quinta-feira, 8 de abril de 2010

As crateras da Lua, um soldadinho de chumbo ou os relevos do "Homem"?




Hoje é dia de celebração.
Dia de velas, ou melhor, Vela!
Dia do amigo distante, sempre presente em lembranças de um tempo que só volta no "youtube" da memória.
O franzino colega de tez pálida, sempre queixoso da saúde, com um humor ácido e atitudes inesperadas, vai habitar sempre os causos que conto sobre meu tempo de estudante.
Como esquecer alguém capaz de chamar um professor de mico, assim, cara a cara, ainda mais um "mestre" de nome Petronílio?
Como não lembrar de alguém capaz de, correndo ao seu lado, em plena aula de Educação Física,abrir a boca pra dizer que aquela imunidade baixa que lhe provocava cansaço, com certeza era alguma doença maligna, algum "Sarcoma de Kaposi"...
Como esquecer uma criatura que se estabocou com sua cadeira, em plena aula de matemática, foi expulso da sala com um sonoro "raussssss" do também inesquecível Padre Hugo e ainda saiu blasfemando contra todas as gerações do "pobre religioso"
e de toda a comunidade Vieirense?
Como apagar da memória a arapuca "armada" por esta criatura, para Cebola, outro indefectível colega, esmurrar a "Tia do Demo", subdiretora da Escola?
Não dá, grande Vela. Com suas histórias, você marcou história.
Mas entre todas as suas histórias, a mais brilhante, sem dúvida, que me faz chorar de rir até hoje, foi a que envolveu seu telescópio,as crateras da lua, um soldadinho de chumbo e os contornos do "homem"...
Explico: Vela tinha por hábito fotografar a lua, acoplando sua máquina ao telescópio que possuía em casa. Algumas vezes tive a oportunidade de ver fotos belíssimas das crateras da lua tiradas por ele. Acontece que além de "protótipo de cientista louco" nosso "herói" também tinha suas inclinações para a "tara sexual", de modo que o telescópio também era usado para fins menos nobres (para alguns, talvez, até mais nobres), como ficar espionando uma das "gostosas da sala", como ele mesmo as batizava.
Esta, em especial, que morava perto dele e da escola, apelidávamos de o "homem", não só pela forma decidida e indiferente que caminhava pelas ruas e pelo colégio, mas também pela forma como se dirigia a seus colegas do sexo masculino.
Vou manter este apelido, não só para preservar a sua identidade, como o faço com o protagonista desta história, mas também para evitar qualquer processo ou retaliação contra esta "angelical crônica de um tempo de escola" e seu autor.
Nada disso, porém, quebrava o encanto que suas formas traziam aos adolescentes rapazes, colegas de sala, entre os quais, em entusiasmo e secura, se destacava Vela.
Pois bem, certo dia chego na sala de aula e ele, com a cara mais limpa do mundo, me diz:
"-Pergunta aí pro "homem" se a toalha que ela se enxugou hoje, ao sair do banho, não era rosa?
No ato eu respondi:
-"É pra perguntar mesmo?"
E num daqueles ataques de "semnoçãozice", característicos de minha pessoa, virei pra ela e mandei:
- Fulana, Vela tá dizendo aqui que a toalha que você se enxugou hoje era rosa. Confere?
Lógico que dei a esta pergunta o tom necessário para que ela entendesse que o tarado ali em frente a havia visto como veio ao mundo...
Não querendo dar o braço a torcer de que havia sido "vasculhada" em sua intimidade, ela mandou de volta:
- Ele está dizendo isso porque depois que me enxugo com a cortina fechada eu coloco a toalha para secar na janela. Ele só viu a toalha...
Impassível, mas já com um largo sorriso vitorioso na boca e com o sangue tingindo sua fronte pálida, larga Vela de lá:
- E o soldadinho de chumbo que fica na terceira prateleira da estante branca?
Branca como uma vela ficou a face de nossa colega "homem" ao ouvir aquela declaração inequívoca sobre o grau de detalhe que havia sido captado pelo potente telescópio em questão. Ali ela percebeu que havia sido submetida a uma "ressonância magnética" por parte de nosso maquiavélico ET.
Impagável e inesquecível a resenha de depois...
Até hoje não sei bem em detalhes o que foi visto por Vela. Se as crateras do "homem",
se o chumbo do soldado ou o relevo da lua...
Mas não é todo mundo que tem uma história destas pra contar para as novas gerações...
Então, fica minha homenagem, no dia do seu aniversário a este cientista louco, o doce tarado, quase alienígena, e sempre grande amigo, Vela!
Celebre sua vida, irmão!

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