segunda-feira, 21 de maio de 2018

Sobre o ofício de pescar...



É preciso cuidado ao pescador...
Atenção e cuidado para não se achar maior que o mar...
É preciso vigiar para não se embaraçar nas próprias redes...
É preciso jamais desaprender o esperar...
Esperar humildemente o tempo se firmar...
Esperar pacientemente o peixe se enredar...
Esperar o coração ecoar: "Lançai as redes"!
E só então as jogar...
Com cuidado e leveza, quase acariciando as ondas...
As redes são extensões das mãos de um pescador que sonda...
É preciso respeito ao pescador...
Humildade e respeito para não se achar maior que o mar...
Pra não se achar no direito de o menosprezar, tamanha a intimidade que possui...
O bom pescador olha pro céu e intui o vento...
O bom pescador tem a sensibilidade do momento!
O seu próprio ofício é tão sagrado que ele é incapaz de cometer o engano de se achar maior que o oceano!
O mau pescador não sabe a hora e o lugar...
Se sente senhor de tudo, desaprendeu a ler o mar...
Tem só o conhecimento como escudo...
Se sente pronto a ousar, a desafiar o tempo e o mundo...
O mau pescador costuma fazer o próprio barco virar...
Coloca peso demais de um lado, é indiferente aos próprios tripulantes...
Esquece do "grande comandante" e nem dá conta que, no fim, este é o pior dos motins...
O mau pescador ignora tudo que ele mesmo fez questão de ensinar...
É preciso Amor ao pescador...
Amor ao mar!
Amor aos outros pescadores...
Amor aos peixes e às redes...
Amor aos ventos e às velas...
Amor ao ofício de pescar!
Na ânsia de se mostrar grande, muito pescador já fez a rede rasgar...
Que decepção para aqueles que ele ensinou a pescar...
Que tristeza no coração!
Que vontade que dá de chorar...
Talvez seja por isso que é tão salgada a água profunda do mar!

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