FRUSTRAÇÕES X FÉ

Sombra, dor, escuridão, fuga, angústia pelo agora, medo do amanhã... No espelho das nossas frustrações uma imagem distorcida, escura, tão longe da nossa essência cristã...
Mas justo nós, que nos proclamamos como igreja da esperança? Onde estão a Fé, a Esperança e a Caridade quando temos que lidar com a escuridão em nós mesmos? De repente elas dão lugar às nossas culpas? Às nossas desculpas?
Ao nosso horror em admitir os próprios erros? À nossa incapacidade de perdoar o erro do semelhante? Ao nosso "cair do cavalo"?
No espelho das nossas frustrações como está nosso semblante de cristão? Face a face com nossa pequenez humana, esta fragilidade nos irmana, nos provoca, nos choca, nos escandaliza... O rosto jovem que a igreja quer ter se parece com o de Cristo? Tem os verdadeiros traços da sua fé?
Mas, como assim? Eu tenho fé! Tenho fé em Deus, tenho fé em mim! Acredite nisso!
Sim... Eu acredito... Nós acreditamos... Senão, porque estaríamos aqui?
Mas como tenho alimentado minha fé?
Já disse um poeta que a fé é uma chama que lentamente se consome...
Já disse o profeta que "tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, que ela seja segundo a medida da fé!"
Quanto temos alimentado diariamente as nossas frustrações?(pausa)
Quanto temos nos esquecido de alimentar a nossa fé?(pausa)
Como na lenda dos índios Sioux, qual o lobo que temos decidido alimentar diariamente dentro de nós? O lobo da escuridão ou lobo da luz? O Lobo da mansidão ou o lobo feroz? (pausa)
O Sínodo da Juventude nos traz alguns questionamentos...
A palavra “sínodo” vem da junção de duas palavras gregas: “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Então, sínodo quer dizer CAMINHAR JUNTOS..
Uma proposta, um desafio, uma provocação, um chamado?
De fato não importa a definição. Importa a decisão de cada um de nós de se juntar no caminho, enquanto jovens identificados com os ideais do Evangelho! Importa entender e se comprometer com o que nos une! Importa perceber que é fundamental responder ao movimento de um Deus que vem até nós e se coloca a caminho...
(Pausa)
E nós? Como temos nos colocado a Caminho? Qual direção temos escolhido? Qual a identidade elegemos para nós mesmos? O que é ser jovem hoje? Com quem decidimos nos relacionar... O que é ser jovem cristão hoje? Só queremos falar, opinar, apontar? Ou damos abertura e espaço para escutar a voz de quem se aproxima no caminho, nos escuta, mas traz um novo olhar?
(pausa)
A propósito: Como está este nosso olhar? Como estão os nossos olhos? Como querer ver a luz, se permanecemos com os olhos fechados? Estamos aproveitando, de fato, o dom da juventude, o tempo do discernimento, a sã inquietação que faz arder nossos corações para sermos instrumentos de renovação, verdadeiros discípulos da revolução do Amor iniciada por Jesus? Como está nosso olhar sobre nós mesmos? Sobre nossas frustrações? Sobre nossa fé? Sobre a vocação de ter o rosto cristão em tudo o que se é! Não só na selfie, não só nos aplicativos, não só no mundo virtual...
(pausa)
Diante destas questões, temos "voltado imediatamente" para onde? Para o espelho, para o celular, para o monitor de uma TV ou de um computador? Como anda nossa vocação missionária em nosso cotidiano? Temos caminhado lado a lado com quem? Com nossa fé ou com nossas frustrações?
(pausa)
No espelho das nossas frustrações uma imagem sem vida, dura, tão longe de nossa essência cristã... Onde está nossa confiança? Onde está nossa esperança? Como será amanhã? Onde está a nossa fé no que diz o Senhor? Afinal, quem é mesmo nosso Senhor? Em nossas estradas, onde está o Amor? O Amor a Deus, ao próximo, a nós mesmos...
Nosso caminho para Emaús só nos reserva tristeza, dor, inquietude, fuga? Ou vamos finalmente nos permitir alimentar aquilo em que a gente acredita? Mesmo na escuridão... Mesmo na angústia... Mesmo diante das tribulações mais “injustas”... Mesmo diante da incômoda dicotomia do nosso dia a dia: A dor e a delícia de ser o que se é...
Para o cristão sempre haverá a mais nova notícia:
O Amor é a premissa que alimenta a nossa fé!
Na escuridão de nossas frustrações, nossa fé mergulhará no abismo? Como nos veremos no espelho amanhã? Para onde voltaremos? O que nos espera uma nova manhã?