sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Primeiras notícias do dia




As primeiras notícias do dia de hoje, dão conta de uma mulher no Rio de Janeiro que, depois de pagar a passagem do ônibus para uma senhora com seu sobrinho recém nascido, esmurrou a dita cuja e seqüestrou a criança de poucos meses. Por incrível que pareça, ainda no RJ, ou seja, bem próximo do primeiro episódio, uma outra criança, recém nascida, foi abandonada na frente da casa de uma grávida que saía para fazer exames pré-natais...
Há uns 2000 anos uma família penava numa certa noite para encontrar um lugar para seu filho nascer. Juntos conseguiram arrumar um estábulo, graças à boa vontade de alguém. Ali, a criança nasceu e mudou a história do mundo, e isso todo mundo reconhece, até quem não acredita nele como Filho de Deus.
Até hoje celebramos esta data, o Natal, nos reunindo em família, nos alimentando juntos, trocando presentes, abraços, brindando um novo ano que se aproxima, participando de amigos secretos, novenas, ações de caridade, enfim, nos renovando ao terminar um ciclo e nos abastecendo para iniciar outro...
Pouco depois daquela data, há dois milênios, um certo Herodes sabendo da profecia que falava que um Rei nasceria em Belém quando um sinal diferente fosse visto no céu, “ficou muito irado e mandou massacrar, em Belém e nos seus arredores, todos os meninos de dois anos para baixo” (Mt 2,16).
Nos dias de hoje, nas vésperas do Natal, duas notícias como estas: Uma criança indefesa seqüestrada, outra criança indefesa abandonada...
Em pleno século vinte e um, a humanidade parece ter perdido o rumo, o senso, toda e qualquer direção e sentido...
A criança seqüestrada continua desaparecida. A abandonada, encontrada em estado preocupante, já foi socorrida, medicada e encaminhada aos órgãos competentes para adoção.
E nós? O que tiramos de tudo isso?
Ao invés de seguir o exemplo da família, da criança, de quem lhes arranjou um abrigo, estamos seguindo o exemplo de todos os que viraram as costas para aquela família, inclusive o tal Herodes?
Porque é isso que estamos vendo: Mães abandonando seus filhos à própria sorte. Gente seqüestrando crianças dos outros por aí... Gente assassinando inocentes todo dia...
Arrastando crianças pela rua ao assaltar automóveis, violentando crianças indefesas, espancando filhos até a morte, simulando acidentes e assassinando seus próprios filhos...
A que ponto nós chegamos?
É isto mesmo que é ser humano?
Ou será que, diante da cena do Natal, tendo tantas figuras em que nos espelharmos, decidimos ignorar o que há de sagrado na família, o que há de pacífico na criança, o que há de cuidado e atenção nos pastores, o que há de nobreza e educação nos reis, o que há de paz e espiritualidade nos anjos, para simplesmente virarmos os animais do presépio? Nos transformamos nas bestas? Nos irracionais?
Se for assim, que ao menos nos reconheçamos como ovelhas, não como burros, vacas ou camelos e, ao menos, tentemos ser mais dóceis, menos selvagens, menos teimosos, agressivos, resistentes...
Quem sabe algum sinal no céu não nos conduza, de novo, a um caminho, uma verdade e uma vida muito mais humanos e, pelo menos, um pouco mais divinos.
Assim seja!

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