segunda-feira, 5 de maio de 2014

Passando um filme...




Não somos um filme preto e branco...
Somos uma série colorida!
Um cast invejável de diferentes talentos complementares...
Somos ímpares e pares...
Seres em contínua evolução, capazes de se tornarem lares, lugares, altares...
Mas só quando enxergam além de si e percebem os outros como irmãos!
Não somos uma peça ensaiada, absolutamente marcada, sem lugar para improvisos...
Somos imprecisos, como a comédia e o drama da vida, que chegam sem nenhum aviso e a fazem valer ser vivida!
Podemos ser uma aventura sem fim, a ficção no meio de um jardim, o suspense pelo que vem depois do fim, o sim no último capítulo da novela...
Somos a mistura imperfeita de gêneros, a fantasia que preenche toda terra, o terror do romantismo mais efêmero, a ação e a animação de toda guerra!
Mas não somos trash só por conseguirmos ir desde o mais impossível passo de dança num musical ao mais incompreensível gesto num caso policial...
Somos estes atores errantes entre os personagens principais e o mais insignificante dos figurantes, nada mais...
Não há porque nos sentirmos superiores ou inferiores... É só uma questão de cena, não de valores!
Como as cores ou as estrofes de um poema, somos o produto inexato de nossas catástrofes e dilemas!
Somos o hiato entre nascimentos e mortes, azares e sortes, costuras e cortes de um filme inacabado...
Nos créditos, talvez um ou outro legado...
Um nome, um sobrenome misturado entre outros tantos, perdido ou achado por acaso, sem prazo de validade, surpresa ou espanto...
Não, não, não somos um filme preto e branco...
Não somos um filme sem som, um filme mudo...
Nós temos tudo, nós recebemos os dons!
Mas temos sido indisciplinados, confusos...
Temos escutado demais a voz dos nossos próprios egos...
Talvez num tom alto demais, nos tenha deixado meio surdos...
Quem sabe meio cegos...
Temos perdido a paz, escondidos atrás de mil escudos...
Como trilhões de Legos a  formar um mar difuso...
É necessário parar...
Rever as cenas, o script, o time...
Compreender o roteiro, a ideia, o tom, a arte...
Respeitando o papel e o espaço da plateia...
A odisseia consiste em fazer bem a nossa parte...
Não, não se insulte, mas também não somos um filme cult, estamos longe disso...
Estamos mais pra um documentário...
Frios e impassíveis diante do precipício...
O choro compulsivo mais hilário, o escárnio intempestivo mais submisso...
E antes que, por meia dúzia de palmas, alguém venda sua alma, talvez seja bom lembrar do mais nobre compromisso...
O de olhar no espelho sem perder o viço!
E quanto ao Grand finale, é só pedir ao mundo que se cale,
quando for a hora das cortinas se fecharem...


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