quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Pedidos sem sentido





Pedidos sem sentido...
É tudo o que resta?
Aproveitar uma fresta
para tentar se aproximar...
Uma brecha para,
quem sabe,
esquecer tudo,
deixar pra lá, ficar mudo
e ver no que vai dar...
Um enxame de questões
que, de repente, infesta
a consciência que pesa,
durante o gesto e a reza,
diante da própria incapacidade
de enxergar a verdade
e de pedir perdão
ao mesmo irmão
que, sem  nenhuma razão 
ou motivo que justificasse 
te viu passar por cima do sagrado
em nome de nada...
Ele que havia lhe estendido a mão
pedindo apenas que se calasse...
Que não excluísse sem razão..
Onde vai mesmo dar esta estrada?
No altar da vaidade?
Lá, onde o ego, cego,
de joelhos, diante do espelho,
vê um olho brilhar
e o outro arder
diante da escolha mal feita
entre desprezar amigos
ou abraçar o poder
como se este fosse um abrigo
onde pudesse se esconder...
Enquanto a distância aumenta
e o inimigo tenta reconquistar,
sem nenhum traço
de amor perceptível,
um aproveitamento
ingrato e insensível
se revela...
Em sua cela,
girando a manivela,
o espelho revela
tudo o que não
se deseja ver..
Diante da verdade...
Arrependimento,
vergonha,
mentira que assombra
num eco ensurdecedor:
Meu Deus, por que?
Por que agi assim?
Olhando para o movimento
das peças de xadrez
sobre um tabuleiro,
o horror do desespero
de perceber, tarde demais,
que pra defender o bispo
tornou-se um cavalo,
desprezou a dor das damas,
passou por cima do Rei,
sacrificou vários peões
enclausurou-se em sua torre,
perdeu a própria paz,
perdeu a fé no coração...
E agora, sem chão,
percebe que não sabe o que faz...




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