terça-feira, 17 de março de 2020

Tempos difíceis



São tempos difíceis.
Não serão os primeiros...
Não serão os últimos...
São tempos que nos convidam a refletir e, acima de tudo, a valorizar a vida!
O que temos feito com ela, com a nossa vida?
O que temos feito com a vida daqueles que dizemos amar?
Como não lembrar do querido amigo e profeta Saja, que não cansava de nos provocar a crescer na consciência sobre nossa própria responsabilidade na construção de um tempo maior, de um mundo melhor, com gente melhor...
Vivemos tempos de reclusão, de preservação, de agir individualmente pensando coletivamente...
Tempos que nos colocam contra as paredes de nossos próprios "templos" e nos obrigam a escutar nosso silêncio interior...
Tempos de contemplar nossa fragilidade e mais ainda, olhar para o espelho de nossa história e aceitar que algo tão micro é capaz de abalar tudo o que temos considerado tão macro e importante durante séculos de conquistas e destruições...
O que temos mesmo feito com as nossas vidas? O que temos mesmo construído?
Nestes tempos de "isolamento obrigatório", de repente nos percebemos sentindo falta de um abraço, da presença de alguém, do encontro com o outro...
Coisas que há poucas semanas eram tão pouco valorizadas por nós mesmos...
São tempos de preocupação com nossos idosos, aqueles mesmos que muito de nós têm esquecido, ou pior, têm ignorado no dia a dia agitado de nosso próprio tempo!
Não são tempos fáceis para ninguém... Principalmente para aqueles que estão encarando, talvez pela primeira vez, que diante de uma ameaça global somos todos igualmente alvos...sem distinção...somos todos potencialmente alvos...
Entre alarmes justificados e um alarmismo desenfreado, seguimos com os corações apertados, cheios de dúvidas e inquietações e, como na música de Belchior, entristecidos por constatar que "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"....
Nossa mídia continua a mesma, valorizando as informações sensacionalistas...
Nossas redes sociais continuam as mesmas, multiplicando fake news e piadas infames...
Nossa mentalidade continua a mesma, "farinha pouca, meu pirão primeiro", esvaziando as prateleiras das farmácias e mercados, numa atitude egoísta e de nenhuma utilidade para o todo...
Sim, são tempos muito difíceis...
Neles, somos chamados a uma nova forma de viver, ou de sobreviver...
A casa comum sofre...nosso planeta agoniza...
Não é só o Corona Vírus! São a fome, a violência, a desigualdade, a guerra, a droga, a indiferença, a cobiça, o consumismo...
Os "Cavaleiros do Apocalipse" estão por aí, rondando e espalhando o terror, com atitudes mesquinhas e desumanas...
É tempo de despertar e responder de uma vez por todas:
O que estamos fazendo com nossas vidas? O que vamos fazer com a vida de quem amamos a partir deste novo tempo?
Perguntas difíceis...respostas difíceis...para pessoas difíceis, em tempos difíceis...
Há esperança?
A esperança é ver, sentir compaixão e cuidar...
Primeiramente de nós mesmos, em nossa miséria interior...
E por consequência, enxergar, se compadecer e cuidar do outro, entendendo que a nossa atitude diante da vida fará a diferença na vida de muitos!
A esperança é ser Bom Samaritano...
É ter o olhar de Santa Dulce dos pobres, de São Francisco de Assis, de Santa Teresa de Calcutá...
O olhar amoroso de Cristo, isento de julgamentos, de egoísmo, de predileções...
Tempo de rezar, de amar e de servir!
De nos retirar para o deserto e encarar nossos demônios...
Tempo de nos transformar, de transfigurar a humanidade, de fazer valer a nossa luz!
Para isso fomos feitos! Para isso estamos aqui...
Já passou da hora de escutarmos o chamado e, definitivamente, brilhar!
Talvez assim, quando nos dermos conta, fará todo o sentido a frase bíblica:
"Os últimos serão os primeiros"...
A compreender, a amar, a evoluir...

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