No meio do caminho
acabou a estrada
em volta é deserto
não resta mais nada
Não tem nenhum ninho
não se ouve palavra
o passo é sozinho
e o eco é cilada
Poeira, sede, calor e medo
na multidão de solitários
seres indefesos, em êxodo,
fugindo de si mesmos...
No meio do caminho
a fé abalada
não tem nada perto
resta a caminhada
Sobrou só espinho
e pedra lascada,
um resto de pão e vinho
e a busca velada
Poeira, sede, calor e medo
na multidão de solitários
seres indefesos, em êxodo,
fugindo de si mesmos...
No meio do caminho
a dor faz morada
poesia sem pergaminho
na pedra moldada
Num pano de linho
a face escarnada
o tempo em desalinho
na mão transpassada...
Poeira, sede, calor e medo
na solitária multidão a esmo,
alguém diferente, sem segredos,
encontra com si mesmo...
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