quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Halloween 2013

Gostosuras ou travessuras?
Nunca se engane com as bruxas...
Em algum oásis do seu Saara interior,
como todas as mulheres,
as bruxas também são fadas,
se escondendo da própria dor!
Em sua alquimia interna,
bruxas sabem ser ternas,
e basta que estejam
num bom dia,
pra transformar
qualquer feitiço
em magia
e se fazerem
eternas!
Não, as bruxas
não pertencem
só ao imaginário
dos corações solitários
que erram por aí...
Há muito de tantas magas,
ilógicas, patológicas,
vagas, em tanta gente por aí...
Há tanto da Madame Min...



Poções, caldeirões e fórmulas,
paixões, emoções e fábulas,
indefinições entre não e sim...
Gostosas, travessas e mágicas,
hilárias, avessas e trágicas,
toda mulher tem seu castelo,
onde se isola em certos dias de breu,
e se transforma...
Princesa, bruxa, encantada,
vai tomando várias formas,
quebrando as próprias normas
e se dizendo olá e adeus!
A nós, homens, pobres mortais
sempre sob seus pés,
resta a ilusão do encanto,
a fantasia do enigma
a busca insana de decifrar
os códigos,
revelar tudo o que existe
sobre o manto...
Mas isto,
só os olhos
de uma mulher
são capazes
de nos dar!


Não diga às bruxas que eu existo!




Não diga às bruxas
que eu existo,
elas não crerão...
Primeiro rirão,
depois dirão que não sou
nada disto,
sou apenas o efeito
de uma poção
ou de um feitiço,
a sobra de uma jura
num caldeirão
que fez uma enorme
mistura em sua razão.
Nada mais que isso!

Por favor,
não diga às bruxas,
eu insisto,
acredite em mim,
elas não crerão...
É muita realidade
pra um mundo místico,
é muita contradição
para ser verdade!
Como elas acreditarão
na humanidade,
se o próprio ser humano
tem vivido de auto-negação?!

Não, por favor,
eu imploro,
não diga às bruxas
da minha existência...
Não vão te dar nem liga,
no mínimo te ignorarão...
Tenha clemência!
Deixa como está,
elas não acreditam,
mas eu existo...
E como um Quixote
entre moinhos,
perdido entre o que sou
e o que já fui antes,
repouso a lança
e escuto um Sancho
dizer baixinho,
com a devida licença
de Cervantes,
não seja responsável
por mais um tabu que cai:
"yo no creo en las brujas,
pero que las hay,
las hay!"

Cirandas e toadas





E da voz do tempo
escute apenas
as canções
de alegrar!

São cirandas e toadas
que a vida nos manda
sem nos avisar...

São sinais
que provocam
e evocam
a paz
que andava
esquecida...

Tempo, vida,
canções de sorrir...
Abre a porta
do teu peito,
encara o mundo
imperfeito,
ri de si mesmo
e assobia...

Não é fantasia...
Não é improviso...
É só um aviso
no meio do dia
lembrando
que o amanhã
vai bater na janela
e te chamar
novamente
pra continuar
pintando
sua aquarela
na aventura
de ser gente!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Não por acaso




Não por acaso
eu fui contrário
ao mundo
nenhum segundo
vale o eco
da dor calada,
não paga o passo
do vagabundo
na estrada,
nem cobre o custo
de uma infância
roubada...

Não por acaso
eu disse não
a mim mesmo,
sem argumento
pra insistir
na cilada,
prefiro ousar
seguir o meu
sentimento,
que usufruir
da escolha
esperada...

Dois sóis




Como é que pode
o bendito tempo errante
te levar pra tão distante
de um infinito bem querer?

Me diz como e porque
a gente é só um navegante
deste breve e intenso instante
da aventura de viver...

Como é que pode
tanto adeus vir num rompante
se, com Deus, logo adiante
todo mundo há de encontrar?!

Só digo que não dá
pra te negar, se quer que eu cante,
minha voz é um diamante
lapidado pra te dar!

Voz com voz
quer se casar
nós com nós
um laço dar
um laço feito
de abraço
um doce beijo
depois do amasso
e dois sóis
no alvorecer...

Só suspirar




Não fale 
pelas costas 
da montanha
sobre o vento
que te apanha
e faz carinho
em seus cabelos
onde o sol
deságua em luz...

Não vale
um pensamento
sem tamanho
sobre o campo
e seu rebanho
se diante dos moinhos
seus joelhos
se dobram
em canções que compus...

No meio
da planície
eu volto
à superfície
e busco o que 
me resta de ar
me resta agora
só suspirar

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Tempo de sonho



Agora
é tempo
de sonho,
marquei
encontro
com a poesia...
O travesseiro
é meu dono
e meu sono
é asa pra
fantasia!
Quem sabe
uma trilha
em mono?
Quem sabe
a imagem
sem som?
Na poltrona
de uma sessão
qualquer,
o cinema mudo
diz tudo
o que a gente quer!
Agora é tempo
de guarda,
vigília
e contemplação...
Na próxima
esquina
da madrugada,
quem sabe
o que me aguarda?
Um pesadelo,
uma premonição?
Agora é tempo
de encontro...
Hora de ninar
os medos...
Buscar
nos próprios
mistérios,
segredos
da purificação!
E antes que
amanheça
o depois,
que o sol
traga o amanhã
pra me ver
e eu me atrase
pro encontro
que marquei
com a poesia,
volto a pensar
com alegria
que agora
é tempo de sonho,
tempo de agradecer
mais um dia!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Visão inesperada ( sobre uma imagem linda postada por Mildred a respeito do dom de enxergar)



Pegadas
no verde,
léguas de
páginas
escritas
com os pés...
História
feita em passos,
um par de tênis
e os laços
que pude atar
com quem
troquei
olhar
na alameda
pink!
Olhar
é link
de quem
busca...
E eu agradeço
a Deus
poder enxergar!
Sob um túnel
de pétalas rosas,
penso nos breus
de quem
tateia
no escuro...
Um facho
de luz
eu procuro
pra dar
de presente
a quem
não vê mais
nada!
Na estrada
ensolarada
as cores
são companhia!
Quanta alegria
numa visão
inesperada!

domingo, 27 de outubro de 2013

Paz no cativeiro



Vento
sobre
a pele
meu olhar
o sol repele
outro brilho
a ofuscar
o arrepio
vem do mar!
Tudo
o que é
leve
não precisa
ser tão
breve
voz de filho
a nos chamar
corre o rio
até o mar!
Quem vai
desaguar
a paz
que um dia
eu vi transbordar?
Quem vai
desarmar
a dor
que a lágrima
fez brotar?
O tempo
faz correr
os sonhos
nos ponteiros,
facho de farol
girando
na ilusão
do nevoeiro!
Vida
que faz
a paz fugir
o tempo inteiro...
O Amor
vai reconduzir
a paz
vai libertar
a luz
do catiiveiro!

E o nome da virgem



E o nome
da virgem
era silêncio
e eis que
um anjo
a saudou:
cheia de
graça!
E ela
aceitou sua missão
sem medo
e foi a primeira
a acreditar
no Filho de Deus,
Bendito fruto
do seu ventre!

E o nome
da virgem
era serviço
e eis que ela
se desalojou
e enfrentou
o tempo
e, humildemente,
mesmo sendo templo,
foi ter
com sua prima
e se tornou exemplo
e até hoje
as gerações
a fazem tão amada
e a saúdam
como bendita e
bem aventurada!

E o nome
da virgem
era Maria!
E através
dela e
do sim
da sua voz
o verbo
se fez carne
e habitou
entre nós!

Credo



Crer
além
do tempo,
além
da vida,
curar
a ferida
da dúvida,
com o abraço
do Amor!

Crer
além
do sonho,
além da
lida,
fazer
a esperança
sentida
em tempos
de dor!

Acreditar
no carinho
e no colo
de um Deus
que se faz solo
quando
o nosso chão
se vai!

Acreditar
na luz
e na palavra
de um Deus
que se faz luz
quando tudo
mais se apaga

O que é a fé?


Voce sabe
o que é?
Voce sabe
o que é
a fé?
É encarar
o oceano
sem medo
de não dar pé!
É o amor
mais cigano!
Voce sabe
dizer?
Voce sabe
falar da fé?
É calar
todo engano,
o segredo
é ser o que é,
sem fazer
muitos planos!
Voce sabe
dançar?
Voce sabe
cantar a fé?
É o divino
no humano,
o solo bonito
que busca o infinito
como puder...
É o passo sagrado
no ensaio profano,
o encanto no cotidiano,
a fantasia do balé!
Voce sabe
mostrar?
Voce sabe
ensinar a fé?
É a plena certeza
de uma chama
sempre acesa
que te leva
a acreditar!
É o amor sobre
a mesa,
a resposta
de quem ama
e que faz
da própria vida
o seu melhor
altar!

Pazes com o sono



Finalmente
fiz as pazes
com o sono
depois de
uma semana
de abandono
aos desafios
de gerar!

Tempo
de trabalho
e semear,
de andar
se equilibrando
sobre o fio,
apagando
o pavio
pra nenhuma
bomba
implodir
o navio...

Criatividade
no cio!
A pulso
ou por impulso,
o que foi expulso
foi o melhor
a ser feito...
Nada perfeito,
mas tudo
vindo do peito
e executado
com amor!

E depois de
uma semana
de abandono
aos desafios
de criar,
finalmente
fiz as pazes
com o sono
e pude voltar
a sonhar!

No silêncio da madrugada


No silêncio
da madrugada
vaga uma idéia,
uma onda
que invade
a estrada,
na apnéia
da loucura
urbana,
um intervalo
na humana
odisséia,
uma outra
opção
entre
o tudo
ou o nada!

No silêncio
da madrugada
a poesia alaga
o momento,
um vão
de sentimento,
um duelo
de palavras,
ferimento
de adaga,
corte e cicatriz,
numa lágrima,
e a lembrança
do que nos faz feliz
esgrima
com a saudade
e nos convida
pra dança
com nossa própria
verdade!

No silêncio
da madrugada
vozes abafadas
pela cidade...
Os contos
do travesseiro,
os cantos
da consciência.
o assobio
da alma em liberdade...
Passeio
sobre a rua enevoada,
uma aventura alada,
um sobrevôo de fada,
um sentimento que arde
no silêncio
da madrugada!

Cais de Coração


Cada dia
um pouco
de pão,
um pouco
também
de energia
despendida
em favor
do irmão
porque
oferecer
a mão
também
é alimento
e traz alegria
e paz,
nenhum
momento
é vão!

Todo tempo
um passo
no chão,
um abraço
também
na folia
da vida,
do amor,
da canção
porque
cantar
a utopia
é puro
sentimento
e faz da poesia
um cais
no próprio
coração!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Acolhida (80 anos de Maria Dulce Maia Didier)



Mãe!
Sua história
nos inspira!
E enquanto
o tempo gira
e os ponteiros
vão transformando
os sentidos,
cada caso colhido,
presente, passado
ou futuro,
dá à palavra acolhida
a dimensão precisa
de sua vida!
80 anos
de doação
e doçura!
Uma procura,
uma missão pessoal,
um sacerdócio,
uma jura,
uma mistura
que te faz
assim,
tão especial,
tão SIM,
tão presente
em tudo o que
há de melhor em mim!
Obrigado!
Pelas canções
de ninar,
pelo cultivar
da fé,
pela paciência
em educar,
por ter se mantido
de pé,
por ajudar
a nos levantar,
quantas vezes
for preciso,
por sempre
estar presente
pro que der e vier,
pelo seu sorriso,
por ser exemplo
de gente,
por ser do jeito
que é!
Sim, Maria,
Doce, Dulce!
Peito, colo,
abraço, carinho,
jeito, solo,
conselho, beijinho!
Amada, querida,
admirada e amiga...
Acolhida
é, em uma palavra,
o significado
de sua Vida!

Uma notícia pra ganhar o dia



No dia a dia da gente, ouvindo as misérias do cotidiano,
se acostumando com as mazelas de um estado desumano,
é cada vez mais raro se emocionar com notícias...
Hoje foi diferente...
Vinte e cinco de Outubro de 2013, ali pelas sete da manhã,
depois de deixar minha filha na escola, ouvindo a mesma rádio que,
diariamente, me deixa antenado sobre o país e o mundo,
fui surpreendindo com uma notícia diferente...
Ricardo Coração de Leão (Boechat) começou seu programa
nos lendo uma mensagem de uma ouvinte, chamada Carla
que dizia mais ou menos o seguinte:

"Caro Boechat, tenho um acordo com meu marido,
de não ligar para ele neste horário para não atrapalhá-lo
de ouvir seus comentários sobre as notícias do dia.
Para não quebrar este acordo, gostaria de pedir
que desse a ele a seguinte notícia em primeira mão:
Estou saindo de uma ultrasonografia em que descobri
que seremos pais de nossa pequena Lucy (nome que ele
sempre sonhou dar a uma filha em homenagem à uma música
que ele adora, Lucy in the sky with diamonds)
O nome dele é Rafael e meu nome é Carla"

Ao terminar de ler, não só Boechat, mas todos no estúdio
da Band News e, acredito, vários ouvintes pelo país, dentre eles eu,
estávamos emocionados, com as lágrimas a correr sobre as faces!

Um fato tão simples, tão repetido, diariamente, na vida de tanta gente,
mas ao mesmo tempo, único, na vida de Rafael, Carla, Boechat e todos nós
que tivemos a oportunidade de ouvir e nos emocionar com a certeza de que
a vida humana será sempre a maior notícia a ser propagada.

Parabéns à mamãe Carla por sua iniciativa!
Parabéns ao papai Rafael pela chegada de Lucy!
Parabéns a Boechat e toda a sua equipe pela sensibilidade e pela emoção
de fazer um jornalismo simples, bonito, verdadeiro e humano!
E que Lucy brilhe como diamante no céu cinzento diário de uma mídia cada
vez mais sensacionalista.

Valeu Boechat!, uma notícia pra ganhar o dia!

Márcio Didier
publicitário, poeta e ser humano.

Relicario



Chega a ser
hilário
se confundir
o bom
com o otário!
Por isso
os bons
são cada vez
mais solitários
na sua angústia mansa
de quem não descansa
da missão de ser
solidário!
Parece
peixe de aquário...
Simplesmente ser
e deixar sua vida
acontecer
diante do imaginário
de quem só consegue
ver a estranheza
da corcova
de um dromedário...
Tudo tem um porquê,
mesmo que possa parecer
um motivo refratário...
Vida não vem
sempre em buquê!
E quando assim
se apresenta
é bom quando a gente
tenta
fazer do seu perfume,
um relicário
do curtume
que é viver!

Seis horas da tarde!



Às seis horas
da tarde
o peito arde
a fé em brasa
transforma
em oração
a certeza
de que uma mãe
sempre escuta
o pedido de outra!

Às seis horas
da tarde
gente boa
se une
em pensamento
positivo
e entrega
o milagre
possível
nas mãos
da Senhora
do impossível!

Às seis horas
da tarde
família se faz
grupo,
grupo se faz
família,
pra pedir
e agradecer
pelo fruto
bendito
de um amor
tão bonito
que não
carece
de dor...

Às seis horas
da tarde
Nossa Senhora
se faz abrigo
e abençoa
um casal
de amigos
ouvindo
a oração
que ecoa
na esperança
bendita
dessa gente
que procura
em teu coração,
mãe ternura,
toda resposta
e toda cura!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Assalterópolis (sobre "Mulata Grande" de Carybé)



A esfinge
do seu sorriso
desafia o olhar
mais preciso
a te decifrar...
O que deseja
devorar
sua alegria?
O que devo
desejar?
O deserto
nunca esteve
tão perto
da velha
sala de jantar...
O tempo
anda incerto
e as tempestades
de areia
voltam a desenhar
seus mapas,
para nos lembrar
que o destino
está aberto,
como um livro
sobre o sofá...
Não há pirâmides
sob os tapetes...
Do alto
do sinal a cabo
menos de um século
pra contar...
Quem são
as múmias
fazendo sala
nas poltronas?
De quem são
os sarcófagos
à beira mar?
Na cidade
do agito
só há um grito:
as pragas
do Egito
parecem
estar no ar...

Guerra em seu olhar


Eu vejo
a guerra
em seus olhos,
a dor injetada
na íris,
a raiva
estampada
na lágrima!
Vejo a terra
que se esvai
nas suas
contradições
mais pobres
e nas suas
mais nobres
divagações!
Vejo o conflito,
o dilema,
o atrito,
o problema,
pupilas perdidas,
nômades,
rendidas
pelo deserto
de uma lida,
o sonho
sempre
de partida,
carregando
intensas
despedidas
sobre ombros
solitários,
e os tropeços,
vários,
empurram
sua vida
pro começo,
tudo ao avesso,
multi fuso horário,
uma escultura
no gesso,
olhar perdido
no aquário!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Um meio


O meio
é o veio
entre inteiros,
o ponto
que invade
um só
em duas metades...
O encontro
de duas correntes
de luz
que inundam
o sol
com as cores
da tarde,
partindo
e repartindo
os tons
em horizontes
tão lindos...
O meio
é o seio
que oferece
seu leite,
é alimento
querendo
que se aceite
o nutriente
que chega
líquido,
doce
e sempre
quente,
distribuindo
vida
em seu
materno deleite!
O meio
é o que leio
atentamente
e, sem que eu perceba,
me leva, de repente,
aos caminhos que creio...
O belo, o feio,
o indiferente,
o elo, o arreio,
o diferente,
o celo, o floreio,
o som presente,
o ponto exato
entre o vazio
e o cheio,
tudo é navio
a navegar
em meio
ao oceano frio
no azul
de um devaneio...
O meio de Outubro
é aonde
me descubro
a procurar um meio
de traduzir
o alheio
significado
da palavra
meio!

Thalita Kumi!



Brilho no olhar
da criança sem colo,
o maior presente é o solo,
o chão, o tocar,
o coração, calor solar,
o abraço, o pão
pra quem tem fome,
o laço, a mão,
a voz que chama pelo nome!
Sorriso a se mostrar
não só pelo alimento,
mas pela entrega,
pelo sentimento
de uma certeza cega,
o bem existe
e está ali a se mostrar!
A falta de medo vale bem mais
do que o brinquedo...
A porta segura é o princípio
de uma cura...
A procura nunca foi segredo...
A magia está no encontro,
na troca, na confiança,
na possibilidade real e palpável
de se viver o antes inimaginável:
infância com dignidade!
Meninos, meninas,
ergam-se, levantem-se!
Vale a pena ser criança!
Há muitos motivos
pra deixar crescer a esperança...
Não é a creche, não é o lugar...
É o incrível manancial de amor
a se espalhar, a se espelhar
em seus rostos, no gosto
que esse momento nos dá!
Talitha Kumi!
Nós é que temos de agradecer
por que vocês nos levantam,
fazem nossa fé se erguer,
fazem embargar nossa voz!
Fazem a gente entender
que há muitos motivos pra crer,
para cultivar, vivos,
os meninos e meninas
em nós!

domingo, 13 de outubro de 2013

De tanta estrada


De tanta
estrada
poeira
humana
no tudo
Oo nada
da aventura
insana
serei degrau
de escada
Ou corda
estendida
sobre o monte
e quando
o vento
soprar
na direção
da fronte
serei somente
horizonte,
serei semente
regada
serei madeira
de ponte
serei o fio
da espada
na lembrança
que alguém conte:
Vida, pedra,
pele suada
rima encontrada
água de fonte!

E no entanto...



E no entanto
a imensidão
do amor
cabe num gesto,
um pequeno
manifesto
sobre o
esplendor
de uma paixão,
uma ilusão
que vira canto,
depurando,
em tom honesto,
o harmonioso
protesto
de uma emoção
imersa em cor...

E o seu pranto
é a vazão
de toda dor,
de todo o resto...
E o resto
é esperança
de viver
um intenso
amor...

E no entanto
o que foi solidão
traduz,
num simples verso,
um imenso universo
a Pangéia da luz
e do calor,
vastidão contínua
dos sonhos
mais diversos,
onde habitam
os mais dispersos
filhos deste amor...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O menino que fui um dia!



O menino
que fui um dia
de vez em quando
vem me chamar
pra brincar
de sonho!
Não consigo recusar...
Sei que é
meu melhor amigo!
Aquele que não me deixa
afundar no mar das queixas
sempre tem um som
pra me mostrar,
uma imagem 
pra me encantar,
um mistério
pra atiçar
aquele eu herói
às vezes adormecido
que enfrenta
tudo o que corrói
com as armas 
da esperança...
O menino
que fui um dia
vez por outra
vem me intimar
pra gente fazer poesia!
Não consigo me negar...
Sei que é
meu melhor abrigo!
O lugar onde me esqueço
e entendo que mereço
pagar o preço
por tudo o que habita em mim!
O menino 
que fui um dia
sempre vem pra me lembrar
o sentido da palavra alegria
e insiste em me ensinar
a desafiar o destino,
me dando a mão
da verdade
toda vez que o adulto
teima em "acordar"
pra realidade...
O menino
que fui um dia
não sabe falar de saudade,
de tristeza, de coisa ruim...
Me chama pra correr por aí 
até encontrar um jardim
que a gente possa regar
um botão de flor
que faça acender
um sol interior!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Saber colher




É preciso
saber colher
as cores
sem precisar
arrancar
as flores
que alegrarão
algum olhar!

Batalha Naval



Então
o tempo
virá 
me dizer
sobre
as tulipas
que pintam
sem medo,
sobre os
segredos
entre os
ventos
e as pipas,
sobre a
ilusão
de uma criança
e seus brinquedos...

E o meu olhar
será capaz
de enxergar
as formas
dessa voz
tão poderosa,
ganhando o céu
como a fumaça
cinza e rosa
da explosão mais
retumbante
e estrondosa,
provocada
pelo canhão
de algum navio,
depois que o fogo
inebriante 
e incandescente,
possuído
pelo instinto
do seu cio,
ardeu 
completamente
algum pavio...

E o que ele 
descobriu?
A Pólvora!

Armazenada
igual ao rum
em algum
barril...


Pescados



A rede 
se lança
sobre 
as ondas
e descansa
sob o azul...

Depois
colhe os peixes
numa dança
pra alimentar
os homens
do hemisfério sul!

A fome
destes seres
estranhos
é voraz,
e é também
diversa,
como os tons
do oceano jeans...

Dispersa,
a rede subtrai,
imersa,
os frutos
dos jardins
do mar,
depois
chama o pescador
pra uma conversa
sobre o destino
deles dois
nesses confins...

Tenha Fé



Não duvide
nem por um segundo
que Deus está em seu mundo
como o calor do sol que incide!

A fé 
é o clarão da madrugada
abraçando a sua estrada
e esquentando o seu pé!

Acredite
o sonho é um novo passo
a força de um abraço
do olhar que a tudo assiste!

Ingratitudes



E tudo se esquece
na ingratidão das horas,
enquanto o tempo tece
as ilusões do agora...
O passado se esvai,
sangue no coração enfartado,
e se perde nas vias obscuras
das lembranças postas de lado...

E tudo se descarta
no encantamento da fuga,
o branco dos cabelos
o rabiscar dos sentidos, a ruga...
O futuro te trai,
lágrima no olhar embaçado,
e alaga as faces mais duras
dos destinos que lhe foram dados...

E tudo se despreza
no descompasso da culpa,
o sonho e o pesadelo,
o por favor me desculpa...
O presente é um ai,
silêncio de um grito abafado,
e se encontra no nó da garganta
do som que não deveria ser lembrado! 

domingo, 6 de outubro de 2013

Médicos (uma homenagem a Ana Beatriz Didier Studart, na minha primeira "consulta" familiar")



Quem se propõe a salvar vidas
e abraça o desafio da medicina,
precisa de uma vacina,
pra não coisificar demais o corpo!
O corpo não pode ser trazido
ao patamar reduzido
de passagem de fluidos
ou depósito de excrementos!
Corpo é muito mais que isso!
Corpo é porto, de onde partem
e chegam sentimentos!
E a pior tentação de um médico
é se privar deles,
como se fizesse algum sentido pensar
que o fato de cuidar e tratar de corpos
inoculasse algum antígeno
capaz de fazer do Doutor
um ser desprovido de Amor!
Quem se propõe a salvar vidas
e abraça o desafio de ser médico,
precisa de muita calma
pra entender a alma
de quem pretende curar.
precisa saber da essência,
da textura, dos sinais,
das razões, das loucuras,
pra injetar a paz
capaz de curar todo mal!
Precisa ser sacerdote
pra fazer do consultório
e da sala de cirurgia
altares aonde a morte
não encontre alguma via
de transformar em velório
o tratamento que se oferece
com compromisso e alegria,
cumprindo seu juramento
de honrar o compromisso
de estar sempre a serviço
da vida, seja noite ou seja dia!
Seja quente, ou seja fria!
Seja Ana, ou seja Bia!

Obrigado Dra!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Prática do Óbvio Ululante!


Quando falta o básico, não dá pra ter o luxo. 
A equação é simples e até um tapado em matemática como eu é capaz de entendê-la e praticá-la, nas coisas mais simples da vida! 
Porque é tão difícil, então, para gestores e administradores públicos a prática do óbvio ululante?!? 
Seguramente não por falta de compreensão. 
Talvez por outros interesses, outros compromissos.
Não por falta de ciência, experiência e informação!
Os exemplos de mau uso do dinheiro público se multiplicam, os mesmos erros se repetem...
Por que?
Grande interrogação...
Ser ou não ser?
Essa é a questão!
Ser ou não ser ético? 
Ser ou não ser transparente? 
Ser ou não ser coerente? 
Ser ou não ser competente, eficiente, íntegro?
Ser ou não ser ladrão?
E antes que venham me censurar ou processar por isso ou por aquilo, eu mesmo me explico:
O gestor público que não é capaz de realizar o que promete em sua campanha para eleição, automaticamente se transforma em ladrão! Forte isso! Verdadeiro ao extremo, também!
Este gestor é ladrão dos sonhos e da esperança de milhões de eleitores que votaram única e simplesmente para não ver mais do mesmo!
E o que recebem em troca? Justamente isso: mais e mais e mais e mais e mais e mais e mais e mais do mesmo mesmo!
Ninguém aguenta mais!!! Mesmo!!!!
Como justificar obras faraônicas, se não temos o básico? Como explicar que está faltando giz na escola e o professor é péssimamente remunerado por causa da estrada que não liga nada a lugar nenhum e, o que é pior, na maioria das vezes se transformou em obra inacabada?
Como explicar que falta algodão nos hospitais e anestesia na sala de cirurgia por causa da construção do estádio numa praça onde não existe nem torcida e nem time de futebol?
Como desculpar o despreparo da polícia, a parcialidade da justiça, o mercantilismo do do legislativo, o descompromisso do executivo nas questões mais básicas, sempre colocadas à parte em razão dos interesses pessoais e corporativos?!
O país afunda, sem perspectiva, sem solução, na contramão da história...
As instituições não se dão o mínimo de respeito.
E a pergunta que não se cala é:
-Será que ainda tem jeito?
Vamos continuar dormindo sob o efeito anestésico dos ladrões de sonhos? Ou vamos despertar e batalhar pra reaprender a  sonhar e realizar nossos sonhos?
Do que afinal é constituída a república?
Do que afinal é constituído o país?
País sem povo é igual a igreja sem comunidade: fecha as portas!
Político sem povo é igual a Padre sem assembléia: inútil!
Já foi dito, repetido e reafirmado:
- "O poder emana do povo e a ele deve retornar!"
Está em nossas mãos, em nossas mentes, em nosso olhar, assumir esta responsabilidade e fiscalizar, cobrar, protestar, reivindicar, não mais aceitar!!!
Quando vamos entender?
A lutar pelo básico para poder conquistar o luxo?
A lutar pelo outro para poder conquistar o sonho?
A lutar pela Vida, para poder conquistar a história?
O óbvio ululante está aí, na nossa cara, no picadeiro Brasil!
O circo montado, os palhaços rindo e fazendo rir, as feras domadas, o mundo de fantasia a nos seduzir...
Alguém vai pagar pra ver? Alguém vai entrar no jogo?
Ou vamos esperar o circo pegar fogo pra morrer?!
O Básico não pode mais faltar!
Já deu!
Daqui para frente, honra e respeito apenas pra quem falou, fez e mereceu!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Deveres das minorias, Direitos das maiorias...



Quem pensa
diferente
da maioria
não deve
encontrar
ofensa
em qualquer
ideologia...
Sua crença,
até por coerência,
deve estar próxima
à democracia...
Ao direito
de falar
o que se pensa,
não importando
quem vença e
mesmo sendo
minoria!
Tentar inverter
as coisas,
tirando da maioria
o direito
de expressar
sua opinião
sobre os fatos,
com  o argumento
de que tal ato
pode trazer em si
um preconceito,
é apenas um jeito
de tentar fazer
da sua verdade
um tipo de lei
ou preceito...
Perigosa
disparidade,
sob a bata
simpática
e insuspeita
de uma falsa
fragilidade
a encobrir
uma realidade
bem triste:
a guerra
de vaidades
e egos
que se espalha
pelas cidades
e faz da
humanidade
um bando
de cegos,
lutando
pra se impor
pela quantidade,
como legos
se avolumando
sem piedade,
formando
uma sociedade
sem base,
sem valor,
sem equilíbrio...

Centauro nos jardins de Outubro



De novo
é outubro
e eu me
descubro
novo,
deitado
sobre os
quartos
das horas
que passam,
vagarosas,
nos corredores
do tempo!
De novo
é Outubro
e eu me
vejo, rubro,
observando
com frieza
escorpiões
pesando seus
venenos
sobre as 
balanças,
tenazes
em tranças
sob os signos
da incerteza...
De novo
é Outubro
e eu cubro
o que é selvagem
em mim,
liberto o humano
sobre o capim
para correr
como um potro,
aquele jovem
centauro
se transformando
em outro,
em outro Outubro
que chega
para ensinar
sobre o perfume
e as cores
de um jardim!