segunda-feira, 12 de julho de 2010

Copa do Mundo ou Cerimônia de entrega do Oscar? (cala a boca Galvão)




Já faz algum tempo que me desiludi com justiça e merecimento no futebol.
Por isso não considerem este desabafo algo nostálgico ou romântico demais.
Aliás, é bom avisar que também não se trata de choro de perdedor ou exposição sentimentalóide. Definitivamente não é nada disso.
Comecei a andar, aos 11 meses, atrás de uma bola. Adoro futebol. Joguei, jogo e sou apaixonado por todas as modalidades. Desde o futebol de botão, passando pelo win/eleven, pebolim, fifa2010, baba, jogo na TV, futebol feminino, de salão, sub-20, seniors, futebol de areia, Campeonatos estaduais, regionais, nacionais, até a copa do mundo de futebol profissional.
No entanto, mais uma vez, hoje, termino minha 10ª Copa do Mundo com uma tremenda sensação de frustração. Fico pensando se não é a mesma sensação que experimentam os todo-poderosos senhores responsáveis pela instituição que representa o esporte mais assistido do mundo. Por ser tão apaixonante o futebol consegue transformar a FIFA numa instituição com mais países inscritos do que a ONU. Olha o poder que isto representa.
E, mesmo assim, percebo com tristeza, a falta de cuidado, de zelo, com algo tão importante como este esporte. Que tremenda capacidade a humanidade tem de minar suas principais descobertas...
Alguém aí ficou realmente convencido com a atual campeã do mundo? E com a ex campeã?
Nada contra Espanha e Itália, duas escolas que admiro pela garra e pela técnica de alguns craques inesquecíveis, mas pela forma pela qual conquistaram estes dois últimos títulos mundiais.
Perceber que as últimas copas têm sido decididas em função de erros da arbitragem, erros grotescos, inexplicáveis, entristece qualquer um que tenha como paixão, além do futebol, a justiça.
É pena que “nomes” façam mais diferença que talentos. Ou alguém tem dúvida que o excelente Iniesta teria que ter sido expulso hoje ao perder a cabeça com um jogador da Holanda? O lance de Kaká contra a Costa do marfim foi muito menos visível e lá estava ele, expulso...
Será que foi só porque era uma final? Mas e os outros cartões todos? E o escanteio não marcado a favor da Holanda que deu origem ao gol da Espanha? E a falta de critério que puniu de forma parcial muito mais um lado do que outro? E a maldita simulação latina?
Porque tem que ser assim?
Ao contrário de uma crônica esportiva que endeusa os “artistas” de plantão, nunca me orgulhei dos pênaltis e faltas cavados por Brasileiros, Argentinos, sulamericanos em geral, Portugueses, Espanhóis, etc, etc, etc...
Os antes inocentes Africanos estão aprendendo, infelizmente...
Até alguns europeus entraram no jogo...
Os simuladores ganham os prêmios, os jogadores os cartões, os desonestos ganham com gols impedidos ou de mão, e só quem perde é o futebol...
A bola, que deveria ser jogada, passou a ser um artigo ultra tecnológico responsável por desculpas esfarrapadas e atuações medíocres, dignas dos piores pastelões já produzidos...
Juízes despreparados, assistentes omissos, falta de compromisso de jogadores, técnicos e times com seus países, com suas camisas, num circo montado escancaradamente apenas para fazer dinheiro, conseguem manchar o esforço de um país para atender todas as exigências da toda poderosa FIFA na organização de uma copa do mundo.
Lamentável espetáculo...
Quantos podem se dizer lesados nesta copa? Inglaterra, México, Brasil, Holanda, Paraguai, Japão, Estados Unidos. Isto só para listar os que me lembro sem esforço...
Tudo sempre conveniente. Copa em lugar diferente, campeão diferente...
Um roteiro inteligente, com um elenco de péssima qualidade.
Um ou outro vai falar de campeã moral, pra tentar melhorar a imagem...
Mas, se eu fosse dirigente holandês, retirava minha inscrição da FIFA amanhã mesmo.
Já vi seleções brilhantes perderem copas do mundo em lances fortuitos. É duro. Só como exemplo, a amarga derrota brasileira em Sarriá, 1982. Mas perdemos para nós mesmos.
Ninguém nos fez perder.
Em 78, uma inexplicável goleada argentina tirou a única seleção invicta da decisão do mundial. Mas havia a ditadura e os generais argentinos precisavam ser campeões...
Mas em 2010, com toda tecnologia existente, com telão nos estádios, com fones nos ouvidos dos árbitros, é inadmissível aceitar lances como o gol de mão do “fabuloso”, o escancarado gol impedido de Teves contra o México, o absurdo gol inglês não visto contra a Alemanha, todos os erros disciplinares da copa e, finalmente, a arbitragem parcial que determinou a vitória da Espanha contra a Holanda, na decisão.
O mundo gira, como a bola...
Outras Holandas virão...
Um time que venceu seus 14 compromissos nas eliminatórias e chegou à final como o único com aproveitamento 100%, há dois anos invicto, com um dos artilheiros do mundial (Sneijder) e, na minha modesta opinião, ainda contando com o melhor jogador do mundo (Robin), merecia melhor sorte. Poderia até perder, mas de forma justa, não sendo prejudicado.
Aliás, a Holanda sempre foi destinada ao papel secundário pela arbitragem. Em 74 e 78, também foi assim.
E, assim, Alemanha, Argentina e Espanha conquistaram títulos. E a laranja conquistou admiração.
No meio desta lambança institucionalizada, esqueceram até de premiar os eleitos como melhores da copa, antes de entregar a taça aos Espanhóis. O único agraciado com o título de homem do jogo foi o simulador e agressor Iniesta, que acumulou também, para os espanhóis, o título de herói e artilheiro da final. Só depois de duas horas a Fifa anunciou o Uruguaio Diego Forlan como o melhor do mundial, seguido pelo holandês Sneijder e pelo espanhol Vila. O melhor goleiro foi o espanhol Casillas. E a revelação, o jovem alemão Muller.
A Copa terminou sem graça. Perdeu o glamour. Virou cerimônia de entrega do Oscar.
Todo mundo querendo que terminasse logo para, quem sabe, não entrarem para a história a imagem e o som da sonora vaia com a qual o trio de arbitragem foi agraciado ao receber suas medalhas...
Tudo isso com direito à dramalhão mexicano de Galvão Bueno, que anunciou ter sido esta a sua última Copa fora do Brasil. Embora ainda tenhamos que aturar esta mala dentro de nossa própria casa, pelo menos esta decisão dele para 2018 foi merecedora de um Oscar! Desta vez valeu a pena ele abrir a boca. O melhor gol da copa.

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