segunda-feira, 28 de outubro de 2019

O novo descobrimento do Brasil (sobre uma foto de Henriqueta Alvarez)



Da caravela ouve-se um grito.
- Terra à vista...Vida à vista!
A água ainda vive...
Resiste ao óleo sem procedência...
Enquanto o poema na areia pede clemência...
A água viva, em sua transparência, avisa do veneno que polui o mar...
A caravela agoniza, enquanto a brisa vem soprar...
Enquanto a espuma preconiza uma resistência cabra da peste,
a Natureza vai curando as praias do nordeste
no ritmo preciso das marés...
Da caravela ouve-se um grito:
- Mar à vista...Luta a perder de vista...
Seus tentáculos pegam uma carona com a primeira onda, bem na crista...
E deixam-se renovar...
O mar é sal, tempera a terra, onde impera a Vida!
Uma imagem, uma paisagem, um ser que sangra e se eterniza: tatuagem numa superfície violentada...
Corpo submarino em retiro...
Da caravela ouve-se um último suspiro...
Nenhum "brado retumbante"
Apenas um ser e seu martírio...
E "pela própria natureza" o gigante mais parece um morto-vivo...

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