domingo, 5 de novembro de 2017

Sobre os litígios de nossos dias....


Sobre questões de gênero e suas consequências, radicalizar não levará ninguém a lugar algum...
Tenho me visto tentando contemporizar lados e lados de semelhantes que têm suas razões...
Ambos têm perdido muito delas por adentrarem num discurso raivoso e em estratégias radicais para conseguir seus objetivos.
De um lado vejo gente que se diz cristã, com um discurso tpicamente medieval, repleto de palavreado bélico, promovendo verdadeiras "guerras santas", sem nenhum compromisso com o Amor e o acolhimento, centro do Evangelho de Cristo.
De outro lado vejo uma militância fanática de uma minoria que, radicalizando tudo, quer impor suas opiniões e visões de mundo a uma maioria que não irá aceitar isso de maneira alguma.
Desta forma, nunca chegarão a uma solução que não seja o confronto. E onde será que esta falta de bom senso nos levará? Somente a mais radicalização e violência.
Neste cenário, vejo uma figura se destacar pela serenidade, acolhimento e sabedoria (no melhor dos sentidos) com as quais tem lidado com o assunto: o Papa Francisco.
Sem levantar a voz, desrespeitar ou aviltar ninguém, Francisco tem acolhido com Amor e ternura aqueles que o procuram, restituindo-lhes a dignidade que procuram. Para agir assim, entretanto, em nenhum momento se posiciona concordando com estas pessoas, mas assegurando-lhes o direito de serem filhos(as) de Deus e colocando, de forma absolutamente amorosa, aquilo que a igreja propõe àqueles que desejam fazer parte dela.
Francisco vai além. Respeita, acolhe e chama a atenção para o livre arbítrio que todos têm em abraçar ou não o que Cristo nos propõe para vivermos como cristãos. E as consequências que nossas decisões, de acordo ou contrárias às propostas cristãs, trarão às nossas vidas!
Como o próprio Jesus, Francisco propõe, não impõe! Agindo assim, parece mostrar que a igreja católica aprendeu com os erros do passado a não condenar ou executar ninguém com as próprias mãos...
Sempre que colocado em situações de julgamento, Jesus acolheu, perdoou e propôs uma conversão no caminho! Jamais condenou!
Ao contrário de Francisco e do próprio Cristo, vejo sacerdotes católicos seguindo a linha de alguns evangélicos "xiitas" ultra radicais, caírem na armadilha do julgamento e do discurso bélico, nada acolhedor, ao contrário, impositivo, restritivo e excludente, que se afasta, inclusive, da própria mensagem de amor e perdão de Jesus.
Ao mesmo tempo, na direção contrária, vejo uma minoria querendo impor aos filhos de uma maioria uma ideologia que não faz nenhum sentido se buscarmos as origens da própria natureza humana. E esta imposição não ocorrerá, justamente por se tratar de exceções que, pelo próprio insinto de preservação de qualquer espécie, não podem e não devem ser a regra.
Sou absolutamente favorável a uma educação cujos princípios sejam o respeito e a convivência pacífica e harmoniosa entre as diferenças. A orientação neste sentido só pode ser positiva. E o acompanhamento psicológico de todos os que se enquadram nestas exceções também, para que entendam e abracem sua realidade, mesmo sabendo que ela é contrária e diferente da maioria.
Acredito, inclusive, que a partir da adolescência, as informações relativas a este assunto devam ser discutidas em família e na escola, visando preparar a pessoa para seu próprio enquadramento e para o respeito ao enquadramento do outro.
Também sou favorável que o indivíduo faça a sua opção de gênero, quando tiver maturidade para assumir as consequências desta definição.
Agora, forçar uma barra e expor crianças de dois anos em diante a um "pseudo" direito de escolha de gênero, na minha humilde opinião, é querer empurrar goela abaixo uma ideologia que, desta maneira, vai pelo mesmo caminho de exclusão e falta de respeito dos quais tanto se queixa (com toda a razão, diga-se de passagem).
Vivemos um período de conquistas históricas de direitos e deveres. Atitudes radicais e unilaterais, imposições e posicionamentos como estes trazem um enorme risco de retrocesso, o que não seria vantajoso para ninguém.
Há extremismos de ambos os lados. Alguns beirando a incoerência e a hipocrisia. Mas há também acolhimento e respeito, troca de argumentação e flexibilidade, o que pessoalmente, traz um pouco de esperança a este momento de litígio midiático.
Desde pequeno, aprendi com meus pais e avós que quem respeito deve respeitar e se dar ao respeito.
Violência, censura, bullying, acusações e radicalismo sempre estarão fora do "time", independente da parte de onde vierem...
O mundo nunca foi e nunca será somente hetero... O mundo nunca foi e nunca será somente gay...
Não devemos e não podemos desaprender de conviver com realidades diversas...
Embora semelhantes temos muitas diferenças...
E nosso direito termina quando começa o dos outros...
Correr atrás dos direitos, partilhar conceitos sobre deveres, tudo isso é até obrigação de todos nós.
Mas vamos parar com o discurso bélico. Com esta coisa de "lutar contra"...
É muito mais produtivo dialogar e propor!E aceitar o posicionamento do outro!Seja ele positivo ou negativo em relação ao seu.
Querer impor é simplesmente repetir o mesmo erro...
Independente de cor, credo ou gênero, somos todos racionais, somos todos emocionais, somos todos humanos!
Aprendamos, então, a crescer neste sentido. Antes de apontar para o outro, façamos o "mea culpa" e nos coloquemos no outro lugar, sob o outro ponto de vista!
Com todo respeito, sem abrir mão dos nossos valores e convicções, aprendamos a acolher e amar o outro, independente de sua opinião.
E que Deus nos abençoe a todos, como filhos de uma mesma família.
Amém!

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