quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Diário de bordo – Quarto dia – Sea World – “Perdon Mrs. Helga”

Começamos o dia com um café da manhã com direito a ovo e tudo preparado aqui mesmo no “nosso” apart em Orlando, em um fogão elétrico muito chique!

Começamos a criar uma certa intimidade com nossa companheira de viagem, nossa guia do GPS, dona de uma voz simpática e acolhedora.

Na saída do hotel, muuuuuuuito frio. Depois nos dirigimos para SeaWorld, onde chegamos rapidamente e, mais rapidamente ainda, entramos na primeira loja que vimos para comprar luvas. Pense num frio, multiplique por 8, adicione umas pedrinhas de gelo e depois diminua a temperatura para baixo de zero. É isso: pra curtir um picolé bastava lamber a mão.

Mas se por fora estava frio, por dentro o sangue fervia, aquecido pela emoção de corações cheios de lembranças e sonhos realizados...

Como Let já havia batizado, foi o dia dela! Começar o dia tocando e alimentando os golfinhos e arraias e terminar com uma partida de NBA é realmente a cara dela...

Bom, pra mim, especialmente, que tinha com meu pai o mesmo laço de admiração pela natureza e, mais particularmente, pelos golfinhos que sinto que Let tem comigo, vê-la realizando o sonho de vê-los, tocá-los e alimentá-los foi pura emoção. Olhos cheios d’água, pensei até que iam escorrer umas pedrinhas de gelo pelo rosto, devido ao frio...Lembrei muito do velho João Augusto...

O resto do dia continuou sendo mágico. Focas, leões marinhos, pingüins, lêmures, orcas, tubarões, ursos, belugas e morsas, em aquários gigantes e muito bem cuidados. Entre shows, brinquedos e apresentações, uma certeza: é muito lindo, bem possível e cada vez mais necessário uma relação saudável e harmônica entre seres humanos e natureza.

Tudo muito legal, como diria Let muito “perfect”, mas o que Mrs. Helga tem a ver com tudo isso? E qual o motivo do pedido de perdão em “francenhol”?

Dôra explica: embasbacada pela emoção, ao entrar em um dos aquários e ver a decoração do teto imitando guelras, ela trocou o nome e soltou, toda orgulhosa: “olhem o teto, é todo feito de helgas”. O resto do dia, vocês já podem imaginar, esta pessoa que vos escreve resolveu usar para tirar sarro...

O “perdon”, obra da mesma criatura abençoada por Deus com este marido carinhoso e feliz,

surgiu de um encontrão com uma desavisada turista americana em um dos aquários subaquáticos. Após o trombaço, ao invés do “sorry” recomendado, usando de suas

influências ibéricas, misturando com a ascendência do sobrenome francês, Dôra misturou

o “per” espânico com um charmoso “don” parisiense e largou um “perdon” que ninguém entendeu, inclusive a própria esbarrada...

Sea World foi mágico, tudo muito bonito mesmo. Os meninos foram às montanhas russas e aos brinquedos, Peu encarou a “Manta” sozinho, almoçamos num restaurante fantástico, cuja parede era um gigantesco aquário com arraias, meros e tubarões. No bar, o balcão era feito de mini aquários. A comida muito legal e um detalhe que tem me chamado muito positivamente a atenção: fomos atendidos por uma senhora de uns setenta e tantos anos, muito simpática e ágil, como a maioria dos inúmeros idosos que trabalham nos parques e restaurantes por aqui.

Um belo exemplo de respeito à terceira idade que os EUA estão nos dando.

Saímos correndo em direção ao estacionamento, congelando mesmo, passando por caminhos, pontes e locais muito bonitos, já iluminados e decorados para o Natal. O sangue parecendo congelar nas veias e o desespero aumentando cada vez que alguém dizia:

“Oh, vamos tirar uma foto...”

Sob protestos as fotos sempre eram tiradas, fazer o que...

De Sea World, já atrasados, pegamos o carro em direção ao centro de Orlando, onde tínhamos que trocar os ingressos para o jogo da NBA entre Orlando Magics e Atlanta Hawks.

No carro mais uma frase de Dôra que já marcou a viagem. Lembrando de algumas pessoas aí do Brasil, ela começou a se preocupar com os presentes e encomendas que precisavam ser levados e soltou:

-“Tem que comprar!”

Yeah! Mais uma pra entrar pro nosso “Hall da fama”,

Estacionamos o carro à uma boa distância do local do jogo, exatamente 900 m, e partimos correndo, contra o tempo e o frio, em busca do estádio perdido.

Chegamos atrasados, mas conseguimos entrar no ginásio (fantástico) e no clima do jogo a tempo. De repente oito brazucas gritavam junto com uns milhares de americanos:

- Defense! Defense! Let’s go Magic!

É, os caras sabem produzir a zorra!

Após o jogo tomamos coragem e nos preparamos para a volta ao estacionamento. Nunca na história de Orlando 900 m sem barreiras foram vencidos com tanta vontade.

Enfim, no carro, encerramos a noite com uma deliciosa, mas confusa, passada pelo Arby´s.

Imagine aí, lá pelas 23h, o cidadão do “drive” tentar entender o pedido de 8 brasileiros, cada um com uma exigência. Sem salada, sem sal, com isso, sem aquilo... Enfim, Fernanda conseguiu traduzir com maestria e saímos de lá rumo ao Lake Eve, nosso hotel, com o “rango” garantido.
Na ida para o hotel, entre muitas risadas com perdon mrs helga, tem que parar, decidimos batizar nossa guia gps com este mimoso nome: Helga.
Bom, por falar nisso, estou ouvindo alguém gritar agora:

-“Tem que parar!”

Então, melhor obedecer. Até a próxima narrativa...

Beijos

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