terça-feira, 3 de novembro de 2015

Espantalhos sociais



Espanta-me cada vez mais a falta de consciência coletiva dos brasileiros.
Espanta-me, sobremaneira, esta inconsciência coletiva dos baianos.
Espanta-me, principalmente, porque as ações mais injustificáveis vêm daqueles que mais possuem condições de possuí-las e de dar o bom exemplo!
Mas até nos psudos gestos de caridade o egocentrismo destas pessoas faz absoluta questão de se destacar, implacável e mesquinho como ele só!
Espanta-me!
Porque. se como cantou o poeta, "quem semeia vento, colhe sempre tempestade", fico pensando no que hão de colher pessoas assim...
E enquanto alguns poucos sonhadores ainda insistem em "imaginar" uma fraternidade de seres humanos, uma massa selvagem continua agindo como quem
vai à feira disputar à tapa o tomate mais bonito, o pepino mais barato, a mandioca mais fresquinha...
Espanta-me!
Espantam-me o estardalhaço, a autopromoção, o ego inflado, a necessidade pululante de aparecer, como se isto fosse realmente indispensável para ser
e fazer a diferença!
Nos meus caminhos de aprendizado pelo mundo tenho percebido que é justamente o contrário. Aqueles que, de verdade, fazem a diferença são os que menos
precisam ou querem aparecer! O ego destas pessoas anda demasiado ocupado em amar e atender a necessidade de seus iguais para se perder neste tipo de
devaneio, nesta busca tão vazia...
Engraçado é que, com estes que fazem a diferença no mundo, não costumo de espantar...
Eles, às avessas dos comandos ditados pelo autismo virtual que experimentamos, equilibram este sentimento de espanto com uma profunda sensação de paz
e admiração pelo que fazem!
Enquanto isto, os espantalhos sociais de nossos dias fincam suas bases em terreno próprio e ali permanecem, parados, do alto de sua arrogante posição,
fazendo aquilo que escolheram para fazer: espantar!
Os que tem asas e são capazes de enxergar além do próprio milharal voam bem distantes destes horrorosos figurantes da coexistência... Sua aparência lhes
causa horror! Então que eles fiquem ali, cercados pelo seu quinhão e pela sua ganância, enquanto os que desejam o céu tentam alcançá-lo!
E se te espanta este desabafo absolutamente humano e verdadeiro, peço desde já o meu perdão!
Não consigo me calar diante de algo assim!
Talvez ainda não aceite o fato de ser semelhante a seres assim...
Talvez não tenha percebido em meu próprio espelho o meu lado horripilante!
E olha que detesto o papel de amante de mim mesmo...
Não tenho vocação pra narciso...
Prefiro seguir adiante, levando apenas o que for preciso pra me lapidar feito diamante, diante de um olhar ou um sorriso de ternura!
Aí talvez esteja toda a cura pra este comportamento doentio de viver e exercitar esta espécie de cio por si!
Assusta-me...
Espanta-me...
Choca-me!
Aí, encontro um papel, e peço pra ele me ouvir...

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