sexta-feira, 3 de julho de 2009

Trabalho de Observação (Inspirado na gravura Homônima, de autoria de Aline Moraes)




Vou sentar aqui e observar as coisas,
os objetos de meu tempo...
Os sagrados e os esquecidos,
os inesquecíveis e os já quebrados...

Vou sentar e apreciar o desafio
que me trazem sem saber
que o fazem...

De frente pra eles, capto suas normas,
rapto suas formas, traduzo cada essência...

Traço contornos, volumes, cores,
texturas, características únicas,
dispo suas túnicas e os faço nús...

Jogo as sobras das rosas no cinzeiro
e entre sofás e puffs,
vejo a hora passar,
enquanto alguns vêm me falar
que os elefantes trazem dinheiro...

No banquinho ou na cadeira,
com almofada ou sem,
uma coluna e uma licoreira,
fazem do espelho reflexos
de alguém que vem...

Agarro com força meu sonho
mas não vejo nada ainda na bola de cristal...
Um cálice de vinho servido na bandeja
me lembra um velho vaso da vida real...

De repente a luz suave de um abajur
se entrelaça com as estrelas lá no céu...
E eu percebo um ser humano, encolhido,
largado e esquecido, este sim,
transformado em um simples objeto, consumido,
provando o amargo fel dos oprimidos,
na fria cidade de concreto,
transformada em arte num papel...

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