sábado, 5 de outubro de 2019

O LIVRO DOS ESTIGMAS



E quando chegou o tempo em que nem discutir ideias era uma opção, percebendo que sua voz não ecoava mais nos corações que lhe importavam, Ele foi lentamente desaparecendo de suas vidas...
Contemplando os vagalhões do tempo, visitando o próprio templo, vagando entre os suntuosos castelos de seus sonhos e os terrenos baldios das suas esperanças, Ele foi se recolhendo e abraçando sua própria insignificância... e, entre andrajos, abraçou a irmã tolerância e se deixou estar...
Estava claro que existia uma guerra silenciosa acontecendo sem declarações prévias...
Revoluções tramadas aparentemente sem motivos...
Pessoas armadas... Garras e presas selvagemente afiadas ao seu redor... por pessoas amadas...
Intuiu que o melhor a fazer por elas era acostumá-las à sua ausência...
Compreendeu aí o valor do silêncio...
E se pôs em retiro...
Procurou uma rede para embalar sua solidão e não encontrou...
Então Ele sentiu sede, frio e dor...
Ninguém havia entendido nada, Senhor?
Nada sobre este Amor?
E silenciosamente abraçou sua cruz e com ela chorou!
E segurou seu cálice...
E numa mesa de lar, tomou um trago de poesia...
E se deixou ficar...
na alegria da sua dor"

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