sábado, 26 de abril de 2014

Tragédia de vidas passadas (cap. 5)

                                                                                       V



Na manhã de segunda, já com as malas prontas, Sam se dirigiu ao porto e pegou o primeiro navio, muito pouco preocupado com conforto...Haviam reacendido o seu pavio... Aquele postal era um chamado, um sinal, um aviso... Falar da separação foi proposital... Convidá-lo até lá, mais que um motivo... E, de repente, o tempo passou como avião... Lá estava Sam, depois de pegar um outro barco, na praça de San Marco, flores na mão, esperando pra reencontrar Teresa, corpo em ebulição... Um vinho tinto na mesa, queijos, patês e pão...Quem sabe, de sobremesa, o beijo do qual foi, por tanto tempo, fiel guardião? Mas para sua surpresa, virando a esquina da praça, vindo em sua direção, eis que surge Teresa, tesão que se despedaça, um verdadeiro bujão...Entre rugas e densa maquiagem, nem de longe, nem de perto, aquela é a mulher que um dia, fez da sua alegria um deserto... De pé, meio sem graça, Sam não sabe se foge antes que a tragédia se faça ou se se esconde embaixo da mesa à procura da salvação...Talvez ela nem lhe reconheça, talvez tenha um problema de visão... Olhando pro céu suplicante, percebe que talvez mereça o mínimo de compaixão... E neste momento, como que por milagre, os pesados passos de Teresa sobre as pedras seculares, abrem um buraco no chão e ela vai pelos ares aos mares da região... E a viagem de Sam, novamente muito bem acompanhado pela própria solidão termina nos becos e bares, de volta aos sonhos e à ilusão!

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