quinta-feira, 16 de julho de 2009

Entrevista




Escuto ao longe a palavra estéril
dos falsos profetas...

São folhas secas que se espalham
e se perdem...

Não valem sequer o tempo gasto
para pronunciá-las...

Não têm o valor de uma migalha
caída no chão...

Ouço ao longe palavras que se repetem...
Ecos de si mesmas...

Uma ladainha monótona, vazia, podre...
Discurso preparado sem emoção,
disparado de maneira fria,
como um revólver sacado do coldre...

Ainda bem que, de longe,
não distingo muito as palavras...
Não sou obrigado a ouvir por inteiro...
Somente percebo a intenção latente
da fanática busca pelo poder,
pelo status, pelo dinheiro...

De longe eu apenas sorrio,
imaginando o turbilhão de "améns" que seguirão,
profissão apaixonada de prostitutas no cio,
vendendo o corpo, a alma e o coração...

De longe penso como estão longe
daquilo que se propuseram um dia...

Onde está a disponibilidade
doce da freira?
O que houve com a simplicidade
santa do monge?
Todos se transformaram em bispos?
Só restaram a pompa e intenção festeira?

O que houve com o amor e com o compromisso
eu pergunto, talvez pra não ficar omisso...

Mas o amor não pode responder...
Ele está longe, muito longe...
E quer distância de tudo isso....

Nenhum comentário:

Postar um comentário