quinta-feira, 7 de maio de 2009

O que é mesmo um prêmio?


Hoje minha filha me contou um fato ocorrido em sua escola que me deixou bem pensativo.
Era o prazo final de entrega de um trabalho multidisciplinar, que deu um enorme trabalho a nós da família, que nos envolvemos para ajudá-la a cumprir sua tarefa escolar. Participamos de sua angústia, corremos com ela contra o tempo, partilhamos da sua aflição e, somente aos 45 minutos do segundo tempo, já na prorrogação, quase na hora de ir para a escola ela pode respirar aliviada e nos dizer que sua missão estava cumprida.
De noite, ao perguntar a ela sobre o resultado do "seu suor", ela me respondeu que somente 5 dos 30 alunos cumpriram o prazo. Os outros 25, simplesmente não haviam terminado. E a professora simplesmente prorrogou o prazo para todos!
Não estou aqui para julgar, muito menos condenar a atitude da professora. Não tenho conhecimento sobre os motivos que a levaram a tomar tal decisão. Deve ter tido uma boa razão. Talvez a chuva que atrapalhou a chegada de alguns, quem sabe?
Mas fiquei pensando, já que não foi o caso de punir os infratores, se não teria sido o caso de premiar os responsáveis. Se, como mestra, ela não deveria ter exaltado o exemplo de quem fez a sua parte, de quem cumpriu com seu dever.
Talvez esteja errado em esperar demais de alguém formado para ser professor, para ensinar os nossos filhos. Talvez meu erro esteja em esperar que a formação recebida por esta professora tenha ensinado também este tipo de conduta.
O fato é que não dá pra consordar com a generalização pela média.
Ainda mais para uma geração que é marcada pelo apego ao conforto, ao comodismo.
Mais do que nunca, todo esforço deveria ser exaltado, talvez mais: premiado...
Que estímulo estas cinco crianças terão no próximo trabalho? Quem lhes garantirá que o prazo será cumprido? Quem poderá lhes condenar ou lhes punir se, por este ou aquele motivo, elas simplesmente não entregarem a sua próxima tarefa na data estipulada?
O que posso dizer a minha filha, senão, que ela mesma deve se cobrar isso? Ela mesma deve experimentar novamente a sensação de dever cumprido. Ela mesma deve buscar fazer a parte dela!
Você pode até me questionar se estou certo em pensar numa premiação para ela. Afinal ninguém é premiado por cumprir seu dever, não é mesmo?
Mas, então, porque condecoram alguns soldados e outros não?
Por que eles se destacam!
No meio de tantos que fizeram o que podiam, eles fizeram mais. Foram até o fim para conseguir a vitória. E fizeram a sua parte.
Não se contentaram em ser mais um, não quiseram ser arbusto, se podiam ser árvores.
Então, de forma muito sincera, faço deste texto uma humilde condecoração aos cinco que fizeram a diferença naquele dia, naquela sala. E a minha filha, um prêmio que, fisicamente, me fez falta muito cedo: o orgulho e o reconhecimento presentes de meu pai! Te amo, filha!

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