segunda-feira, 9 de maio de 2011

As lições de Emaús (Lc 24, 13-35)




Este é um Evangelho que sempre me emociona.
Talvez porque esta passagem abrigue, simultaneamente, um “resumão” da mensagem principal de Cristo e uma confirmação de muitas de suas palavras, numa espécie de resgate que Ele faz de sua passagem sobre a Terra.
A primeira coisa que chama a atenção é o fato de serem dois discípulos caminhando numa estrada. Aí, logo após a sua morte terrena, Jesus aparece para confirmar:
-“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre eles”(Mt 18, 20)
E, ao se juntar aos dois de Emaús, forma um trio caminhando. Três, como na Trindade!
Diante das dúvidas, questionamentos e medos, o desconhecido viajante começa a lhes falar, esclarecendo as coisas, esmiuçando os detalhes, clareando tudo. Maravilhados e com os corações “aquecidos” por aquela presença, sentem-se seguros e caminham menos assombrados com os “últimos acontecimentos”... A Viagem se torna mais leve...
Quando chegam à sua casa, Jesus faz menção de seguir adiante. Então escuta:
-“Fica conosco, já é tarde e já declina o dia." (Lc, 24)
Ele tem a paciência de esperar para ser convidado e lhes fazer companhia em sua mesa, confirmando suas palavras:
-“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3.20)
Ele dá a liberdade aos homens para estar abertos à sua palavra, para então se revelar em suas vidas.
E, ao sentar com os dois para cear, é no gesto de repartir o pão e dar graças ao Pai que Ele se revela. E quando eles o reconhecem, desaparece de suas vistas por já se saber presente em seus corações...
Na partilha, no gesto, no pão, Jesus se manifesta, confirmando:
- “Tomai e comei. Este é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isso em minha memória.”(João 6)
E eles se enchem de coragem e voltam a Jerusalém para contar aos outros!
Já não têm mais medo. São absoluta certeza, agora. São generosidade e comunhão puras. Querem partilhar com os outros a experiência fantástica pela qual acabaram de passar...
Acabam de se transformar...
São verdadeiros cristãos, caminhando vivamente!
“Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os onze e os que com eles estavam. Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão."
È...
Caminhando, Jesus lhes deu alimento racional, lhes relembrou as escrituras, a missão do Messias, lhes preparou os corações. Revelou-se CAMINHO...
Aceitando permanecer com eles, Jesus lhes deu alimento emocional. Tornou-se próximo, amigo, sensível ao chamado e ao convite dos dois. Revelou-se VERDADE!
Sentando com eles, dando graças, partindo o pão e abrindo-lhes os olhos da fé, Jesus lhes deu alimento espiritual. Cumpriu suas promessas. Fez-se presente, visível, vivo. Revelou-se VIDA! Confirmando suas palavras:
-“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”(Jo, 14,6).
-“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo, 6).
- “É o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, pois o pão de Deus é aquele que veio do Céu e dá vida aos homens», (Jo 6,32-33).
- “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.” (João 11.25)”.
Ou seja, caminhando, permanecendo com eles, ceando e se revelando ressuscitado aos dois de Emaús, Jesus monta as peças do quebra-cabeças da fé, costura tudo, revela-se, transfigura-se novamente antes de desaparecer fisicamente, deixando no ar uma grande certeza. Vale a pena acreditar em cada palavra, em cada ensinamento. Vale a pena acreditar, quando Ele diz, depois de outras tantas manifestações, em suas últimas palavras aos discípulos, quem sabe em retribuição ao convite feito pelos dois de Emaús:
-"Eis que estarei convosco, todos os dias, até o final dos tempos"(Mt28:20)

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