domingo, 5 de fevereiro de 2012

Das cavernas de Platão a Castro Alves....




Voltamos
às cavernas
de Platão...

Enclausurados
pelo medo
desde cedo
nas masmorras
verticais
de nossos
castelos modernos
perdemos a paz...

Lá fora,
enquanto os boatos
se multiplicam
e aterrorizam
a cidade,
a violência
é a mesma
de sempre,
a mesma
que a nossa
indiferença
tem criado
e alimentado,
diariamente,
fingindo
não ver...

Mas agora,
dentro de
nossas cavernas,
no centro
de nossos medos,
uma ou outra sombra
nos assombra
em segredo
e nos faz temer a luz...

Logo, logo,
os dias azuis
terão ido
e o verão
terá se perdido
nas cinzas
de um carnaval
por obrigação...

E depois?
Tudo voltará
ao normal?
Cidadão,
ladrão,
policial,
gente de bem,
gente da lei
e marginal,
todos voltarão
a exercer seus papéis
de forma magistral
no teatro
da capital?
Ou seria
do capital?

Voltamos
às cavernas
de Platão...
As tavernas
estão fechadas,
os piratas
estão nas ruas,
por alguns dias
a Soterópolis
deixou de ser
a cidade de fachada
e mostrou sua realidade
nua e crua...

Chamem o exército,
o séquito verde oliva,
encontrem culpados,
façam com que a cidade reviva...
Senão o carnaval será um desastre...
Rápido, antes que seja tarde...
Mas chamem, também, à responsabilidade
os trastes a quem entregaram o poder...

Pobre Salvador abandonada...
O que te sobra em beleza e poesia,
te falta em amor...
Mas voce resiste,
humilde e brava...
Quem diariamente é humilhada,
maltratada, mijada,
agora se vê perdida
no meio de tanta cagada!

Te falta amor...
E já que isso nunca foi
um conto de fadas.
também não haverá
um salvador...

De volta
às cavernas de Platão
sua gente paralizada
vai perdendo a cor natural
e pálida, desbotada,
vê que o cartão postal
virou zona de conflito
e o rito do carnaval
acima do bem e do mal,
pode virar mais um mito...

Na praça Castro Alves
um bêbado alheio a tudo
olha o deserto em volta
em pleno fim de tarde
e, de repente, silencia...

Onde estão as chaves
desta cidade de mudos?
Dêem ao poeta dos escravos
pra ele devolver a liberdade
transformando dor em fantasia!

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