segunda-feira, 28 de maio de 2018

Ampulheta sem pó




Um cristal, um chapéu,
um menino a brincar
pé no chão, mão no céu
vida pra sonhar
um futuro a granel
uma infancia levar
queda de carrossel
na poeira deixar

Um quintal, flor e mel
um destino a traçar
fé no pão, grão de céu
vida temperar
no escuro um papel
cores de desenhar
lapis, tinta, pincel
sobre a mesa deixar

No vão de um rio sereno
a corrente do Amor
criação nos faz pequenos
servos de um tempo senhor...
Os relógios sem véu
Ampulhetas sem pó
num segundo mudar
este mundo sem dó...

E manda num vôo solo
as duas asas buscarem colo
numa árvore pousar
até chegar o calor...
ou a primeira flor
da primavera...

Pegadinhas, brincadeiras
brilho no olhar...
cirandinhas, borralheiras
tempo de dançar...
noiva entrega seu véu
noivo alegre a brindar
a garrafa estourar
revelando as espumas
das ondas de seu olhar...

Noite escura, uns deslizes
uma estrela a nos guiar
laços tristes, nós felizes
luz a nos mostrar
a esperança no céu
a criança a chorar

uma virgem sem véu
uma história contar...

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