Em terra de homens rãs e mulheres sapiens, a violência prospera e a economia espera por melhores dias. Não se trata apenas de indignação pelo discurso incompreensível de líderes que não dizem nada...Trata-se do vazio de perspectivas...
Nada pessoal...Individualmente minhas perspectivas sempre estiveram num outro patamar, distante e estranho à ferrenha competitividade material pelo poder e pelo status...Trata-se de um desassossego pelo coletivo... Ele ainda está vivo?
Em que plano, por favor me digam, porque não consigo mais perceber, no universo humano, muitas razões ou motivos...Pensamentos insanos? Descabidos? Divagações sem sentido?
Pulando de pântano em pântano, evitando a vastidão do lamaçal, ouço o coaxar de tantos enganos ecoando com a força de verdades sólidas numa floresta de desilusões...
Aqui e ali, vão afundando as poucas perspectivas de um país fadado a falir... Sem reação, um bando de homens rãs procuram, entre mergulhos pueris, afirmações adolescentes para a manutenção de um modelo falido "macho-adulto-branco" no comando!
Mulheres sapiens, por sua vez, correndo como lobos para justificar suas conquistas, perderam as pistas da sua condição e se eximiram da própria essência, ao trocar a intensidade de suas paixões pela igualdade das relações...
Como se fosse possível, algum dia, pararem de exumar os sentimentos enterrados e chorar o leite derramado...
Como duas crianças teimosas, meninos e meninas insistem em se digladiar e pirraçar e se esquecem da mais básica e original condição: eles se completam...
Beberam do mesmo leite, provaram as mesmas maçãs, mas com dimensões e vivências absurdamente diferentes... Esquecem de trocar impressões...
Sua competição acirrada pela razão os tem conduzido a trocar de papéis, nos mais amplos e desconexos sentidos, apenas para provar, por assim dizer, a consistência irrefutável de uma opinião que ponha o outro gênero a seus pés...
Assim, machos vão se tornando fêmeas, fêmeas vão se tornando machos, e nestas viagens efêmeras, acabam os dois com "cara de tacho"...
Literalmente perdem a graça de ser, de estar, de se descobrir e se revelar...
Como autômatos, na inquietude irracional de sua patética batalha sexual, seguem modelos, ditam normas, martelam e talham novas formas, absolutamente distantes de si mesmos...
Numa época de profunda abertura de mentes, de respeito às diferenças, porque insistir em ser igual ao que não somos?
Sapiens e rãs na verdade estão perdidos, num interminável mangue de inexplicáveis senões...
Aliás, quem seriam macho e fêmea, nesta impensável neo-definição?
O homem rã, a mulher sapiens, parem tudo, devemos todos estar num surto da tal febre terçã, decantada por Tom e Elis, estes sim, num dueto feliz, de dois representantes nada hostis de seus gêneros, a nos deliciar com uma harmoniosa demonstração de completude...
Como diz o ditado, "educação vem de casa", ou "de berço" como insistem alguns. Desesperados em provar seus pontos de vistas, pais e mães têm dado um péssimo exemplo de disputa para seus filhos, esquecendo-se, muitas vezes, que só alcançam a plenitude de si mesmos, na completude de seu amor!
Ah, e antes que os menos avisados entendam este desabafo como um manifesto heterossexual e homofóbico, por favor, estou falando de gêneros...
Se você é homem, mas pensa como mulher, ou vice-versa, deixe sua alma assumir o papel que lhe cabe e vista a carapuça, ou não, do que está sendo dito!
Ainda bem que restam exceções...Gente que se equilibra e se valoriza, se completa e se ajuda, e assim cresce, como casal, como duo, como deve ser...
Num mundo com menos presidentes e presidentas e mais líderes (palavra boa, não tem gênero), que tenhamos mais discernimento para não cair na armadilha
para não nos permitir ficar uns contra os outros... Isso é perda de tempo! Um mundo de entendimento, por favor... Um mundo de Amor...
Como cantariam os Beatles: "é tudo o que nós precisamos"...
Como declamaria Clarice Lispector: "eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."
Como preconizou Jesus Cristo: "Bem aventurados os que amam, porque estes serão amados!"