segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Tempos ingratos


Tempos de muita hipocrisia...
De muito falar e pouco fazer...
De vomitar pseudo verdades e não as seguir, nem tentar fazê-las acontecer...
Tempos de um chatíssimo "politicamente correto", que tem feito definhar os horizontes de várias gerações que arrotam arrogantemente seus mandamentos e são incapazes de seguí-los se forem contrários às suas vontades...suas vaidades...seus egos, cegos, presos entre afirmações infantis e ecos de puberdade...
Tempos de muita incoerência, de uma absurda falta de comprometimento com os próprios valores, uma incompreensível falta de respeito com as próprias origens, de um isolamento vivencial que tem levado tantos aos abissais caminhos da depressão e da angústia...
Tempos de uma estupidez coletiva sem precedentes, disfarçada de uma sabedoria tão superficial que nada sustenta em seus parcos argumentos virtuais...
Tempos de vazio...
Tempos de muita reflexão...De pedir paciência para simplesmente não lavar as mãos e buscar o caminho do ermitão, isolando-se na caverna, como São Francisco no fim da sua passagem por esta vida...
Tempos de uma obstinada escuridão...
Tempos ingratos para os que aceitaram a missão de tentar ser "LUZ DO MUNDO"...
Em cada esquina há alguém disposto a apagar sua chama...
Tempos de muita idolatria...
Ícones pops, Best friends, galeras tops, todos olhando para o próprio umbigo, na multidão dos esquecidos que inspiraria visceralmente uma grandiosa tela de Dali...
Tempos surreais, além de toda e qualquer profecia...
Tempos onde a tal da "mais valia" parece finalmente ter finalizado os princípios da paz...
Tempos que se arrastam e sufocam o Amor!
Tempos onde a humanidade murcha, na contundente marcha do isopor...
Tudo congelado, quebrantável, insosso...
O pensamento coletivo cada vez menos vivo e o interesse pessoal, cada vez mais radical, passando por cima de tudo, como um trator visceral  preparando absurdos numa terra com cada vez menos sal...
Tempos de defesas e escudos impensáveis...Os ladrões, os hipócritas, os irresponsáveis, os mornos, os omissos, todos menos detestáveis que o imbecil cidadão de bem, o "qualquer um"...
Tempos de minorias valerem mais que o bem comum...
Tempos de muita desesperança na "sociedade do amanhã"...
O país do futuro, os tempos melhores, parecem ter virado apenas uma lembrança... Uma promessa vazia que uma era transformou em pó...
Tempos de olhar para uma criança, bem dentro de seus olhos e, sim, ali ainda encontrar esperança, sonhos, possibilidades de um tempo melhor, de um mundo maior...
Se deixarem estes pequeninos chegarem até o Amor...
Se não os impedirem...
Talvez eles possam evitar os tempos de horror que as nuvens negras predizem....
No coração de cada criança ainda continua a caber um mundo...
Onde é permitido falar o que se sente, o que se pensa, onde é possível ser transparente, sem que isso seja interpretado como ofensa a seja lá quem for...
No coração de cada criança, continua valendo o Amor!

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