quarta-feira, 6 de junho de 2018

Amor demais




Já vivi tanta coisa na Igreja.Tanta verdade, tanta intensidade, tanta mistura, tanta indiferença, tanta solidariedade, tanto egocentrismo, tanta humildade, tanta vaidade...
Por isso fico pensando em quem somos nós para julgar e condenar a era negra da nossa igreja na idade média...
Se em pleno século XXI, na era da informação, somos capazes de testemunhar absurdos como sacerdotes usando o altar para promover suas próprias concepções políticas
ou transformando a liturgia eucarística em instrumento de suas "picuinhas" pessoais, quem somos nós para  julgar ou condenar alguém?
Nas limitadas fronteiras de nossa humanidade, tenho visto tanto apego, tanta pretensão, tanta ingratidão nos mais variados movimentos e projetos,
atitudes que surgem de lideranças que sempre nos serviram de inspiração...
Mas se Pedro e Paulo, que estiveram frente a frente com Jesus, também passaram por isso, e se degladiaram em determinado momento, quem somos nós para pretender não cair em erros semelhantes?
Mas se colocarmos estas questões na balança e nos isentarmos de opiniões pessoais, com certeza chegaremos à conclusão de que a grande maioria destas atitudes impensadas é fruto de um grande amor...
Não à toa Jesus disse que trazia a espada... Até entre pais e filhos, entre irmãos...
Ele, mais do que ninguém, tem autoridade para falar sobre isso, pois experimentou nossa limitação humana na carne e no espírito!
O mesmo Amor que nos faz fazer milagres, pregar o perdão, o valor da vida humana, nos faz desembainhar a espada e cortar a orelha do próximo...
Nós que nos proclamamos racionais muitas vezes beiramos a irracionalidade movidos por nossos pequenos apegos, nossas infrutíferas emoções passageiras, nossas efêmeras "razões e verdades" temporais...
Anjos e demônios... Amor e ódio...Todos semelhantes, dando asas a vivencias diferenciadas...
Difícil duvidar de uma vida inteira dedicada ao Amor, quando nela se revela o ódio...
Errado questionar uma vida inteira dedicada ao serviço, quando nela se revela a injustiça...
Mas nós duvidamos, questionamos, erramos!
Porque somos humanos!
Erramos quando, impulsivamente, passamos por cima de tudo e de todos movido por esta ou aquela emoção...
Erramos quando colocamos o individual acima do coletivo...
Erramos quando nos consideramos atemporais...O tempo passará para todos...Todos nós passaremos com o tempo...
Erramos também quando nos omitimos, nos calamos...
Erramos quando endeusamos e depois jogamos pedras...
Erramos invariavelmente! Erramos na dose...
E assim nos envenenamos....E adoecemos...
Somos humanos!
Mas, de vez em quando, inspirados pelo Espírito Santo, acertamos!
E quando isso acontece, somos capazes de sentir em nós a chama crepitante do Divino!
A chama do Amor!
O mesmo Amor que nos faz cegos, mesquinhos, pequenos, orgulhosos, soberbos [e capaz de nos transfigurar e nos fazer grandes, amorosos, plenos!
É preciso se olhar no espelho! Não fugir do que vemos de feio em nós!
É preciso reconhecer os erros...
Ninguém é tão perfeito que não erre pelo menos uma vez por dia...
Nada produzido pelas mãos humanas é digno de perfeição!
Perfeição é Amor pleno!
Nem os maiores santos conseguiram este grau de evolução!
Estamos todos a caminho, escalando montes, às vezes em grupo, às vezes sozinhos...
Muitas vezes lutando contra os moinhos das nossas próprias contradições... 
Nestes momentos devemos parar, olhar para o céu e entregar a Deus nossas inquietações...
O nosso Amor capenga, caolho, tetraplégico, surdo, cego, imperfeito...
Não somos nada sozinhos...
Não podemos nada!
Mas juntos, somos comunhão!
Depois das nossas inúteis guerras, não há continuidade sem redenção...
Não há crescimento sem perdão...
Não há merecimento, sem estender a mão!
Entre erros e acertos, conquistas e derrotas, admiração e decepções, exclamações e interrogações,
há somente uma grande certeza que nos move e nos une...
Tudo passa, só Deus permanece, só Deus basta, só o Amor frutifica!
Amar é a nossa missão!

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