segunda-feira, 11 de maio de 2009

Brasília, um resgate.




Como foi bom ter voltado à minha terra.
Ter revivido um pouco algumas visões, cheiros, percepções, que ficaram enclausurados durante quase trinta anos, na minha memória de criança...
Passar por alguns lugares tão familiares, tão próximos, cuja distância não foi capaz de apagar de minha lembrança trouxe uma agradável sensação de aconchego e bem-estar que senti, em alguma página do passado, em meu coração de menino...
Emocionante seria uma palavra insuficiente para descrever o que senti...
Voltar à Brasília foi uma espécie de rasgo no tempo...
Me senti sem dimensão...
Quase sem chão...
Simplesmente voei!
Por que percebi, de forma sensorial e indiscutível, que minha história não seria a mesma se eu não houvesse nascido ali e não tivesse retornado agora para perceber essa verdade...
Passar por nossas casas e perceber que já não são nossas, mas sentir que serão nossas para sempre, por mais distante que estejamos delas, foi uma viagem incrível...
Visitar aquelas igrejas, a Catedral, e encontrar o mesmo Deus de quem me despedi menino, me deu uma certeza gostosa de que a minha fé tem andado no caminho certo...
Respirar aquele ar diferente, tão conhecido, tão especial me deu um oxigênio novo para rever algumas coisas e construir novas, a partir de uma oportunidade tão abençoada como esta que recebi...
Retornar a esta minha cidade, além de ser uma espécie de reinício, me trouxe uma relaxante sensação de segurança, como se ela representasse para mim o doce referencial dos colos de meus pais ou das brincadeiras de meus irmãos...
Por falar neles, voltar a lugares onde passei minha infância, com minha mãe e minha irmã, foi uma experiência muito forte.
Lú, entrar naquela sua escolinha, rever a casinha de boneca, a 308, a garagem e o prédio da 104, o momento da comunhão na hora em que entramos em Fátima e reviver tudo isso, com você ali do lado, foi muito gostoso. A gente não precisou dizer meia palavra pra compartilhar tanta emoção...E que compromisso, hein minha irmã? Agora temos em mãos a missão de jamais deixar esta magia, esta união, esta emoção se acabar em nossa família... Conto com você para ser minha escudeira (e eu o seu), toda vez que eu falhar nesta direção.
Com você, mãe, eu pude experimentar de novo a alegria de ver os jardins onde você plantou em mim tanta fé e tanto amor. Voltar ao jardim, com a jardineira do lado, faz a gente se sentir no paraíso. Assim foi em Dom Bosco, em Fátima, na igrejinha da 308 e na Catedral. Assim foi na 308 e na 104 e em cada lugar que revisitamos. Muita emoção, muita gratidão, muito reconhecimento por este seu testemunho de retidão, de firmeza, de fé, de companhia incondicional e de muito amor. O que posso dizer, senão obrigado pela vida e por você ser a mãe que é?
Você Vic, mesmo não estando lá, fisicamente, estava muito presente ali, com a gente. Todas as lembranças traziam a sua alegria, a sua inteligência, o seu bom humor, o seu astral, enfim, a sua presença até nós.. Com certeza teria sido ainda mais legal com você por lá!

E você, pai...
Voltar a alguns lugares por onde andei de mãos dadas com você e repetir alguns passos, me trouxe uma estranha sensação de que a sua mão estava logo ali, à disposição da minha, bastando um gesto meu para que acolhesse a minha mão com a sua e me guiasse pelos caminhos novos que você percorre em outra esfera. A sua presença esteve forte, serena, inteira, extremamente sensível e bondosa, durante todo o tempo...
Perdoa pai, se eu ainda não consegui estender a mão pra te encontrar agora...
É que uma outra mão, com a mesma idade que eu tinha quando partimos de Brasília, me segurava deste lado, com um amor tão grande quanto o que me puxava pra você...E neste cabo de paz, encontrei um grande equilíbrio...
O equilíbrio de realizar um sonho: o de apresentar à minha filha e à minha mulher esta terra abençoada onde tive a honra e a alegria de nascer.
Voltar com Let, com a mesma idade que eu tinha quando saímos daqui, foi particularmente significativo. Ir com ela até a pousada, mostrar pra ela um pouco destes cantinhos sagrados, me deu a sensação gostosa de um dever cumprido.
Filha, obrigado pela sua alegria, pela sua companhia, pelo seu amor. Você dá, a cada dia, um significado ainda mais especial à vida deste seu pai. Foi uma viagem inesquecível.
E você, Dora, minha companheira, meu par. Obrigado por estar ali do lado, segurando a minha onda. Obrigado por estar sempre do lado, me dando a mão, mergulhando comigo nesta aventura gostosa chamada Vida. O nosso mergulho foi fantástico. Experimentar o mundo das águas com você, num passeio de mãos dadas, com direito a peixes (signo de nossa filha), sereia (eu tinha uma especial do meu lado) e Cristo (em plena sexta-feira santa) foi indescritível.
Apresentar as minhas origens, para você entender um pouquinho melhor este seu marido tão estranho e diferente, foi demais!
Paulo, Aninha, Bia e Elias: valeu a companhia. Valeu a ansiedade da viagem no bimotor. Valeu a diversão no Hot Park. Valeu a paciência e a impaciência com os PI´s. Valeu o cansaço. Valeu a compreensão. Valeu por tudo. Vocês, cada um de seu jeito, trouxeram equilíbrio, doçura, praticidade, alegria e conforto à nossa viagem...
E a você, Deus, meu muito obrigado.
Por esta benção, por este resgate, por esta alegria...
E por eu ter nascido, com todo o orgulho, numa terra tão querida e ter adotado, com muito amor, uma terra tão bonita.
Valeu Brasília, valeu Bahia.

2 comentários:

  1. Eu chorei de novo lendo esse texto.... Muito perfeito! Que saudade dessa viagem!! Ótimas lembranças ficaram...

    ResponderExcluir
  2. Tcholas..PQP..estava no meio da obra cheio de peão e engenheiros quando fui dar uma lida nesta obra perfeita como disse ns. Pra q?? fiquei muito emocionado e "decolei" com vc nessa "onda" lu, tio jonne,.......q viagem!!, d mais. Q orgulho de ter uma constelação, como vc, pertinho...Bjs Dado.

    ResponderExcluir