Devo sonhar acordado?

Todos parecem parados
enquanto o tempo segue
sem nenhuma trégua
passando a régua
e seguindo o plano
até que alguém se negue
a se transformar em passado...

Alguém falando dormindo
parece estar mais acordado
do que o sol
que nasce, lindo,
a nos lembrar
que já é tarde
e a noite virou amanhã!

Sol na madrugada


Quatro horas da manhã
meu sono disse adeus
e resolveu
esperar o sol chegar

Tudo é tão lento
e tão vazio
na solidão e no silêncio
a madrugada
é tempo de estio

Há pouco haviam ainda
umas estrelas
na escuridão
e agora algum clarão
traz de volta as cores
e anuncia mais um dia
de verão!

São quatro horas
da manhã
não há mais diferença
entre os relógios
mais um sábado se foi
virou poeira no cosmo
e agora já virou
domingo
e está tudo bem...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Paz e bem



Não sei se vou
chegar a tempo
de ver
os nossos frutos
espalhados
no chão
mas guarde um
pra gente
comer
olhando o sol
por trás
do portão
Quem sabe alguém
vai se chegar
cantar com a gente
alguma canção
lembrar dos bichos
nos quintais
contar a história
de uma paixão
olhar o céu
quase lilás
sentir a paz
da natureza
espere um pouco
e deixe o amor falar
talvez ele nos faça
uma surpresa...

Uma oração
grata por cada pão
por toda mão
na nossa mesa...

Uma canção
farta com um violão
e no refrão
uma certeza...


É muito bom
estar em paz
sentindo o bem
que o Amor nos faz...



Não vou saber
quando o momento
chegar
e se o futuro
passar por
nós?
Fechar os olhos
não olhar
pra trás
na escuridão
seguir
sua voz!
Depois da noite
celebrar
algum luar
pintando o jardim
dizer um sim
feliz pro mar
dormir com as flores
sobre o capim
provar o mel
chegar no cais
onde se faz
toda beleza
espere um pouco
e deixe o amor entrar
talvez ele nos faça
uma surpresa...

Uma canção
farta com um violão
e no refrão
uma certeza...

Uma oração
grata por cada pão
por toda mão
na nossa mesa...


É muito bom
estar em paz
sentindo o bem
que o Amor nos faz...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Metamorfogo



Arde
a chama
que transforma
todo drama
em fim de tarde

Arde
o fogo
que transforma
todo jogo
em ato covarde

E tudo vira cinza
tudo volta ao pó
barro, gente, terra,
dança, sexo, guerra,
tudo volta a ser só
um amontoado de cinzas

Sobe
a labareda
que transforma
toda vereda
em simples hobby

Teima
a brasa acesa
que transforma
toda beleza
que se queima...

O heróico príncipe cavaleiro



Queria ser
o cavaleiro
dos seus sonhos
mais secretos
Aquele
a galopar
entre florestas
e desertos
somente
pra te beijar a mão
e sussurrar
um poema
cheio de desejo
e paixão...

Queria ser
o herói
das suas histórias
mais bonitas
Aquele
a te salvar
nos momentos
decisivos
somente
pra te provar minha intenção
de sempre renovar
meus votos
de amor
e servidão...

Queria ser
o príncipe
dos seus contos
mais intensos
Aquele
a enfrentar
dragões e bruxas
do mal
somente
pra te pedir a mão
em casamento
toda vez
que a dor
te encher de solidão...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Posturas



Deixa
pra depois
falar
das coisas
que
te deixam mal
Tudo é natural
Quando
se quer ser dois
o que importa
é o sentimento
Deixa
pra outro dia
o papo sério
que talvez
nem seja
mesmo
sério assim
Deixa
o universo
reduzir
cada problema
e algum verso
seduzir
para um poema
que o tempo
é curto
e a vida
não está
na esquina
esperando
pra ver
se a gente
termina
uma discussão
que talvez
não tenha
nem razão
de ser...

Palha de Coqueiro



Onda
de escutar
som
de mar azul
gás
de espuma branca
na maré que vem
do sul

Vento
de cantar
palha
de praieiro
show
em pleno ar
na voz que vem
do coqueiro

No disque
disque
embalar
um risque
risque
bem devagar
pra traduzir
a beleza
desses poemas
da natureza

Num pisque
pisque
sonhar
com o cisque
cisque
vulgar
e traduzir
as teias
do canto
destas sereias...

O primeiro segundo



Tempo
espera
atraso
emperra
prazo
encerra
ciclo
enterra
gente
encera
piso
enquanto
o riso
enxerga
o primeiro
segundo
se passar...

Vento
embala
nuvem
encharca
planta
enxágua
terra
envolve
o homem
engole
o sapo
enquanto
somem
as pegadas
nas estradas
e as marolas
pelo mar...

Vida que é, vida que está
sempre por um fio...
vida que enche o vazio
como o rio que enche o mar!
Vida que foi, que ainda será,
vida que vem do cio
como o sol que vence o frio
vida tá aí pra conquistar...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Do seu lado



O que dizer
a você
pra te animar
e lembrar
que a vida
tem um sentido?

O que falar
pra você
pra te acender
e te levantar
e estar presente
contigo?

Não abra
as janelas
da alma
pra tristeza
entrar...

Deixe o sol
brilhar
e te aquecer
como um
abraço meu
retribuindo
cada carinho
que você me deu...

Me dê sua mão meu bem



Me dê sua mão
meu bem
vamos andar
pela praia
esqueça essa
multidão
não olhe pra ninguém
deixe o vento
bater
e levantar
sua saia
esqueça o mundo
lá fora
viva o seu mundo
de dentro
me dê sua mão
meu bem
vamos embora
agora
aproveitar
o momento
deixar pegadas
na areia
sem se importar
se elas vão ou não vão
guiar alguém
ou se apagar
também
como este sol
e a praia
me dê sua mão
meu bem...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Olhos de Ciranda



Olhos de ciranda
Chamam pra brincar
Brilham, piscam, mandam
Sabem enfeitiçar
Olhos de azeitonas
Vontade no ar
Me levam pra lona
Ao me nocautear

Toda procura
É em vão
Pela cura
De uma paixão
Não tem remédio, não
Chama que acende
Em vão...

De carona com a madruga....



Onze e dez
e a meia noite
se aproxima
entre no clima
faça do açoite
o seu viés
Logo amanhece
e você tece
alguma rima
tá tudo em cima
quando anoitece
a prece vem...
De trem
do outro lado
do mundo zen
vem num vagão
vem na poltrona
do avião
ou na cabine
de um navio
mas vem...

Minha cidade



Eu continuo
tentando
te tentar
a gostar
dos meus apelos
urbanos
e minha
gente vulgar...

Eu continuo
na espera
a fila
sempre maior
o cheiro forte
de azeite,
mistura urina
e suor...

Eu continuo
nos guetos
em blocos
tão raciais
nos becos
e avenidas
nas convenções
sociais...

Eu continuo
na rede
e nos temperos
de cor
cerveja
é nome de sede
e sexo
o mesmo que amor...

Eu continuo
fagueira
entre santos
e orixás
no são João
sou fogueira
na sexta feira
sou paz...

Entre faróis
e buracos
entre anzóis
e auês
entre o gingado
e a crendice
entre o atabaque
e o dendê...

Eu continuo
na estrada
a mais idosa
ancestral
as minhas rugas
são juras
paralelo
candeal...

Eu continuo
na luta
entre o que falam
e o que sou
uma grande
prostituta
capaz de amar
sem pudor...

Eu continuo
levando
em mim
o nome do amor
balangandans,
fitas, figas
no misticismo
da dor...

Eu continuo
tão suja
o meu contorno
é tão breu
sou camaleão
e coruja
disso ninguém
esqueceu...

Eu continuo
profana
uma cigana
sem véu
enquanto rodo
a baiana
te mando
pro beleléu...

Eu continuo
bonita
apesar
dos filhos meus
sou mãe
doente e aflita
com os filhos
longe de Deus...

Livres Movimentos



Livre
feito nuvem
dançando
com o vento
breve
pensamento
chama
pra voar

Leve
feito sonho
brincando
com as horas
segue
sem demora
o movimento
de criar

Traços
na areia
braços
de oceano
abraços
de sereia
nos laços
do engano

Restos
de poesia
incestos
de adega
manifestos
guias
gestos
de entrega

E um adeus
nos olhos
e nas mãos
guardado
como uma
visão
pra gente
apenas
relembrar...

Entre girafas e gigantes




Pobres crianças indefesas no navio errante.
Entre girafas e gigantes, cercadas por mamíferas libélulas saltitantes,
à mercê dos desvarios atlânticos de uma trupe recreativa...
Ativa ou passiva?
Vá saber!
Pobres crianças abandonadas em clubinhos, entre viajantes daninhos,
carnavalescas criaturas, caricaturais figuras impostas,
como indesejados vizinhos cutucando em suas costas...
Imposição ou diversão?
Vá saber!
Girafas, gigantes, elefantes, garrafas, entre dezenas de animais silvestres,
eqüestres galopes ou trotes, coreógrafos itinerantes, entre portos, mortos,
amorfos guardiões da indiferença alheia, esperando o barco encalhar na areia...
Seleção ou negação?
Vá saber!
Onde está o João Victor? Chorando em algum canto o adeus dos que se foram?
Embriagado ou sóbrio?
Refestelado ou digno?
Vá saber...
Pobres crianças indefesas na imensidão errante do navio...
Entre olhares sombrios de indisfarçável suspeita, alguém espreita no navio...
Quem serão os loucos que as entregam assim, de boa vontade, nas garras insaciáveis dos “momescos senhorios”?
Vá saber!
Enquanto o navio balança entre as ondas, entre danças e brincadeiras, alguém sonda numa esteira, se pode haver algum desvio entre aqueles que cuidam das crianças no navio...
Pensamento vil...
Ou não?
Vá saber!
Foi-se o tempo das senhoras e suas histórias, dos soldadinhos de chumbo e da tranqüila sensação de cuidado e proteção...
Os clubinhos viraram “clubbers”, o navio está no cio, mas ninguém parece prestar atenção...
Haja corda para o pavio...
Um grande feriado, alguns protocolos quebrados e não se espante:
O comandante bem que pode ser uma girafa ou um gigante!

Colo



Colo de quem ama
Tempo de quem planta
Reza de quem brilha
Mesa de quem janta

Pólo de quem migra
Jeito de quem tece
Obra de quem sonha
Luz de quem aquece

Você vai ver
que alguma coisa
ou alguém
sempre levam
a outro alguém
em um lugar
qualquer

Você vai ver
que alguma idéia
além
pode fazer
alguém
se transportar
pra onde quiser
se transformar
quando quiser


Solo de quem canta
Plano de quem traça
Beijo de quem troca
Amor de quem abraça

Tolo de quem fala
Vivo de quem pensa
Sábio de quem cala
Livre da sentença

Zigue-zague



Toda estrada
e toda vida
têm um fim
se é uma praça
um beco sem saída
ou um jardim
depende
de cada um
Pode ser também
o começo de uma
outra estrada,
ou quem sabe
uma súbita virada
de uma caneca de rum

Toda vida
é uma estrada
e é assim,
tem que ter raça
pra entender a caída
e dizer sim
se levantar e seguir
pra onde for
Deve haver sempre
um recomeço
no nada,
quem sabe
qual a curva errada
no zigue-zague
do amor?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Gratidão (ao agradecer à amizade e aos filhos dela, meu obrigado mais sincero por cada manifestação de carinho e conforto que recebemos neste período)



Obrigado
por aquele abraço, irmã...
Pelo abraço da paz,
distante do mundo dos homens
e tão próximo
do universo divino...

Obrigado
por cada palavra, irmã...
Pelo intenso significado
de cada uma delas,
pela sua presença e dos seus filhos,
ali conosco...

Obrigado
por tamanho bem querer,
pela manifestação
de carinho e solidariedade...
Por eternizar
um momento de dor
com um gesto
tão bonito, manifesto infinito
de quem não se calou...

Obrigado
por me deixar
abandonar-me
em teus braços,
por acolher-me
nos seus ombros
e por me fazer chorar,
sorrindo por dentro!

Obrigado por
me fazer ganhar muito,
num momento
de perda absurda...

Acredite:
Deus estava ali, em você!
De verdade!
Ele existe, imagem e semelhança
daquele abraço,
pleno de amor, paz
e humanidade!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Embarque



Entre ondas
e azuis
sinto o sol
e a sua luz
imenso oceano...

Entre nuvens
e marés
vejo a cor
em tons pastéis
no mais doce engano...

A vida vai passando
como o dia que ficou
no cais um adeus distante
e a paz alguém deixou...

A vida vai ficando
como alguém que já passou
na paz de um Deus o instante
ficou no cais do nosso amor...