segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Nada como um dia após o outro, “vice”?




O ciclo da vida é mesmo fantástico.
Tão absurdamente fantástico que a nossa extraordinária capacidade de raciocínio, muitas vezes não encontra explicação capaz de traduzir “as voltas que o mundo dá”...
Vejamos o exemplo mais recente, que o futebol nos traz...
Depois de anos e anos de absoluto predomínio sobre seu adversário mais direto, na última década o Bahia se viu humilhado, ridicularizado, sacaneado mesmo pela torcida do Vitória, em função da falta de conquista e do rebaixamento para as séries B e C.
Dono de uma história vencedora, com um currículo invejável de conquistas, o tricolor teve que digerir comentários do tipo: “quem vive de passado é museu”, vindos da torcida rival.
E, com muito sofrimento, teve que suar muito pra voltar a ter, de novo, seu lugar ao sol...
Depois de uma infeliz seqüência de administrações infelizes e erros estratégicos, em 2010 o Bahia voltou à elite do futebol pentacampeão do mundo, para a alegria de uma nação apaixonada e sofrida...
Ironicamente, coincidência ou não, no mesmo ano o Vitória é rebaixado para a série B.
É, o mundo dá voltas...
Seria a hora da retribuição?
Seria esta a hora de devolver na mesma moeda e esfregar na cara de todos os rubro-negros que jogaram lama na história vencedora do Bahia, que “quem vive de passado é museu”?
Seria a hora de ignorar os últimos dez anos e aproveitar o momento para aquela zoação básica?
Sinceramente, como tricolor apaixonado, não vejo assim...
Acho desnecessário e até infantil de nossa parte devolver na mesma moeda...
O Bahia e sua história sempre foram grandes o suficiente para não entrar neste jogo...
Além disso, seria prematuro afirmar qualquer coisa em relação ao futuro próximo.
O Vitória pode se reerguer rapidamente e, já em 2001 estar de volta à Série A. O Bahia pode não se estruturar bem o suficiente para permanecer onde está...
Tudo é possível...
Não nos cabe bancar o Nostradamus e brincar de prever o futuro. Não nos cabe também relegar o passado. Seja ele mais distante, coberto de glórias e títulos, como a história do Bahia, seja ele mais recente, como a última década do rubro-negro.
Deveríamos, sim, aprender uns com os outros e com a vida para tirar destes fatos as lições e sinais que gratuitamente nos são oferecidos por ela...
Ao Bahia, perceber o quanto é efêmero e tênue o sucesso, quando se descuida dele...
Ao Vitória, trabalhar duro, sério e, principalmente, movido pela paixão, para tentar dar a volta por cima o quanto antes...
As posições se inverteram no tabuleiro, no momento...
Aos que vivem a imprudente mania de só viver do presente, é hora de pensar bastante no que será dito...
A conseqüência pode ser o desespero...
Como o que devem estar vivendo os mais fanáticos torcedores do Vitória que ignoraram um passado claramente favorável ao adversário na história de confrontos diretos e conquistas dos dois clubes, simplesmente pelo prazer de uma zoação momentânea e agora terão que pagar suas línguas e ouvir, mas ouvir muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito, neste momento de dor, que “quem vive de passado é museu”!
A estas duas fantásticas e apaixonadas torcidas, dois lembretes: respeito nunca é demais.
E, no futebol, como na vida, é sempre possível virar o jogo, muitas vezes no último minuto do segundo tempo...
Por isso futebol e vida são tão apaixonantes...
No presente, os tempos são difíceis para Bahia e Vitória...
Desejo muito trabalho e motivação aos dois.
Um para se manter agora na primeira divisão e de lá nunca mais sair...
O outro para voltar à série A o mais rápido possível.
Não será fácil...
Talvez a maior conquista de todas seja um se colocar no lugar do outro neste momento e aprender, para crescer...
Como tricolor apaixonado, curtindo muito este momento, sem deixar de estar atento aos sinais que a vida oferece, fica em mim apenas uma certeza: nada como um dia após o outro...

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