quarta-feira, 6 de maio de 2009

A César o que é de César....



Em tempos de crise, é sempre interessante voltar à Bíblia e buscar inspiração sobre as coisas inerentes ao dinheiro. A reflexão que proponho hoje é sobre a célebre frase de Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

Históricamente, por tudo que se conhece da personalidade do homem Jesus de Nazaré, é bem fácil de entender o que Ele quis dizer com a frase acima. Inteligente, preparado, sensível e humano como é, Jesus se contrapôs à provocação e à armadilha daqueles que queriam vê-lo "inimigo" do imperador romano, com uma colocação repleta de significado e, ao mesmo tempo, definitiva em relação ao dinheiro: dêm ao mundo o que o mundo vos exige, mas dêm a Deus também o que Ele vos pede" E, assim, separa bem o que é do mundo e o que é de Deus. Mais tarde, ao ser questionado por Pilatos se era, de fato, Rei, ele confirma: "meu reino não é deste mundo"...
Mas César era deste mundo. Roma era deste mundo. César era a personificação do poder romano. Do poder político. Do poder da força. Do poder do homem sobre o homem.
Jesus, ao contrário, veio pregar a igualdade, a irmandade, o amor entre as pessoas.
Não à toa que AMOR e ROMA são palíndromos, ou seja, palavras escritas de forma invertida.
Neste contexto, os valores pregados por Cristo são inversos aos pregados pelo "mundo romano", da mesma forma que são inversos aos valores pregados pelo mundo contemporâneo.
Num contexto mais teológico, não faltarão aqueles que usarão esta frase de Cristo para defender o dízimo, embora me pareça claro que um assunto não tenha nada com o outro. É apenas conveniente fazer esta correlação, para atribuir a Jesus a defesa deste "imposto sagrado de retribuição por tudo o que recebemos".
Vejo de outra maneira. Acredito mesmo que Jesus quis separar as coisas mesmo, mostrando para as pessoas que é possível estar dentro da lei de uma época, sem ferir a lei do Pai. Trocando em múdos: não basta ser apenas bom; não basta apenas ser honesto. É preciso ser justo e coerente, bom e legal, honesto e caridoso, ético e verdadeiro. Este é o apelo. E ser tudo isso, em nenhuma hipótese, significa servir a dois senhores, caminhar em cima do muro, ser morno. Não, definitivamente não!!!!!
Dêm a César o que é de César: paguem seus impostos, estejam dentro da lei. Mas dêm a Deus o que é de Deus: não se vendam aos valores do mundo.
Em tempos de crise, é sempre bom voltar à Bíblia. Esta crise intensa que se abate sobre o mundo, seja ela financeira, seja moral, seja institucional, seja humana, seja eclesiástica é apenas consequência da preocupação e da ocupação com os "cézares" contemporâneos. Em detrimento da preocupação e da ocupação com as coisas de Deus. Irônico é ver isto acontecendo dentro das igrejas, cada vez mais repletas de "cézares", cada vez mais longes dos valores cristãos...
Denários hoje são dólares, euros, ienes, mandarins, reais...
Roma é hoje Washington, Londres, Berlim, WallStreet, Paris, Pequim, Tokio, Brasília, o Vaticano. Formas diferentes de se escrever valores perecíveis: poder, dinheiro, corrupção, materialismo, ambição, incoerência, hipocrisia, vazio...

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