domingo, 11 de outubro de 2015

Sacerdotisas do Dendê (Ao grande Rui Barreto, senhor das artes relacionais)



As sacerdotisas do dendê
fazem do tabuleiro o seu altar
suas iguarias são louvores
que temperam de sabores nosso ar
Entre torsos coloridos
seus acarajés e abarás
preenchem todos os sentido
com sua crença nos orixás
As sacerdotisas do axé
fazem da renda o seu manto
vivem do ofício da sua fé
nos mistérios de seus encantos
Entre atabaques tribais
na capoeira de suas receitas
ao som dos berimbaus ancestrais
elas sabem que são eleitas
Baianas de acarajé
Baianas de mingau
cada qual com seu ere
cada uma especial
Entre cocadas e bolinhos
amuletos e patuás de direito
seus tabuleiros são ninhos
onde guardam seus preceitos!

Um comentário:

  1. Muito bom Marcio.
    Elas espalham nossa história pelas ruas da cidade. Nos fazem cativos no gosto e no cheiro das memórias coletivas.
    Lembram o ontem com gosto de presente. São a comida da alma que nos chega pelo corpo.
    Nos fazem coletivo quando codificam nosso sincretismo, tornam baiano qualquer um que se aproxime e iluminam nossas retinas no palco permanente das ruas.
    Nos fazem atores e espectadores no teatro do cotidiano.
    Continuam invisíveis nos seus dramas e medos, mas guardam magistralmente o figurino da nossa história.
    Congelaram uma parte do passado e o mantém insistentemente vivo quando mercam pela rua: "quem quer acarajé?"

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