Há anos, desde que me
profissionalizei, vejo as gráficas offset utilizarem o padrão CMYK para
impressão de livros, folhetos, cartazes, cartões, etc. CMYK é a
abreviatura do sistema de cores formado por Ciano (Cyan), Magenta
(Magenta), Amarelo (Yellow) e Preto (Key- do inglês=chave, pois é a
base). O CMYK funciona devido à absorção de luz, pelo fato de que
as cores que são vistas vêm da parte da luz que não é absorvida. Este
sistema é empregado por imprensas, impressoras e fotocopiadoras para
reproduzir a maioria das cores do espectro visível, e é conhecido como
quadricromia. Um sistema funcional que, a partir de bases diferentes que
se misturam, produz uma diversidade de cores de uma beleza fantástica.
Há
anos, desde que me entendo por gente, vejo o ser humano discutir as
questões raciais. Dos históricos absurdos do Holocausto nazista, na
segunda guerra mundial, nos anos 40, até a decada de 60 e 80, líderes se
destacaram pelo mundo, enfrentando o preconceito e trazendo uma
reflexao sobre igualdade e respeito entre os povos e as raças. Seus
ideais, gradativamente, trouxeram uma grande transformação para o
pensamento humano, em contraposição ao pensamento de entidades como a Ku
klux klan, por exemplo.
Alguns, como Martin
Luther King, chegaram ao ponto do sacrifício da própria vida pela causa e
pelo sonho pelos quais lutavam. Na virada do século esta questão ganhou
uma dimensão mais global com os escandalosos conflitos e massacres
étnicos na Sérvia e o regime de Apartheid na África do Sul. Novamente,
ícones de resistência como Nelson Mandela e Desmond Tutu fizeram a
diferença e nos deram um grande exemplo de humanidade.
Para
nós, miscigenados seres de países continentais, produtos de gerações e
geraçōes de encontros entre imigrantes e nativos, talvez seja mais fácil
entender que esta história de raça pura não tem nenhum fundamento
legítimo. Talvez para nós seja mais fácil reconhecer em nós mesmos e nos
outros o valor de cada traço étnico, de cada característica cultural.
Somos mistura, feitos de múltiplas diferenças, forjados das ligas mais
resistentes.
Do nobre sangue azul cian branco
europeu à pele vermelha magenta indígena americana, passando pela
sabedoria oriental yellow asiática e pela força e elegância black
africana, somos planeta, não continentes, somos elos, sonhos olímpicos,
não bandeiras, somos gente, independente da cor, das crenças, das opções
sexuais ou partidárias, dos países e nações, somos essencialmente gente, somos hereditariamente humanos! Não somos corpos,
somos almas. Temos corpos, temos formas, umas mais bonitas, outras mais
fortes, outras mais nobres, outras surpreendentes, algumas estranhas,
outras apenas diferentes.
Então porque não aprender um pouco com
o padrão das cores a respeitar as diferenças e as interações entre
elas. Multiplicar nossas possibilidades, nossos horizontes, nossos
conhecimentos. Entender que somos únicos nas nossas individualidades, nas nossas tonalidades, nas mais diversas personalidades, mas
que somos muito mais bonitos quando funcionamos coletivamente.
O sonho da diversidade, do respeito ao próximo, da irmandade humana, sem rótulos, sem raças, sem bandeiras, sem religiões, mas plenos e convergentes, pelo menos de uma certeza: podemos ser essencialmente melhores do que temos sido!
Quem sabe um novo tempo? Um novo cenário que se descortina?
A era CMYK, a possibilidade de não só nos multiplicarmos como seres, mas multiplicarmos conhecimento, força, gentileza, sentimento, racionalidade, educação, justiça, verdade, merecimento, comunhão! Comungar a natureza, suas cores, sua beleza, seus encantos... Comungar a nossa própria natureza. humana, divina, não faz assim muita diferença, é só uma questão de crença, ou não...
Quem sabe? Pode ser um caminho bem interessante! Bem distante da pura competitividade, do pisar o outro, do fabricar ídolos, do construir máscaras, do cultivar ícones...
Fica a reflexão!
Assim, em preto e branco mesmo...
Há tanto o que pintar num mundo tão cinzento...
Mas, também, há tantas mãos!
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