De repente é de novo Janeiro
e a vida segue em sua luta
como a prostituta
que não teve réveillon
pra ganhar seu dinheiro
dos clientes no bem bom...
Não haverá carnaval em fevereiro!
Quem sabe alguém entende, finalmente,
que alegria e festa pra gente
deveria ser apenas entender
que basta-nos o milagre de estar aqui
e sermos bons!
O beijo passageiro,
roubado por algum aventureiro
é artificial como gosto de batom!
O que virá em Março?
Além das águas cantadas
pela Elis e pelo Tom?
Quem sabe o som do assobio
de alguém mais feliz,
com a esperança de ver
a vida voltar ao seu modo raiz...
As flores de Abril
que o Poeta e o Violão
nos apresentaram um dia,
será que elas se abrirão?
E o vento de Maio
do Borges Salomão
voltará a soprar,
dizendo segredos ao coração?
Em Junho vamos celebrar ou não
o Rei do Baião?
Só o velho Lua pra dizer
se haverá Carnaval ou São João...
Julho nos trará ou não
o Caboclo e a Cabocla
oferecendo finalmente a liberdade
pra essa gente que vive
seus dias de plantão
nos hospitais da cidade...
E em Agosto, será que poderemos
celebrar nossa Santa Primeira,
com o doce sabor de ver seus pobres
já tendo recebido a vacinação?
Setembro nos trará, enfim, novas cores
para sairmos do luto e das dores
que este tempo de angústia nos trouxe?
Saudades e lágrimas, como estarão?
Em Outubro, como crianças,
será que faremos a ciranda
para nos abraçar novamente
com a esperança muito além
das janelas e varandas?
E Novembro, nos encontrará
ainda com vida, celebrando a sobrevivência
a esta pandemia tão sofrida,
conquistando o triunfo da resiliência?
Dezembro, será, de fato,
tempo de mudar nosso destino,
tocando todos os sinos
para agradecer ao Deus Menino
por nos livrar de todo mal,
oferecendo o coração de cada homem
pulsando em sintonia
com o Espírito de Natal!
Que este ano nos traga de novo
a consciência de nossa missão
em ser LUZ e ser SAL!