sábado, 10 de maio de 2014

Saudades de cigarra



E a cigarra cantava,
descansada,
quando a formiga, suada,
passou por ela,
e admirando aquela voz,
tão bela,
parou tudo o que fazia
e, repleta de alegria,
agradeceu a ela...
Quando o frio chegasse,
talvez a formiga nem lembrasse,
do alivio que a cantoria
daquela cigarra lhe dera,
num dia sem importância
de uma distante primavera...
E enquanto alguém olhava
aquela cena de fábula,
um cigarro fazia
sinais de fumaça
sem graça,
num fim de tarde
em Brasília...
Um olhar que embaça,
uma saudade que enlaça,
lembranças de outros dias...
Quantas canções
ainda restariam
entre as árvores e a camisa
da criança que ousava
chamar as cigarras
de amigas...

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